Capítulo 62: A jornada de Chewtle!

    Algumas vezes estamos tão focados em nossas vidas humanas que esquecemos de pensar no outro lado da história. Que outras aventuras acontecem com os Pokemon de Galar, em paralelo com as de Leuri, Diego, Carbink e Marnie?

    Wedgehurst, a tranquila cidade com seu comércio local, campos de pasto pertencentes aos fazendeiros, o laboratório da Professora Magnolia e antiga estação de trem. A jornada que contarei começa bem aqui, onde Treinadores não costumavam visitar, portanto os Pokemon selvagens estão acostumados a viver sem preocupações. Bem, nem todos eles...

~Bunny!

    Avançando numa Chewtle que caminhava pelas calçadas de pedrinhas da cidade, um Scorbunny tentou chutá-la para iniciar uma batalha, mas apenas machucou os seus pés no casco duro dela.

Hop: Aaah, mas que droga! O que foi que o Lee tinha me falado mesmo? Hmmm... Não, não era sobre ter cuidado com a grama alta entre Postwick e essa cidade... Aaah, volte aqui, Chewtle!!

    Ignorando o garoto, Chewtle seguiu seu caminho. Ela passou por alguns arbustos, olhando ao redor e vendo que estava tudo seguro.

~Chew! — Afastando algumas folhas com a boca, revelou vários ovos brancos. Os olhos com alguma felicidade e se deitou junto deles, aconchegando-se. Logo estava dormindo.

    Uma Chewtle e seus filhotes ainda dentro dos ovos... Sua família se reuniria em breve, assim que chocassem. Ao menos era o que pensava, mas o destino tinha outros planos.

    Em um trem que passava pela Wild Area, duas meninas estavam sentadas próximas, mas nunca haviam se visto. Uma aparentava estar muito preocupada, acabando por deixar seu celular cair. A outra percebeu e com sua mão pálida, o pegou e a entregou.

Marnie: Uh... Perdão, aqui está. — Suas bochechas rosaram-se assim que ela viu o rosto da outra menina, que abriu um sorriso e pegou o aparelho, encostando em sua mão rapidamente.

Leuri: Obrigada, estou bem distraída! Nenhuma rachadura... É novinho, ainda bem!

Vai ser mamãe, meus parabéns!
Cuide muito bem dos seus filhotes!
Eles têm tanta sorte de ter alguém como você, Chewtle! Conte com o meu Salão para tudo!

    Em outra situação, Chewtle passeava por Wedgehurst com uma cesta em sua boca. Os moradores já a conheciam e sua expressão carrancuda não os intimidava. Mesmo sem falar nada, Chewtle recebia presentes das pessoas, como berries que jogavam em sua cesta, mantas e brinquedos velhos.

Florence: E essa canção vai para Chewtle. — Em sua floricultura, ele sentava entre os vasos de flores, descalço. Começou a tocar uma melodia calma em seu violão, fechando os olhos.

~Flora, sunflora! ("Chewtle, tenho um presente!") — A Sunflora de folhas queimadas deixou a floricultura, segurando um pacotinho. — Floora. ("São sementes, plante-as para que cresçam junto com seus bebês.")

    Colocando o saquinho na cesta, Sunflora acenou para Chewtle, que virou as costas e foi embora em silêncio, ainda ouvindo a música do violão. Ela voltou para onde seus ovos estavam, porém...

~Chew? ("Que isso?") — Ela viu uma menina e uma pedra falante discutindo, sentados em cima de seus ovos. Largando sua cesta, caminhou até eles, os encarando em busca de explicações.

Carbink: Mar... Isso não são pedras... — Ele saltitou, vendo uma rachadura na que Marnie estava sentada. A menina se levantou e um filhote de Chewtle colocou a cabeça para fora, mordendo o vestido dela. — São os ovos dela!!

~Chew! ("Mamãe!") — O filhote sorriu, sem soltar o vestido de Marnie, que tentava arrancá-lo.

Carbink: Que fofo, ele te chamou de mãe!

~CHEWWW!! ("DEVOLVAM O MEU FILHO!!") — Não achando nada fofo, a mãe Chewtle abriu sua bocarra e saltou para cima dos dois, iniciando uma perseguição que os levou de volta para Wedgehurst.

    Marnie e Carbink pularam o cercado da casa de Magnolia, acompanhados por Purrloin e um Greedent. Chewtle só tinha olhos para seu filho, então também os seguiu, mas eles foram parar nas costas de um Gyarados que pulava sobre o lago.

    Na beira do lago, a Chewtle os via fazendo caretas e zombando dela, numa ilhota. Por dentro estava desesperada, então mesmo com medo do Gyarados, saltou para a água. Era uma ótima nadadora, mais rápida na água do que em terra, e seu desejo era de ter o filhote de volta a todo custo. Conseguiu os encurralar, mas então...

    Por baixo de suas patas, uma Wishing Star atolada no solo brilhou. Ela passou a crescer e parte do céu escureceu. Nuvens vermelhas formaram-se ao redor de sua cabeça e ela não fazia ideia do que havia acontecido, estava tão confusa, mas seu filhote continuava agarrado em Marnie e ela o queria de volta.

    Chewtle iniciou um combate com aqueles que levaram seu filhote e estava vencendo, quando um Corviknight a fez recuar com uma intensa ventania vinda do bater de suas asas. Nas costas do corvo, Professora Magnolia estava montada.

    Não... Seu filhote estava em perigo. Ela jamais poderia deixar que o levassem e lutaria com qualquer um por ele. Estava experimentando um novo sentimento e começou a chorar, mas suas lágrimas eram como rios obscuros que uniram-se e formaram feixes sombrios para atacar.

Magnolia: Quanta negatividade essa Pokemon tem... Se eles não estiverem mortos depois desse golpe, vão voltar completamente deprimidos.

Carbink: Aqui está o seu filho, Senhora Chewtle! Desculpe por toda a confusão! — Ele levitava diante das sombras, as purificando com sua aura rosa. Seus pelos esvoaçavam e ele fechou os olhos, deixando o diamante de sua testa reluzir. O filhote então levitou para perto de sua mãe.

~Chew... ("Meu filho...")

    Fechando os olhos e sorrindo ao esfregar suas bochechas gigantes nas pequeninas do bebê, Chewtle volta a irradiar energia, mas agora reduzia ao seu tamanho normal. Ela saltou para o lago, nadando com seu filho para voltar ao restante dos ovos, deixando aquelas pessoas para trás.

~Chew...tle? ("Não... Onde estão?")

    Assim que chegou onde seus ovos estavam, todos já haviam rachado, mas nem sinal de seus filhotes. Seu pequeno parecia confuso, a vendo correr o mais rápido que podia, procurando por eles.

~Chew... ("Eles não estão aqui...")

    Chewtle passou aquela noite cuidando do filhote que a restou, mas não conseguia parar de pensar nos outros. Os dias seguiram, continuou procurando por eles e perguntando aos Pokemon da cidade, mas nem mesmo os Rookidee que todos os dias banhavam-se na fonte sabiam deles.

    Em uma de suas buscas, também espalhava as sementes que ganhou, fazendo caminhos com elas até onde vivia, na esperança que os filhotes perdidos seguissem e a encontrassem. Mas não podia ficar apenas parada e esperando... Então foi até alguém de sua confiança.

~Wappa! ("Oi, vamos brincar!") — Ele abanava o rabo na frente da casa de Magnolia.

~Chew... ("Preciso de sua ajuda para cuidar do meu pequeno...") — Ela olhou para o filhote correndo nas plantações misteriosas de Magnolia. — Chew, chew chew. ("Ele é muito pequeno para ir comigo, por favor me ajude e cuide dele até eu voltar.")

~Wappa wappa! ("Tá bom, mas me traga uma bola!")

    Naquela mesma manhã, Aleíse despedia-se de Leila com um abraço. Após assistir a batalha dela contra Leon, iniciaria sua carreira no desafio dos ginásios. Ela já estava entrando na estação quando Chewtle a seguiu, disfarçando-se ao lado de suas pernas e entrando junto dela no trem.

"Próxima parada, Wild Area!"

~Chewtle... ("Eu vou encontrá-los, mesmo que precise viajar o mundo para isso...") — Foi o que disse assim que deixou a estação da Wild Area, encarando os portões para o desconhecido selvagem.

~Coly, coly! ("O Sibilante está a solta, fujam enquanto podem!")

~Rolyyy!! ("Ele vai destruir nossas casas e comer nossas crianças!!")

    Um grupo de Rolycoly deslizava pelo local, chamando a atenção de outros Pokemon selvagens dali. Chewtle viu uma Toxicroak segurando um ovo passar por eles, não dando atenção.

~Chew? ("Ei o que é o Sibilante?")

~Roooly. ("A tempestade que sibila e dizima tudo pela frente.") — O maior dos Rolycoly rolou para frente dela. — Cooooly. ("Estamos viajando e alertando para que todos saibam do perigo inevitável.")

~Roly! ("Mas nosso deus virá nos salvar!")

~Cooly! ("Ele resolverá a calamidade, vida longa ao Deus Diamante!")

    Os demais Chewtle deslizavam em círculos, deixando marcas de carvão na grama. Chewtle os achou esquisitos, mas viu uma oportunidade.

~Chew chew? ("Se estão viajando por todo esse lugar, por acaso não viu alguns filhotes Chewtle?")

~Roly... ("Temo informar que não os vimos, mas ainda estamos na metade do caminho, talvez os encontre para lá...") — O líder virou-se para o norte da Wild Area e Chewtle agradeceu, correndo para lá. — Roooly! ("Mas cuidado, é para lá que os perigos são maiores!")

    Os próximos dias de sua vida seguiam um padrão parecido; começava subindo em árvores e se agarrando em outras plantas para ver o seu caminho. Chewtle o memorizou, esse era outro forte seu, tinha ótima memória. Nos seus passos lentos, passou despercebida por possíveis predadores todos os dias, mas agora beirava o lago Axew's Eye, onde um Cramorant nadava sozinho.

~Friii. ("Não querida nenhum Chewtle nadou aqui não.")

~Hippooo. ("Ninguém seria burro o suficiente para nadar longe da margem, é muito perigoso por causa do monstro.")

~Kraa... ("Tem algodão voando no céu...")

    Chewtle olhou para Cramorant, entendendo o recado e desistindo de procurar no lago, seus filhotes não passaram por ali.

~Fuuuuum uuuh! ("Que dia maravilhoso pra passear, precisava colocar essas pernocas para trabalhar!")

    Uma gigantesca Copperajah caminhava por ali, arriando uma árvore para pegar uma fruta, sem perceber que derrubou um Swablu.

~Cheeew! ("Ei, você viu meus filhos!")

~Fuuuum? ("Quem disse isso?")

~Chew!! ("Aqui, estou aqui!!") — Sendo levantada pela tromba de Copperajah, Chewtle sente-se minúscula, mas a Pokemon sorri com os olhos. — Chewtle! ("Estou procurando meus bebês e você é tão grande, não viu algum aí do alto?")

~Uuuuuh! ("Não vi, pequena, eu estou aqui apenas a passeio, mas posso lhe contar uma boa história de como era a melhor nas batalhas no meu tempo!")

    Percebendo o desânimo de Chewtle, Copperajah a colocou nos galhos de uma árvore, a entregando uma fruta para comer. Não demorou muito e um Corviknight segurando uma cabine pousou ali perto e um homem barrigudo saltou dela.

Rose: Minha preciosa! Como foi o passeio? Conte tudo! — Ele abriu os braços e Copperajah correu em sua direção, fazendo a árvore balançar e Chewtle cair, mas conseguiu se esconder para dentro do casco. 

~Chew, chew!! ("Socorro, me ajuda!!") — Ela estava de cabeça para baixo, não conseguindo se levantar por conta do peso do casco, mas Copperajah não ouviria sua voz. Ainda conseguiu vê-la recebendo um abraço de Rose. — Chew... ("Ela tem sua família, eu também não olharia para trás se estivesse junto da minha...")

    A noite chegou e Chewtle continuou tentando se desvirar, mas já perdia as forças. Conseguia ver o lago dali e Cramorant dormindo, alheio de um olho gigante sendo refletido na água para espantar quem tentasse se aproximar da ilha no centro dele.

    Adormecendo naquela posição, Chewtle sonhou com seus filhotes. Estavam todos reunidos e brincando, enquanto ela os olhava satisfeitos. A imaginação a relaxava, quando acordou com o barulho de um combate.

Bea: Hyah! — Ela encarava um Ursaring, segurando nas patas dele e o empurrando para trás. Ela ruge para o urso, que recua com medo, preferindo deixar aquele território para ela.

~Ursagrrr... ("Um dia eu vou me vingar...") — Mancando, ele passava por Chewtle, que o olhou em silêncio. O urso não aguentou a dor e sentou-se.

~Chew? ("Aquela humana fez isso com você?")

~Grrr! ("Se vai rir de mim como os outros, já adianto que vou te devorar!")

~Cheeewtle! ("Calma grandão, eu posso te ajudar com seu problema se me ajudar com o meu!")

    Desvirando Chewtle sobre a ameaça de comê-la, Ursaring cruzou os braços. A tartaruga analisou o joelho dele, encostando e o ouvindo gritar de dor. Ela deu cabeçadas numa árvore até algumas berries caírem e as amassou com as patas por cima de uma folha. Correu para o meio dos arbustos e voltou com algumas ervas, as picando com a boca e cuspindo por cima da pasta de berries. Então esfregou no joelho do urso e amarrou a folha ao redor dele.

~Ursa... ("Até que está melhor...")

~Cheew. ("A humana da casinha vermelha me ensinou, chamam ela de enfermeira.")

~Urrrr... ("Humanos inventam nomes esquisitos para tudo..." — Ele se levantou e andou até uma árvore, sentando-se de novo. Chewtle o seguiu. — Saaaring? ("Como pode conviver com os humanos selvagens?")

~Chew, chew. ("Alguns não são ruins, me dão coisas que não quero e passam as patas na minha cabeça, eles parecem gostar então deixo.")

~Ursaaa... ("Eu conheci um bom humano uma vez, mas ele virou meu jantar...")

~Chew. ("Isso não perece verdade.")

~Grrrr!! ("Por que é tão difícil fazer alguém acreditar em mim!!")

~Chew? ("Do que está falando?")

~Saaaring! ("Todos do meu bando me acham fraco, se eu não for como eles, o que eu vou ser?")

~Cheeewtle. ("Pode ser como eu, andando devagar e procurando o seu bando de verdade.")

~Ursaa. ("Você é esperta. Como posso te ajudar?")

~Cheeew? ("Eu estou procurando pelos meus filhotes, você os viu por aí?")

~Saaa. ("Se eles passaram por aqui, já foram embora com medo da humana selvagem. Mas posso te dar uma carona até o lar dos humanos mais próximo, tem alguns Pokemon fugindo para lá com medo da tempestade.")

    Despedindo-se de seu novo amigo, Chewtle viu um Rattata subindo as escadas para Motostoke e o seguiu. Nunca esteve em uma cidade desse jeito antes, era muito diferente de Wedgehurst e a primeira coisa que notou foram as engrenagens acopladas na arquitetura da cidade.

~Korch. ("Lamento, não vi seus filhotes.") — Centiskorch seguia Kabu em sua corrida diária, mas parou para falar com Chewtle.

Leon: Chegaram os novos cards raros do Leon! — No centro da cidade, ele falava e segurava vários league cards enquanto câmeras o filmavam e pessoas o cercavam. — Comprem já nas melhores bancas de...

    Passando na frente dele, Chewtle estava pensativa, mas então reparou nas câmeras e ouviu gritarem "CORTA!!".

Leon: Poxa, mas tava tão bom! — Ele fez biquinho, então Chewtle ouviu as pessoas reclamando com ela e se assustou, correndo para longe dali.

    Caminhando entristecida, Chewtle perdia as esperanças quando um panfleto voou para seu rosto. Havia a foto de uma barraca, coisa que já conhecia e sabia que humanos dormiam nelas, mas ao lado dela estava um garoto com vários Pokemon bebês. Não sabia o que estava escrito, mas achou que poderia encontrar alguma resposta para sua busca.

    Chewtle caminhou por bastante tempo, indo parar no geoglifo de Turffield, na floresta Glimwood, no aniversário de Leuri... Continuava tentando encontrar o lugar do panfleto que guardava em sua casca, até que um belo dia viu um Woobat voando, assim como no panfleto. Ela o seguiu até o Acampamento da Boa Sorte, onde Diego preparava sanduíches.

    Esforçando-se para correr, Chewtle quebrou algumas tábuas do cercado, mas parou antes que raízes rodeadas de sombras a golpeassem.

~Treeevenant! ("Você precisa ficar mais forte ou nunca terá o respeito da floresta!") — Ele fortalecia uma chama fantasmagórica entre suas mãos, a empurrando para frente.

~Riiiiin! ("Eu estou dando o meu melhor, você não percebe!") — Seu chifre cintilou e as chamas se dispersaram, sendo purificadas.

~Chew... ("Caramba, que briga feia...") — Os dois Pokemon lançavam-se um no outro, rolando e trocando golpes.

~Couf couf. ("Eles são sempre assim, mas seu cheiro é novo, de onde vem?")

~Chew! ("De muito longe, busquei por esse desenho!") — Se balançando, deixou o panfleto cair. Furfrou o olhou, parecendo compreender o texto.

~Couf. ("Sim, os Pokemon para adoção, estes da foto já foram adotados há muito tempo.")

~Chewtle? ("Teve algum Chewtle entre eles?")

~Couf. ("Talvez sim, mas não tenho como confirmar, esses dois estão sujando tudo com essa batalha sem fim.")

    Tendo uma ideia, Chewtle se intromete no meio dos dois Pokemon, sugerindo que usassem seu casco para treinarem, ele era muito duro e nunca racharia por qualquer coisa.

~Treeeve. ("Então me mostre se evoluiu mesmo, Ponyta.")

    Dando coices no casco de Chewtle, Ponyta o empurrava para todos os lados. Sentindo a pressão de Trevenant, ela relinchou e seu chifre faiscou em sete cores. Sua crina acendeu-se e então ela investiu contra o casco, projetando um feixe psíquico contra ele. Trevenant se aproxima, vendo uma pequena rachadura.

~Che! ("Ai, doeu!")

~Treveve! ("Estava certa, isso foi mais forte!")

~Riiin? Riiinta! ("Eu não disse? Agora vamos treinar mais!")

~Couf... Couf! ("Esses dois me cansam... Mas pronto, vamos falar com Nickit!")

    Levando Chewtle até onde Nickit conversava com Woobat, a Pokemon explica a situação e pergunta por seus filhotes. A raposa corre para dentro da barraca e volta arrastando o celular de Diego com a boca, encostando na tela para desbloquear.

~Kitt? ("Seu filho é assim?') — Ele passava as fotos, mostrando um Psyduck de boia. Chewtle negou. — Kiiit... ("Desculpa, nenhum deles esteve aqui...")

~Couf! ("Mas não desanime, continue procurando, você vai encontrá-lo!")

    Lacrimejando, Chewtle abaixa a cabeça. Nickit rouba um sanduíche com sua cauda, oferecendo para ela comer. Então Woobat se aproxima de seu rosto.

~Wooba! ("Te desejo boa sorte!") — Encostando seu nariz em Chewtle, Woobat a marca com um coração que logo desaparece. 

Marnie: Eu já esperei por tempo demais! — Em Motostoke, ela gritava para Leon e corria para a rota ao lado, extremamente irritada.

~Chew? ("É aquela humana?") — Lembrando-se de Marnie, Chewtle a vê correndo na frente do acampamento. Furfrou sorri e Woobat bate suas asas, criando uma ventania que a empurra para perto da garota.

    Marnie se encosta numa árvore, arfando e com o rosto rosado. Ela apertava forte seus punhos, reprimindo sua raiva. Chewtle aproveitou para escalar seu corpo e entrar em sua mochila. Estava tão escuro que acabou adormecendo.

    Quando voltou a acordar, Chewtle sentia que estava em movimento. Ela colocou a cabeça para fora da mochila, vendo Marnie caminhando por ruas escuras, sujas e vazias, bem diferente de todos os lares de humanos que já havia visitado. Saltou para fora, deixando a menina ir embora.

    A cidade havia um teto a cobrindo, o que Chewtle não entendeu a princípio, afinal sempre via o céu. Talvez se encontrasse uma janela como fazia nos trens, poderia ver as nuvens e saber em que parte do dia estava. Ela procurou por algo parecido, se enfiando num beco cheio de grafites.

    Um grupo de Zigzagoon e Linoone brancos com listras pretas e olhos vermelhos saltou para fora de uma caçamba de lixo. Um deles mordia uma lata e Chewtle se assustou ao ver a língua de Linoone lambeu os beiços.

~C-Chew? ("V-Vocês viram alguns dos meus filhotes por aqui?")

~Zagoooon?! ("Filhotes perdidos?! Eu quero comer, eu quero comer!!")

~Linoooo. ("Não seja bobo, nenhum filhote consegue entrar aqui, só aquela humana que continua voltando.")

~Zaaaa... ("Ahhh mas é uma pena, eu queria comer algo que não fosse lixo hoje...")

~Zagooon? ("Uh... Mas chefinho, como que essa aí entrou então?")

~Linoone! ("Bem pensado, pode ter vindo com os filhotes! Vamos procurá-los e devorá-los!")

    Os quatro Pokemon correram por cima de Chewtle, se espalhando pela cidade. Chewtle ficou com pena deles, famintos e burros, imaginou seus filhotes passando pelo mesmo e como estaria vivendo. Precisava encontrá-los, mas se também não estavam naquele lugar estranho...

    Uma luz acendeu-se e Chewtle sentiu-se cega por ela, então decidiu ver o que era. Subindo em alguns caixotes com alguma dificuldade, se debruçou na janela da casa, coberta por tábuas de madeira. Mesmo assim conseguia ver algo lá dentro.

~Chew. ("É aquela humana.")

Marnie: O altar pode realizar o seu desejo e de alguma forma Leuri abriu caminho até ele quando estávamos no além vida, mas disse que nunca o viu. Eu sinto que estou perto, mas continuam entrando no meu caminho e não entendo o motivo, não estou fazendo nada errado... Aguente firme, por favor.

    Ouvindo a menina conversando com alguém que não a respondia, Chewtle tentou ver quem era a pessoa ao lado dela, ficando na ponta das patas para espiar por outro pedaço quebrado na madeira. Conseguiu ver parte do que parecia ser pelo de humano (como ela entendia cabelos) da cor branca, mas não conseguiu se manter naquela posição e caiu junto dos caixotes.

    Mesmo no chão, Chewtle processava o que ouviu. Um altar que realiza desejos... Era a sua chance de encontrar seus filhotes. Decidindo que seu novo objetivo era chegar ao altar, Chewtle é surpreendida pela porta da casa se abrindo.

~Oooosta? ("Ah, é só você. Quer um pouco de chá?") — Obstagoon apareceu na porta segurando uma xícara. Chewtle se levantou e entrou na casa, o acompanhando.

Continua