Capítulo 84: Intenção verdadeira.

    Após atravessarem um túnel que tentou corromper seus desejos e resistirem, o grupo formado por Leuri, Marnie, Meowth e o Rei Calyrex chegou até o Santuário da Coroa, no pico da montanha. Tratava-se de um estábulo onde Calyrex treinava com seu corcel há séculos atrás. Uma gigantesca árvore coberta de neve com ramificações nos galhos se erguia por dentro da construção, mas era oculta para quem tentasse ver de outro lugar que não fosse o santuário.

Calyrex: O Santuário da Coroa... Está do jeitinho que me lembro. — Ele flutua pelo local, mas então para repentinamente. Leuri, Marnie e Meowth se aproximam.

    Calyrex olhava surpreso para dois cavalos. Um tinha o corpo branco e crina, patas e o rosto cristalizado. Já o outro era preto e seus cascos esfumaçavam. Suas crinas eram longas e perdiam-se nas sombras.

Leuri: São dois corcéis?!

~Myah? — Ele tenta contar os cavalos, levantando um dedo para cada um.

Marnie: Você não mencionou isso — falou pelas costas de Calyrex, que engoliu em seco e se virou rapidamente, disfarçando um sorriso.

Calyrex: Sim, minhas memórias estão voltando junto do meu poder! Mas graças a vocês duas, estou de volta ao meu Santuário. Sabiam que meus antigos súditos subiam a montanha para me encontrarem aqui e pedir a purificação do desejo?

Leuri: Isso é tipo uma bênção? Eu quero!

Calyrex: Bem, para isso precisaria ter seu próprio desejo — falou por telepatia, olhando para a Wishing Star no pulso de Leuri, que se encolheu. Marnie não entendeu, mas ele voltou a falar. — Pensando melhor, você resistiu no túnel... Talvez seja por não ter seu desejo reconhecido, então minha magia não a alcançou.

Marnie: Eu não entendo... Você tem sua Wishing Star, já te vi usar o Dynamax antes contra a Nessa.

Leuri: Acontece que essa pertence ao Chairman Rose, a minha nunca... Você sabe, nunca caiu. Desculpe por não contar antes, é que todos tem uma... Não queria ficar de fora e ser a única sem desejo.

Marnie: Acho que isso não importa muito agora... — disse após alguns instantes de silêncio, só ouvindo o barulho da nevasca ao fundo. Ela se voltou para Calyrex, séria. — Viemos aqui porque podia me ajudar a acessar a dimensão do altar e libertar o meu irmão sem que Eternatus volte. Eu estou pronta.

Calyrex: Isso... Isso! Exatamente, súdita. — Ele se voltou para os cavalos, batendo os dedos uns nos outros, suando.

    Nenhum dos corcéis parecia ter voz, apenas seus cascos faziam barulho no chão do templo enquanto Calyrex tentava persegui-los. Leuri, Marnie e Meowth o observaram levar coices dos dois e ser arremessado de um lado para o outro, levantando já com um olho roxo e um galo na cabeça.

Calyrex: Heh... Já fazem muitos anos, acho que precisamos nos reconectar antes, né?

Leuri: Se lembra de algo que eles gostavam?

Calyrex: Cenouras! Meu corcel amava cenouras!!

Marnie: Então faça cenouras crescerem, você é o Rei das Colheitas.

Calyrex: Não é tão simples assim, geralmente eu posso criar flores e acelerar o crescimento do que foi plantado, mas criar algo do zero...

Marnie: Então Leuri cria as sementes. — Voltou-se para Leuri, que arregalou os olhos.

Leuri: Eu?

Marnie: Use seus poderes, crie sementes de cenouras.

Calyrex: Humanos dessa época podem criar sementes? — Ele perguntou para Meowth, que pensou e assentiu com a cabeça.

Leuri: Talvez... — Ela encarou as próprias mãos, que se acenderam numa aura rosa. — Ok, vamos lá!

    Respirando fundo, Leuri fechou os olhos e balançou as mãos, com a língua para fora. Todos ficaram a olhando fazendo poses, mas nada acontecia, apenas a aura fluía em sua frente.

Leuri: Sementes de cenoura! — exclamou, mas nada aconteceu. — Talvez precise de uma palavra mágica... Abracadabra! Alakazam!

Calyrex: São sementes invisíveis?

Leuri: Não... Eu não sei usar os meus poderes. — Ela olhou para Marnie, que se virou para Calyrex.

Calyrex: Então vai ser do velho jeito! — Ele volta a levitar até os cavalos, recebendo outro coice.

Marnie: Isso nunca vai funcionar... Nosso Rei está mais para bobo da corte.

Leuri: Talvez se voltarmos com as sementes...?

Marnie: E passar por tudo isso de novo?

~Myah! — Meowth saltou do colo de Leuri, agarrando no rosto do cavalo branco e tentando se jogar nas costas dele para montar.

Calyrex: Oh, súdito felino... Isso resgata tantas lembranças. Meu corcel adorava as brincadeiras que fazíamos aqui, os treinos eram divertidos e aliviavam a tensão dos vários combates com Eternatus.

Leuri: Por que sempre fala deles como se fossem um só?

Calyrex: Falo? É o costume. Meu corcel foi dividido durante a batalha, nunca lidei com dois. Suas metades não se entendiam comigo. É tão confuso agora, depois de tantos anos...

Marnie: O mesmo com o Piers, duas metades... — pensou, olhando para os cavalos.

    Vendo Leuri colocar uma mão no ombro de Calyrex, Marnie tem uma ideia. Ela pega duas de suas Pokeballs, abrindo-as e liberando Drizzile e Shellder.

~Driiz!

~Shell?

Calyrex: Oh, meu dançarino!

Marnie: Se o problema é sentimental, talvez possam ajudar. Eles são bons com isso. — Ela pegou Drizzile pela cintura, o levando até Calyrex. — Anda, chora.

~Driiz?

Leuri: Acho que não funciona assim...

Marnie: Qual é o segredo? Chorar é o lance dele, só faz isso o tempo inteiro!

    Shellder fazia caretas para Drizzile, que ria sem parar. Marnie bateu na própria testa, seu Pokemon estava quase sempre feliz com Shellder ao lado. Mas o teto do estábulo se quebrou e blocos de gesso caíram pelo chão, fazendo os cavalos correrem.

    Tentáculos se esticaram por baixo dos blocos de gesso e Grapploct se revelou. Meowth arregalou os olhos, mas não partiu para ataque, aguardando por algum comando de Leuri.

Leuri: Ele nos seguiu até aqui?!

    Esticando seus tentáculos, Grapploct agarrou em Shellder, o puxando para perto. Drizzile tentou impedir, mas tropeçou e caiu. Então, o polvo começou a golpear a carapaça do Pokemon, que se debatia e gritava desesperado.

Marnie: Drizzile, chore logo! Seu amigo está sendo destroçado!!

    No chão, Drizzile viu a cena. Se Grapploct continuasse atacando, Shellder teria a carapaça rachada. Ele ouvia Marnie o pedindo para chorar e a vontade vinha, mas levantou-se e mudou sua postura, afastando a franja dos olhos.

    Formando um balão d'água, Drizzile o espreme. O jato acerta o rosto de Grapploct, que solta Shellder. Drizzile estica sua língua até ele, o envolvendo e puxando-o para perto.

~Myaaah! — Parabenizou Drizzile, que continuava sorrindo.

Marnie: Mas... — Ela cerrou os punhos.

Leuri: Drizzile não quer mais chorar, ele prefere lutar, Marnie!

~Shell! — Shellder voltou-se para Marnie, que desviou o olhar, ainda envergonhada por ter gritado com ele no dia anterior.

Calyrex: Meu templo lindo!! — Ele tentava arrumar os blocos de gesso do chão e Leuri revirou os olhos.

    Esticando seus tentáculos, Grapploct voltou a intimidar os Pokemon de Marnie, que tomou uma decisão.

Marnie: Shellder, ataque com Icicle Spear!

    Fechando e abrindo-se, Shellder dispara estacas de gelo contra os tentáculos de Grapploct, mas todos se quebram por não serem tão fortes. Em seguida, Shellder é golpeado, rolando para trás.

Marnie: Estão em níveis diferentes...

Leuri: Mas você consegue! Comande o Shellder e o Drizzile, sei que pode fazer isso!

    Desfazendo as pontas de seus tentáculos em água, Grapploct gira com elas ao seu redor, investindo contra os Pokemon.

~Shell! — Ele parece confiante e Marnie segura em seu pulso, onde a Wishing Star estava coberta pelo uniforme de exploração.

Marnie: Drizzile, use Lick e tire o Shellder da mira!

    Prolongando sua língua, Drizzile a envolve ao redor de Shellder, o salvando do golpe de Grapploct, que muda de direção e o golpeia. Caindo para trás, ele solta seu parceiro no ar.

Marnie: Clamp!

    Fechando-se sobre a cabeça de Grapploct, Shellder o deixa desesperado para tirá-lo de lá. Marnie então comanda Brine e o Pokemon o deixa encharcado, soltando-se dele.

Leuri: Isso foi esperto!

~Myah!

    Balançando a cabeça, Grapploct olha para Calyrex juntando os pedaços de gesso. Os cavalos não se importavam, assistindo de longe. Então, volta a girar com os tentáculos envoltos em pulsos d'água.

Marnie: Use Icicle Spear pelo chão!

    Shellder volta a disparar as estacas de gelo e Grapploct as recolhida com seus rodopios. Marnie cerrou os punhos, sua ideia não deu certo. Drizzile recebeu o próximo comando, tentando o conter com Water Gun, mas a água era repelida.

~Sheeeellder!!! — Quando Grapploct parou de girar, o acertou com espadas d'água, lançando-o contra as paredes.

    Explodindo um balão d'água por baixo de seu corpo, Drizzile se impulsiona sobre Marnie, agarrando na mochila dela. A garota se desequilibra, mas ele abre um dos bolsos, agarrando a Water Stone que Calyrex o deu no outro dia.

~Driiiz! — Ele mostrou a pedra para Marnie, que encarou Shellder sendo golpeado novamente por Grapploct.

Marnie: Você precisa chorar e contagiar o Calyrex e os cavalos — disse, tentando arrancar a pedra da mão do Pokemon.

    Rangendo os dentes, Drizzile deu um tapa nas mãos de Marnie. Leuri e Meowth se olharam boquiabertos e o Pokemon correu na direção de seu amigo.

~Shell? — Ferido, ele olhou para Drizzile em sua frente, recebendo o Liquidation de Grapploct nas costas com os vários tentáculos.

~Drii... Drizzile! — Resistindo, ele entrega a Wishing Star para Shellder, mas cai em seguida.

    Vendo Grapploct voltar a investir, Shellder recolhe a pedra com a língua e fecha-se, envolvendo-se numa redoma d'água que repele o polvo.

~Driiiz! — Seus olhos brilhavam, lembrava de todos os momentos que teve com Shellder e o quanto aquele amigo significava para ele, desde que perdeu seu baldinho no passado.

    Revelando-se ao afastar a água ao seu redor, Shellder agora era um Cloyster, completando sua evolução. Drizzile levantou-se e o deu um abraço, mas ele flutuou para a frente, girando os espinhos de sua carapaça como a dança dos véus que aprendeu em Stow-on-Side.

    Não se intimidando, Grapploct se lança contra ele, tentando agarrá-lo com os tentáculos. Com a dança, Cloyster desviava de todos, o acertando investidas por trás que quase o derrubavam todas as vezes.

Marnie: Está evoluído, mas...

"Mesmo assim..."

    Cloyster tenta uma última investida contra as costas de Grapploct, acreditando que seria seu movimento triunfante.

"Ele não foi treinado."

    Para a surpresa de Cloyster, Grapploct torce seu corpo, ficando com o rosto de frente para ele e o agarrando com seus tentáculos nos grandes espinhos da carapaça. Com um grito de guerra, o arrastou no chão.

    Desmaiando, Cloyster recebe ajuda de Meowth, que corre até ele para ver se estava bem. Leuri, perplexa, olhou para Marnie caminhando até ele.

Marnie: Continua fraco... Eu disse que seu papel era hidratar o Drizzile, não se enfiar em batalhas. É isso que ganha por ser teimoso.

~Octo! — Grapploct se rasteja para perto de Leuri, que então percebe o que estava acontecendo ao vê-lo lacrimejar.

Leuri: O motivo de ter atacado o Shellder... — Sentindo as lágrimas caindo por seu rosto, ela se voltou para Drizzile.

    Sentindo-se imponente, Drizzile não consegue controlar o choro contagiante. Leuri, Meowth e Grapploct agora compartilhavam o mesmo sentimento, enquanto Marnie enxugou o rosto e se voltou para Calyrex para ver se seu plano deu certo.

Calyrex: Sim, que sensação horrível, oh!!! — Dramatizando, ele estava em prantos, soltando os blocos de gesso e se aproximando dos cavalos. — O tanto que eu devo ter magoado vocês dois, não os enxergando como os novos seres que são... Que péssimo Rei eu sou!!

    Se curvando para os cavalos, Calyrex continua chorando. Meowth segura o riso enquanto Leuri e Marnie observam a cena que ele fazia.

Calyrex: Me perdoem, vamos ser amigos de novo, sinto tantas saudades! — Levantando-se, ele flutuou até o corcel branco, o único que também era afetado pelo choro de Drizzile. — As emoções ficaram na sua metade, não foi, Glastrier? Vamos, me dá um abraço!

Leuri: Cuidado, Calyrex! — gritou, achando que ele levaria outro coice, mas o corcel inclinou a cabeça para receber o abraço. Em sua frente, uma cenoura inteira se materializou, caindo em suas mãos. — Uhul! Não sei como, mas chupa essa, clone malvada que disse que eu não conseguia!

Marnie: Tecnicamente é uma cenoura viva...?

Leuri: Olha... Melhor não pensar muito nisso. — Ela entrega a cenoura para Calyrex, que a dá para Glastrier comer.

    Enquanto o corcel de gelo comia, Calyrex montou nele, materializando rédeas de flores. Sua capa de cristais se prolongou e sua coroa pareceu aumentar, emanando uma aura esverdeada. Seu poder cada vez mais aumentava.

Leuri: Conseguimos! — Ela e Grapploct se abraçaram por impulso, mas logo soltaram-se. Então ela olhou para Cloyster se levantando, ainda machucado. — Mas me sinto mal pelo jeito que fizemos...

Marnie: Isso é o de menos... Calyrex, isso basta? Agora podemos resgatar o meu irmão e o Morpeko? — Ela forçou um sorriso ao levantar os lábios com os dedos, se aproximando de Calyrex.

Calyrex: Bem... Não tem como sem a ferradura dele, ela que tem o poder para que acessem a prisão do altar e consigam caminhar naquela dimensão. Mas ter esse corcel de volta já é bem divertido, posso me contentar com isso! Irraaa!

    Começando a galopar com Glastrier, Calyrex saltita pelo estábulo, disparando seu poder para todos os lados e fazendo flores crescerem pelas paredes.

Leuri: Calyrex!! — Ela gritou, tentando perseguir o Rei, mas uma flor surgiu em sua boca, a engasgando.

    Sem reação e não sabendo o que pensar, Marnie via Leuri reclamando com Calyrex, que agora ajeitava o teto rompido do estábulo.

    Aproximando-se dela, o corcel sombrio também não tinha expressão. A metade vazia... Como o Piers que lhe restou. Inclinando a cabeça, tentou mastigar sua mochila, mas ela o afastou.

Marnie: Não tem cenouras aqui! — exclamou, mas então lembrou-se de algo. Ela passou a mochila para a frente do corpo, abrindo um dos bolsos onde vários objetos estavam. Entre eles, uma ferradura enferrujada.

Calyrex: Uh? — Sentindo algo esquisito, ele para de galopar com Glastrier, se voltando para Marnie e vendo a ferradura. Suas pupilas dilataram e ele desceu do cavalo. — Onde... Onde achou isso?

Leuri: Isso não é...?

~Myah! — Ele também se lembrava.

Marnie: Quando fomos até o altar da floresta através do além vida... Paula me entregou a ferradura e um lenço desbotado — explicou, prestando atenção na reação de Calyrex, que ficou mudo.

Leuri: Se isso estava no além vida... — Ela olhou para o cavalo sombrio e depois para Calyrex. — O que realmente aconteceu com o seu corcel?

    Suando, Calyrex continua sem falar nada. Meowth e Grapploct se olham, desconfiados. Marnie então fecha a mão pela ferradura, abaixando-a.

Marnie: Você está mesmo... Mentindo e escondendo coisas.

Calyrex: Vocês duas não são súditas comuns, são...? Se tiverem algum tempinho, eu posso explicar tudo, mas preste muita atenção em mim. Não entregue a ferradura para Spectrier — referiu-se ao cavalo ao lado de Marnie, que olhou para ele. — Me entregue a ferradura, por favor. Eu tenho uma explicação para isso, você vai entender.

Marnie: Você disse que a ferradura ajudaria a salvar meu irmão e veja! Aqui está ela! Agora diz que não devo usá-la? Qual é a sua?

Calyrex: Eu digo tantas coisas, súdita... Não me leve tão a sério, ainda não estou cem por cento...

Marnie: Meu nome é Marnie e eu não me importo. — Ela levantou a ferradura e Calyrex arregalou mais ainda os olhos.

Leuri: Marnie! — Ela segurou no braço da garota, que a olhou com o rosto bem próximo do seu. — Vamos com calma, okay? Deixe... Deixe o Calyrex falar! Não faça algo estúpido!

Marnie: Com calma? Ele nos usou! Só queria vir aqui para brincar de cavalinho!

Leuri: Olha nos meus olhos — pediu e Marnie o fez, ainda eufórica e erguendo a ferradura. — A gente resolve. Viemos aqui justamente para isso, não é? Espere e...

Marnie: Esse é o problema — interrompeu, abaixando o olhar.

Leuri: Marnie...?

Marnie: Eu cansei de esperar! — Ela se voltou para Spectrier, o entregando a ferradura.

Calyrex: NÃO! — gritou tarde demais.

    Criando um círculo de sombras e aumentando a pressão no local, Spectrier, com as crinas esvoaçando, encara a ferradura nas mãos de Marnie. Esta grita e seu corpo deixa o chão, se juntando com as sombras.

Leuri: MARNIE!! — gritou, sendo obrigada a soltar o braço da garota, mas uma onda de energia obscura se formou contra ela.

    Juntos, Grapploct e Meowth a protegeram, com o gato cortando as sombras com as garras e Grapploct usando seu corpo como barreira. Leuri afastou os dois, com os cabelos balançando e os olhos arregalados, olhando para o alto.

    Vendo Drizzile e Cloyster assustados, Calyrex de joelhos à frente de Glastrier, e o olhar de Leuri, Marnie volta a encarar as sombras, fechando os olhos e abrindo os braços. A ferradura girava entre ela e o corcel sombrio.

 — Hahaha!! É tanta energia! É tanta DIVERSÃO! — Se materializando ao redor de Marnie, a criatura do túnel ria sem parar, girando de cabeça para baixo. Calyrex, ao vê-la, desmaia.

    Dançando as mãos pelas sombras, Marnie as organizava ao seu redor com auxílio da criaturinha roxa de olhos vazios. Suas roupas iam desaparecendo e todo o seu corpo reluzia em tons roxos, com nuvens da mesma cor surgindo no céu. A grande árvore do estábulo agora as refletiam em seus galhos nevados.

    Revelando-se nas sombras, Marnie trajava uma nova roupa com tons obscuros de vermelho e roxo. Ela abraça o próprio corpo e então abre os braços com força, deixando as sombras escaparem. O símbolo de sua torcida, Team Yell, surge no centro da blusa curta que usava, deixando a barriga à mostra. O frio não parecia incomodá-la agora, então voltou ao chão, abrindo os olhos e olhando para Leuri.

Marnie: Pela primeira vez, tenho uma solução de verdade.

    Aproximando-se dela, Spectrier se inclina. A ferradura desce para seus cascos, desfazendo-se em sombras. Marnie o monta, formando rédeas roxas. O cavalo produz o primeiro som desde que chegaram ali, relinchando como se sua voz estivesse falhando, divida entre as duas metades.

Marnie: Vou acessar a prisão do altar para resgatar minha família e vai ser agora!

Leuri: M-Marnie...

Continua