segunda-feira, 6 de maio de 2024

Capítulo 113: Eu, você e o urso!

 

  Ah!



    Leuri despertou de pé em meio a uma realidade caótica. Podia ouvir o ecoar de combates acontecendo à distância, como choques de espadas e rugidos de seres poderosos que abafavam sua audição. O vento impetuoso fazia seus cabelos balançarem e sua pele estava arrepiada, via-se sozinha com um céu tingido de vermelho por reflexo do fogo que consumia o ambiente distante. Um pouco mais à sua frente, uma fenda se abria cada vez mais para as profundezas do terreno, e liberava uma miríade de formas de energia coloridas que pareciam em conflito, ora convergindo, ora repelindo-se .


    Leuri escolheu uma direção para correr, mas suas pernas travaram a impedindo de sair do lugar. No céu vermelho, portais enraizavam-se e a garota sentiu que aquilo significava que algo muito perigoso estava por vir, quando...



    Um rastro de luz roxa cortou o céu, iluminando Leuri enquanto serpentava pelo firmamento, perseguido por uma silhueta escura e distorcida. Ela acompanhou a direção da luz até chegar num ponto que podia enxergar melhor o que acontecia. Seus olhos estreitaram-se, parecia que a própria lua estava travando uma batalha, e ela reconhecia aquela forma; era a Deusa Lunala, sempre presente em seus sonhos, mas nunca havia a encontrado deste jeito nem neste cenário. Quem ela combatia tinha o corpo lapidado e prismático, absorvendo toda a luz ao redor tão rapidamente que Leuri mal conseguia vê-lo. Parecia estar furiosamente empenhado em subjugar a Deusa com seus braços fortes e garras deformadas que possivelmente eram bastante afiadas. Lunala relutou, traçando espirais com suas asas, e todas dispararam luz lunar sequenciada para ferir seu adversário.



    De outra direção, um clarão verde tomou conta do céu, que parecia em movimento como se descesse junto do mergulho de um imenso dragão com o corpo longo de serpente de uma cor esmeralda radiante. Era Rayquaza, o Senhor dos Céus, como Leuri já havia o conhecido anos antes. Perguntou-se o que aqueles Deuses estavam fazendo num cenário assim e contra quem estariam lutando, isso não podia ser aleatório.



    Leuri levantou os braços para frente do rosto quando Rayquaza mergulhou para o meio da cratera, acendendo o seu redor com um clarão verde. Mas, com a claridade diminuindo, ela viu a silhueta de outra garota.


    Era Marnie, tão chocada quanto ela. O fluxo da corrupção enraizada em seus braços e pescoço, parecia em movimento. As duas se perceberam ao mesmo tempo que outra figura recuou para o meio delas, parecendo ter resistido a um golpe.


    Elas reconheceram Kubfu, com feridas por seu corpo mas olhando com seriedade para alguém que elas não conseguiam ver. Ele levou uma mão ao peito, agarrando nos pingentes de seu colar, uma metade era uma onda que se completava dando uma volta à outra, de forma de lua cheia. Canalizando seu poder, fez com que dois caminhos tracejados em luz se revelassem, passando por baixo das duas garotas, cruzando-se e então divergindo.



    Dois gigantescos ursos se levantaram do tracejado de energia de cada caminho. Suas bocas e olhos eram completamente vazados como se houvesse um holofote dentro de suas cabeças. O primeiro deles rugiu em fúria e correu em disparada, suas pisadas deixavam crateras no solo e rapidamente sumiu da vista de Leuri. O segundo demorou a sair do lugar, mas ao seu redor correntes de água se conectavam e ele as manuseou com muita técnica. Leuri observou seus movimentos, por um instante pensou que o encarava, então ele também foi à luta.
    Leuri não conseguiu desviar o olhar. Assim que os ursos saíram, Marnie se mexeu, a Wishing Star cravada em seu pulso reluziu de forma que seu rosto alternava entre roxo e vermelho, e ela avançou com raiva para combater. Leuri deu um passo para trás, sentindo que estava pisando em algo molhado, e ao olhar pra baixo viu seus pés submersos.



    O cenário mudou completamente, não estavam mais naquele caos com os Deuses. Leuri pisava num lago, via perfeitamente a forma de seus pés distorcida pelo movimento da água. Marnie parou sua investida ao se dar conta da mudança, agora estava bem perto de Leuri, e relaxou os ombros. Ela olhou para o céu, vendo a lua cheia. Uma de frente para a outra, as duas viraram-se ao mesmo tempo para a mesma reta, onde viram Kubfu no limiar do encontro da lua com a água.



 Fu! — Kubfu abriu os olhos subitamente, dirigindo-as seu olhar.


  Ai! — Leuri despertou sozinha na cama. Suava tanto que seu travesseiro estava húmido.

    Ao redor dela, a maioria das outras camas já estavam desocupadas. Viu alguns Pokemon passando pelo lobby do hotel, brincando no carrinho de compras já vazio que Diego trouxera de Hammerlocke. 


  Froga? — Leuri percebeu o sapo coaxando ao seu lado, esboçando preocupação.

  Frogadier... Estamos seguros, não estamos? Ainda em... Spikemuth
  ela disse, tentando acreditar em suas palavras, parecendo buscar alguma brecha na expressão de seu amigo para confirmar que agora era tudo real.  Eu... preciso falar com o Mustard.




  Ratt!!



    Quase todos os integrantes dos núcleos e os monarcas estavam reunidos no lobby do hotel após uma convocação de Leuri, que decidiu contar sobre o sonho que teve. A reunião foi interrompida quando Sonia apareceu muito irritada com um dos Meltan que comeu parte de uma peça que iria usar no projeto que estava elaborando. Rattata estava dando bronca no pequeno, mas ele só continuava tentando alcançar a peça.


  Isso vai me atrasar tanto!  Sonia se lamentava enquanto Obstagoon vinha servir um chá, o qual ela recusou.  Eu vou ter que improvisar, não sei nem se ainda vai funcionar! Vocês não deveriam estar vigiando esses Meltan?

  Eu tenho uma filha para tomar conta, não venha me cobrar  disse Grace, e Leuri reparou em sua irmãzinha apertando os botões de uma calculadora para mostrar os números para Litten.

  O Cloyster está triste e eu sou muito linda, você também não pode exigir tanto da gente
  Klara complementou, com Cloyster assentindo.

  Não é possível, gente! Rattata está fazendo o melhor que pode, vocês deveriam levar mais a sério a responsabilidade com os Meltan!  Leuri interviu, e Klara deu os ombros.  Sweetie Pie, não tem nada a dizer?


  Estava muito ocupado.

  Mas você não faz nada!


  Te desculpo pela grosseria.

  Ai, eu vou ficar maluca...  Leuri levou uma mão à cabeça, mas ouviu o som de ferramentas balançando e viu Diego e Carbink descendo as escadas do hotel.



  Não precisam mais se preocupar, recolhemos mais coisas de metal para os Meltan comerem!  Diego colocou uma caixa no chão e os Meltan se amontaram nela, já pegando parafusos e chaves.


  Será que é gostoso?  Carbink pensou alto, mas vendo o julgamento no rosto de Frogadier, concluiu logo que não era uma boa ideia.


    Agora que os Meltan estavam satisfeitos, Sonia podia voltar a trabalhar. Diego sinalizou positivo com o polegar para Leuri, que sorriu em resposta, grata por menos um problema.


  Não querendo ser pessimista, mas e quando eles comerem tudo? Cada vez menos vamos ter o que alimentar eles...  Raihan pontuou.

  Ele fez uma boa observação! O que vai fazer, chefe?
  Leon perguntou à Leuri, que entendeu como provocação.

  Vou fazer eles comerem vocês dois, gostaram da ideia?


  Menos, bonitões. Deixem que o núcleo de suporte pense nisso, eles não tão fazendo nada!  Aleíse levantou a mão para falar, já percebendo Katie e Nia se revoltando.  E digo mais, a Honey dormiu o dia todo, a Cynthia a gente nem vê e esse Obstagoon só fica servindo chá! Tão achando que isso aqui é palhaçada?

  Quebra tudo, Aleíse!!
  Harley incentivou batendo palmas.


  Jovens tem tanto tempo pela frente, mas querem soluções tão imediatas...  Mustard interrompeu o conflito que já se formava.  Vamos dar um passo de cada vez. Leuri estava falando sobre ter sonhado com o Kubfu. 



  Foi... Eu achei muito estranho. Meus sonhos estão conectados com os de Xerneas, por isso não faz sentido. Aquele lugar não parecia ser Alola... 

 — Se eu sonhasse em Alola, chamaria de pesadelo!  Diantha cochichou para Harley, que conteve sua risada com as mãos. Os dois disfarçaram ao perceberem Leuri os encarando.

 — Será que o Kubfu tá precisando de ajuda?
  Carbink perguntou, e Leuri continuou pensando.

  Ele está bem, isso eu tenho certeza
  disse Mustard.  Se ele tentou entrar em contato, deve ter outro motivo.

  Eu queria entender melhor...  disse Leuri, quando o barulho de algo de vidro quebrando a interrompeu. Já voltava o seu tique nervoso no olho.


  Solicito limpeza no aposento de refeições.  Calyrex veio flutuando, segurando um prato de comida. Vendo que não havia lugar para se sentar, ele estalou os dedos e uma raiz brotou do chão, amarrando-se ao redor de Hop e o puxando para se levantar. Agora sentado, ele cruzou as pernas.  Do que estão falando?


  Calyrex, podia mostrar mais respeito  repreendeu Nia, mas Calyrex riu.

  Vocês falam cada coisa engraçada.


  Enfim... Eu fico preocupado com você, Leuri.  Rose sorriu para a afilhada.  Talvez entenda o que Kubfu queira dizer em outro momento.


  Hmmr?  Calyrex engoliu a comida de um jeito esquisito, esbugalhando os olhos. Hop veio trazer um copo d'água, mas ele o empurrou, molhando o rosto do garoto.  Como assim, o que tem Kubfu?

  Kubfu lutou ao lado dele há muitos anos atrás, quando Eternatus foi selado
  explicou Leuri para Mustard.  Eu tive um sonho com ele, só isso.

  Como o conhece?  Levitou até a garota, que se levantou incomodada.  Sabe onde ele está?

 — Kubfu vive na Ilha Armadura, ele...
  Mustard tentou dizer, mas Calyrex se voltou para ele e o interrompeu fazendo flores estourarem pelo ar.

  Precisamos dele aqui!! Ele pode nos ajudar, é isso que deve estar tentando te dizer!

  Você acha?

  Kubfu é um excelente engenheiro! Ele seria de grande ajuda para a minha súdita avantajada.  Ele referia-se à Sonia. Leuri e Mustard trocaram um olhar, pensando no assunto.  Vocês precisam ir buscá-lo!


  Quem ia dizer que aquele pequeno é tão especial assim?  Katie comentou e iniciou o burburinho entre os demais, todos gostando da ideia de buscar Kubfu para ajudar.



  Já é consenso, você vai para a Ilha Armadura hoje mesmo.  Leon foi até Leuri, a dando um tapinha no ombro.

    Calyrex rodopiava de mãos dadas com Frogadier, fazendo flores surgirem por toda parte. Carbink foi ao encontro de Diego para contar a decisão, deixando Leuri um pouco apreensiva. Ela se apressou para sair do hotel e respirar um pouco, quando Mustard veio ao seu encontro.


  Leve com você, Leuri.  Ele segurou com as duas mãos numa só de Leuri, deixando em sua palma o colar com os pingentes de água e lua.  Kubfu jogou fora há muito tempo, mas eu o guardei desde então. Quando revelou a Torre Obscura e pudemos ler o pergaminho, tive certeza de que tem alguma importância, então talvez... Talvez possa te ajudar.


  Obrigada, eu espero que dê tudo certo!

    Algumas horas depois...


  Ai mas tá dando tudo errado!  gritava correndo da sombra de uma onda gigante na praia.  Vai atacar!!

  Frogaaa!!


    Por cima da onda, um Sharpedo em Dynamax abriu sua bocarra e disparou uma enxurrada d'água na direção de Leuri e Frogadier. A garota encarou o movimento, quando Harley e Klara riscaram os pés na areia, assumindo sua frente e esticando os braços para comandarem seus Pokemon.


  Sirigueijo meu amor, use bastante Dark Pulse e levante tempestades de areia!


    O Crawdaunt de Harley abriu suas pinças para disparar dois pulsos obscuros contínuos que se entrelaçaram para ficarem mais espessos, pressionando a areia para levantar grandes quantidades delas, modeladas como redemoinhos em dois focos.


  Agora, Dustox, Dazzling Gleam!


    Voando para trás das tempestades, Dustox projetou suas cores num clarão energizado que empurrou a areia para frente da enxurrada de Sharpedo, conseguindo fortalecer a combinação e evitar grandes danos, deixando centelhas azuis pelo ar.

  Vamos, gente, rápido!  Leuri gritou chamando pelos dois, que retornaram seus Pokemon e a seguiram, aproveitando a distração.


  Ai, lacramos muito nessa!  Harley e Klara bateram as mãos, ainda correndo.


  Eu disse que não iria se arrepender de nos trazer com você!

  Eu não trouxe, vocês que decidiram vir!

  Claro mana, deixamos algumas coisas no Dojo, não íamos perder a oportunidade de pegá-las.


  Aqui!  Diantha acenou para os quatro, já numa altura que Sharpedo não conseguiria acertá-los.  Fiz o reconhecimento da área, nem sinal de Kubfu. Só resta procurarmos dentro do Dojo.

  Obrigada, Diantha, você está muito empenhada ultimamente!  Leuri agradeceu, e a Campeã sorriu satisfeita.

    O grupo seguiu pela rota do Dojo, prestando atenção pelo caminho. A Buneary Lola e a Blissey Margarida, escondidas, os observaram, desejando que pudessem ajudá-las de alguma forma naquela situação. Já estavam próximos do Dojo, quando Leuri parou de andar e abriu um braço, sinalizando para os outros fazerem o mesmo.

  AAAAAAAAAI!  Harley caiu por cima de Klara quando algo fez muito barulho perto dele. Os demais olharam para aquela direção, vendendo partículas Dynamax se aglomerando.


  POOOOKE!  Rapidamente, um Slowpoke atingiu sua forma Dynamax, atraindo mais nuvens vermelhas.

  De onde que isso veio?!  Diantha pegou numa Pokeball, mas Leuri assumiu a batalha com Frogadier.


    Dando uma cambalhota para frente, Frogadier retirou pedaços de sua espuma e os apertou rapidamente até que formassem duas cordas. Ele arremessou-as para laçar o pescoço de Slowpoke, que se remexeu tentando escapar.


  Puxe-o para baixo e use Aerial Ace!


  Froga!  Na disputa de força, Frogadier venceu, fazendo Slowpoke tombar. Antes que sua cabeça batesse no chão, ele saltou, acertando um chute em seu queixo para empurrá-lo e derrubá-lo de costas.


  Eu hein, coisa feia! Quer acabar como os seus irmãos, é?  Harley gritou próximo ao Slowpoke imenso caído.

~~~~~~


~~~~~~

  Não baixem a guarda  pediu Leuri, seguindo agora para o Dojo, notando a porta entreaberta.

  Que muquifo é esse, gente? Era aqui que vocês viviam?  Diantha sentiu nojo vendo pacotes de salgadinhos caídos pelo carpete da sala onde Mustard sempre passava horas no videogame.

  Aii, meu quartinho!  gritou Klara, subindo as escadas.

  Kubfu, tá aí fofinho? Kubfuuuu!  Harley chamava pelo urso, mas sem resposta.  Não tá parecendo que ele tá em casa, gente.


  Kubfu não deixaria o Dojo desprotegido... Precisa ter alguma explicação, ele me chamou até aqui!

  Frooo...  Frogadier segurou na mão de Leuri, quando ouviram Klara gritando do segundo andar.

  Ih, ela deve ter encontrado meus segredinhos...  Harley riu baixinho.  Klara, eu posso explicar o que é isso!!

  NÃO, SEU IDIOTA!
  Klara apareceu na escada, descendo o mais rápido possível.  Temos companhia!!



    O grupo se juntou, buscando por suas Pokeballs para se defenderem, quando Calvino apareceu em transe. A Wishing Star enraizada em seu pulso reluziu e ele também sacou uma Pokeball, já aumentada em tamanho.


  Oh...  Diantha recuava, mas sentiu esbarrar em alguém, e logo dois braços tentaram agarrá-la, mas ela afastou a pessoa a tempo.


    Era a falastrona Letícia, que fechava a porta do Dojo, também controlada por seu desejo. Harley gritou para o acompanharem até a saída dos fundos, que levava ao campo de batalha, e assim o seguiram.


    Ambos liberaram seus Pokemon, Slowbro e Drakloak, em Dynamax, fazendo todo o campo tremer. Leuri fez sinal para Frogadier ainda não agir, deixando os outros combaterem.

  Cacdivo, me ajude!

  Drapion, preciso de você!


  Cac cac!  Deixando a Pokeball, ele ergueu degraus de espinhos até Slowbro.

  Dooora!!
  Subindo junto de Cacdivo, ele formou lâminas de veneno em seus braços, partindo para o ataque.

    Ao mesmo tempo, Drakloak já disparava Dreepy explosivos como mísseis, então Diantha liberou Gardevoir, encarando-os sem medo. 

  Destrua-os, Gardevoir!


    Expandindo a área de seu poder ao esticar o braço, Gardevoir levitou sobre a projeção colorida dele, seu vestido esvoaçava e seus olhos acenderam-se quando viu a trajetória dos Dreepy. Cada um passou a explodir no ar, e ela aproximava-se para atacar de frente.


  Desde que chegamos na Ilha, não paramos de combater Pokemon em Dynamax. Isso não é aleatório, eu sei que está aqui!  exclamou Leuri tentando perceber se via alguém. As folhas de um arbusto balançaram rapidamente e ela percebeu, se virando logo na direção dele.  Ali, Frogadier!


    Saltando para o arbusto, Frogadier puxou um sabre obscuro, colidindo com o mesmo de uma Liepard que vinha ao ataque. Ambos afastaram-se, e Leuri franziu as sobrancelhas, sabendo quem estava ali.


  Eu contei do sonho que tivemos  revelou-se Marnie, e Leuri não recuou, olhando em seus olhos cheios de raiva. Seus passos deixavam partículas Dynamax se perderem no ar.  Minha amiga disse que Kubfu mostraria o que me espera em meu caminho.


  Sua amiga? Olha, Marnie, aquela garotinha...


  Cale-se!  gritou.  Não deveria ter vindo aqui!  continuou pausadamente entre seus passos, com raiva em sua voz, até no final estender o braço e uma onda de energia Dynamax se projetar contra Leuri e Frogadier, que ajoelham-se sentindo-pressionados contra o chão.

  Ih, a Marnie!!  Harley percebeu, apontando para a garota, e Klara tentou ir na direção dela mas os dois acabaram se esbarrando e caindo.

  Esses encostos foram os melhores que te sobraram?  Marnie provocou, mas quase se desequilibrou quando Drakloak foi derrubado por cima do Dojo, quebrando o telhado.


  Não é seguro lutarmos aqui! Diantha, me ajude a recuar!

  Pode deixar!  Diantha assentiu do outro lado, reposicionando-se com Gardevoir, e Harley e Klara foram atrás dela.

  Vai virar as costas pra mim?  Marnie franziu a testa e apontou novamente.  Liepard, Skitter Smack!


    Leuri e Frogadier quase conseguiam alcançar Diantha e os outros, quando Liepard se esgueirou pelo campo, dando rasteiras nos dois.


  Isso é novo!  Leuri reconheceu, levantando-se junto de Frogadier, mas sua expressão mudou quando uma sombra a cobriu.


  Max Ooze  disse Marnie, estendendo a mão para o alto.



    Os olhos de Slowbro acenderam-se em vermelho por um instante, e ele passou a expelir veneno por baixo de seu corpo, corroendo a estrutura do Dojo que cada vez mais desmoronava. Pilares do fluído roxo se ergueram e a intensidade foi suficiente para partir mais paredes do Dojo e até do campo de batalha.

  Leuri!  gritou Klara, tentando voltar para ajudar, mas um pedaço do telhado caiu à frente dela.

  Night Slash! — pediu Leuri, e Frogadier rapidamente partiu uma pilastra que iria atingi-los. — Marnie, eu fico pensando, você está lutando comigo ou com você mesma?

 — Tenho certeza que é com você. Liepard, ataque!

  Nyaaapard!  Liepard afiava suas garras para mais um golpe, mas outra parte da estrutura do Dojo despencou. Ela foi a primeira a notar, então saltou para um espaço seguro, mas Leuri, Frogadier e Marnie estavam em risco.

  Hm?  Marnie finalmente percebeu que seria atingida, mas um vulto fez seus cabelos balançarem.


  Fu!  Kubfu havia saltado por cima de Marnie. Ele deu um mortal no ar e partiu as madeiras em corrosão que caíam, terminando ao aterrissar entre as garotas, numa pose com os dois punhos no chão e os olhos fechados.

  Kubfu, obrigada!  Leuri o reconheceu, mas ao se aproximar, cambaleou quando o chão começou a tremer, acendendo-se como uma piscina multidimensional com o urso no centro.

  Froga?!  Frogadier queria entender o que acontecia, mas teve a ideia de lançar uma corda de espuma para Leuri segurar e assim não se separarem.


    Liepard manteve-se afastada enquanto o chão tremeluzia. Marnie irritou-se com a situação já levando tempo demais, então avançou na direção de Leuri para continuar sua luta. 


    Kubfu abriu seus olhos tarde demais. O chão iluminado cedeu como um alçapão e Marnie e ele caíram junto dos escombros. Frogadier rapidamente laçou uma pedra com mais espuma para não cair junto, mas que o ligava com Leuri se rompeu e a menina caiu gritando por ele.


    Leuri não sabia ao certo quanto tempo se passou, mas parecia ter sido tudo muito rápido. Agora estava sentada sem nenhum ferimento, num chão terroso. O ambiente mal iluminado era subterrâneo, como um túnel escavado há muito tempo escondido por baixo do Dojo. Acima dela, um teto de pedra tinha um símbolo gravado, mas metade estava coberto. Lembrava o de seu sonho, que ligava-a com Marnie.


  Você!  Marnie levantou uma Dusk Ball, apontando-a para Leuri, que a notou vindo por sua frente. Porém, a capsula não abria mesmo ela apertando múltiplas vezes.  O quê?


  As minhas também estão assim.  Leuri testou duas das dela, sem sucesso.


  Argh, que lugar é esse?  Ela olhou ao redor, vendo Kubfu encostando uma mão numa parede, parecendo reconhecer.

  Se preocupa com isso depois!  Leuri apontou para outra direção de onde vinham grunhidos.


    Tratava-se de um grupo de Noibat que com certeza não estavam acostumados com visitantes naquele lugar. Kubfu começou a combatê-los, mas eram muitos e Leuri agarrou o urso antes que ele se machucasse.


  Saiam do meu caminho!  gritou, correndo contra os Noibat. Sua Wishing Star acendeu-se no pulso e seus cabelos esvoaçaram-se.


  Marnie, não!!  gritou, tarde demais. A onda Dynamax se espalhou pelo ambiente, o fazendo tremer com a pressão.

    Os Noibat fugiram e Marnie pensou ter dado certo, mas o teto começou a desabar com grandes blocos de pedra, além da terra deslizando. As garotas e Kubfu correram para escapar, e quando olharam para trás, o caminho de volta estava totalmente bloqueado.

  E... Agora estamos presas... De baixo do Dojo!  Leuri reclamou e Marnie cruzou os braços, de costas pra ela.

  Perfeito... Presa com você e o urso...  Marnie resmungou quando ouviram um rugido vindo de alguma parte ainda mais baixa.

  E talvez mais alguém...  Ela engoliu em seco, olhando pra Marnie.


  Froga!  Na superfície, o sapo golpeava os escombros para abrir caminho, até chegar nas camadas de pedras que impediam de continuar.  Froo...


  Nyaaaparr...  Liepard, um pouco distante, observava os esforços do sapo.


  Froga froo...  Ele olhou para ela com um sorriso apreensivo, sabendo que ela se importava com Marnie e também estava preocupada, ou já teria ido embora dali.


  Leuri vai ficar bem, vamos esperar por ela daqui  disse Diantha, descansando sobre uma pedra. Drakloak e Slowbro estavam caídos um por cima do outro, no que sobrou do Dojo, e seus Treinadores amarrados numa árvore.

    Klara suspirou, abraçada nos joelhos, mas mais distante estava Harley, olhando fixamente para os escombros do Dojo.

  Até isso... Desmoronou  disse para si mesmo, então sentou-se sobre as pernas.


    No subterrâneo, Kubfu observava Leuri e Marnie sem sucesso tentarem empurrar as pedras que nem saíam do lugar. Alguns cogumelos vermelhos e muito grandes cresciam por ali, como era de costume em lugares pouco iluminados na Ilha Armadura.

  Olha, Marnie...  Leuri parou de tentar empurrar as pedras, olhando para a garota que também parou, cansada.  Eu quero sair daqui, você também quer, Kubfu com certeza quer... Mesmo que não pareça muito porque ele tá sentado vendo a gente, mas eu sei que ele me apoia nessa. Vamos sair mais rápido se trabalharmos juntas, então o que acha de uma trégua, hein?  perguntou forçando um sorriso e Marnie revirou os olhos, andando de costas pra ela.  Mini? Pequena? Tréguazinha, trégua temporária?

  Não preciso da sua ajuda! — gritou de volta pra Leuri.


    Se virando novamente para as pedras, Marnie estendeu sua mão e pressionou seu poder contra elas como ventanias vermelhas e roxas, mas ao invés de movê-las, abria fendas no solo.

  Para com isso, Marnie! Você vai fazer o túnel desmoronar em nós duas!  gritou e Marnie parou, vendo sedimentos caindo do teto.  E além disso...


    Das fendas do solo, um gás verde era libertado, fazendo os cogumelos murcharem e perderem a cor vermelha. Kubfu tapou o focinho com as patas e se levantou, correndo para o colo de Leuri.

  Nada de bom sai de uma fenda, né?  Marnie olhou frustrada para o gás verde venenoso, e Leuri sorriu do comentário.

  Vamos achar um jeito de sair daqui, Kubfu  disse ao urso, que assentiu, mas reparou em Marnie seguindo um Noibat com a cabeça, encontrando uma saída para cima.


  Não acha que nossas chances vão aumentar se ficarmos juntas?  perguntou para Marnie, vendo-a escalando pelo caminho que encontrou.


  Leuri, não existem mais laços entre nós duas, entendeu? Quanto mais cedo você aceitar isso, melhor vai ser. Então eu vou por essa direção, e você... pode ir tentar ir pra qualquer outra.


  É, mas...  Ela olhou para trás, vendo o gás se instalando.  Qualquer outro lugar não vai dar certo pra mim...


    Já no segundo andar, Marnie mal chegou e um Excadrill veio em sua direção. Indefesa, ela só recuou sem fazer barulho enquanto ele a farejava, não percebendo que estava quase caindo para o abismo de uma cratera. O Pokemon não a identificou e foi embora para seu alívio, mas...

  Wooooah!  Marnie deu mais um passo e despencou para trás, jogando os braços para cima.


  Fu!  Quase imediatamente, Kubfu a agarrou, e Leuri começou a puxá-los de volta para cima.

  Marnie, tem que olhar onde pisa e...  Leuri começou a dizer, mas a outra garota a fez sinal de silêncio, apontando para outra direção.


    Um enorme Noivern dormia de cabeça pra baixo agarrado com as pernas num relevo do teto. Era ele que Marnie temia que acordasse. Agora a menina já conseguia se firmar e Kubfu soltou a mão dela, com Leuri oferecendo a sua para a trazer de volta. Relutante, Marnie terminou por ceder, agarrando na de Leuri.


  EXXXCADRILL!  Assim que Marnie estava em segurança, o Excadrill de antes voltou, tendo certeza que não estava doido e que tinha gente ali sim.


    O grito despertou não só o Noivern, como outros Noibat de seu grupo que voaram preenchendo rapidamente aquela sala. Kubfu saltou para golpeá-los, afastando os que conseguia, mas o Noivern investiu contra Leuri e Marnie, que foram juntas para um lado para desviarem.


  Fu, fu!!  Ele dizia que não tinha como vencê-los sozinho.


  Ódio...  Marnie tentava maximizar uma Dusk Ball, em vão. Então, decidiu mudar de plano.  Leuri, Noibat e Excadrill são Pokemon que não gostam de luz forte. Se você usar os seus poderes, talvez...


    Não vendo outra opção, Leuri assentiu e fechou os olhos, com uma mão na testa e outra estendida. Da palma dela, um pulso de energia rosa se dissipou pelo ar, o suficiente para os Pokemon se desnortearem.

  Vamos sair daqui antes que os olhos deles se acostumem!  disse para Marnie, mas os Noivern voltaram a voar na direção delas.

  Acho que eles já se acostumaram  ela respondeu, e os três começaram a correr.

  Kubb, kubfu-fu!  O urso sinalizou para a seguirem, reconhecendo o caminho que encontrava.

    O trio seguiu por um túnel, perseguidos pelo Noivern, quando encontraram uma porta no fim dele. Marnie e Kubfu correram para abri-la, mas Leuri, antes de os acompanhar, provocou um novo clarão para tentar cegar o morcego, conseguindo fazer isso por tempo o suficiente para passarem pela porta e a fecharem.

  Arf...  Ofegantes, as duas arfavam. Leuri então riu, e Marnie a olhou confusa.  Isso vai parar no meu diário, com certeza! Consigo pensar no mínimo em umas três páginas para uma história numa masmorra!

  Tá legal...
  disse Marnie, e Leuri a esperou continuar.  Trégua temporária. Mas só até a gente sair daqui.

  Bom... Agora eu tenho outra condição!  Leuri colocou as mãos na cintura, sorrindo pra ela.


  Deixa eu adivinhar, vou ter que ser legal com você...


  Não era isso que eu ia dizer! Ok, era isso mesmo que eu ia dizer, mas... Você só precisa não ser cruel.  Leuri estendeu a mão e Marnie a apertou, bufando.

  Que momento mais agradável...  Soltando a mão de Leuri, Marnie começou a caminhar pela nova sala escurecida, estalando os dedos para acender algumas tochas presas em suportes nas paredes.

  Ah, vou deixar essa passar porque a gente tá só começando!  Ela pegou uma das tochas, caminhando e iluminando algumas coisas.

    Haviam marcações pelas paredes, desenhos que representavam o sol seguidos de muitas escritas antigas. Leuri reconheceu as formas de Unown, mesmo diferentes do que se lembrava.

  O que é isso...?  Marnie parou diante da maior das pinturas no centro da parede com mais tochas acesas, a dando uma cor alaranjada pela iluminação.


    A imagem era de um leão com o sol em diferentes posições ao redor dele. Pessoas eram retratadas o adorando, com as mãos para o alto. Kubfu ajoelhou-se perante a arte, levando uma mão ao peito.


  Eu posso estar tendo uma ideia do que seja esse lugar... Porque essa é uma representação comum de Solgaleo.  Leuri abriu sua bolsa, retirando uma bíblia.  Está tudo aqui!

  Não acredito que você anda com isso...  Marnie começou mas lembrou-se do acordo com Leuri, parando de resmungar.

  Solgaleo é associado ao sol por uma convenção de que é na luz dele que podemos sonhar e traçar nossos objetivos. Talvez eu não estivesse tão distante quando pensei numa masmorra. Os Pokemon que encontramos aqui odeiam o sol, portanto não saem e atacam quem tenta invadir. Estão protegendo esse templo.

  Fu!  Kubfu dá razão para Leuri, e sinaliza para que as acompanhem. Leuri ilumina outra parte da sala, um altar com um berço de palha. Por trás, mais gravuras do sol e de uma mulher com um manto e o símbolo do sol no capuz cobrindo metade do rosto, com as mãos ao redor de algo oval e brilhante.

  Tem uma história sobre um templo perdido dedicado ao Solgaleo, se for este lugar, costumavam vir aqui para se encontrar com uma mediadora entre deuses e mortais. Ela foi a primeira oráculo — Leuri continuou explicando, correndo para analisar o altar.  Suas profecias eram feitas em sonhos que se materializavam neste berçário, chamam-se Cosmoem!

  Fu, Kubfu!  O urso apontou para o berço e Marnie foi até ele, encontrando diversas formas ovais com um núcleo azul brilhante. Ela pega num deles, parecendo ter o consentimento de Kubfu.


  Cosmoem...  Marnie repetiu, então tocou em seu núcleo e um holograma se projetou na parede.


    Uma grande guerra. A enorme mão de Eternatus preenchia quase todo o céu como se tentasse segurá-lo para submetê-lo ao seu poder. Calyrex vinha montado num corcel, apontando sua lança de gelo para o alto. Dois irmãos gêmeos, um deles sendo um homem robusto com um escudo e a outra uma bela mulher com uma espada, foram à luta e acabaram engolidos por um disparo da mão.
    A visão tremulou e agora Calyrex encontrava uma loba que havia cuidado dos dois gravemente feridos, ambos com as armas destruídas, à beira de um rio.


    Mudando mais uma vez, dois lobos voltavam a combater, um deles com um escudo incorporado e o outro com uma espada na boca. Zacian e Zamazenta, os conhecidos heróis de Calyrex que se projetavam no nevoeiro tentando esconder o altar da floresta.


  Yep! Parece mesmo que encontramos, isso foi um dos sonhos proféticos da oráculo.

  Existem... Vários altares.  Marnie continuou caminhando pela sala, vendo uma gravura que lembrava...  Piers!


    Ao tocar no único Cosmoem no berço por baixo daquela gravura, uma projeção de seu irmão se iniciou. Ele estava com o semblante entristecido, cheio de olheiras e muito pálido, mas ao fundo, Marnie tão criança tocava sua guitarra, o chamando para ouvir o som. Tudo aquilo avermelhou-se e a projeção se encerrou, e Marnie agarrou naquele Cosmoem, o apertando como se tentasse conter alguma dor.

  Marnie... Uh?  Leuri também reparou em outro berço ao lado, com a gravura borrada de um rosto que a chamou atenção.  Como...?


    Outro Cosmoem mostrou nitidamente o pai de Leuri, que deu um passo para trás, não tendo reação ao que via. Ele gesticulava e simulava fala, mas não conseguia ouvi-lo. A imagem mudou e ele chegava ao altar da floresta, correndo na direção do templo. Outro brilho vermelho e a previsão foi encerrada.


  Procurar pelo altar... Por Eternatus... Trouxe o fim deles.


  E você está tentando libertá-lo. Marnie, ele não vai te ajudar. Ele não ajudou... Nenhum deles  disse, olhando para os outros berços com Cosmoem. Marnie cerrou um punho, olhando para o chão.


    Enquanto as duas conversavam, Paula se espreitou por trás de Leuri, colocando um Cosmoem em sua bolsa sem ela perceber.


  Marnie, a única coisa boa que Eternatus trouxe foi ter unido você e eu.

  Única coisa boa? Você acha que isso foi uma coisa boa?!

  Foi, sim.

  Pra você, talvez...  Ela continuou andando pela sala, encostando em outros Cosmoem e vendo mais profecias. Um altar a chamou a atenção, nele haviam os símbolos da água e da lua cheia, assim como no sonho que compartilharam.  Aqui está faltando um Cosmoem...

  Mas você realmente acha que Eternatus se importa com o desejo de alguém além do próprio?  perguntou, a acompanhando. Kubfu prestava atenção, também as seguindo.  Você e eu temos algo em comum que ninguém no mundo nunca vai entender.


  Leuri!  gritou, percebendo algo vindo por trás de Leuri.


  Orrrrth!  Era um Orthworm abrindo a boca para engoli-la, e Leuri se virou apavorada descobrindo isso.

    Agindo rápido, Marnie jogou os braços para frente e sua Wishing Star acendeu-se. Ondas de energia Dynamax projetaram-se como lufadas de vento, aumentando a pressão naquele templo. A minhoca gritou quando berços despencaram por cima dela, desmaiando, e Leuri recuou com Kubfu ainda assustada.

  Pronto, agora estamos quites!  disse Marnie, mas as duas olharam para baixo ao mesmo tempo, vendo mais fendas com gás verde venenoso escapando delas.  Noivern, Excadrill e agora Orthworm? Ah, já enfrentamos coisa pior...

  É, pelo menos não tem nenhum cogumelo gigante...

  Nem uma clone malvada...

  Nem assistentes mal intencionadas...

  Ou fantasmas no além-vida!  As duas sorriram uma pra outra, mas Marnie desviou o olhar.

  É, bons tempos...

  Mas podemos achar um jeito de sair daqui?  Marnie perguntou impaciente, apontando para o gás tomando conta de quase toda a sala. A porta já havia se corroído e podiam ver os Noibat voando para longe.

  Eles já encontraram um jeito! Talvez aquela cratera de antes!

  O buraco de Excadrill? O problema é que tem um Excadrill lá, amiga!


  Você me chamou de amiga? Você não me chama assim desde...

  Ahhh, isso não tem nada a ver! Agora vamos embora daqui, rápido!


~Fuuu!  O urso gritou, arrastando um vagão de mina até elas.

  E como você espera que façamos isso funcionar?  perguntou Marnie, já dentro do vagão com Leuri e ele.

  Talvez alguém pudesse fazer uma pressão com um ventinho vermelho...  Leuri sugeriu, sorrindo.  E com alguém eu quero dizer você!

  Mas não disse que se eu continuasse usando meu poder, tudo ia desmoronar?

  Eu disse que podia! Vai, é agora ou nunca!!


    Cedendo mesmo achando uma péssima ideia, Marnie impulsiona o vagão por todo o caminho de volta, e este vai quicando enquanto elas gritavam até chegar na cratera. Quando o vagão cai com elas no abismo, as duas se abraçam aos berros.
    O vagão continua seu percurso ao fim do abismo, dando voltas em espiral pela estrutura do túnel, e os Noibat voltam a perturbar. Kubfu toma impulso saltando do ombro de Leuri, socando e chutando um por um até liberar o caminho, voltando ao vagão.


  EEEXCADRILL!  A toupeira abriu um buraco no caminho do túnel, ameaçando pegá-las com seu capacete metalizado.


  Vai ter que funcionar!  Leuri juntou suas mãos, agarrando no vagão e se concentrando. Rapidamente ele estava encoberto com sua aura rosa e dois olhos se abriram, além de uma boca.  Vai, desvia!!

    Agora vivo, o vagão por conta própria mudou a direção do caminho, despistando o Excadrill. Em alguns segundos de paz, todos começaram a rir, incluindo o vagão que tinha uma voz bem fofinha, até que ouviram um estrondo e voltaram a berrar.


    Surgindo por baixo do vagão, o Orthworm o levantou e o mordeu, despedaçando-o em vários pedaços. Leuri, Marnie e Kubfu caem para o chão, com a bolsa de Leuri batendo numa pedra e deixando o Cosmoem sair. A minhoca começa a fazer caretas, com o rosto bem próximo deles.


  Ele está nos provocando!


  Então eu acho que é o seu departamento!!

    Tomando a frente, Marnie liberou seu poder numa rajada tão forte para dentro da boca de Orthworm que o fez recuar para trás, provocando um novo desabamento no túnel.

  Ai... Carrinhos de mina, nunca mais!  Leuri exclamou e as duas riram juntas, levantando-se.  E olha, com a mínima ajuda do Dynamax, nós conseguimos passar por tudo isso!

    Enquanto Leuri falava, Marnie reparou no Cosmoem caído no chão. Ele tinha um retalho em sua estrutura. A garota o pegou, encarando-o.

  O Cosmoem que faltava no altar... Estava com você.


  Fu!!  Os olhos de Kubfu ganharam brilho como se dobrassem de tamanho ao ver o Cosmoem. Ele correu para tentar pegá-lo, mas Marnie o levantou numa altura que ele ficou tentando alcançar, saltitando.

  O quê? Não, eu não peguei isso! Eu não sei como isso foi parar na minha bolsa!  Leuri tentou se explicar, mas Marnie não quis mais ouvir, tocando no núcleo do Cosmoem e projetando sua profecia.


    Os dois ursos gigantescos, como no sonho. Despertos sobre o mar no momento que a lua cheia se encontrava com a água. Dois caminhos se conectavam ao formarem um círculo como o símbolo do sol no templo de Solgaleo. Duas meninas andavam sobre as águas... Marnie e Leuri. Na visão, Marnie tropeçou, caindo e fazendo um splash. Leuri parou de andar por um momento, dando uma olhada por cima do ombro para ela, e então seguindo seu caminho. Nesse momento, o colar que Leuri usava tremeluziu, como se falhasse ao se acender. Marnie baixou o Cosmoem, incrédula com lágrimas aos pés dos olhos.

  Fuuu!!  Kubfu bateu os pés, balançando a cabeça em negação, impaciente.


  Marnie... Eu nunca tinha visto isso.


  Sério? O único Cosmoem mostrando que você iria me deixar para trás foi por acaso parar na sua bolsa? — gritou segurando forte no Cosmoem, e Leuri não sabia o que dizer.  O meu destino não é perder para você... Não vou fracassar enquanto você consegue tudo o que quer!

  Marnie!  Leuri tentou encostar no ombro da garota, mas esta a empurrou.


  Sai do meu caminho, Leuri.  disse enquanto andava em linha reta, cortando o ar com seu braço, disparando uma rajada tão forte que abriu o caminho para fora dali. Harley levantou-se, vendo-a saindo dos escombros do Dojo.  Adeus, Leuri.

  O quê? Não!!

    Do lado de fora, Marnie deixou a estrutura desabar novamente enquanto Leuri corria para tentar sair, mas em vão. A menina se ajoelha, batendo no chão, e Kubfu se aproxima. O gás verde voltava a preencher aquela atmosfera.

  Prende a respiração, Kubfu  pediu, encostando nas pedras.  Vamos lá... Por favor, saiam da frente!

    Tentando usar seus poderes novamente para dar vida às pedras, Leuri esperava que funcionasse, mas estava fazendo força em vão. Sua aura rosa se dissipava facilmente, não conseguia se concentrar. O gás só aumentava e ela agora batia nas pedras com o ombro, desesperada. Sentindo sua cabeça pesar, não conseguiu aguentar mais e caiu com os olhos fechados.
    Mas do lado de fora...


  Não desistam!  Diantha liderava os demais, enquanto Marnie e Liepard, montadas em Spectrier, já se distanciavam pelo céu.  Gardevoir, mantenha Psychic!


    Mega Evoluída, Gardevoir movia o máximo de escombros que conseguia com seu controle psíquico.


    Com a ajuda de Drapion e Frogadier, o caminho estava quase liberado, mas quando paravam de atacar para entrarem e resgatarem Leuri, mais escombros deslizavam para impedi-los bloqueando a passagem.

  Alguém precisa entrar lá enquanto continuamos liberando o caminho!  pontuou Klara, pegando em mais duas Pokeballs.


  Eu vou lá.  Harley disse, se colocando na frente dos demais.  Eu preciso fazer isso, manas. Estive por tempo demais nesse Dojo... Agora que ele não existe mais, eu sinto que preciso honrar seu legado.

  Tem certeza? É perigoso!  perguntou Klara, mas Harley assentiu.


  Vou arcar com mais essa decisão!

    Seguindo o plano, quando os Pokemon liberaram uma brecha no caminho, Harley se enfiou na passagem pelos escombros, rolando até onde Leuri estava arriada no chão, com Kubfu. Ele arregalou os olhos, mas manteve sua confiança e apoiou o corpo da garota em suas costas, sinalizando para Kubfu segui-lo.

  Agora!!  gritou o mais alto e agudo que pode.


    Do lado de fora, Frogadier, Gardevoir e Drapion colocaram toda a força em seus movimentos, explodindo os escombros e liberando a passagem no tempo certo para Harley conseguir sair com Leuri e Kubfu. Antes que pudesse comemorar, algumas tábuas caíram por cima da perna esquerda de Harley, que caiu de barriga.


  Vooooir!

    Klara e Frogadier carregaram Leuri até Gardevoir, repousando-a no colo de Diantha. A Pokemon juntou suas mãos sobre o corpo da menina, emanando um pulso de cura para dissipar as toxinas inaladas. Em poucos segundos, Leuri começou a tossir, abrindo os olhos.


  Obrigada, gente!  Ela foi logo recebida por um abraço de Frogadier, correspondendo.  Mas e o Harley?


  Está tudo bem!  Ele tirava a tábua de cima de sua perna, mordendo o lábio inferior para conter a dor que sentia.  Tudo bem mesmo...

  Vamos cuidar de você em Spikemuth, fica tranquilo  disse Klara, indo ajudar seu amigo.

 — Tira essas mãos de inimiga de mim! Só aceito ajuda do Raihan.

  Não vai ter amor, vai ter que ser a Klara mesmo.  Diantha riu junto com os demais.


  Sobre a Marnie...  Ela percebeu Frogadier a cobrando uma resposta.  Eu acho que compliquei mais ainda as coisas entre nós.

  Pelo menos concluímos a missão, estamos com Kubfu, certo?  Diantha tentou confortá-la.  Vamos voltar, precisamos descansar.

  Certo...  Leuri olhou para o norte, onde a Torre Obscura estava erguida por cima do mar.

    Então, de volta em Spikemuth...


  KUBFU! É MESMO VOCÊ, MEU VELHO AMIGO!  Calyrex bailava ao redor do urso, fazendo flores brotarem por todos os cantos do hotel.


  Fu...  Escondido atrás da perna de Leuri, ele estava desconfortável com a divindade das colheitas o cheirando e beijando.

  É, meninas, agora eu tô igual a Gardevoir da Diantha quando leva uma surra da Garchomp da Cynthia  dizia Harley, com uma perna enfaixada e de muletas, para Raihan, Leon e Rose.


  Ainda bem que voltaram em segurança!  Diego afagou a cabeça de Kubfu, sentando-se numa almofada.  Kubfu agora pode ajudar a Sonia no projeto dela, não é?

  Fu?  Confuso, o urso deu os ombros.


  Ahn... Sobre isso...  Calyrex parou de dançar, coçando a nuca.  Eu estava com muitas saudades do Kubfu e queria tanto vê-lo de novo... Eu posso ter inventado uma coisinha ou duas a respeito dos talentos dele.


  Você mentiu pra gente?!  Nia o pressionou, e Calyrex engoliu em seco.


  Eu deveria ter imaginado...  Sonia levou uma mão à testa, já com os nervos saltando.  Que perda de tempo.

    Vendo as pessoas se afastando dele, Calyrex sente algo estranho. Não poderia sentir culpa por desagradar aqueles mortais irritantes, não é? Leuri dava as costas quando ele levitou para a frente dela.

  Você não está chateada comigo, está?


  Do que adianta isso agora, Calyrex? Nós deveríamos confiar uns nos outros num momento como esse. Estou decepcionada, mas preciso continuar fazendo a minha parte para ajudar.


    Deixando Calyrex para trás, Leuri vai para a cozinha encontrar com sua mãe. O Deus fica desnorteado, vendo as duas se abraçando e Leuri provavelmente dando a notícia de que ele enganou a todos para ter sua vontade atendida.


    Na Torre Obscura, Paula estava brincando com uma casca vermelha com aspecto antigo, debruçada no janelão do último andar quando Marnie chegou com Spectrier.


  Você tinha razão. Leuri não hesitaria em me deixar para trás para conseguir o que ela quer. Ela não se importa comigo.


  Oh, pobrezinha...  Amansando sua voz, ela vê a garota repousando seu Cosmoem no altar por baixo do pergaminho dos caminhos da lua e do mar.  Mas, agora você sabe. E esse conhecimento só vai te deixar mais forte.

    Virando-se de volta para a janela, Paula deixa a casca cair dela de propósito. Enquanto caía, esta iluminou-se, projetando fracamente uma continuação da profecia.. No momento que Marnie caía na água, Leuri se virava para trás e a estendia sua mão. Juntas, as duas simbolizavam a relação da lua com o mar, e ao redor delas os lendários ursos heróis se erguiam.

Continua


Faltam cinco capítulos para o fim de Galeuri

Último capitulo postado

Capítulo 113: Eu, você e o urso!

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