Capítulo 111: Invadindo a Macro Cosmos!

    Para combater as forças de Eternatus e libertar as pessoas e Pokemon dominados por seus desejos, Leuri e os demais estão reunidos em Spikemuth, uma cidade abandonada que um dia foi o maior centro de diversão da região de Galar. Leuri e Cynthia trabalharam juntas para darem vida a uma ilusão no tempo, mantendo a cidade escondida para quem a ver do lado de fora, mas agora precisam se planejar para o que vier pela frente.
    Na noite anterior, reunidos no lobby do grande hotel que se tornou numa base de sobreviventes...

Leuri: Como o Chairman disse, nos dividindo em núcleos com funções específicas conseguiremos ser mais colaborativos e ter resultados melhores — dizia enquanto andava de um lado para o outro, de braços cruzados.

"Somos o núcleo de combate, vamos lutar quando for preciso e garantir a segurança de todos!"

Aleíse: Arrasou, gata!

Hop: Tanta gente! — Ele se perdeu na conta com os dedos.

Diantha: Eu concordo com isso... — Ela foi se aproximando de Raihan com segundas intenções, mas ele não prestava atenção.

"Já vocês representam o núcleo de suporte! Caso alguém precise de cuidados médicos, agirão rápido!"

Nia: O conhecimento da Katie sobre criação Pokemon e o meu sobre primeiros socorros é a combinação perfeita!

Carbink: Quem precisar conversar ou desabafar, contem comigo!

Mustard: Também podemos fazer exercícios como no Dojo para aliviar o estresse.

"E compondo o núcleo de pesquisas, vocês nos ajudarão a encontrar uma forma de contornar a situação!"

Diego: Nós já estávamos estudando o Dynamax, juntos sei que poderemos conseguir encontrar uma solução para deter o Eternatus!

Rose: Esse é o espírito, garoto.

"Os Meltan e o Golett também precisarão da supervisão de vocês para ficarem em segurança!"

Sweetie Pie: Uma vez eu tive um Rookidee, mas quando abri a gaiola, ele voou e foi embora.

Grace: Não se preocupe, pode confiar em nós! — Ela levantou sua panela, enquanto Camille tentava levantar seu Litten, mas não aguentou o peso e caiu sentada.

Cynthia: Bem, com as funções definidas para cada equipe...

Leuri: Núcleo!

Cynthia: Equipe. Enfim, estarei auxiliando a todos, seja com uma palavra de força, minha técnica em batalha, meu conhecimento ou o que meus poderes puderem fazer. Nós não cederemos, vamos resistir e encontrar uma forma de contra-atacar. Busquem força em todos aqueles que amam e precisam da nossa ajuda nesse momento.

    Quase todos absorviam bem as palavras de Cynthia, seja assentindo para ela, fechando os olhos, levando uma mão ao coração... Leuri sorriu ao lado dela, sua forma de liderar certamente era inspiradora.

Leon: Pff... Ela quer ser boa em tudo... — resmungou, desviando o olhar.

Espadarnaldo: O discurso dela é bonito e os esforços desses pobres desconhecidos chegam a comover, talvez possam ter alguma chance...

Escudoberto: É bom que tenham, nós dependemos deles no momento. Estamos numa situação delicada...

Carbink: Vocês não ajudam em nada e ainda estão reclamando?!

Espadarnaldo: Sim! Que bom que entendeu!

Escudoberto: Além disso, não somos os únicos, aquela mulher alta também não está em núcleo nenhum — disse, apontando para Harley que bebericava o chá servido por Obstagoon, fazendo biquinho com muita elegância, apertando o indicador e o polegar entre a alça da xícara e com o dedo médio ao longo da parte inferior dela para apoiar.

Harley: Monas, eu não vou me rotular em núcleo nenhum, além disso passei tempo demais com a Diantha e para variar estou me sentindo inútil e inseguro, preciso é de uma terapia de duas horas três vezes por semana!

Calyrex: Eu gostaria de solicitar o mesmo que esse meu súdito. O que foi mesmo que disse precisar?

Harley: Um homem rico que me garanta um futuro de luxo, um cartão de crédito sem limites como o da Leuri, terapia...

Calyrex: Isso, terapia, quando ficam ao meu dispor escutando tudo que eu tenho para dizer e depois dançam para mim!

Diego: Tenho a impressão de que ele não sabe do que está falando... — sussurrou para Katie.

Leuri: Para de palhaçada, Calyrex! Você é tipo... um Deus, não é? Precisamos da sua força!

Calyrex: "Tipo", não! Eu posso não ser um dos grandes e ter ficado desaparecido por alguns séculos, mas ainda sou o Deus das colheitas abundantes! Meus poderes estão enfraquecidos e vão precisar deles se quiserem ter uma chance contra aqueles gigantes, não posso me desgastar em batalhas.

Leuri: Mas...

Calyrex: Não discuta comigo, estou grávida! — exclamou por telepatia e Leuri arregalou os olhos. — Falei certo?

Honey: Falou sim, aprendeu direitinho! — Ela piscou para o Rei, que sorriu satisfeito. — Lembre-me de torná-la minha conselheira real quando reerguer meu castelo.

Leuri: Acho que não vai ter jeito então...

Sonia: Leuri, eu também tenho algo a dizer! — Ela levantou a mão e percebeu Leon evitando olhar em sua direção. — Ajudaria muito se os equipamentos do laboratório da Macro Cosmos e os relatórios das minhas pesquisas estivessem aqui.

Rose: Realmente, o que tínhamos lá poderia nos dar uma vantagem, mas lembram de como Wyndon estava antes de virmos para cá...

Diego: Mesmo assim, precisamos disso.

Cynthia: Então amanhã, uma equipe...

Leuri: Núcleo — tossiu, e Cynthia a lançou um olhar irritado, mas continuou.

Cynthia: Uma equipe será designada para levar Sonia até o laboratório, essa será a primeira missão.

Rose: Oleana pode guiá-los, ela conhece aquele prédio como a palma da mão — disse e piscou para a vice presidente, que corou envergonhada.

Oleana: Farei o meu melhor por você, Presidente.

~Clooy? — Ele a olhou apreensivo.

Oleana: Não se preocupe comigo, vai dar tudo certo.

Leon: Eu também vou, precisarão da minha ajuda para lutar.

Raihan: Se é assim, vou junto. Duas pessoas combatendo, mais chances de vencer.

Cynthia: Decidam amanhã, vamos descansar agora. Se acomodem como conseguirem, dividam as camas e poupem nossos suplementos, boa noite.

    Dando as costas, Cynthia foi caminhando para a cama mais afastada das que foram agrupadas no salão. Ela juntou os braços no corpo e despencou no colchão, dormindo instantaneamente. Ninguém protestou, estavam exaustos e não pensar em nada era a melhor ideia no momento.

    Sonia esperava que Leon fosse chamá-la para conversar, mas ele se levantou da cama que já estava sentado e foi para a que Raihan escolheu, deitando-se ao lado dele, de costas para ela. Yamper latiu ao seu lado e ela o pegou no colo, com o olhar baixo.

Aleíse: Você precisa estar descansada para amanhã, não gaste seus pensamentos agora — disse, aproximando-se de Sonia. — Vamos, pode ficar comigo essa noite.

Sonia: Obrigada, acho que tem razão — respondeu retribuindo o sorriso que a mais nova a lançou, a acompanhando para uma das camas.

    Enquanto todos se aconchegavam como conseguiam, Leuri viu sua mãe deitando-se com Camille e Carbink, mas ainda sobrou um espaço para ela. Suspirando, ela se sentou e pegou em seu celular, abrindo no seu bloco de notas, mas dessa vez não conseguia digitar uma palavra sequer. Desistindo, desligou o aparelho e se deitou, encarando o teto daquele hotel abandonado, sentindo a corrente de vento fria fazer seus pelos dos braços se arrepiarem.

Diantha: Nenhum sinal de perigo à frente, podemos continuar!

    Diantha marchava ao lado de Cynthia, que tinha as duas mãos para frente, orbitadas por pequenos diamantes azulados e uma energia esfumaçada. Logo atrás vinham Leon, Raihan, Sonia e, mais distante, Oleana.

Raihan: Nós realmente precisávamos da ajuda dela? — Ele andava enquanto se olhava na câmera do celular. Mesmo sem internet, estar com o aparelho o confortava.

Sonia: Mas ela está certa, Wyndon está tão... vazia. Nunca imaginei ver a cidade assim. — Reparava na estátua de Corviknight da praça principal. Estava intacta. — Com os Pokemon gigantes, imaginei que houvessem mais estragos.

Raihan: O que você acha, Big L? — Ele cutucou Leon com o cotovelo. O Campeão pareceu despertar de seus pensamentos, o olhando confuso, perdido no assunto. — Tem certeza de que já está recuperado?

Leon: Estou ótimo. Se não teremos obstáculos, melhor ainda.

Raihan: Ainda é estranho não encontrarmos ninguém. Ontem estava um caos com as pessoas fugindo... E a Nessa...

Leon: Você não precisa ficar lembrando disso! — Esbravejou alto e os demais pararam de andar, olhando em sua direção. Seus olhos encontraram os de Cynthia e ele virou o rosto, envergonhado, mas visivelmente frustrado.

Sonia: Leon? — Ela se mostrou repreensiva, mas ele apressou o passo, com os punhos fechados.

    Andando atrás dos demais, Oleana estava em completo silêncio desde que saiu de Spikemuth. Mantinha o foco em sua missão, dar o seu melhor como prometeu a Rose. Ela não percebeu quando Cynthia esticou um braço, dando o sinal para todos pararem, e acabou esbarrando em Sonia, que sorriu compreensiva.

Cynthia: Não vou aguentar manter a ilusão por muito mais tempo, preciso voltar. Assim que eu for embora, vocês entrarão no radar de Marnie e Poipole, precisam ficar atentos e juntos — explicou, e todos foram assentindo. Leon cruzou os braços quando ela disse "juntos", olhando para ele. — Encontrem-me aqui em duas horas, para voltarmos em grupo. Conto com vocês.

    Cynthia abriu os braços e o som dos diamantes se reorganizando ao seu redor com o vento foi como o de um xilofone. Em instantes, formaram os números de um relógio, e Cynthia usou um dedo como ponteiro. Seus cabelos esvoaçaram e seu corpo passou a retroceder, refazendo seus passos anteriores, ganhando tanta velocidade que ela desapareceu dali.

Raihan: ELA VOLTOU NO TEMPO?!

Leon: Não, ela voltou para sua posição de alguns minutos atrás... Eu vi quando marcou, é perto da entrada de Spikemuth — disse, cruzando os braços.

Raihan: Como assim marcou?

Sonia: Você parece entender bem dos poderes dela... — Leon cruzou os braços novamente, ignorando as perguntas. — Eu confesso que estou apavorada, nunca soube de alguém que pudesse fazer coisa assim...

Diantha: Ah, vocês se acostumam! Não é nada demais. — Ela chamou atenção ao maximizar uma Pokeball. — Não precisamos daquela magrela oxigenada! Eu mesma bolei uma estratégia que vai nos ajudar de agora em diante, caso venham nos atacar. Runerigus, saia!

    Deixando a cápsula, o Pokémon se materializou num feixe vermelho, assumindo a forma de um mural de pedras. Logo as rochas começaram a deslizar, e membros sombrios as conectaram. No desenho principal do que parecia ser um rosto, um olho vermelho se revelou ao rodar a parte de pedra para o lado.

Diantha: Este é o meu Runerigus, ele está em treinamento e evoluiu quando eu estava me reconectando comigo mesma na Wild Area há alguns meses, tipo um detox vegano — explicou, encostando na pedra que parecia ser a cabeça do Pokemon. — Naquele dia, eu fiquei muito pensativa sobre a aparência dele... Claro, sem julgamentos, gente, eu sou body positive! Mas de manhã estava vendo as fotos que tirei dele para o meu novo álbum de Carnaval e percebi que podia ter alguma conexão com o Eternatus.

Oleana: Que língua ela está falando? — perguntou-se, não entendendo os termos de internet, mas Raihan parecia compreender bem seus pontos.

Sonia: O quê, Diantha? Não, nada disso! Runerigus são pinturas antigas amaldiçoadas que ganharam vida ao serem possuídas por um espírito Yamask, suas ilustrações são variadas e não é recomendado encostar nelas caso não conheça o Pokemon. Está na enciclopédia Cedric Juniper, capítulo...

Diantha: Querida, quando mamacita está falando, vocês devem ouvir! — Ela interrompeu, voltando ao seu raciocínio, e Sonia fez bico, descabelada. — Desculpe, é minha animosidade, já estou tratando! Mas voltando, haviam runas no local onde a antiga civilização de Galar teve sua ruína, antes das muralhas do castelo da família real de Hammerlocke. Outros Runerigus habitavam aquele lugar... Todos com o mesmo mural do meu, representando uma serpente vermelha. Estão vendo onde estou querendo chegar?

    Leon e Raihan se olharam confusos, enquanto Oleana parecia pensar a respeito. Diantha revirou os olhos até Sonia estalar os dedos.

Sonia: Diantha, você foi longe! 

Diantha: Eu sou muito viajada mesmo, já fui até em Alola, acredita? As vezes penso se estou vivendo as consequências.

Sonia: Não, querida, estou falando que talvez esteja no caminho certo... Se essa pintura específica era uma runa de proteção para a realeza, explicaria como Hammerlocke não sofreu danos da guerra do passado. 

Diantha: É isso!! A pintura nos protege do Eternatus, então se Runerigus estiver com a gente, os poderes dele serão ineficazes, não teremos que nos preocupar com Dynamax!

Raihan: Se isso funcionar, juro que quando tivermos internet de novo, eu vou postar a respeito!

Sonia: Ótimo, então vamos continuar andando e...

    O grupo escutou um estrondo, como algo desabando e gritos abafados. Sonia cambaleou, apoiando-se em Oleana para não cair, mas Raihan se desequilibrou, derrubando também o Rotom Phone. As pupilas de Leon diminuíram e sua primeira reação foi pegar a Pokeball de Charizard, liberando-o e saltando para suas costas.

Raihan: Cara!! A Cynthia falou para ficarmos juntos, espera a gente!

Leon: Pessoas precisam de mim, eu encontro vocês lá!

    Charizard voou próximo das nuvens roxas que coloriam todo o céu, enquanto Leon procurava por quem estava em perigo, deixando seu grupo para trás. 

    Alguns Pokemon em Dynamax circulavam pela cidade, mas pareciam calmos como se aguardassem algum comando maior, com exceção de um... Um dos Cramorant do lago próximo da Rose Tower estava sendo controlado por seu desejo e carregava um Wailord desesperado no bico. Leon avistou dois homens correndo, um deles segurando uma criança nos braços e o outro comandando um Cufant para usar Protect, mas estavam sem saída. Havia uma rua inundada, provavelmente por um Max Geyser do Cramorant.

Leon: Estou indo! — gritou enquanto Charizard descia o mais rápido que conseguia.

 — Fiquem para trás, ele vai atacar de novo! — exclamou o homem que comandava o Cufant. — Prepare-se para Iron Head!

    Endurecendo sua cabeça, o Cufant se posicionou, mas estava visivelmente cansado e com ferimentos no corpo, assim como seu treinador. Eles não saberiam como iriam suportar o ataque de Cramorant, mas tentariam até o final.

    Com os olhos enormes esbugalhados, Cramorant pareceu se engasgar, balançando seu corpo e esbarrando em prédios. Ele então se projetou para trás quando cuspiu o Wailord em prantos junto de muita água.

 — Meu filho, eu te amo! — Temendo o pior, o outro homem abraçou a criança com mais força.

 — Ah, pai!! Olha! — exclamou o garotinho se empolgando e apontando para cima.

Leon: AGORA, CHARIZARD!

    Ficando à frente das pessoas, Charizard prolonga suas garras e ruge, abrindo os braços para agarrar Wailord. Leon salta de suas costas, aterrissando no chão e levantando a cabeça rapidamente, com os cabelos balançando e o olhar fixado no dragão.

~CHAAAAAAAR! — Rugindo ainda mais alto, ele conseguiu girar o corpo de Wailord, o arremessando na rua inundada.

Leon: Wailord, desculpe por isso, mas vou te tirar dessa situação — disse ao Pokemon, levantando uma Ultra Ball. A baleia pareceu concordar, fechando os olhos quando ele arremessou a capsula.

    Com a captura sendo concluída, Charizard voou para recolher a Ultra Ball, entregando-a para Leon e aterrissando bastante dolorido pelo tanto de força que usou.

 — C-Campeão?! — Os dois homens disseram ao mesmo tempo, tão chocados quanto o Cramorant que não pareceu ter gostado da interferência.

Leon: Estão bem? — perguntou, olhando para eles por cima do outro, não dando as costas para o combate.

 — Nós estávamos em casa ontem e de repente as luzes começaram a ficar estranhas... Conseguimos escapar por pouco, mas nossos vizinhos estão nesse transe esquisito. Isso tem mesmo a ver com o Dynamax?

Leon: ... — Apertando os punhos, ele reparou em Cufant ofegante. — Esse Pokemon precisa descansar urgentemente!

 — A Sasha é a única Pokemon dos meus pais! — disse a criança, agarrando-se na perna de Leon.

Leon: Eu entendo... Vou entregá-los esse Wailord, contem com a ajuda dele para encontrarem um lugar seguro longe daqui, talvez pelo mar — disse, colocando a Ultra Ball nas mãos da criança. — Dê essa Sitrus berry à Sasha também, logo estará melhor.

 — Obrigado, nós... — O Treinador do Cufant começou a falar, mas arregalou os olhos e apontou para Cramorant. — Ele vai atacar de novo!

Leon: Charizard, atenção! Use...

    Antes que Leon pudesse terminar de falar, Cramorant já estava balançando suas asas e agora uma onda de energia Dynamax se prolongava ao redor dele, atravessando o corpo de Leon e o colocando numa projeção de um cenário escuro com centelhas vermelhas.

"Está tão fraco agora... Mas eu posso ajudá-lo novamente."

Leon: Ainda está na minha mente?! — gritou, levando as mãos à cabeça e dando passos para trás, quando se virou para testemunhar sua própria imagem de quando Eternatus controlou seu corpo.

"Você nunca terá qualquer respeito sem o meu poder... Nunca se sentirá prestigiado verdadeiramente. Veja quem pode ser, se apenas me entregar seu desejo."

Leon: Eu... — Ele relaxou os braços, caindo o olhar, sentindo seu corpo se envolver na energia do Dynamax, quando escutou uma voz conhecida gritando seu nome. — O que foi isso?

"LEON!"

    Era Raihan, que balançava o corpo ajoelhado de seu amigo, o tirando da projeção com Eternatus.

    Na frente dele, o Sandaconda de Sonia havia invocado uma tempestade de areia para Cramorant não se aproximar.

    Leon também viu Raihan e Diantha comandando Duraludon e Nezly para atacarem o pelicano gigante, que cedeu aos danos, tombando por cima do lago, esmagando alguns cercados e árvores no processo.

Leon: Eu... Onde eles estão?! — exclamou, empurrando Raihan e se levantando, procurando pela família de antes. — Charizard, você os viu?

~Chaaar... — Parecendo tonto, Charizard recebia assistência de Oleana. Ele negou com a cabeça e viu Leon perdido.

Sonia: A ideia da Diantha acabou funcionando, em partes. Estamos seguros do controle do Dynamax, mas Cramorant continuou nos atacando — disse, regressando Sandaconda.

Diantha: Cinquenta por cento ainda é melhor do que nada, estou feliz — afirmou, também regressando Nezly.

Raihan: Vê se não sai sozinho de novo, sabe-se lá o que poderia ter acontecido. — Ele chamou Duraludon de volta para a capsula, fazendo uma careta.

Oleana: Por bem ou por mal, chegamos onde queríamos. — Ela se colocou na frente dos outros. Todos testemunharam a Rose Tower, a cede da Macro Cosmos. Estava intacta.

    Seguindo para o jardim, eles encontraram um amontado de gente enfileirada. Todos estavam com Wishing Stars nos pulsos, enraizadas e escurecidas. Muitos ainda eram uniformizados como a torcida Yell de Marnie, e sussurravam coisas como "expressar", "Marnie" e "enxergar", controladas por seus desejos conseguiam apenas verbalizar fragmentos deles. Oleana sentiu um aperto no peito, mas para ela era um alívio que a torre continuasse de pé.

    Obrigando o grupo a parar de prosseguir, um Haxorus em Dynamax se levantou, espreguiçando-se. Uma menina balançou-se pelo corpo dele, aterrissando à sua frente com destreza. Um sorriso sádico se formou em seu rosto enquanto ajeitava a postura, desengonçada no vestido rasgado que usava. Então, gritou "PODER", jogando os braços para trás e estufando o peito. O dragão gigante rugiu quase que em resposta, expandindo a aura avermelhada por toda Wyndon.
    A multidão ergueu os braços, as Wishing Stars brilhavam mais intensamente como se ficassem energizadas com aquela aura, enquanto como raízes escuras, os braços de todos eram cada vez mais consumidos. Diante do dragão, Iris parecia uma rainha insana, deixando seu vestido esvoaçar e os cabelos se bagunçarem mais ainda, em pose intimidadora.

Leon: Iris... — Ele não moveu um músculo enquanto Runerigus bloqueava o alcance daquele poder. Sonia notou, o olhando de lado.

Diantha: Reunião! — Ela agarrou Leon e Raihan, trazendo-os para mais perto, e os dois também puxaram por Sonia e Oleana, esta última mais constrangida. — Precisaremos colaborar aqui. Eu protejo as duas espertinhas e vocês dois fortões garantem que o caminho vai estar seguro para entrarmos na Macro Cosmos.

Leon: Nós não podemos voar no Charizard e aterrissar no terraço de lá?

Oleana: Não é uma boa ideia, aquele Haxorus é quase do tamanho da torre, se entrarmos no radar dele, pode atacar o prédio e destruir tudo.

Diantha: Exato, precisamos ser cautelosos, não podem perceber o que viemos fazer.

Leon: Iris já estava imbatível no Star Tournament e agora está acompanhada da cidade quase toda! Não vamos dar conta, não sem usarmos Dynamax também!

Raihan: Você, preocupado com quem está enfrentando? Agora eu já vi de tudo...

Sonia: Não precisa do Dynamax, Leon. Sabe disso, não é? — Olhou para o namorado, que ficou sem resposta, desviando o olhar mais uma vez. — Leom, você está me...

Diantha: É isso, basta atrasá-la. — Ela interrompeu, assentindo para Sonia como se dissesse que não era hora para isso. — Vamos agir, gente, agora!

Oleana: Calma, temos algum sinal ou...? — Tentou entender, mas Diantha e Sonia correram para a multidão. — O-Okay!!

    Vendo Oleana correndo desajeitada, Raihan por instinto levantou seu celular abrindo na câmera de selfie, quando ouviu o som de uma Pokeball se abrindo. Leon não havia o esperado e agora seu Rillaboom aterrissava um tambor de madeira no chão. O barulhou chamou atenção de Iris, eriçando suas orelhas.

Leon: Drum Beating!

    Batucando no tambor, Rillaboom convocou raízes que romperam o chão e se esticaram na direção das pessoas, arrastando e elevando-as. Diferente da maioria, Iris desviou habilmente de todas, e nem fizeram cócegas em seu Haxorus. Já Diantha, Sonia e Oleana aproveitaram para conseguirem passagem, mas ainda precisavam de mais ajuda.

    Iris repetiu "PODER" e esticou o braço para frente quando uma lufada quente atravessou Leon e Raihan, vinda da boca de Haxorus. O dragão gigantesco rugiu e uma onda de fogo se desprendeu de seu corpo.

    Leon travou quando Rillaboom ajoelhou-se para o calor intenso, ficando impossível de se esquivar do fogo que o consumiria, quando ouviu o click de outra Pokeball e a Goodra de Raihan disparou seu Hydro Pump, colidindo os movimentos e levantando vapor.

~Goo! — disse para Rillaboom, estendendo a mão gosmenta para ele levantar.

~Uuuh. — O gorila aceitou a ajuda, mesmo com a gosma.

    Vendo também o Runerigus de Diantha ficando ao lado dos dois para ajudar, Leon ganhou um brilho nos olhos, lembrando do pedido de Cynthia para ficarem juntos, mas corou com vergonha, virando a cara.

Leon: Obrigado — falou ao amigo, que o deu um soquinho no ombro. — Vamos tentar juntos agora. Rillaboom, use High Horsepower!

    Energizando seu corpo, Rillaboom bateu no próprio peito, soltando um grito de selva. Ele correu com ajuda dos braços para se impulsionar e lançou-se no corpo de Haxorus, surpreendentemente conseguindo o empurrar. O dragão tentou alcançá-lo com as mãos, mas eram curtas e Iris começou a bater os pés, frustrada.

Leon: Charizard! — Ele arremessou outra capsula, a pegando de volta assim que seu parceiro saiu dela. — Vamos lá!

    Montando em seu Pokemon, o Campeão encheu-se de coragem para encarar Haxorus, que agora virou-se totalmente para o lado do combate, liberando o caminho para as mulheres entrarem no prédio.

Diantha: Achava que aqui tinha ar condicionado! Depois de toda essa caminhada, queria me refrescar um pouco. — Ela agora andava pela recepção do prédio, e dava para ouvir o som de saltos no piso frio.

Sonia: Aqui está tão vazio... Estou tentando evitar os pensamentos, mas não consigo deixar de ficar preocupada. Vovó, Andy, Alci, Rema, Grookey... Como será que estão?

    Ninguém tinha essa resposta, então ficaram em silêncio. Sonia suspirou, olhando para o teto e cruzando os braços, tentando pensar positivo. Enquanto isso, Oleana caminhava mais lento por aquele enorme espaço.

Oleana: Eu nunca vi esse lugar assim — disse mais baixo. A recepção sempre parecia tão apertada pela quantidade de funcionários e visitantes que circulavam o tempo inteiro por ali.

    Passando a mão gentilmente por todo o largo balcão onde ficavam as recepcionistas, Oleana deixou escapar um sopro entristecido. Enquanto sua mão o tocava, imaginava a sala repleta de pessoas, o falatório, o som dos passos dos Pokemon, das ferramentas para reparos nas maletas. Revisitar aquilo a fez sorrir como se estivessem de novo ali. Mesmo antes de Galar chegar nesse estado, com o afastamento de Rose tudo havia mudado. Já fazia tanto tempo...

Sonia: Para você deve ser ainda mais difícil. — Seu toque no ombro de Oleana a despertou de seu devaneio, parando de visualizar a sala cheia e a vendo como realmente estava. — Leuri me contou da sua história com a Macro Cosmos. É muito importante para você, tenho certeza. Nós vamos dar um jeito nisso tudo e depois vamos poder continuar nos divertindo!

Oleana: Tinha mesmo que voltar a trabalhar em me divertir com você, tinha isso na minha planilha para esse fim de semana, mas...

Sonia: Que tal só tirar o "trabalhar" da frase? — As duas sorriram quando escutaram Diantha chutando a porta do elevador. — Mulher pelo amor de Arceus, não quebra o que esses Dynamax não quebraram!

Diantha: O Rose não paga conta de luz? Não tem nada funcionando aqui!

Oleana: Todo a empresa é abastecida pela energia das Wishing Stars, a situação deve estar interferindo.

Diantha: Então já sabem, né? — Ela apontou para a escadas e logo caiu a ficha; a torre tinha mais de cem andares. — Já estou cansada só de pensar... Onde fica o laboratório?

Sonia: Bem... É quase no último andar...

    Enquanto Diantha e Sonia discutiam sobre o que estavam preferindo entre subirem as escadas ou se entregarem pro Eternatus, Oleana ouviu um barulho diferente e jurou ter visto um vulto atrás do balcão. Ela arqueou as sobrancelhas, então se curvou para ver quem era, quando uma mulher se ergueu com os olhos vermelhos e uma Wishing Star corrompida, quase a derrubando.

Oleana: Sthefany da Macro Cosmos Tech?! — Reconheceu, apavorada.

Sthefany: Volta pra mim... Amor... — Ela repetia inexpressiva.

Sonia: Ela quer voltar com o marido?! Não acredito, que baranga, depois de tudo que ele fez!

Diantha: Se esperta, ruivinha... — Ela terminava de fazer um círculo de sal ao redor de uma Lum berry, uma vela acesa e a Pokeball de Gardevoir para fazer um feitiço pro elevador funcionar, quando a porta deste tombou e um homem saiu por cima dela. — Deu certo?!

Oleana: Aquele é o Rodrigo da Macro Cosmos Construction!

Rodrigo: Aumento... Plano de saúde... — Ele repetia, também consumido por seu desejo. Ao mesmo tempo que Sthefany, levantou uma Pokeball enraizada pela corrupção.

    Ambos liberaram seus Pokemon, Clobbopus e Togedemaru, também sob influência de seus desejos, partiram para o ataque. Sonia agarrou em Oleana, fazendo-a se abaixar para esquivar de um soco do polvo, mas o elétrico rolou para cima delas ziguezagueando pelo ar.

    Diantha amaldiçoou Olympia pelo feitiço ter dado errado e chamou por Gardevoir. A psíquica liberou seu poder num pulso que levantou seu vestido, travando Clobbopus e Togedemaru no ar. A Campeã estalou os dedos e a Pokemon bateu uma palma, fazendo com que os corpos dos dois colidissem e eles caíssem um para cada lado, tontos.

Sonia: Isso que é motivação para subirmos — disse enquanto corria pelas escadas junto das outras, quando mais funcionários controlados surgiram pelo caminho, as rodeando.

Diantha: Eu cuido deles, continuem e gritem se precisarem! — anunciou e as duas só seguiram subindo.

Oleana: Arf... Daria tudo para o Polteageist estar aqui com alguma bebida gelada... — disse, com as mãos nos joelhos, agora de frente para o laboratório.

Sonia: Arf... Eu... Eu acho... Arf... Que vi o Polteageist lutando contra a Diantha há uns vinte andares... — Ela se arrastava pelo corrimão, encharcada de suor. — Mas... Arf... Nós conseguimos, chegamos!

Oleana: Só custou os meus joelhos...

    Entrando no laboratório, tudo parecia em ordem. Oleana não quis passar da porta, preocupada caso alguém aparecesse de outra sala daquele andar, mas a ruiva começou a mexer em ficheiros, buscando algo, e o tempo começou a passar. Apreensiva, a atual Chairwoman o tempo inteiro tentava dizer algo, mas sempre se calava.

Oleana: Sonia, tem algo que preciso verificar, mas vou voltar logo — disse após alguns minutos, percebendo que ninguém aparecia. Sonia não percebeu, talvez por ter falado baixo, mas não quis juntar coragem para repetir enquanto ela juntava frascos.

    Assim, ela correu para subir mais escadas, não percebendo uma porta se abrindo lentamente naquele andar...

Sonia: Terminei! — exclamou enxugando o suor da testa. Havia colocado tudo que precisava numa caixa de papelão. — Nossa, tá pesado, segura só!

    Não ouvindo resposta de Oleana, Sonia estranhou. Antes de se virar, ouviu a porta da sala batendo e ficou em alerta, levando uma mão até o bolso. Ela escutou passos e engoliu em seco, então se virou rápido, segurando no braço de ninguém menos que...

"Vovó?!"

    Enquanto isso, no último andar do prédio, Oleana chegava até seu escritório com Rose. Tudo estava do jeito que se lembrava, organizado como da última vez que esteve ali, até mesmo a almofada onde Perrserker dormia e seus brinquedos espalhados pelo chão. Olhou para sua mesa, imaginando-se trabalhando nela como fez em todos os dias ao longo dos últimos anos.

    Oleana sentou-se em sua cadeira, parecendo aliviada ao ouvir seu barulho. Correu as mãos pelos braços dela, sentindo-a, então deitou a cabeça por cima de seus papéis. Um sorriso preencheu seu rosto.

Oleana: Aqui tem tudo o que eu preciso... — disse para si mesma, voltando a deitar no encosto de sua cadeira, girando com ela.

    Alguns segundos de silêncio foram o suficiente para confortá-la. De pé mais uma vez, foi verificar como estava o aquário que cuidava, com Pokemon que resgatou com o propósito de oferecê-los uma nova vida, uma forma de retribuir a gratidão pela oportunidade que teve. O cardume de pequenos Wishiwashi nadava tranquilamente, cruzando o caminho de um Arrokuda que conversava com a Feebas roxa. Ela sorriu vendo tudo em ordem, mas reparou em Magikarp voltando a bater a cabeça no vidro.

Oleana: É tão engraçado que não perceba que não pode passar daí — disse, tocando o vidro, mas a carpa bateu a cabeça com mais força, a assustando.

    Percebendo que algo não estava certo, Oleana saltou para o lado, esquivando-se de lâminas de ar que atingiram o vidro do aquário, deixando uma pequena rachadura.

Andy: Voar... — disse, cambaleando pela sala. — O mundo...

Oleana: O seu desejo! — Ela viu uma Wishing Star presa por cima do casaco dele. O piloto apontou para frente e seu Corviknight voou para cima dela.

    Deixando sua Pokeball por espontânea vontade, Garbodor agarrou no corvo, salvando sua amiga ao deixá-lo pressionar-se dentro de seu corpo de lixo. Oleana piscou duas vezes incrédula com a situação, teria que enfrentar um colega de trabalho... um amigo.

~Furiii! — Bastante ferida, a borboleta caía no chão frio do laboratório.

    Ao lado dela, Yamper e Pancham também já estavam exaustos, e juntos de Butterfree foram regressados. Apenas Sandaconda continuava bem para combater, mas seria o suficiente?

Sonia: Vovó, sou eu! Por favor, precisa acordar!

Magnolia: Encontrar... Limone... — repetia, batendo sua bengala sem parar no chão. Sonia lacrimejou, não teria coragem de passar por cima da avó nem se fosse forte o suficiente.

    Além disso, o Corviknight dela fazia tudo ir pelos ares no laboratório, prejudicando vários equipamentos. Sonia abraçava com força sua caixa, dando comandos para Sandaconda, mas estava limitada naquele espaço e contra um oponente voador.

*Mantenha em looping*

    Do lado de fora do prédio, Rillaboom saltava sobre os meteoros invocados por Haxorus, mas o dragão o golpeou com suas garras e o arremessou para o chão com tanta força que o rachou.

    

    Ouvindo Iris gargalhar, Leon perdia sua confiança. O dragão era constantemente fortalecido pelo desejo, mas algo parecia vir da Campeã de Unova, na forma de aura como a de Cynthia e Leuri, porém, branca. Ele reconheceu aquilo, apertando o olhar.

    Charizard pousou com ele quando Raihan comandou para Goodra levantar uma onda e enfrentar Haxorus de perto, continuando o combate.

Leon: Ela tem poderes, agora eu sei como estava imbatível no Star Tournament — disse para Raihan. — Não tem como! Eu preciso sim do Eternatus para ser como eles! Eu não sou nada sem o Dynamax!!

Raihan: Do que está falando, cara?! — Ele tentou tocar em seu amigo, mas foi empurrado. O Campeão recuou, com as mãos no rosto, gemendo como se estivesse em agonia, até revelar seus olhos por entre os dedos, emitindo uma claridade vermelha. — LEON!!

    Agora Leon encontrava-se sozinho na atmosfera escura, onde cristais Dynamax flutuavam. Não via o chão ou qualquer limite ali, mas por trás dele, Wishing Stars vermelhas caíam, iluminando fracamente. Diante dos olhos dele, uma mão roxa com dedos deformadas e unhas pontudas esticou-se em incrível velocidade e logo o restante da criatura revelou-se.

"Você fez a escolha certa, precisa de mim. Consigo sentir seu desejo de ser tão capaz quanto os heróis, sabe que posso atendê-lo uma vez mais. Te darei tudo o que precisar, Leon... Só me conte onde Calyrex escondeu a chave."

    Em lágrimas, Leon sentia-se envolvido pelo corpo da serpente, aos poucos desfigurando suas roupas. Viu de relance que Charizard também estava ali, na mesma situação.

~Booo! Garboooodoar!

    No escritório, Oleana continuava assistindo Garbodor lutar por ela, formando rochas explosivas e disparando-as em sequência para cima de Corviknight. Mesmo sendo atingido por algumas, o corvo rebatia outras, que começavam a causar estragos por lá. Preocupada ao ver a mesa de Rose sendo atingida, Oleana só não correu até lá porque escutou o som de vidro rachando e água caindo, virando-se rapidamente para o aquário.

    Fazendo splash no chão, Magikarp agora debatia-se no carpete encharcado, enquanto os outros peixes faziam o mesmo. Oleana puxou uma gaveta com toda a sua força, levantando várias Net e Dive Ball para regressar todos os peixes, conseguindo fazer isso com quase todos menos a carpa.

Oleana: Precisamos levar essa batalha para longe daqui ou ele vai destruir tudo! Eu não posso deixar que isso aconteça, Garbodor! — Com todas as Pokeballs nos braços, ela gritou para o Pokemon, começando a correr.

    Andy a acompanhou com seus óculos de aviador, vendo-a abrir um dos vidros da janela com os ombros e começar a subir as escadas para o terraço, um atalho que conhecia. Garbodor veio a dando cobertura e Corviknight recuou.

    Oleana pensou que ele havia desistido, mas durou pouco. Enquanto guardava as Pokeballs, escutou os vidros da janela sendo quebrados. Com Andy montado em suas costas, Corviknight chegou e agora provocava um vendaval no terraço. Oleana tentava com todas as forças se manter de pé e erguer uma Pokeball para enfrentá-lo, enquanto Garbodor tentava disparar em vão mais pedras, não sendo pesadas o suficiente para atravessarem aquele vento.
    De repente, o vendaval parou e Andy levou os dedos até sua Wishing Star corrompida, que iluminou-se em tons mais escuros. As nuvens roxas do céu se amontoaram sobre a Rose Tower e Oleana olhou apavorada enquanto o corvo crescia exageradamente, alterando até mesmo sua forma, agora mais ameaçador.

Oleana: Ele está em Gigantamax... Eu não tenho como bater de frente com isso. Eu não tenho como fazer nada — disse, levando uma mão à testa enrugada como sempre ficava quando estava ranzinza. — Eu sinto muito, Presidente Rose... O meu melhor não será o suficiente.

~Bodor! — gritou e se aproximou dela. Ele pareceu fazer um pouco de força e algo saiu do interior do lixo de seu corpo, descendo pelos tubos do braço e então se revelando como uma pedra colorida e brilhante. — Gaarbodor!

Oleana: É uma Key Stone, como as que usam para a Mega Evolução — reconheceu, vendo o Pokemon sorrir com confiança para ela. — Garbodor, eu sinto muito, mas não podemos usar isso. Não é assim que funciona...

    No céu, Corviknight voava rodeando a torre enquanto um novo vendaval se formava, aos poucos se assemelhando com um tornado. Garbodor continuou tentando empurrar a pedra para Oleana, mas ela segurou com as duas mãos em seu braço, o devolvendo.

Oleana: Eu realmente sinto muito, Garbodor... Rose... Eu não pude fazer nada pela Macro Cosmos.

    Olhando para a mulher desesperançosa, ele baixou também seu braço, e os dois estavam reféns do Corviknight.

"COOOORV!"

Sonia: Sandaconda!! — Chorando, ela viu seu Pokemon colidindo com uma das paredes. Agora soluçando, ajoelhou-se no chão, na sombra de sua avó. — Por favor, vovó, me escute! Uma vez... Por favor!

Magnolia: Futuro... Melhor — continuou repetindo e batendo a bengala no chão. Seu Corviknight colocou-se em sua frente e Sonia levantou a cabeça, olhando para ele e percebendo que voltaria a atacar seu Pokemon.

Sonia: PARE, EU IMPLORO! — gritou com a voz de choro, se levantando e quase caindo de novo, abrindo os braços na frente de Sandaconda. — Não machuque mais Sandaconda!

    Ignorando as suplicas de Sonia, o corvo fez suas asas reluzirem no metal prateado e avançou mais uma vez. Sonia fechou os olhos, preparando-se para dor, mas não a sentiu e quando os abriu, viu Sandaconda, recebendo o movimento. Sua voz falhou para gritar, mas foi rápida ao agarrar seu Pokemon, caindo com ele.

Sonia: Por que... Por que fez isso por mim? — perguntou, olhando o rosto do Pokemon. Tinha a língua para fora, muitos ferimentos e estava indo além dos seus limites naquela batalha.

~Szzzzzzzzzzzzzzz! — Sibilou, com um sorriso de lado, e Sonia de alguma forma sentiu gratidão naquilo, mas o Pokemon fechou os olhos, tombando a cabeça em seus braços.

Sonia: Eu juro... Estou fazendo o meu melhor... Trabalhando aqui, Treinando Pokemon de novo, tendo um relacionamento... Eu não sei o que vai acontecer agora, mas eu não quero cometer os mesmos erros de antes. É por isso que...

    Nos braços de Sonia, o Pokemon voltou a abrir só um dos olhos pela metade, olhando para ela o abraçando e sorrindo.

Sonia: Eu não vou abandonar você, Sandaconda. Nunca vou fazer isso, vou te entregar o meu melhor sorriso e estar ao seu lado até o fim — disse, segurando o choro. Sandaconda abriu o outro olho, impressionado. — Eternatus pode manipular o Dynamax para ferir, mas eu acredito na sinceridade dos desejos que vem do coração. Não vou fugir nem mudar minha opinião sobre o que eu acredito! Escutou, vovó?! EU NÃO TEMO O DYNAMAX!

Magnolia: Dynamax... — repetiu, mas então parou de bater sua bengala. Sonia a olhou esperando por algo, vendo a reação de espanto no rosto da avó, e por um instante jurou ter visto seus olhos normais por trás dos óculos, mas ela logo se contorceu e a corrupção enraizou mais ainda, subindo por seu pescoço.

Sonia: VOVÓ! — gritou, esticando uma mão quando viu a avó levando uma mão até sua Wishing Star que começava a reluzir.

Uh uh uh uh!!!

Sonia: O quê...?

    Reconhecendo a voz que ouviu, Sonia acompanhou quando a porta do laboratório se abriu e Grookey saltou levantando seu graveto, deslizando-o pelo ar enquanto o energizava até levantá-lo como um enorme martelo de madeira, acertando as costas de Corviknight e o pressionando no chão.

Sonia: Grookey... É você!!

~Groo uh uh key! — O macaquinho deu uma cambalhota para trás, sorrindo para Sonia e a estendendo seu graveto. Ela o olhou curiosa, quando ele levou sua mãozinha até o coração, dando uma batidinha.

~Beeeell! — Também entrando no laboratório junto de outros Pokemon que vinham com seus ataques, o Bellsprout conseguiu golpear a Wishing Star de Magnolia, que faísca e perde seu brilho enquanto ela tentava se livrar dele. Aterrissando, a planta leva uma raiz até onde deveria seu coração, fazendo o mesmo gesto de Grookey.

Sonia: Bellsprout... E... — Olhando ao redor, os outros Pokemon terminavam de atacar Corviknight e depois se viravam para ela, fazendo o mesmo gesto. — Todos vocês!! Eu entendi!

    No lado de fora do prédio, Leon caía na tentação de Eternatus, voltando a se transformar em sua forma tomada entregue ao desejo.

Raihan: Big L! LEON! Você precisa sair dessa! — Chacoalhando o corpo de Leon, Raihan implorava por um milagre, vendo as pessoas se desprendendo das raízes e ouvindo a risada de Iris.

Raihan: Por favor... Você não está sozinho, cara. — Puxou Leon para um abraço, o pressionando contra a vontade dele contra seu peito e encostando o queixo em sua cabeça, fechando os olhos e tentando não chorar enquanto falava. — Hop conta com você, Sonia conta com você, Galar inteira conta, e... eu mesmo! Eu não vou deixar que se entregue para essa coisa! Nunca iria me perdoar se isso acontecesse, logo depois de ter ficado parado quando aconteceu o mesmo com a Nessa! Você é meu melhor amigo, Leon! Eu te amo!!

Leon: Raihan... — disse, por um momento virando as costas para Eternatus, que aumentou a intensidade de sua luz e o fez virar de volta. — Não... Eu deveria ter protegido Galar e seus habitantes, mas isso tudo está acontecendo por minha culpa... Por culpa da minha estúpida fraqueza!

"Você não precisa ter essa fraqueza... O seu desejo, vou atendê-lo! Lembre-se disso!! Diga logo, AoNDe EstÁ A ChAvE?!"

Leon: Meu desejo... — Levando uma mão até a cabeça, Leon escutava a voz de Eternatus falhar, ficando mais monstruosa ao invés de tentadora. — Eu quero proteger as pessoas, quero fazer o que os outros Campeões fazem com os poderes deles... Mas... É você que os está colocando em perigo! Eu... Entendi.

    Levantando-se e livrando-se do enraizamento de Eternatus, Leon alternava sua aparência entre suas roupas casuais, o traje de Campeão com a capa e a sua forma transformada. Ele encarou com desgosto a figura do imenso dragão serpente.

    No terraço da Macro Cosmos, o tornado havia se formado, mas Corviknight enviava versões menores suas como drones para atacarem Oleana e Garbodor. A Chairwoman tentou se proteger com os braços, mas a explosão deles a feriu mesmo assim.

Oleana: Não vamos conseguir sair daqui... — Na altura do chão, ela agora sentia as lágrimas vindo, quando escutou algo se debatendo e com a força que restava, olhou na direção do som.

~Kaaarp! Karp! — Era Magikarp, que se continuava rolando e se debatendo, tentando se aproximar de Sonia, quando seu corpo começou a ter mais dificuldades pelo vento.

Oleana: Como...? — Ela olhou incrédula para o peixe, fazendo um pouco mais de força e ficando de joelhos, mas ainda com as mãos feridas sendo usadas para se apoiar no chão. Ainda vendo o peixe e com a audição abafada, ela lembrou-se do que sempre pensava quando o via batendo contra o vidro.

"É tão engraçado que não perceba que não pode passar daí."

Oleana: Mas... Agora, você está aqui. O vidro quebrou e você está realmente aqui, sozinho — disse, até que o peixe começou a ser levado pelo vento.

~Kaaaaarp!!!

Oleana: Isso não está certo... Não, não está! — Ela se levantou, com seu jaleco balançando, vendo a Key Stone também sendo levada pelo vento. — Garbodor, é claro...

~Gaaarbodor... — O Pokemon se virou para ela, com lágrimas nos olhos, o que partiram seu coração.

Oleana: Nós nunca mais choramos desde que Rose nos deu uma nova oportunidade de viver com dignidade — disse, caminhando até seu amigo, segurando nas mãos dele. — Me ver recusando a Key Stone deve ter te lembrado de quando me livrei da minha Wishing Star... Eu nunca vi motivos para valorizar o meu desejo, nunca me interessei por Dynamax, mas você se importou tanto quando percebeu meu interesse na Mega Evolução...~

~Booo! — O Pokemon começou a sentir seu corpo deixando o chão, mas Oleana fez força para trazê-lo de volta. Ele olhou em seu rosto, vendo suas lágrimas e um sorriso se formando.

Oleana: Eu nunca consegui valorizar as minhas próprias vontades, preciso pensar melhor a respeito disso, mas... Eu entendi!

    Se colocando na frente de Garbodor, Oleana vê o tornado baixando e Corviknight descendo do céu. Ela abre os braços, cerrando as sobrancelhas, determinada como nunca para o choque de seu Pokemon.

Oleana: Eu vou...

Leon: Eu preciso...

Sonia: Eu consigo...

ENFRENTAR...

OS MEUS...

MEDOS!!!

    Entregando-se ao tornado Gigantamax, Oleana o encarou com seus cabelos balançando, mas Garbodor mergulhou para dentro e, dentro daquela energia, seu corpo também começou a crescer.

Oleana: Garbodor, acabe com ele! — gritou, vendo o corpo de seu Pokemon ficar gigantesco.

Sonia: Vamos lutar juntos uma vez mais! Grookey, Bellsprout, Indeedee, Alcremie, Orbeetle, Wartortle, ATAQUEM!

    Partindo para um ataque em conjunto, todos os antigos parceiros de Sonia avançam sob seu comando.

Leon: Eu não preciso de você, nunca precisei! ME ESQUEÇA, ETERNATUS!! — Avançando pela distopia de Dynamax, Leon encara a serpente e um clarão de vermelho e roxo os engole.

Diantha: Hmmmm! — Enquanto todos faziam seus confrontos, Diantha perambulava pelos andares da Macro Cosmos, colocando tudo que achava interessante em sua bolsinha, derrotando todos que encontrava pelo caminho, quando encontrou uma sala com aviso de que era restrita para autorizados. — Proibido é mais gostoso! Gardevoir, está pensando no mesmo que eu?

~Gaaarde! — Ela levantou uma das mãos, já com um Moonblast formado, e o pressionou contra a porta, derrubando-a.

    A câmara de Wishing Stars coletadas pelos funcionários da Macro Cosmos ao longo dos anos, que abastece toda Wyndon, encontrava-se completamente apagada, mas com raízes vermelhas se prolongando para fora, trepando pelas paredes como parasitas. Diantha e Gardevoir trocaram olhares, chocadas, então a Campeã levantou mais duas Pokeballs em cada mão.

Oleana: O quê?! — No terraço, ela via o tornado se desfazendo e Corviknight encolhendo, assim como Garbodor. Andy cambaleou e também caiu para trás, ficando estirado no chão. — Oh! — Ela agarrou Magikarp antes que a carpa se esbofetasse no chão, e a Key Stone caiu por cima dela, reluzindo em suas escamas.

Sonia: V-Vovó?! — Após o Corviknight de sua avó desmaiar, ela a percebe também cambaleando, mas correu para impedir que caísse, sentando-a numa das cadeiras de rodinhas de lá. — Eu prometo, vovó... Vou ficar bem, eu sei me cuidar agora. E também vou cuidar da senhora, me aguarde!

Raihan: BIG L!!! — No jardim da Macro Cosmos, Raihan agarrava seu amigo, esfregando o rosto nele todo contente que estava bem. De algum jeito, o Haxorus de Iris voltou ao seu tamanho normal, e assim como ela e todos os outros, também caiu.

Leon: Haha! Obrigado mesmo, Roy!

~Zaaaard! — Charizard também era abraçado por Goodra e Runerigus.

"Leon!!"

    Após algum tempo, Leon e Raihan ainda continuavam no jardim quando o Campeão ouviu gritarem seu nome, mas quando se virou, Sonia abraçou, colando o rosto em seu peito.

Sonia: Eu estava tão preocupada que algo acontecesse com você!

Leon: V-Você estava?! Quer dizer, eu que estava preocupado com você!

Raihan: Só para constar, eu cuidei dele enquanto você estava fora, de nada! — Ele sorriu e fez o sinal de paz e amor para Sonia, que não tirou os olhos do namorado. Também segurava a caixa dela com os equipamentos e relatórios.

Sonia: Você percebeu, não foi? Eu pude sentir enquanto me despedia do Grookey e dos outros... Pude sentir seu coração! Você está...

Leon: Ahn... Eu... Espera, despediu do Grookey?

Sonia: VOCÊ ESTÁ PERDIDAMENTE APAIXONADO POR MIIIIM!!

Leon: AAAAH! VOCÊ ME DEIXOU PREOCUPADO PRA NADA!! — Ele tentou se mostrar bravo, mas os dois começaram a rir. — Mas está certa, isso é óbvio!

Sonia: Desculpe, estou tentando manter o bom humor antes de ter que andar mais ainda! — Os dois se abraçaram após um beijo. — Mas de pertinho consigo sentir seu coração, de verdade. Parece bater mais despreocupado.

Leon: Eu...  Me lembrei daquilo que falou sobre eu não precisar do Dynamax. Então abri mão do que eu tinha com Eternatus, agora ele não vai mais tentar manipular o meu desejo.

Diantha: Não precisa de poder especial nenhum para fazer a diferença, experiência própria. — Ela piscou para Leon, saindo da empresa junto com Oleana, Gardevoir e Garbodor.

Sonia: Ainda bem que também estão aqui! Queria só entender o que aconteceu que todos pararam de uma vez só...

Diantha: Gardevoir rompeu as Wishing Stars que vocês guardavam numa salinha restrita muito fofa que eu entrei pra ver se tava cheia de segredos.

Oleana: A corrente — disse, olhando para Oleana, que assentiu.

Raihan: Hey, gente, tenho certeza que vi a Iris se levantando! É melhor irmos embora antes que apareçam mais ou que eles se recuperem.

Diantha: Já estamos perto da hora de encontrar a loira também, temos que ir.

~Booodor! — Garbodor abraçou Oleana antes de ser regressado para sua Pokeball. Sonia reparou que ela sorria e isso a contagiou. 

Sonia: Entããão! Quem está pronto para voltar todo o caminho que fizemos?

Leon: Nããão! — lamentou junto com Raihan.

Oleana: Isso porque vocês não subiram mais de cem andares, fracotes. — Ela passou a frente dos dois, rindo, o que deixou todos chocados com seu deboche. Diantha começou a rir enquanto Sonia aplaudia.

    Enquanto o grupo voltava a andar, Charizard dava uma carona para Runerigus, e Goodra segurava Raihan, ao custo dele ficar todo gosmento. Sonia e Leon deram as mãos enquanto Diantha marchava novamente, verificando a área. Oleana disparou na frente, correndo e sentindo o vento balançar em seus cabelos, permitindo-se sorrir por estar viva depois do que passou no terraço.

Continua

~Faaaant! — Correndo até o Campeão no caminho de volta, Sasha o entregou uma carta com sua tromba, em seguida voltou a correr para longe dali.

"Agradecemos muito por nos ajudar, Leon. Encontramos um refúgio com outras pessoas e Pokemon que também estão contando com você. Não desista, Campeão, sabemos que vamos ficar bem!"

Leon: Heeeeheh! — Ele guardou a carta, abrindo um largo sorriso. Sonia o olhou curiosa. — A Leuri vai morrer de inveja, duvido que ela receba uma carta dessas!

Faltam nove capítulos para o fim de Galeuri.