quarta-feira, 13 de julho de 2022

Capítulo 72: O novo amigo de Cramorant!



    A história de hoje começa na antiga cidade de Circhester, onde nunca parava de nevar. Havia um restaurante muito popular entre os cidadãos e visitantes, o famoso "Restaurante do seu tio Bob". Leuri não percebeu se o nome tinha alguma piada, mas certamente ninguém que ia até lá pensava nisso, ao menos não antes de pedir um dos pratos quentinhos do estabelecimento.



Marnie: Então... Muito tempo desde que não conversamos, não?  Ela estava sentada de frente para Leuri, numa das mesas de dentro do restaurante. Mexia no canudo de seu suco com alguma ansiedade.  Desde aquele dia em que morremos e fomos para o além vida. Falar assim até faz parecer mais estranho do que foi.

Leuri: Haha, é verdade, mas acredite, não foi o mais estranho que me aconteceu ultimamente...

Marnie: Ah, claro. A bagunça nas idades...

Leuri: Não só...

    Então Marnie levantou uma sobrancelha, curiosa com a história. Leuri suspirou baixinho, com o hálito visível como uma fumacinha por conta do frio. Ela contou toda a história de suas clones, fragmentos de sua personalidade que ganharam vida por conta de um desejo mal pensado. Contou também a conversa com sua mãe e como precisaram se despedir de Charmander, ocultando a parte em que ela dirigia uma moto e estava raptando suas clones.

Marnie: Eu nem sei o que dizer... Sinto muito pelo Charmander, sei o que é ter que se despedir de um Pokemon da família.
  De repente, seus últimos problemas pareceram menores, mas preferiu guardá-los e continuar ouvindo.


Leuri: Foi muito difícil. Eu decidi tirar um tempo para mim, queria continuar fazendo o meu trabalho e não me preocupar com mais nada, mas o Chairman está me passando só tarefas idiotas tipo entregar capa pro Leon, não me manda mais para a Wild Area. Eu entendi que estão todos preocupados, claro... Mas também não queria ficar parada, depois do que eu tive que enfrentar, tenho que ficar mais forte. Foi por isso que estive me dedicando mais ao ranking, nesse tempo subi um pouco mais, estou na posição 70.

Marnie: Não fazia ideia... Mas não posso cobrar, eu estava mesmo te ignorando desde aquele dia com o... Bem, como estão Diego e Carbink?

Leuri: Estão bem, me ligaram mais cedo. Deveria voltar a falar com eles, são seus amigos também! Mas admito, estava com saudades, obrigada por me convidar para almoçar aqui  disse com um sorriso e um garçom se aproximou, servindo seu prato e o de Marnie.

Marnie: E-Eu... Queria provar a... comida daqui  respondeu, corada, então deu tapinhas no rosto para a cor sumir e Leuri disfarçou sua risada.

    As duas começaram a comer, ficando em silêncio. Em algum momento um dos garçons aumentou o som da televisão do restaurante. Estava no TV Leon, no programa de notícias "Bom dia Leon", mesmo que já estivesse de tarde.

"A batalha de Íris e Brandon pela terceira posição no Galarian Star Tournament foi adiada por conta da situação que estamos chamando de 'Bagunça da Idades'. A metade das pessoas na região teve sua idade alterada e ainda não foi possível saber o que ocasionou isso e como se resolveu. Aguardamos explicações da Macro Cosmos pois foi identificado que partículas Dynamax estavam aparecendo na superfície das cidades."


    Olhando para a televisão, Marnie notou algo por trás dela, como um painel. Ela forçou a visão e se levantou, soltando os talheres na mesa.


Leuri: Marnie...? O que foi, a comida deu dor de barriga?

    Marnie foi olhar de perto e seus pensamentos estavam certos. Havia uma tapeçaria ali, muito antiga e com alguns rasgos, mas podia ver com clareza o desenho de um cenário de pinheiros e o que parecia ser um Pokemon montado num cavalo, como no templo da Banheira do Herói. Ele entregava uma flor para um homem vestido com um elmo viking e recebia uma coroa em troca. Porém, o rosto do Pokemon estava muito borrado, com flores coloridas pintadas por cima.

Leuri: Uma tapeçaria?  Marnie a notou ao seu lado enquanto fotografava.  Está num estado péssimo comparada com as de Hammerlocke.

Marnie: É porque as de Hammerlocke são falsas! Aqueles dois monarcas idiotas as criaram para distorcer a verdadeira história!

Leuri: Ehr... Marnie, as pessoas...
  disse, percebendo que todos olhavam para elas. Então um cozinheiro se aproximou para ver o que estava acontecendo.  Senhor, sabe dizer onde encontraram essa tapeçaria?


  Hum... Um dos nossos clientes, um velho de Freezington, recentemente deixou para trás, disse que não poderia mais tê-la por ter sido tão danificada. O patrão deu uma ajeitada e pareceu um bom enfeite, não acha?

Leuri: Espera, eu te conheço! Você não trabalha na estação de Wyndon?

  Tenho muitos empregos, garotinha!


~Cleeffix!


Marnie: Isso... Isso é uma prova de que a história está sendo encoberta. Eu preciso...


Leuri: Calma, calma! Eu quero ajudá-la nisso e já sei com quem falar. Mas antes, vamos terminar de comer?

    Parecendo ressentida, Marnie aceita, mas dá uma última olhada na tapeçaria, focando nas flores por cima do rosto do Pokemon montado no cavalo. As palavras de Paula, a criança esquisita que uma vez a encontrou de frente para o mural de Stow-on-Side voltaram em sua cabeça; "Você nunca consegue ver além. O real significado do que se trata toda essa história."



    Algum tempo depois, Leuri e Marnie saltaram na estação de Wyndon. Leuri viu o cozinheiro lá também, acenando para ela, mas preferiu ignorar. O plano era levá-la para a Macro Cosmos e contar tudo ao Chairman Rose, mas antes...



Leuri: Saiam todos!  Ela arremessou seis Pokeballs para o alto e todas se abriram, liberando seus Pokemon no jardim da Macro Cosmos.


    Frogadier parecia calmo, mas Wooloo saltou por cima dele e quase o derrubou. Pancham também estava ali com seus óculos e Cramorant viu seu reflexo nas lentes, ficando confuso com isso. O grande Luxray de Leuri também sentou-se na grama e Gastrodon suou frio, com medo dele e se afastando.


Leuri: Eu sempre deixo todos no jardim, eles sempre arrumam algo para fazer aqui e adoram  disse para Marnie, que viu Luxray cheirando um arbusto e levantando a pata traseira para o desespero de um jardineiro.  Muito bem, divirtam-se um pouco, okay?


    Encostando-se numa árvore, Pancham cruza os braços enquanto Luxray perseguia uma Butterfree. Ele imaginava-se lutando com o leão, adorava oponentes grandes, quando Cramorant cobriu sua visão.

~Pan, pan! ("Sai, esquisito!")


~Kraaa! ("Eu posso batalhar com você!")

~Pan, chan! ("Você não é grandão!")

    Cramorant entortou a cabeça, não percebendo do que ele falava, mas agora queria ser grandão. Ele caminhou caindo para os lados como um Piplup, até chegar no laguinho onde Frogadier conversava com uma Palpitoad deitada numa vitória-régia.


~Fro! ("A flor ficou ótima na sua cabeça!")

~Kraaa? ("Ei, você é grandão, Frogadier?")  perguntou, saltando para o meio do lago. Frogadier corou imediatamente e Palpitoad começou a coaxar rindo.

~Froo!! ("Sai daqui, tá queimando meu filme!!")

~Kra... Kraa? Kramorant! ("Mas eu não queimo, eu sou um... O que eu sou mesmo? Isso, sou um grandão!")


    Rolando pelo jardim, Wooloo fingia que arbustos eram seus alvos e os imaginava como Charizard de folhas. Seus pelos faiscavam e se eletrizavam, então ela colidia com eles e espalhava as folhas para o alto. Cramorant acenou, mas ela não deu confiança, continuando seu treino.


~Dooon... ("Uh, Cramorant, o que está fazendo...")

~Kraa! ("Acho que queimando filmes, e você!")

~Don gastrrr... ("Eu não conheço Pancham e Luxray tão bem, estou com medo...")

~Kraaa... Kraa? ("Eu não sei mais quem são eles... E quem eu sou?")

~Don? ("Você esquece rápido, né?")

    Chamando Cramorant, Gastrodon se rasteja para fora do jardim. Os dois passam passam por pessoas nas calçadas e Gastrodon ensina Cramorant sobre o sinal vermelho significar que não é seguro atravessar, mas ele entendeu errado e precisou ser salvo em seguida. Então, chegaram até uma calçada com um cercado que dava para o rio da cidade.


~Don! ("Veja, tem outros como você lá!")

~Kraaa? ("Mais eu?")


    Haviam vários Cramorant no rio e todos o olharam com confusão. Gastrodon recuou com medo, mas então...


    Um Cramorant saiu da água com um peixe na boca, o engolindo inteiro. Ele era maior que os outros e parecia menos alheio com o que estava acontecendo. Aproximou-se do Cramorant, pousando em cima da cerca.

~Kramoo? ("Quem é você, cara nova?")

~Kraa? ("Grandão?")

~Don... ("Divirta-se, eu vou... voltar pro jardim.")

    Acompanhando o Cramorant maior, Cramorant pousou numa pedra no rio e os outros de sua espécie aproximaram-se. Todos entortavam a cabeça e esbugalhavam os olhos, mas então começaram a gritar "Definitivamente é um Cramorant!".

~Kramoo, mooran. ("Se é um Cramorant como todos nós, pegue sua comida.")

~Kraa! Kraa!! ("Pegue sua comida! Pegue sua comida!!")
  gritavam os outros Cramorant.


~Kraa? ("Pegar comida?")


~Kramoo. ("Assim.")  Mergulhando a cabeça na água, o Cramorant maior logo apareceu com um peixe na boca, então o engoliu.  Kraamo. ("Se você é um de nós, consegue fazer isso.")


~Kraaa!  Tentando, ele se joga na água e mergulha a cabeça, levantando como uma lata no meio do bico. Ele tenta engolir, mas o maior Cramorant o bate nas costas para cuspir.

~Kraamo! ("Você não pode comer lixo dos humanos, tem que comer peixe!")


~Kraa? ("Peixe?")  Ele tentou engolir um Bidoof por trás, que pareceu confuso com isso, mas corou e riu.

~Kramoo!! ("Não, isso não é peixe!! Você tem que pegar peixe e engolir ele, não pode ficar com a gente enquanto não fizer isso!")


    Cramorant não entendeu muito bem, mas aquilo o fez sentir algo diferente. Geralmente estava confuso, mas agora era outra coisa. Ele abaixou a cabeça e seus olhos piscaram um de cada vez, então afundou a cabeça na água.


~Kuda?  Um Pokemon peixe o viu e se aproximou. Cramorant esbugalhou os olhos e tirou a cabeça da água.


    Colocando o rosto para fora, o peixe olhou para Cramorant como se buscasse alguma resposta. O pelicano o fitou por alguns instantes, então se voltou para ele.


~Kraa? ("Você é lixo?")

~Kuuda! ("Talvez!")

~Kraa... ("Pena, eu queria achar peixe...")


~Kudaa? ("Como se parece um peixe?")  Ele saltou por cima de Cramorant, respingando água no rosto dele.

~Kraaa! ("Peixe é de comer, é pequeno, comprido, tem rosto engraçado!")


~Kuda? ("Onde será que vi alguém assim?")


    O Pokemon balançou seu rabo para Cramorant e depois fez caretas. O pelicano piscou um olho de cada vez e entortou a cabeça. Cansando, o peixe falou.

~Kuuda! ("Eu sou peixe, me come!")

~Kraa? ("Você não era lixo?")

~Kudaa? ("Você não é como os outros, né?")


    Saltando para a margem do rio, Cramorant começou a dançar. O peixe o seguiu, achando graça. Então o Cramorant maior o avistou e revirou os olhos, voando até ele.

~Kramoo! ("Você tem que comer o peixe, não dançar pra ele!")

~Kraa? ("Comer o peixe?")


~Kudaa! ("É aí que eu entro, me come!")

~Kramoo! ("Esse é dos grandes, se você não vai comer, eu vou!")


~Kra...  Começando a suar ele viu o Cramorant maior se aproximando do peixe e lambendo o bico.


~Kuuuda! ("Que delícia, me come!!")

~Kra!! Kraa! ("Não! Eu como!")


    Nadando até o peixe, Cramorant o pegou com o bico. O maior cruzou as asas, querendo ver se ele conseguia. Então, ele engoliu, fechando o bico.

~Kramoo! ("Você é um de nós, comeu o peixe grandão!")

    Assentindo com a cabeça, Cramorant viu os outros se reunirem para o parabenizar. Ele então afastou-se até que não podia ser visto e esbugalhou os olhos, começando a fazer um barulho esquisito na garganta até cuspir o peixe na água.


~Kuda? ("Por que eu ainda estou vivo?")


~Kraa! ("Você é grandão igual eu!")

~Kuuda?! ("Qual é o seu problema?!")

~Kraaaa! ("Não posso comer amigo grandão!")

~Kuda! ("Então não vou perder meu tempo com você!")  Em seguida, mergulhou. Cramorant balançou a cabeça, procurando por ele achando que sumiu, quando...

  Peguei!  exclamou uma pescadora e Cramorant mergulhou a cabeça na água, vendo o peixe mordendo a isca de um anzol e sendo puxado.



~KRAAAAAAAA!!!  Entrando em desespero, ele foi pulando pela água e batendo as asas até a pescadora.


  Ei, devolva!!  gritou a pescadora assim que puxou o anzol e viu Cramorant puxando o peixe com o bico. 


~Kraa! ("Te salvei!")
  Ele levantou voo com o peixe.


~Kudaaa! ("Eu tenho que ser comido!")  Cuspindo água para dentro da garganta de Cramorant, o peixe soltou-se e voltou para a água.


~Kraaa! ("Cadê amigo grandão!")  Ele mergulhou a cabeça procurando pelo peixe, mas vários outros saíram nadando para longe o achando maluco.

    Colocando a cabeça para fora d'água, Cramorant entrou em desespero, achando ter perdido seu novo amigo. Ele começou a tremer, se sentia esquisito de novo, mas não sabia descrever. Seus olhos piscaram mais rápido e lágrimas rolaram por seu rosto, pingando na água.


~Kuda... ("Ele está chorando...")

    O peixe sentiu-se mal pelo pelicano que queria ser amigo dele, embora não compreendesse bem o motivo. Mas colocou a cabeça para fora d'água, sendo notado e piscando algumas vezes. Então, mergulha de novo.


~Kraa! ("Amigo!")  Ele mergulhou a cabeça e pegou o peixe, que revirou os olhos.



~Kuda? ("Escuta, vou facilitar as coisas, abre o bico que eu pulo e você só engole, tá?")

~Kraa! ("Não, não quero comer você!")

~Kuuda...? ("Então, se não vou ser comido, o que eu deveria fazer...?")


    Tentando pensar em algo, Cramorant olhou para o peixe na água. Este também parecia diferente, com os olhos baixos e se olhando no reflexo da água. Ele também se olhou e comparou-se com o peixe, ambos diferentes, mas lado a lado.


    Levantando voo, Cramorant deixou o peixe confuso, mas este o observou ir até onde a pescadora estava colocando outra isca no anzol. Ela tinha uma cesta de piquenique na margem do rio, então ele foi até ela e roubou uma bisnaga de pão, a jogando na água. O peixe olhou confuso, mas mordeu um pedaço, gostando do sabor.

~Kra? ("Pra onde foi?")  perguntou-se, olhando para todos os lados quando na verdade a bisnaga tinha afundado.


    Vendo que Cramorant realmente não percebia das coisas, o peixe sorriu de lado, começando a achar graça do jeito dele. Ele o sinalizou com a barbatana para que o seguisse.


    Os dois nadam pelo rio, longe do grupo dos Cramorant, passando por barquinhos de pescadores e agitando a água, ouvindo as reclamações deles. O peixe ri disso e Cramorant entorta a cabeça, não entendendo. Então eles vão até a margem de novo, agora a pescadora já tinha voltado ao seu lugar, deixando a mochila para trás.


    Vestindo-se com o que achava dentro da mochila, Cramorant começou a tentar imitar a pescadora, jogando um outro anzol na grama.


    Na água, o peixe ria, quando viu uma isca boiando ao seu lado e a mordeu, sabendo que seria puxado.


    Mais uma vez, Cramorant o salvou, correndo e estragando outra linha de anzol da pescadora que já estava furiosa.


    Apanhando um pouco de água com o bico e ainda com o peixe nele, Cramorant levantou voo. Ele não sabia se conseguia voar tão alto, mas esforçou-se e passeou com o seu amigo, dizendo que o levaria até o jardim.


    O céu azul... A roda gigante do parque de diversões da cidade funcionava e o peixe ficou curioso sobre o que acontecia nela. Ele percebia as nuvens passando e os grandes prédios, também viu o estádio de Wyndon de cima, onde reparavam o campo de batalha destruído da última batalha de Leon e Mustard.


~Kuuuda... ("Eu nunca ia imaginar que isso tudo existia além do rio...")

    Passando pela torre da Macro Cosmos, Cramorant olhou para dentro do escritório de Rose, que conversava com Leuri e os dois gesticulavam bastante.


Rose: Eu já disse, visitar o Peony na Crown Tundra está fora de questão, me deixe em paz e vá levar Alci e Rema no salão da Leila, já que está aqui.


Leuri: Pare de tentar fugir disso! Chairman, não está entendendo que se formos para Freezington podemos descobrir o que está acontecendo?! Olha a tapeçaria na foto, nós temos evidências agora!

Rose: Não, não e não! Que dificuldade para entender!  Ele arrastou sua cadeira, levantando-se e saindo da sala.

    Leuri e Rose continuam discutindo pelo corredor e Marnie para na porta com os dedos nos ouvidos.


Marnie: Parecem até pai e filha...

~Kraa!

    Começando a esquecer o que estava fazendo, Cramorant fica de bico aberto e a água começa a vazar. O peixe tenta alertá-lo, mas acaba despencando no ar.


    Caindo, o peixe fecha os olhos e sorri, aceitando que morreria. Mas Cramorant tinha outros planos...


    Retomando a consciência, Cramorant mergulha e ele abre os braços, vendo os olhos esbugalhados do pelicano que finalmente o pega. Eles descem até o lago no jardim da Macro Cosmos e os Pokemon logo se aproximam para ver o que estava acontecendo.

~Don! ("Você conseguiu voltar sozinho, eu já estava indo te buscar!")

~Laaax? ("Isso aí é comida?")


~Kraa! ("Não, é amigo!")  Ele pegou o peixe novamente para protegê-lo de Luxray, que lambeu os beiços.

    Nadando com ele e se afastando dos outros, Cramorant sobe numa pedra e o solta na água. O peixe o olha com outra expressão e levanta a cabeça, vendo as nuvens no céu.

~Kuda... ("Deve ter algum motivo, essas coisas não acontecem aleatoriamente...")  disse, se voltando para Cramorant em seguida.  ("Por que você não queria me comer se é isso que deve fazer?")

~Kraa? ("Por que eu deveria fazer isso com amigo?")



~Kuda... Aarr kuuuda. ("Porque é para isso que eu sirvo... Nascem mais de mim o tempo inteiro, existimos para servir de comida para os Cramorant, é assim que funciona e sempre funcionou.")

~Kraaa... ("Mas eu não quero isso, amigo divertido...")

~Kuda...? ("Por que eu me sinto tão esquisito agora...?")


~Kraa! Kraaa... Kramo! ("Eu sei essa! Eu me senti esquisito quando falaram de comer você... Me senti pequeno! Mas depois me senti grandão!")

~Kuda... ("Está tudo errado, eu preciso ser comido ou não tenho motivo para existir...")

~Kra! ("Você pode ficar comigo!")

~Kuuda? ("O quê?")

~Kraaaaa! ("Isso, fica aqui!")

    Olhando para Cramorant e em seguida se virando para os outros Pokemon no jardim, o peixe sorriu.

~Kuuda... ("É Arrokuda...")

~Kra? ("O filme queimado?")


~Kuuda! ("Meu nome, me chamo Arrokuda!")

    Saltando para fora d'água, Arrokuda volta ao bico de Cramorant, que comemora mesmo sem entender direito. Então ele sai do lago, tendo uma ideia.

~Kraa! ("Você vai precisar de um lugar pra morar!")

    A entrada da Macro Cosmos era uma porta automática, bastava ficar parado na frente dela que esta se abriria. Cramorant viu Andy entrando e tentou o seguir, mas a porta se fechou. Entortando o pescoço e piscando um olho de cada vez, ele deu um passo para trás e a porta se abriu. Quando foi para frente, ela se fechou de novo e assim iniciou um ciclo. Ele já começava a suar quando Arrokuda revirou os olhos e cuspiu água nas costas dele, o mandando para dentro.


~Kraa! ("Olha, comida!")  Ele tentava engolir a chaleira de Polteageist, que não estava nada contente com isso. Arrokuda riu e o fez cuspir, então seguiram para o elevador, onde Grookey estava.


~Kuuuda! ("Isso é incrível, se move rápido!")  Ele via os andares passando no elevador panorâmico.  Kuuu? ("Mas o que fazemos nesse lugar?")


~Uh uh uhkey? Uhh uhh! ("Olha, você é novo, né? Mas é o slogan da cidade, 'Wyndon, onde você pode ser melhor do que ontem'!")


    Percebendo que Cramorant não sabia o que estava fazendo, Grookey escala a parede do elevador e aperta o botão do último andar. Então o pelicano e o peixe vão para o escritório de Rose.


~Myaah yah nyyah!  Rolando seu novelo de lã com um boneco de Duraludon mordido no meio dele, Meowth percebe Cramorant entrando, ficando curioso.


~Kraa! Kraa... ("Você pode morar aqui! Com...")

    As pupilas de Cramorant dilatam e ele começa a babar vendo os peixes no aquário. Arrokuda em seu bico sente nojo, mas olha para o vidro, pensando ser como um rio em miniatura.


~Karp?


Oleana: O QUE PENSA QUE ESTÁ FAZENDO?  Ela pegou Cramorant pelo pescoço quando o viu tentando se enfiar no aquário, quase o derrubando.  Eu falei pra Leuri não deixar você entrar aqui, essa garota é surda por acaso?!

~Kraaa!!
  Ele se debatia e Arrokuda se encolheu no bico dele, mas Oleana o percebeu.

Oleana: Mas o que temos aqui?


~Myaaah!  Saltando para cima de Oleana, Meowth tenta apanhar Arrokuda. A mulher solta Cramorant no susto, mas então...


~Kraaaa!!  Sentindo-se enjoado, Cramorant cospe Arrokuda como um míssil. Ele colide com Meowth e o derruba inconsciente.


~Kuda!! ("Isso foi demais, nós fomos incríveis!!")  Com os olhos brilhando, ele olha para Cramorant. Então começa a ficar sem ar, se debatendo no chão. 

Oleana: Oh...
  Ela percebe, pegando o peixe e o colocando no aquário com os outros.


    Voltando a encarar o aquário, Cramorant e Arrokuda ficam se olhando. Oleana cruza os braços, confusa com isso, quando ouve alguém entrando na sala e se vira para ver quem era.


Rose: Certo, Leuri, eu não aguento mais isso. Você quer ir para Crown Tundra? Então viajaremos para lá. Só por favor, pare de falar disso agora, me dê até o fim dessa semana para organizar tudo e então iremos, ok?


Leuri: Sério?! Ai que bom, Rose!! Estou doida para conhecer seu irmão!

Rose: É, vai ser uma maravilha...  Ele revirou os olhos, voltando a se sentar.  Oleana, a deixarei no comando enquanto estiver fora, certo?


Oleana: E-Eu no comando?! Ok, eu penso nisso melhor depois...  Ela leva uma mão até a testa e respira fundo, então mantém sua postura.  Leuri, o seu Cramorant de algum jeito veio até aqui com esse Arrokuda que coloquei no aquário, tem alguma explicação para isso?


Leuri: O quê? Cramorant saiu do jardim sozinho?  Ela vai até o pelicano, vendo o Arrokuda no aquário.  Nossa... É seu amigo?

Marnie: Eek!
  Na porta do escritório, ela se arrepia ao sentir algo gosmento passando por suas pernas.


~Doon!  Era Gastrodon, que se rasteja pelo carpete até Leuri. Oleana respirou fundo, contendo o ódio ao ver a gosma toda ali.

    Criando uma esfera de lama, Gastrodon a deixa parecida com uma Pokeball. Em seguida, a transforma numa mão de lama e aponta para Cramorant.

~Doooon! ("Precisa pegar o Arrokuda para o Cramorant, ele está até melhorando a memória, conseguiu voltar sozinho!")

Leuri: Quer que eu capture ele...?
  Tentou entender e Gastrodon assentiu com a cabeça.  Tá bom...

Rose: Nunca soube de alguém que quis treinar um Arrokuda, isso é mesmo novo.

Oleana: Tente isso, então
  disse, abrindo uma gaveta em sua mesa e entregando uma Pokeball azul com desenhos de ondas na capsula superior.  É uma Dive Ball. Pokemon peixes adoram, acredite, entendo bem disso.


Leuri: Obrigada, mas... Arrokuda pode continuar livre junto do Cramorant, não sei se ele quer ser capturado por mim.


~Dooon? ("Como se sente, Arrokuda?")


~Kuuu... ("Eu me sinto... pequeno.")  Começou a dizer, olhando para Cramorant e sorrindo.  Arrr kuda! ("Esse mundo tem tantas possibilidades, obrigado por me mostrar isso, agora eu quero conhecer todas elas!")

    Cramorant entortou a cabeça, não entendendo, mas Arrokuda riu e saltou para fora do aquário. A Feebas roxa escondeu-se com medo e Magikarp lacrimejou, pensando "Ele voa!". Leuri entendeu o recado e levantou Cramorant, colocando a Dive Ball no bico dele. O pelicano tentou engolir, mas a cuspiu e a bola bateu em Arrokuda, concluído a captura.


Leuri: Haha! Seja bem vindo, Arrokuda, será ótimo conhecê-lo!  disse, então liberando o peixe para dentro do aquário.


    Começando a dançar e fazer caretas, Arrokuda faz Cramorant lembrar-se de sua dança também, o acompanhando. Meowth fica emburrado por não poder comer o peixe, mas Rose o coloca no colo.


~Doon? ("Hey amigo, e como foi com aqueles Cramorant? Se conheceu melhor?")


~Kraaa! ("Hum... Sim, conheci!")

Continua


3 comentários:

  1. Eu não acredito que você fez um capítulo para explicar o ataque do Cramorant, ai eu amei como ficou fofo, ficou tão perfeito Cramorant se descobrindo e conhecendo o peixe suicida, imaginei eles cantando num mundo ideal enquanto sobrevoavam Wyndon, alias, Cramorant também aprendeu Fly aqui, kinda... xD
    É bem triste a história dos Arrokuda, não sentirem que servem para mais do que ser comidos e pescados, é como uma representação do mundo real, a pessoa nasce, cresce, vai para a escola, arruma um emprego, envelhece e morre, padrões da sociedade que nunca vão mudar, infelizmente... e para os Arrokuda ser algo normal é bem assustador, espero que o Arrokuda da Leuri tome uma atitude e inicie o sindicato dos peixes e façam manifestações por #PeixeLivesMatter
    Foi um capítulo bem relaxante sobre amizade e inocência, o medo do desconhecido e uma razão para sairmos da nossa zona de conforto e ir procurar mais da vida do que aquilo que estamos sempre fazendo...
    Até o Rose acabou sendo vencido pelo cansaço e decidiu ir para Crown Tundra e agora temos mais sobre as tapeceiras falsas. com esta nova aparecendo com aquele Pokémon a cavalo que eu não faço ideia de quem seja mas aposto que seja um Pikachu. O prefeito de Freezington pode ser uma boa pista do que está acontecendo.
    Ta vindo ai o Peony e a... ugh Nia...
    Amei esse capítulo, foi todo muito fofo <3

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  2. Amei o capítulo, adoro esses capitulos mais leves. E eu acho incrível como você consegue desenvolver a personalidade de cada Pokémon. Adorei a forma que você construiu a amizade do Cramont e do Arrokuda, fiquei pelo Arrokuda terem esse lance só servem para serem comido. E o Cramont de certa forma mostrou ele pode quebrar esse padrão de vida dos Arrokuda e que ele pode seguir vivendo e agora vivendo num aquário. E com isso Leuri fez uma nova captura, Também tivemos a Marnie que viu um tapeçaria que deve ser a verdadeira e não as falsas que os topetudos querem que pessoas acreditem. E de tanto a Leuri insistir, agora iremos para o Crow Tundra, onde finalmente iremos conhecer o Peony, ansioso para ver o encontro dele com o Rose.
    Amei o capitulo e desde já ansioso pelos próximos <3 continuaaaa o/

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  3. Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
    Esse capítulo foi muito fofo, eu acho que amo tanto capítulos e seu talento para escrever histórias simplistas, mas que dizem tanto e eu achei esse muito divertido, adorei a história inicial com a Marnie e a Leuri, gosto de como elas duas conversaram e achei maduro de certa forma Marnie ainda estar brigada com diego e leuri continuar falando com ela, a história da tapeçaria algo me diz que iremos não só vê-la, mas vivenciar um pouco de qual que seja a história que precisaremos conhecer e ai pouco tempo para a tundraaaa ai que tesão.
    Bom sobre o cramorant, gente senti mt pena dele não entendendo o que os outros diziam a ele, e particularmente me derreto muito fácil nesses capítulos que mostram seres com uma perspectiva diferente das que temos normalmente e achei tão bonitinho o modo como ele se definiu/quis ser grandão e eu não sei pq mas isso me arrancou sinceras risadas e um coração muito quentinho.
    Achei muito fofo o modo como ele interpretou se sentir grandão como algo incrível e essa dicotomia entre sentir-se de diferentes tamanhos, o capítulo foi lindo e o arrokuda fiquei triste com o modo como ele pensava que existia apenas para morrer e ao mesmo tempo ri muito das interações dos dois de modo que eles pareciam uma dupla dinâmica de uma animação clássica, e achei muito divertido O MOMENTO EM QUE ELE ACEITA QUE VAI MORRER E SORRI ME PEGOU MUITO.
    coitada da pescadora, acho que ficará traumatiza, eu se fosse ela nunca mais tentaria pescar nada.
    Adorei quando ele volta pro local, o arrokuda pensa um pouco sobre si e o modo como a captura aconteceu foi muito "cramorant" gosto de como Leuri esteve disposta a atender o pedido dos seus pokemons, mas se preocupou com a individualidade do peixe se ele gostaria ou não de ser capturado.
    ADOREI GASTRODON E CRAMORANT, eles dois vieram do mesmo lugar, então achei fofo que pareciam uma espécie de primos ou irmão mais velho e mais novo interagindo, ele falando que já iria buscar o cramorant me fez rir bastante.
    Oleana parece mais ligada a pescaria do que imaginei e em breve saberemos o porque e quais segredos esconde a tundra para Rose, foi um capítulo incrível para mim, estou curioso pelo próximo <3

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