terça-feira, 4 de março de 2025

Kitakami Special #3 - Pocket Veganas

 Tec Tec Tec
Tec Tec Tec



    Dan terminava uma postagem para divulgar sua nova matéria sobre a situação atual de Diantha. Ele foi perspicaz ao perceber que seu alvo preferido, a Campeã de Kalos, estava agindo diferente, sendo vista ajoelhada rezando na igreja, na feirinha empurrando carrinho de compras e até tomando café barato, tudo isso o levou a persegui-la até a região de Kitakami onde finalmente descobriu o que se passava... em partes.



    Quando já estava iniciando uma nova postagem, ele percebeu que estava travado, não conseguindo pensar numa ofensa mais criativa para direcionar ao Coordenador Brendan, outro dos seus alvos preferidos. Apagando o que havia escrito, baixou a tela de seu Notebook, decidindo pensar.


    Estava sentado num banco em Mossui, de noite, roubando wi-fi do Motel Volbeat & Illumise. O matsuri havia acabado e Diantha não tinha ido embora com as duas amigas, então ela não veio só para isso. O que mais poderia trazê-la até ali quando estava tão miserável?



    O som do camburão passando na rua cortou seus pensamentos, mas o deu outra ideia. Ele decidiu perseguir o veículo, conseguindo se agarrar na traseira dele quando este parou num sinal. Usando uma unha postiça, ele conseguiu destrancar o compartimento onde os presos ficavam, encontrando Jasmine, acusada de coordenar Pokemon, e o Dipplin acusado de tentativa de homicídio no matsuri, sentados.

 — A fofoca precisa da ajuda de vocês — disse baixinho aos dois.



    Os dois olharam preocupados para Dan assim que foram liberados das algemas. O policial que dirigia era o mesmo que parou Mightyena mais cedo no matsuri, e ele estava com fones de ouvido felpudos com orelhas de Skitty, nem se dando conta do que acontecia. Então, aceitaram ir com o fofoqueiro, deixando o carro seguir caminho pela estrada.


*Ouça para a introdução*

LEURI ADVENTURES APRESENTA...



ESTRELANDO...


KITAKAMI SPECIAL

#3 - Pocket Veganas



 — Gueeeeist!


    Estava uma manhã enevoada nos arredores de Mossui, uma área conhecida como Colina das Maçãs, e diferente do Jogo do Raikou que era uma propaganda enganosa em que Diantha acreditou, aqui realmente estava repleto de macieiras, deixando o cenário bem bonitinho. A Gourgeist da Campeã voava recolhendo algumas frutas para comer junto dos demais Pokemon dela.


    Estavam todos soltos fazendo um piquenique onde todas as opções eram maçãs. Nidoking se divertia colocando várias delas em seu chifre, como se ele virasse um espetinho, e Togekiss vinha humilhá-lo achando ridículo um Pokemon daquele tamanho fazendo uma palhaçada dessas, felizmente Nezly separou a briga antes mesmo dela começar, encantando as maçãs para que dançassem com todos.

 — Guuus! — Uma maçã se desfazia na sombra de Runerigus, que parecia estar se alimentando assim, bastante feliz.

 — Voir. — Gardevoir relembrava que ninguém ali deveria julgar o amiguinho em público, apenas no privado.


 — Então é assim que os pobres se sentem! — Diantha pegou uma das maçãs encantadas por Nezly, mordendo-a e falando de boca cheia. — Comendo o que provém da natureza, agradecendo pelo pouco quase nada que eles têm direito, fingindo felicidade! Eu admiro cada vez mais os alolanos, performers, Alder e todos esses adeptos a esse estilo de vida, são tão corajosos.

 — Gaaardevoir — sua parceira concordou, mastigando já a segunda maçã.

 — Isso, meu amor, come bastante que você ficou muito magrinha desde que perdemos tudo.


    Terminando de comer, Gardevoir sentou-se em uma pedra, com as mãos sobre o vestido, apoiadas nos joelhos. Ela olhou para o horizonte cheio de maçãs, e respirou fundo.


 — Nós vamos nos recuperar, eu tenho certeza — Diantha sentou-se ao lado dela, dividindo o espaço da pedra. — Já passamos por coisa pior. O e-mail dizia que só precisamos ficar até o Festival das Luzes, não falta muito tempo. Estou até gostando de ter dias mais tranquilos... Quer dizer, quando foi a última vez que fizemos isso?

    Diantha abriu os braços e Gardevoir contemplou seus amigos se divertindo. Agora, Nidoking e Togekiss faziam um campeonato de quem acerta o ataque mais longe no rio. Nezly era o juiz, e Gourgeist e Runerigus estavam sentados juntos, encostados um no outro, observando. Gardevoir sorriu de lado. Realmente, um momento de calmaria fazia falta.


 — Hmm? — Diantha notou algo estranho vindo das macieiras, percebendo um vulto, então se levantou. — Drasna se for você, mostra essa cara feia!

    Diantha percebeu que, quem quer que fosse, estava fugindo por entre as macieiras, então correu nessa direção para tentar descobrir quem era. Por algum motivo, aquilo parecia suspeito para ela, tinha certeza que estava sendo observada.

 — Ai! — Diantha tropeçou numa maçã caída, precisando se equilibrar para não cair, mas sentiu alguém segurando nela. — É você!!


 — Sou eu o quê, sou eu o quê?! Repete se for homem!! — Era Carmine, que logo soltou Diantha, querendo briga.


 — Eu hein, eu sou mulher, e mulher vegana! — Diantha se afastou, limpando as mãos na blusa. — Por que você tava me observando? Eu não gosto dessa fruta não!

 — Guus? — Runerigus ficou triste, já que ia oferecer uma maçã para ela agora mesmo, e Gourgeist o consolou.


 — Eu não tava te observando nada, você acha que eu não tenho o que fazer? — Carmine cruzou os braços. — Estava vindo fazer um treinamento com a Natália quando você veio me agredir.

 — Então foi um mal entendido, querida, que eu não agrido mais ninguém desde que descobri que isso custa caro no final — Diantha confessou, com uma mão na cintura.

 — Voir! — Gardevoir baixou-se, percebendo que havia algo cremoso e esverdeado no chão.

 — Que isso, catarro? — Carmine sentiu nojo, botando a língua para fora enquanto Diantha analisava o creme na mão de Gardevoir.


 — Isso não veio com você? — Diantha a encarou.

 — É claro que não!

    Olhando para o fim das macieiras no horizonte, Diantha ficou desconfiada, alguém havia deixado aquilo para trás, e se não foi mesmo Carmine a observando, quem seria?

 — Mas vem cá — Carmine a cutucou. — Você mencionou ser vegana, é verdade isso?

 — Depende, você é jornalista?


 — Eu tenho um desafio para te fazer! — Ela se afastou, apontando uma Pokeball para Diantha. — Você lidou bem com aqueles Houndour ontem, mas como eu te disse, ninguém me vence nessas terras! Te desafio para uma batalha, e se eu ganhar, você tem que atender um pedido meu!

 — Já falei que não curto, amiga — disse Diantha, mas Carmine liberou sua Pyroar Natália, que rugiu mostrando seus dentes extremamente brilhantes. — Mas se insiste em ter uma batalha comigo...

 — Garder! — Gardevoir assentiu quando Diantha olhou para ela, já se posicionando.



    Gardevoir e Pyroar Natália estavam frente a frente, entre várias macieiras e maçãs caídas pela grama alta. Diantha estava calma, e Carmine a encarava com o olhar sério. Os demais Pokemon da Campeã se aproximaram para ver o combate.


 — Aqui vamos nós! — Carmine estendeu a mão para iniciar o combate, com sua Pyroar rugindo. — Natália, demonstre o melhor Fire Blast de Kitakami!



    A leoa eriçou seus pelos enquanto sua juba tornava-se incandescente. A luz refletia nas maçãs nas copas das árvores, e Diantha admirou isso, observando a execução do movimento. Natália rugiu chamando o fogo para sua boca, e com um rosnar ele crepitou assumindo a forma de uma estrela flamejante em expansão.


 — Muito bem, Gardevoir! — Diantha também esticou o braço, e sua parceira deixou o corpo leve enquanto seu vestido começava a esvoaçar. — Recolha essas maçãs!


    Liberando seu poder psíquico ao seu entorno, Gardevoir encantou as maçãs caídas, fazendo-as dançarem ao seu redor antes de se empilharem numa muralha. A estrela de fogo feita por Natália as tostou, mas quando as chamas sumiram, Gardevoir não estava mais ali.
    Carmine olhou ao redor tentando encontrá-la, então Gardevoir deslizou pela grama, dando giros graciosos antes de revelar que estava rodeando sua oponente.


 — O que está fazendo? — Carmine rangeu os dentes, cerrando os punhos. — Fire Fang, Natália!



    Tentando atingir Gardevoir, Natália incandesceu suas presas, mas a parceira de Diantha dançava em sua própria aura psíquica, desviando de todas as investidas. Quando finalmente se viu encurralada com as costas no tronco de uma macieira, ela ergueu a cabeça, encarando a Pyroar em seu salto.


 — Gardevoir — disse Diantha, estalando os dedos. — Moonblast!



    Gardevoir esticou seus braços, deixando seu poder fluir pelo ambiente, afastando a neblina característica e fazendo surgir uma lua artificial. Sob a luz proveniente dela, no momento em que Natália veio ao seu encontro, ela segurou em seu corpo, trocando as posições de forma tão suave como um passo de dança.



    Confusa, Natália sentiu as chamas se dissipando de sua boca, e ao olhar para cima, Gardevoir estava deslumbrante na luz lunar que modificava toda a atmosfera. Uma imensa esfera de vários tons de rosa com um núcleo brilhante se formava diante da fada, que empurrou os braços para frente, lançando-a sobre sua oponente. Natália rugiu em desespero quando um clarão tomou conta do campo de maçãs, encobrindo a visão de Carmine.


 — O q-quê...?! — Ela aos poucos conseguia enxergar conforme a luz enfraquecia.


    Na sombra da macieira, Natália estava caída e inconsciente, tendo sido derrotada pela soma do cansaço das tentativas de acertar seus ataques em Gardevoir com o Moonblast que a atingiu diretamente num golpe crítico. Carmine correu até ela, ajoelhando-se na grama e apoiando o rosto da Pokemon em suas coxas, enquanto seus olhos se apertavam com a testa.
 

 — Eu nunca vi alguém lutando dessa forma por aqui... — Carmine pensava, acariciando a cabeça da Pokemon e sentindo seu hálito quente. — Quem... Quem é essa mulher?

    Dando um leve susto em Carmine, Diantha estendeu uma mão na frente do rosto dela. Suas unhas estavam pintadas com as setes cores do arco íris em apoio aos Coordenadores.


 — Sua Pyroar conhece movimentos bem fortes.

 — Pff. Eu só estava aquecendo! — Carmine retrucou, ignorando o gesto de Diantha e se levantando sozinha.

    Diantha suspirou e colocou as mãos na cintura.


 — Tá bom então, mas agora me conta ou eu vou ficar ansiosa a noite toda, o que era esse pedido que você ia me fazer? Já aviso que se for dinheiro, pode esquecer. Minha Gardevoir tá vivendo de maçã e meu Runerigus tá tão miserável que tá considerando ir pro Além Vida de vez, porque nem ele aguenta mais esse plano material, e ninguém pode julgá-lo!

    Carmine revirou os olhos e bufou.


 — Não é dinheiro, sua maluca! É o restaurante dos meus avós. Ele tá passando por dificuldades, e se continuar assim, vai fechar as portas… — Ela apertou os punhos. — Eu tô tentando de tudo pra salvar esse lugar.

    Diantha arqueou uma sobrancelha.


 — Restaurante, é? Você me arruma uma marmitex com coquinha?


 — É um restaurante vegano! — explicou Carmine, ganhando um brilho no olhar, o que chamou atenção de Diantha. — E já que você é uma mulher vegana, bonita e articulada, pode ajudar na divulgação hoje à noite. Vai ser um evento decisivo! Precisamos encher a casa e mostrar que o Sítio do Pikipek Amarelo ainda tem salvação!

    Diantha fez uma pausa dramática e passou a mão no cabelo, já calculando suas opções.


 — Ah, então você tem sorte, porque além de tudo isso… eu também sou atriz e influencer!

 — Você é atriz? — Carmine piscou, confusa. — Achei que fosse só fingida mesmo.

 — Claro, meu amor! Eu sou multifacetada, e a melhor em tudo que faço, até mesmo em comer de graça.

 — Espera…


 — Sim. — Diantha piscou com um olho só, mas antes de Carmine comemorar, ela levantou o dedo indicador na altura dos lábios dela. — Eu te ajudo, mas em troca de um prato de comida!

 — Eu acho que podemos negociar.



    Enquanto Carmine e Diantha continuavam a conversar, Gardevoir olhou novamente para o horizonte além das macieiras, tendo a certeza de que algo não estava certo por ali.




    E por incertezas, Agate estava sentada na cama de solteiro colada à janela. A vista não dava para fora, apenas para o estacionamento, onde alguns carros velhos e um Ursaring que se identificava como um veículo de transporte estavam parados. O carpete antigo do quarto carregava um cheiro abafado, misturado ao perfume barato que Diantha borrifou em todo canto antes de sair.


    Do vidro meio embaçado, ela viu uma silhueta conhecida. O Druddigon de Drasna estava do lado de fora, caminhando com a senhora Schonfeldt, a polêmica namorada com quem ele viajou para Kitakami. Estavam de mãos dadas, indo para um dos carros fazer coisas proibidas em todas as regiões possíveis. A imagem deveria ser engraçada, mas tudo que Agate sentiu foi um aperto estranho no peito.


    Ela desviou o olhar e pegou o celular quando este vibrou, já no automático. Ao desbloquear a tela, a foto que usava de plano de fundo a prendeu a atenção, era ela lecionando para uma classe na Academia Blueberry, com um livro escarlate e violeta nas mãos. Seu peito pesou. Não queria ver aquilo agora.


    Antes que pudesse trocar a foto, uma notificação surgiu na tela. Mensagem de um número não salvo. Ela sabia quem era. Bloqueou a tela no mesmo instante, largando o celular de lado como se queimasse em suas mãos. Então, levou as mãos à cabeça.


    Sentada no chão, mas encostada na cama, Briar passava os dedos pelo corpo de uma insígnia redonda nas cores de uma Ledyba, com algumas falhas na pintura pelo tempo. O metal frio refletia a pouca luz do ambiente, girando entre os dedos dela, devagar.
    Agate quebrou o silêncio.


 — Amiga… como você sabe que a decisão que tomou foi a melhor possível?

    Briar parou de girar a insígnia, mas não levantou a cabeça.


 — Você tá falando de alguma coisa específica?


 — Acho que não. Ou sim. Talvez... Você já ficou com medo de olhar pra trás e perceber que… sei lá, errou?

    Briar demorou um momento para responder, ainda observando a insígnia.

 — Você quer conversar?



    Antes que Agate pudesse dizer qualquer coisa, um estrondo sacudiu a porta do quarto e as duas quase saltaram.


    A enfermeira Primeape apareceu do outro lado, batendo os pés tão rápido e com tanta força que algumas tábuas se levantaram.


 — PRIIIIME! PRIMEAPE, UH!

    A Primeape irritadíssima deu lugar à Diantha, que surgiu atrás dela, sorrindo e ajeitando o cabelo.


 — Arigatô gozaimais, flor! Depois eu trago um agrado pra você, domo sayonara honda civic! — Diantha despediu-se num idioma que ela inventou achando que a Primeape era fluente.


 — Na terceira vez é mais engraçado? — Briar perguntou, se levantando.


 — Diantha, pelo amor de Arceus, aprende o caminho logo pra essa brutamontes não ter que ficar te arrastando pra cá toda vez! — Agate deu bronca enquanto Diantha ria.


 — Relaxem, meninas, porque temos uma missão para hoje! E essa missão é vegana!!

    Briar e Agate se entreolharam, sabendo que podia ser qualquer coisa vinda daquela ali.





    Diantha não havia pensado muito a respeito do nome do restaurante, mesmo Carmine o tendo mencionado antes. Era o Sítio do Pikipek Amarelo, como podia ler bem grande num letreiro pintado com tinta verde, o que deixava Briar com dúvidas da identidade visual daquele lugar. O restaurante ficava em uma das áreas mais tranquilas de Mossui, afastado da parte urbana, cercado por árvores de apricorn e um laguinho onde Remoraid gordos nadavam sem rumo de um lado a outro.


    O restaurante era uma casinha de madeira rústica, decorada com flores e trepadeiras nos pilares da varanda, dando um toque bucólico à entrada. Algumas Chikorita deitavam pelo jardim, admirando as Hoppip voando, enquanto um grupo de Sunkern servia de enfeites vivos nos vasos, estes escalados por Sewaddle duvidosos.


    O lugar cheirava a ervas frescas e um leve aroma de terra úmida, algo que Diantha tentou ignorar ao máximo enquanto ajeitava os óculos escuros e se equilibrava no salto. Estava com um novo traje, todo na cor preta, representando seu luto pela perda financeira e sua mudança para a skin atriz. Ao passar pela cerca de madeira, suas amigas já estavam na frente, absorvendo o ambiente vegano, de braços abertos para o sol que logo foi encoberto por um Skiploom.


 — Eu achei muito agradável! — disse Briar, vendo uma Chikorita caminhando.


 — Nossa, eu também!! — Diantha forçava seu melhor sorriso para a Chikorita.


 — É um restaurante temático, bem divertido — constatou Agate, dando licença para outra Chikorita,


 — Visitas! Visitas mulheres! — gritou um papagaio amarelo com topete, saindo de dentro do restaurante e contornando as três veganas. — Bolacha!


 — Bolacha é você, me respeita que tô vindo trabalhar! — Diantha tentou estapear o papagaio, mas ele desviou rindo.


 — É puta! É puta! Dá Oscar! — ele continuou.

 — Já tô me arrependendo, esse bicho tá me ofendendo — Diantha cruzou os braços, mas agora Carmine saía de dentro do restaurante.

 — Calma, amiga — Agate segurava o riso, diferente de Briar. — Ele é só um papagaio.


 — Então vocês já conheceram o Pikipek amarelo — disse Carmine, flexionando um braço para o pássaro pousar, agora todo inocente bicando por baixo de uma asa. — Ele não é uma gracinha?


 — Não. — Diantha resmungou. — Deixa eu entrar logo que tô me sentindo mal aqui!

    Diantha desviou de uma Chikorita e entrou no restaurante, agora longe das Chikorita ela se sentia mais leve e tranquila. Foi quando...

 — Kieran! — Agate reconheceu o garoto largado numa das cadeiras, estourando um chiclete.


 — Olha, é você — o menino twink sorriu de lado. — Bateu a ressaca de ontem?


 — Nem fala... — Ela o cumprimentou. — E em você?

 — Meu corpo já se acostumou, nem faz mais efeito em mim. — Ele sorriu e os dois riram.

 — Ah, vocês conhecem o meu irmão? — Carmine perguntou, fechando as portas do restaurante.


    Diantha achou engraçada a diferença de altura dos dois, mas talvez fosse só a brisa do lugar mesmo que a estivesse contagiando. As luzes acenderam-se e ela pode observar o ambiente por dentro, com as mesinhas ainda desmontadas porque o lugar só abriria pela tarde.


 — Eu só tenho uma dúvida — Briar se aproximou do papagaio. — Vocês sabem que isso não é um Pikipek, não é?

    Todas ficaram em silêncio.

 — Do que está falando? — Kieran cruzou os braços.


 — Isso é um Squawkabilly. Não são comuns nem nessa região nem nas mais próximas, mas definitivamente não é um Pikipek.


 — Claro que é, é um Pikipek amarelo, que maluca! — Carmine revirou os olhos, liberando o papagaio para voar pelo restaurante. — Ele é dos meus avós, também é o mascote aqui do restaurante. Os clientes o adoram!

 — Jura? Não consigo imaginar o porquê... — resmungou Diantha.

 — Ah, falando neles… — Carmine desviou o olhar para os fundos do restaurante. — Lá vêm os meus avós.


    As portas da cozinha se abriram, e um casal de velhinhos surgiu. A avó era baixinha e gordinha, com um coque branco impecável e um avental cheio de desenhos de Oddish. O avô era magro, de barba longa, usando um boné que dizia “Plante Isso”.

 — Carmine, minha neta! — A avó abriu os braços e puxou Carmine para um abraço apertado.

 — Minha fralda tá cheia. — O avô comentou do nada, sorrindo amável.

    Diantha ajeitou os óculos escuros e sussurrou para Agate.

 — Lysandre me prometeu que eu não ia acabar assim... Que ele esteja certo pelo menos nisso, em nome de Arceus!

    Squawkabilly sobrevoou o casal de idosos antes de pousar na cabeça do avô. Já a avó, que parecia mais sã, encontrou os visitantes com um sorriso caloroso.


 — Que bom que vocês vieram! Carmine disse que traria gente bonita hoje!

 — Ela disse isso? — Agate arqueou uma sobrancelha.

 — Eu disse hippies falidas. — A garota deu de ombros. — Mas gosto de saber que foi interpretado de forma positiva.

    A avó riu e apertou as mãos de Briar e Agate, enquanto Diantha se mantinha atrás, ainda digerindo o ambiente cheio de plantas nas paredes.

 — Estamos muito felizes de ter vocês aqui! Nosso restaurante precisa de uma ajudinha para se destacar na cidade.


    O avô tossiu e acrescentou:

 — O Senhor Pocket vem avaliar o restaurante hoje à noite. Se ele não gostar, é capaz de nos cortar do mapa. Tem macarrão no meu nariz.

 — O quê? — Briar franziu a testa, preferindo ignorar a última parte sobre macarrão. — Como assim cortar do mapa?


 — Ele é o prefeito de Mossui, mas também decide quais negócios têm futuro na cidade. — Kieran explicou. — Ele “sugere” quais lugares devem ser priorizados, e quem não tem apelo acaba falindo rapidinho.


 — Basicamente, ele lucra com os comércios locais. Se um restaurante vai bem, ele dá um jeitinho de estar envolvido nos ganhos. Se não vai, ele se livra dele pra abrir espaço pra outro. — Carmine concluiu.

 — Ele me lembra alguém... — Diantha coçou o queixo tentando recordar, mas um quadro de duas Chikorita a desestabilizou.

 — Mas ele tem um ponto fraco... — O avô abaixou a voz, como se revelasse um segredo.

 — Ele é obcecado por TCG Pocket. — completou a avó, com um suspiro.

    Agate e Briar se entreolharam.


 — TCG Pocket, tipo, o jogo de cartas? — Agate perguntou.


 — Esse mesmo, só se fala disso aqui em Kitakami!


 — Meu Arceus! É por isso que o nome dele é Senhor Pocket? — Briar levou as mãos até a boca. — Eu pensei em tantas outras analogias...

 — Pois é moça, ele tem esse nome porque gosta tanto do jogo que as pessoas começaram a chamá-lo de Senhor Pocket. — continuou a velhinha.

 — Então já sei como vamos conquistar ele. — Agate cruzou os braços, pensativa. — Vamos fazer um torneio de TCG Pocket aqui no restaurante!


 — Isso faz sentido… — Briar murmurou. — Eu via alguns alunos jogando na Blueberry Academy, tinha alguns fãs.


 — Quantos fãs? — Agate estreitou os olhos.

 — Cinco. — Briar contou nos dedos. —  Mas um era uma IA.

    Diantha bateu palmas.


 — Ótimo, então temos um plano. Eu vou movimentar as redes sociais para todas virem se deliciar aqui, e vocês duas organizam esse campeonato! Chamem todas que puderem!


 — Que bom que você também vai ajudar na divulgação online! Pode trabalhar junto com a Ororo Ivy! — Kieran sorriu e Diantha fez bico, não sabendo que seria uma collab, quando escutou o barulho dos saltos da drag queen.



— Bonecas, yuuuuuhuuuul! Eu cheguei! — A drag quase bateu a peruca no teto, gargalhando a seguir. — É isso mesmo, queridinhas! Vamos salvar esse restaurante!!


 — Creeeaaamie! — A Alcremie vegana jorrou creme para o alto.

    Ororo pegou Diantha pelo braço e a puxou para o centro do restaurante, rindo enquanto ela pedia socorro.


 — Bonecas, vamos precisar de um ring light e um filtro que me deixe belíssima. — Ororo Ivy rodopiou pelo restaurante, tirando o celular do meio dos peitos. — Vou divulgar até no Notável.com! Quero ver se esse restaurante não lota hoje à noite!


 — Ai, não pode ser tão difícil assim. — Diantha pegou um dos cardápios e torceu o nariz ao ver a ilustração de uma Chikorita sorridente com um garfo e faca. — Ok, talvez seja um pouquinho difícil.


 — Mulher, mas você tem que acreditar no conceito! Vamos focar na comida vegana! — Ororo jogou um braço ao redor dos ombros de Diantha, arrastando-a para perto do balcão, onde a Alcremie vegana já estava postada.

 — Creamie!

 — Isso é de comer…? — Diantha via as fotos dos pratos no cardápio.


 — É orgânico, sustentável e não agride o meio ambiente! — Ororo acenou para a câmera do celular, já iniciando a live na plataforma PikiPek. — Oi, minhas lindas, minhas bombas de Venoshock! Eu estou AQUI no restaurante da família da Carmine, o Sítio do Pikipek Amarelo, salvando um patrimônio cultural e promovendo um cardápio vegano revolucionário!

    Diantha sorriu para a câmera, forçada.


 — Exatamente, amores... Aqui vocês encontram pratos deliciosos que… hm… exaltam os sabores naturais da culinária... é... vegetal... — Ela piscou ao notar um prato sendo colocado à sua frente. — O que é isso?

 — É um hambúrguer de folhas de Chikorita!

 — Ai... meu Arceus.


 — PROVA NA FRENTE DA CÂMERA! — A drag puxou Diantha para mais perto do prato, enquanto milhares de corações pipocavam na tela da live. — A usuária DRASNADRAGOA falou que ela vai doar dinheiro para a causa se você comer o hambúrguer!


 — Fudida, desgraçada, essa velha dinossaura não tem o que fazer, fica no celular o dia todo — Diantha praguejou baixinho, e começaram a subir interrogações na tela da live. — Isso estou falando da Lusamine, gente, calmaaa!! — Agora sim subiam muitos corações.

    Diantha enfim pegou o hambúrguer, tremendo. Seu nariz cheirou aquilo enquanto Ororo Ivy descrevia de onde vinha o tempero natural daquilo. Ela mordeu. Mastigou. Quase chorou.


 — Mmm! — Sua voz saiu embargada. — Que delícia... Eu nunca... senti algo tão... fresco...


 — É isso, meninas! Aqui não tem exploração animal, apenas amor e clorofila!

    Nos comentários, os seguidores reagiam.

@Primeapera: "#$%&%&#@#@¨@#¨%@#!_%(@#¨#@@#%"
@JunichiMasuda: "Apaga essa live agora meu tou avisando apaga issooo"
@AlolanoVegano96: "O veganismo salva vidas Confira já meu conteúdo no privacy!"
@QuasarJettOficial: "Ô.Minha.Netinha..Da.Vo.Vó.Bença.Te espero no.Churrasco.Do Xerosic.Bjo." 
@RosanthaReal: "Tem Chikorita nesse restaurante??? Sai daí AGORA!"


    Diantha engoliu em seco e sorriu mais uma vez para a câmera, enquanto discretamente cuspia um pedaço da folha na bolsa.
    Enquanto isso, pela cidade, Agate e Briar estavam no recrutamento pesado.


 — Você joga TCG Pocket? — Briar segurou um panfleto na cara de um jovem.


 — Hm, não, só Azoth Kombat.

 — Agora joga. — Ela enfiou um baralho na mão dele e empurrou na direção do restaurante.


    Mais à frente, a Mightyena solitária vagava pela calçada, como sempre sem ter o que fazer da vida porque se tivesse estava em outro lugar. Ela parou ao ver um dos cartazes pregados num poste, então olhou para os lados, o pegou com a boca e seguiu andando.


    De trás de um arbusto, Dan observava tudo com olhos semicerrados. Ele cutucou o ombro de Jasmine, que saiu correndo e arrancou o panfleto da boca da Mightyena, antes de vários policiais se jogarem em cima dela. Dan então pegou o panfleto de sua mão, voltando ao seu esconderijo, lendo sobre o torneio de TCG Pocket.


    Já era noite quando os clientes começaram a encher o restaurante. Diantha mal acreditava. As mesas estavam lotadas, e a drag Ororo Ivy não parava de desfilar de mesa em mesa para garantir que todas provassem as entradas veganas. Os avós de Carmine e Kieran trabalhavam como nunca, recebendo ajuda dos netos para darem conta de todos os pedidos.


 — Clientes! Clientes! Veganos!! Veganos!! — O "Pikipek Amarelo" voava por cima das mesas.

 — Nossa, mas não tem nada com carne? — Uma menina perguntou para Ororo Ivy, que levantou uma sobrancelha.

 — Querida, acho que já estava muito claro que aqui é um restaurante vegano, não acha?

 — Ignorei aspectos que eu mesma criei porque eu esqueci. — Ela já ia se levantar para ir embora, quando a drag a empurrou de volta para a cadeira de madeira.

 — Bebê, você só daqui depois do campeonato de TCG Pocket, pode ir montando seu baralho aí!


 — Sejam bem vindas! — Carmine cumprimentava um casal que chegava no restaurante, alegando que vieram por indicação da Diantha.

 — Fraude! Falsa! Carnívora! — Squawkabilly gritava até Diantha esbugalhar os olhos e o agarrar no ar.

 — Cala essa boca!!


 — FRAUDE! ME DÁ CIGARRO! ELA NÃO VAI VER! — Ele continuava tentando gritar, mesmo com Diantha agarrando seu bico, e alguns clientes se incomodavam. O avô de Carmine e Kieran levantou os ombros, não sabendo com quem o pássaro havia aprendido aquilo.


    Diantha se sentia profundamente ofendida com as palavras de Squawkabilly. Ela queria acreditar que o papagaio estava errado, por outro lado, algo no fundo de seu peito sabia que o louro poderia estar certo.

 — Vem cá, eu vou te mostrar o que é fraude... — Diantha o aproximou de uma panela dentro da cozinha, o deixando muito agitado.

 — AIIIIHIIIIII, CHAMA A PETA! CHAMA A PETA!!

    Kieran segurou o braço dela antes que a campeã tentasse argumentar com um papagaio ou fizesse algo pior.

 — Aff, eu sou vegana sim! Se vocês soubessem algo sobre veganismo, não ficavam julgando os outros por comerem um presuntinho escondido de madrugada! Que mal isso faz?


    O restaurante estava lotado e barulhento, quando um burburinho tomou conta do ambiente. Todos os olhares se voltaram para a porta, onde um velho careca de suéter roxo, acompanhado por dois seguranças, entrava no estabelecimento com um sorriso presunçoso. 

 — O grande e inigualável Senhor Pocket chegou nesse muquifo! — Ele anunciou, passando pelo salão enquanto algumas pessoas fingiam aplaudir por educação.

    Carmine já havia preparado uma mesa especial para ele. A toalha verde cheia de estampa de Chikorita sorridentes o aguardava.


 — Isso aqui é um atentado ao meu bom gosto. — Ele resmungou, franzindo o nariz. — Quem foi o insano, digo, o vegano, que pensou que Chikorita era aceitável para ser escolhida como decoração?

 — Fui eu, problema? — Carmine cruzou os braços, encarando-o.

 — Bom, agora faz sentido. — Ele se abanou dramaticamente antes de se sentar. Olhou para o menu com desconfiança. — Nada disso é comida de verdade. Acho que vocês vão ter o mesmo destino do Lobby das Bellossom!

 — Eu acho que você deveria parar de falar besteira e experimentar. — Diantha surgiu ao lado da mesa, forçando um sorriso. — A culinária vegana pode ser surpreendente.

 — Só se for surpreendentemente ruim. — Ele riu, ignorando o olhar mortal que Carmine lançou para ele. Diantha também estava rindo, até perceber o inconveniente, e mudar sua postura. — O que vocês fazem aqui é... é um absurdo! Quem em sã consciência come isso?


 — Você nunca experimentou salada? — Diantha cruzou os braços.

 — E eu lá pareço um Dodrio para comer mato?

    Já que o prefeito ainda estava ali, o torneio de TCG Pocket teve seu início antecipado, porque a qualquer momento parecia que ele iria embora e isso prenderia sua atenção. A organização estava questionável. algumas pessoas nem sequer sabiam montar um baralho, e tinham várias Chikorita inscritas.


 — Você vai ter que participar, Briar, assim não dá! — Agate terminava de preencher a ficha da sexta Chikorita inscrita. — Precisamos de mais número!


 — Talvez eu saiba uma coisinha ou duas... — Ela pegou seu baralho, assentindo para Agate.

    As partidas começaram, e o Senhor Pocket se mostrou mesmo muito bom, eliminando uma Chikorita sem perder nenhuma carta. Briar caiu contra uma mulher com um bigode claramente falso, suspeitando que fosse Jasmine, mas preferiu não criar mais brigas, e ainda conseguiu vencê-la.



 — Dipplin! — disse o Dipplin.

 — Você não ia ser preso? — perguntou Senhor Pocket.


 — Dipplin. — o Dipplin desistiu da partida.



 — Miiigrrrr! — Mightyena esperava vencer, mas Briar curou sua carta de Espeon, resistindo à condição de veneno que estava submetida, e então finalizou, eliminando-a.

 — Você é ridícula! — Senhor Pocket terminou com a menina que esperava uma churrascaria, e ela saiu reclamando que não sabia que precisava jogar para vencer.


 — Haha!! — Briar conseguiu evoluir uma de suas cartas e ganhar o último ponto contra a Enfermeira Primeape, que virou a mesa de cabeça pra baixo, derrubando todas as cartas no chão.

    Briar estava surpresa com seu desempenho no jogo. Estava divertido competir, e quando percebeu, estava classificada para a final. Para definir seu oponente, Senhor Pocket disputava com Dano, seja lá quem fosse esse, embora parecesse familiar.

 — E eu evoluo meu Pikachu para Raichu — disse Senhor Pocket, causando um AVC em várias crianças de 30 anos, e colocando uma carta sobre a outra. — E com Volt Tackle, acabei com sua Roselia! CHUPA!

 — Nhe. — Dano deu os ombros, aceitando a derrota, enquanto Senhor Pocket fazia uma dancinha esquisita comemorando. — Mas... Eu tenho um movimento final.

 — Tá doido? Você perdeu! — Senhor Pocket franziu a testa.


 — Eu quero que você me fale... Sobre o jogo do Raikou! — Dano retirou seu chapéu, revelando ser Dan esse tempo todo, mas ninguém reagiu porque ninguém conhecia ele.

 — Jogo do quê?


 — Não se faça! Você deu golpe em Diantha!! Ela tá pobre por sua culpa!

 — Hein? — Diantha quase caiu do salto, se equilibrando em Squawkabilly, e terminando por enfiá-lo por acidente na panela.

 — Eu não dei golpe em ninguém! Eu sou homem honesto, eleito por Kitakami!!

 — Honesto até demais, se me permite dizer — Dan se levantou, caminhando ao redor de Senhor Pocket enquanto os clientes aguardavam uma explicação. — Um velho rico, gastador, viciado em jogos... Querendo acabar com a Jasmine e com a barraquinha do Dipplin, tentando incriminá-los... Não sei vocês veganes, mas para mim, esse é o homem perfeito para ser o responsável pelo Jogo do Raikou!


 — MAS EU NÃO SOU! — O prefeito bateu os pés, e Dan fez uma pausa dramática.


 — Ah. Tá. Então foi mal.


 — Quê? — Diantha ficou indignada. — Pera aí, para a gravação! Primeiro, como você sabe do Jogo do Raikou? E segundo, você o incriminou e só por ele ter negado, vai acreditar?!


 — Meu amor, eu sou a informação, não a confirmação — Dan piscou para ela, dando os ombros. — Podem continuar aí com o torneiozinho de vocês.

 — Eu acho que eu já ganhei! — Senhor Pocket voltou a ficar feliz, mas Briar levantou a mão.


 — O que tá fazendo? Ele já tá satisfeito! — Agate a perguntou, mas ela se manteve firme.


 — Senhor, ainda falta me vencer para decidirmos quem é o campeão do torneio!


 — Não seja por isso! — O prefeito abriu um sorriso traiçoeiro.

    Briar deu um sorriso de lado e se sentou, determinada. Ela e Senhor Pocket embaralharam suas cartas e compraram seis cada, iniciando a partida. Os clientes do restaurante estavam interessados na disputa, percebendo que nenhum lado iria se entregar fácil, então fizeram mais pedidos para acompanharem, e Ororo Ivy se dividia para conseguir anotar tudo.


    Ela logo conseguiu evoluir sua carta de Eevee para Espeon, derrotando o Haunter de Senhor Pocket, que quase rosnou com raiva. Ela preferiu recuar sua carta principal, seguindo o jogo. Ambos estavam equilibrados, alternando quem estava na liderança da partida, até só restar uma carta para cada um. 


    Briar sentiu o suor em sua testa, suas pernas tremiam e ela olhava para o que tinha em mãos, algumas cartas que poderiam ajudar a manter Espeon mais tempo em campo. Ela decidiu arriscar num tudo ou nada, mas Senhor Pocket evoluiu seu outro Haunter para um Gengar, e assim ganhou mais pontos de vida, resistindo ao golpe dela. Então, com mais um ataque, finalizou seu Espeon, vencendo o jogo. 


    Briar fechou os olhos, respirou fundo e forçou um sorriso. Ela aplaudiu, mas Senhor Pocket comemorou exageradamente, gritando e dançando com seus seguranças.

 — Droga... — Briar resmungou, mas sorriu consigo mesma. Foi divertido.


 — Como é delicioso ganhar! Estou satisfeito!! — Senhor Pocket gargalhou, se levantando para deixar o restaurante. — Ai, agora que venci o torneio de TCG Pocket do Sítio do Pikipek Amarelo, posso ser chamado de Campeão!!


  — Acho que nosso restaurante continua de pé — Kieran sorriu, vendo seus avós se abraçarem.

 — Que ótimo! — Agate também sorriu da cena, enquanto Briar guardava seu baralho, também satisfeita.

    O torneio de TCG Pocket foi um sucesso inesperado, e os clientes também pareceram satisfeitos com tudo que viram e consumiram. Carmine respirou aliviada, deitando a cabeça no ombro de seu irmão. Diantha foi puxada para outra live de Ororo Ivy, dessa vez de agradecimento, com a participação de Squawkabilly que dessa vez não a ofendeu publicamente.


    Depois de todas ajudarem a organizar o restaurante para fecharem, Carmine foi ao encontro das três mulheres veganas, entregando-as três marmitinhas e uma garrafa de suco.

 — Obrigada por ajudarem, de verdade — Carmine colocou as mãos na cintura. — Não é coquinha, mas espero que gostem!


 — Tá ótimo, eu adoro esses sucos veganos! — Diantha sorriu.


 — Espera aí... Você vendeu nossa mão de obra por três quentinhas e suco? — Agate finalmente entendeu o que havia acontecido. — Achei que fossem nos pagar em dinheiro!


 — Hahaha! — Briar já ria tanto que sua barriga chegava a doer.

    Mas enquanto suas amigas comiam, Diantha foi até Dan, intrigada com uma coisa.


 — Dan... O que sabe sobre o Jogo do Raikou?


 — Bem, já que perguntou... — Ele estalou as mãos, animado para falar. — Quase nada, provavelmente o mesmo que você! Mas realmente tem algo muito errado nisso. As transações com a plataforma vão para uma conta aberta aqui em Mossui, e quem registrou a marca também é de Kitakami. Então você realmente está no lugar certo, se está planejando recuperar seu dinheiro.


 — Eu recebi um e-mail de alguém que dizia me conhecer bem, falando que eu deveria estar aqui no dia do Festival das Luzes — Diantha explicou, e Dan coçou o queixo.


 — Não encontrei nenhum relato sobre algo parecido. Eu jurava que o Senhor Pocket estava por trás do Jogo do Raikou, mas cheguei a uma conclusão mais lógica... — Diantha esperou ele concluir. — Ele é mais burro do que eu pensava. Tá perdendo dinheiro do mesmo jeito que você, alimentando um vício em jogo.



    Diantha fez uma careta, prestes a rebater, mas algo chamou sua atenção. A Alcremie vegana estava jorrando seu creme esverdeado para dentro do suco de Ororo Ivy, provavelmente para adoçá-lo. O mesmo tom esverdeado. A mesma textura pegajosa. O mesmo cheiro estranho que Gardevoir encontrou na colina das maçãs. Não era coincidência. Os olhos de Diantha se focaram no percurso do creme, como se o momento durasse bem mais do que foi. Seu estômago revirou, e uma suspeita incômoda tomou conta de sua mente.


 — É bom ficar atenta, você deve estar sendo observada, e dessa vez não por mim — Dan disse, com um sorriso travesso.

Continua


2 comentários:

  1. Ai esse capítulo foi muito bom xD Você quando escreve surtos de madrugada consegue ser ácido e ofender todo o mundo, amo isso! xD
    Começamos com Dan libertando Jasmine e Diiplin da policia, usando depois Jasmine para conseguir o panfleto do Sitio do Pikipek Amarelo, amei o nome btw, quem pensou nele deve ser uma pessoa inteligentíssima, tão esperta quanto bela. Já não se via tanta policia em cima de Jasmine desde que vazaram a tape dela nas festas do Diddy…
    A batalha da Carmine com a Diantha foi muito legal, amei as edições para deixar elas lutando no pomar, ficou mesmo muito fofo e imagino o trabalho que isso deu. Queria fazer igual, porém tenho preguiça.
    O plot aperta para saber quem é o autor do jogo do Litten (eu me recuso a falar o seu) o velho Pocket socialista insuportável pode até não ser, mas ainda não me convenci sobre aquela que achou que tava numa churrasqueira e ignorou aspetos que a própria criou… o cheiro do creme da Alcreamie parece familiar a Diantha, já o tendo cheirado quando estava no pomar… será Alcreamie por detrás do jogo do Litten? Provavelmente não, mas sou teorista da conspiração.
    A família da Carmine é muito engraçada, amei o velho que fuma erva escondido da mulher, que por sua vez parece uma simpatia de pessoa, a menos que sua pele tenha um tom mais escuro e seu sotaque seja algo diferente do dela…
    Fiquei com curiosidade do numero que estava ligando para Agate e ela bloqueou na hora, seria o ex dela? Gostei do momento breve das duas sozinhas, antes de serem brutalmente interrompidas pela enfermeira Primeape e Diantha que sabe sim o caminho, só quer treinar seu novo idioma aprendido no duolingo, o japocrime de oniones…
    O jogo no restaurante foi divertido, amei o Pikipek Amarelo e o sitio dele, espero que volte mais vezes. Quero mais Jasmine de bigode, mightyena vagante, dipplin criminoso, paixão de Druddigon com a senhora que nunca vou decorar o nome e mais potenciais crimes de ódio que vão ser descobertos quando você for um realizador famoso e os Dans da altura começarem a desenterrar seu passado em fanfics Pokémon.
    Dito isto, continuaaa eu amo essa história!!

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  2. Adorei esse capitulo. A batalha da Diantha vs Carmine ficou muito, as edições ficaram perfeitas e foi legal ver a Diantha em ação e ver a força dela e da sua Gardevoir. Depois tivemos o restaurante Vegano achei muito divertido, eu ri com a Diantha vomitando a folha da Chikorita na bolsa XD e o torneio foi bem divertido.
    Sem contar que a história está cada vez mais interessante, o culpado ou culpada de deixar a Diantha pobre é de Mossui e eu até tenho um palpite mas não irei falar, por que eu erro feio nas minhas teorias malucas :v
    Depois desse capítulo fiquei com um gostinho de quero, hoje fiquei o sábado todo colocando as fanfics em dia :P
    Continuaaaa o/

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