Um Pidgey aproveitava a brisa no telhado de um dos prédios do ensino médio para Líderes de Ginásio em Jubilife, quando logo mais dois de seus amigos vieram se juntar a ele.
Grupos de alunos caminhavam por todo o pátio externo da escola, conversando durante o intervalo de suas aulas. Alguns estavam sentados nos bancos de pedra, fazendo anotações em seus cadernos, e outros ficavam na arquibancada coberta do campo esportivo de grama, lanchando ou mexendo no celular. Mas um aluno em específico tomava um milkshake verde de canudinho, segurando-o com as duas mãos.
— Obrigado mesmo, May, me salvou — Brendan deu uma pausa no milkshake, sorrindo para sua amiga que mordiscava um donut.
— Imagina, ainda foi uma boa desculpa para eu invadir esse zoológico e dar uma pausa dos estudos para a Copa Glacia!
— Eles não são tããão ruins aqui... — Brendan disse, mas alguém atirou uma maçã roída em sua direção, e ele levantou a mão fazendo os ventos a desviarem para uma lata de lixo orgânico. May levantou uma sobrancelha, cruzando os braços. — Tá, a maioria é péssima... Maaas, toda regra tem sua exceção!
— Claro, o Ampharos despenteado... — May ouviu Brendan soltar uma risadinha pelo nariz, e sorriu por ter incomodado.
No campo, Barry corria com a bola, ziguezagueando por cones até chutá-la para o gol, onde Lucas não conseguiu agarrar, caindo sentado e jogando algumas frutinhas de Snover para dentro da boca. O loiro imediatamente se virou para Brendan, acenando para ele com um grande sorriso.
— Viu? — Brendan acenou de volta, e May revirou os olhos. — Ele é diferente. Na verdade, nós... B-Bem, quer dizer, eu acho que...
— Huh? — May percebeu o garoto se atrapalhando no que dizia, corando. Uma nuvem começou a se formar acima de sua cabeça, e ela a dispersou com as mãos. — Fala logo, Bren!
— Eu acho que pode existir uma mínima chance do Barry gostar de mim — Brendan cobriu a boca assim que falou.
— Sério? — May o viu chutando novamente, dessa vez batendo na trave. — Eu não sei, não... Ele chama todo mundo de "cara", isso não me parece bom sinal.
— Houve vários momentos fofos nas últimas semanas e quando dormi na casa dele... A gente anda grudado, e algumas vezes parece que ele está flertando um pouco — Brendan disse, ainda com as bochechas coradas, olhando para May. — Claro que eu não vou criar esperanças, mas acho que talvez tenha chance!
— Ehr... — May desviou o olhar, tentando disfarçar.
— O quê? — Ele a acompanhou mordendo um donut de forma nada natural. — May!!
— Ai! — Ela se descabelou, mas respirou fundo, olhando para ele. — Bren, eu sei que gosta dele... Mas eu não quero que você se machuque... mais. Então eu preciso te falar...
Você passou por situações bem pesadas desde que veio para Sinnoh e ainda está se recuperando delas... Mas agora tudo está se alinhando, você até ganhou uma fita! Não deveria buscar mais complicações para o que já é complicado.
— Mas... Barry até participou de um Contest comigo, é diferente!
— O Brock também compete em Contests, e olha como ele se aproveitou dos seus sentimentos — May o interrompeu. Ela suspirou, deitando a cabeça em seu ombro. — É só que... não é justo. Você sabe tão bem quem você é, o que você gosta e o que você quer fazer. Mesmo que o Barry também goste de estar nos Contests, essa confusão não é problema seu. Não é o que precisa agora...
No campo, Barry marcou mais um gol, correndo e comemorando enquanto Lucas mastigava suas frutinhas. Brendan observou com menos entusiasmo, e fechou os olhos por alguns segundos antes de abri-los.
Eu também sinto sua falta. Me planejar para os Contests não é mais a mesma coisa sem a sua ajuda. Também reparei que não tem mais competido, me pergunto o que teria acontecido... Não pode ser só pelo Zagz, pode? Bem, curioso é que tudo isso aconteceu depois que decidiu não falar mais comigo. Não percebe o tanto que está perdendo dia após dia?
— Tem razão. — Ele concluiu, e May levantou a cabeça de seu ombro, o vendo com um meio sorriso no rosto. — Eu preciso parar de me sabotar. Vou focar na Copa Argenta e só... viver.
May sorriu para ele, então os dois se abraçaram. Ao mesmo tempo, a Steenee Jacaranda vinha saltitando com um embrulho, entrando na escola.
— Tipo, aí eu disse, tipo assim, entendeu? E ele tipo, me disse que tudo bem, tipo, tá entendendo? — Marcy conversava com sua amiga Lindsay, que a ajudava a guardar o material em seu armário agora que ela não alcançava por estar numa cadeira de rodas.
— Claro amiga, tô sim — Lindsay dava zoom numa foto de Brock sem camisa em seu celular, quando a Steenee passou por ela. — Ué? Um Pokemon aqui dentro??
— O Diretor Cyrus não tinha proibido depois que aqueles garotos do primeiro ano começaram uma batalha? — Marcy girou as rodas de sua cadeira para se virar na direção que a Pokemon ia saltitante.
— Droga... — O inspetor Sander tentava atualizar seu chat com uma paquera que o havia bloqueado para ver se era algum bug, mas desviou o foco quando viu Jacaranda com o embrulho, olhando curiosa para um bebedouro. — Alerta vermelho!! Ou verde... De quem que é esse Pokemon?! Seja de quem for, está muito encrencado, as regras são...
— Não há necessidade, Sander — Julie disse, calma, e o inspetor corou. — Diretor Cyrus está aqui para receber a encomenda pessoalmente da loja Pés & Patas.
Cyrus emergiu de trás de Julie e Sander, de ombros rígidos e com o rosto pálido. Seus olhos tremiam com algo que parecia medo ou... dor. Ele abriu caminho entre os dois com um movimento brusco, as mãos trêmulas enquanto fixava o olhar em Jacaranda.
— Onde está?!
— Steeen!! — Jacaranda recuou um passo, assustada, mas estendeu o embrulho. Cyrus arrancou o pacote de suas mãos com uma agilidade inesperada.
— Aquela Steenee está andando solta pela escola? — alguns alunos do último ano conversavam no corredor, assistindo a cena.
— Mesmo que ela não seja de ninguém daqui, ainda é um Pokemon! A regra deveria valer para qualquer Pokemon!
— Vamos fazer um abaixo assinado, é uma escola para Líderes de Ginásio, como nossos Pokemon não podem ficar soltos?!
— Diretor Cyrus, libera os Pokemon!! Ghetsis está certo!!
— Mesmo que ela não seja de ninguém daqui, ainda é um Pokemon! A regra deveria valer para qualquer Pokemon!
— Vamos fazer um abaixo assinado, é uma escola para Líderes de Ginásio, como nossos Pokemon não podem ficar soltos?!
— Diretor Cyrus, libera os Pokemon!! Ghetsis está certo!!
— Por favor, tenham calma! — Julie se voltou para os alunos que agora se amontoavam ao redor de Cyrus. — Uh? Meu Diretor?
— Não... Não agora... — murmurou com a voz falhando. Ele levou as mãos à cabeça, os dedos cravando-se nos cabelos, como se tentasse conter algo dentro de si. — Parem... Parem com isso...
— Está tudo bem? — Marcy perguntou, girando sua cadeira para mais perto dele. Ela estendeu a mão, mas recuou ao ver o corpo de Cyrus começar a tremer violentamente. — N-Não parece!
— Eu preciso... de espaço!!! — Cyrus gritou, levantando a cabeça de súbito. Seus olhos agora eram duas pérolas brancas, sem pupilas, brilhando com uma luz etérea que parecia sugar a realidade ao redor.
A luz das pérolas se intensificou, lançando reflexos iridescentes pelo corredor, e uma onda invisível de energia explodiu dele, fazendo o chão sob seus pés rachar em padrões fractais.
A luz das pérolas se intensificou, lançando reflexos iridescentes pelo corredor, e uma onda invisível de energia explodiu dele, fazendo o chão sob seus pés rachar em padrões fractais.
O espaço ao redor começou a se distorcer, como se a própria realidade estivesse sendo esticada e rasgada. As paredes do corredor se curvaram para dentro, os armários metálicos derretendo como cera, enquanto os quadros de avisos se fragmentavam em pedaços que flutuavam em câmera lenta, revelando um vazio galáctico por trás. O teto se abriu em uma fenda, e o céu acima de Jubilife transformou-se em um mosaico de galáxias, com constelações girando em padrões caóticos e riscos de luz roxa e prateada cruzando o horizonte.
No pátio externo, Brendan e May sentiram o impacto da distorção. A arquibancada onde estavam sentados rangeu e se partiu, os pedaços de madeira flutuando para cima como se a gravidade tivesse sido invertida. No campo de grama, Barry e Lucas paralisaram no meio de uma jogada, a bola de futebol deformando-se em um oval distorcido antes de se desfazer em partículas brilhantes. A grama sob seus pés se soltou em blocos, revelando um abismo estelar abaixo.
— O quê? — Brendan exclamou, levantando-se rápido e desviando de um bloco de grama que flutuava em sua direção. Ele olhou para May, que estava paralisada, os olhos arregalados, o donut caindo de suas mãos e se fragmentando no ar como se fosse feito de vidro. — May!! — Ele estalou os dedos na frente do rosto dela, mas ela não reagiu.
Na loja Pés & Patas, Shaymin rosnou ao ver o balcão se partir em pedaços que flutuavam. Isabella, atrás do balcão, ficou congelada no meio de um movimento, um pacote de ração para Shinx se desfazendo em suas mãos e espalhando grãos.
— Isso não tá certo! — Shaymin exclamou, tentando abocanhar uma pelúcia de Starly, mas o brinquedo se rasgou antes que ela o alcançasse, com sua espuma se espalhando pelo ar.
Em uma rua próxima, a Campeã Cynthia parou no meio do caminho. Os carros ao seu redor se comprimiam como se fossem feitos de papel, e os prédios altos de Jubilife entortavam, suas janelas estilhaçando-se em prismas que refletiam o céu galáctico. O horizonte se contorceu, e uma fenda se abriu no chão, liberando um brilho roxo. Ela franziu a testa.
Brendan sentiu o ar ao seu redor se comprimir, como se o espaço estivesse tentando engoli-lo. Ele abraçou May com força e os ventos começaram a girar ao seu redor instintivamente, brilhando em verde esmeralda.
— Eh?! — May piscou, como se ouvisse um estalo dentro de sua mente, e voltou a se mexer. Ela se levantou assustada, quase tropeçando quando o pedaço de arquibancada onde estavam se rachou em pedaços que flutuavam para o céu galáctico. — O que está acontecendo?!
— Vamos sair daqui! — Brendan segurou a mão dela, a outra mão chamando pelos ventos para envolvê-los em uma corrente de ar que os levantou do chão, guiando-os através da distorção. Enquanto voavam, ele olhou para trás, e arregalou os olhos ao ver um dos prédios da escola se dobrar sobre si mesmo, como se fosse engolido por um buraco negro invisível.
— Isso é... você? — May o perguntou, sentindo os ventos a empurrando.
— Não... Pelo menos não acho que seja, eu nunca fiz nada assim. Meus poderes até agora estão todos relacionados ao clima.
— Seja quem for... Deve estar lá dentro — May apontou para o prédio dos alunos do último ano, onde a distorção parecia ainda mais intensa, com até o ar rachando e deixando vazar uma luz rosa desbotada.
Os ventos pousaram Brendan e May na entrada do prédio, e eles conseguiam pisar sobre o vazio galáctico. Seguiram andando, vendo alunos paralisados, e entre eles Julie e Sander agarrados um ao outro, enquanto Marcy parecia congelada no meio de um movimento, a mão estendida como se tentasse alcançar algo.
— Não... Pelo menos não acho que seja, eu nunca fiz nada assim. Meus poderes até agora estão todos relacionados ao clima.
— Seja quem for... Deve estar lá dentro — May apontou para o prédio dos alunos do último ano, onde a distorção parecia ainda mais intensa, com até o ar rachando e deixando vazar uma luz rosa desbotada.
No centro do corredor, Brendan e May avistaram um homem agachado, os joelhos colados ao peito, as mãos cravando-se nos cabelos. Brendan reconheceu Cyrus, que balançava para frente e para trás, murmurando palavras desconexas.
— Não posso... Controlar... Não dá... Eu vou... Cair...
— Diretor? — Brendan tentou se aproximar, mas as palavras potencializavam a distorção, o empurrando contra May.
— Tudo bem? — May se levantou junto dele, que assentiu, quando um vulto passou por eles.
— Que bagunça! — Era Robin, com uma mão na cintura e outra solta ao lado do corpo. Ele se agachou junto de Cyrus, tocando seu queixo para olhar em seu rosto, vendo seu reflexo nas pérolas dos olhos. — Tsc tsc!
Robin pegou o embrulho caído ao lado de Cyrus, rasgando o papel e revelando um sino prateado. O som que o sino produziu foi quase etéreo naquele silêncio caótico, como a movimentação de um Chimecho. Brendan e May olharam o redor se estabilizando, as rachaduras no espaço se fechando e aos poucos tudo voltando ao normal.
— Então, Diretor, vamos ter que chegar a fazer um abaixo assinado? — um aluno do último ano disse, como se a conversa nunca tivesse sido interrompida. Julie e Sander se separaram, ajustando as roupas, e Marcy girou a cadeira, voltando a conversar com Lindsay, que ainda mexia no celular.
Brendan piscou, confuso, olhando ao redor.
— O que... acabou? — murmurou, soltando a mão de May e dando um passo à frente. Ele olhou para o homem que estava agachado momentos antes, agora se levantando lentamente com o sino em mãos, o rosto pálido e suado, mas com uma expressão controlada.
— Façam o que quiserem — disse para os alunos, ajeitando sua gravata. Ele se voltou para Brendan, Robin e May. — Obrigado. Peço licença...
— Façam o que quiserem — disse para os alunos, ajeitando sua gravata. Ele se voltou para Brendan, Robin e May. — Obrigado. Peço licença...
— E-Espere, Diretor! — Julie correu atrás dele, caminhando ao seu lado preocupada, enquanto ele voltava para sua sala.
— Steeen... — Jacaranda coçou a cabeça, confusa, mas deu os ombros, acenou para Brendan, e deixou a escola.
— Ela não vai lembrar — disse Robin, acenando para May, que agora notou sua presença. — Aqueles queridos já cuidaram para que ninguém tenha percebido o que houve aqui.
— Quem cuidou? — Brendan perguntou, e Robin só sorriu.
— E aí, cara! — Chang o cumprimentou com um tapa nas costas, e Barry sorriu em resposta. — Como está, capitão?
— Ah, tudo bem! Normal... — Ele sorriu sem jeito, e viu Lucas se chegando com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.
— Que bom. Lucas eu sei que lembra, mas você é todo esquecido, então vim lembrar!
— Sobre?
— Minha festa de 16! — ele exclamou orgulhoso. — Minha mãe me deixou aproveitar um depósito da Pokétch na Rua Kamado, número 50. Quero você lá hoje à noite, hein?
— Ahh! É mesmo... Me parece legal — Barry sorriu, e Chang já se voltou para Luiz e Buck, que estavam perto.
— Ótimo. Leve gente legal com você!
Barry seguiu andando quando viu Brendan e Robin se despedindo de May. A garota acenou para eles, mas ao vê-lo, só virou a cara. Essa não mudava nunca...
— Okay, você tem que me explicar o que foi aquilo! — Brendan seguia Robin pelo corredor. — Tá óbvio que você sabe de alguma coisa, abre o jogo! Só nós não ficamos paralisados na distorção!
— Cair — Robin o olhou com seriedade. — Quase aconteceu precocemente em Pastoria, mas você se controlou. Teremos outra oportunidade de conversar, mas está na hora da aula com o Ricardo, esqueceu?
— Tudo bem? — Barry perguntou, vendo Brendan ficar parado enquanto Robin seguia para a sala de aula. — Brendan...?
— Que novidade... — Paulette revirou os olhos.
— Segurança significa... não temer! Estar livre de riscos, estar estável!
O professor continuava falando, mas Brendan não parava de pensar na distorção que aconteceu há menos de dez minutos atrás. Ninguém mais se lembrava além de Robin, que nunca dizia exatamente o que queria dizer. Estava cansado desses mistérios. Não estava se sentindo seguro agora.
Barry, na mesa ao lado, o olhava de canto, percebendo que não prestava atenção na aula. Isso acontecia sempre, mas normalmente ele ficava no celular, não encarando a mesa.
— Ei... — Barry sussurrou para ele, que não notou. Então, jogou sua borracha nele, rindo do susto que levou. Os dois sorriram um para o outro até o professor reclamar que não estavam prestando atenção.
Mais tarde, o apito do treinador ecoou pelo campo, marcando o fim do treino do time de futebol por hoje. Agora Brendan retornava Mudz, que havia torcido por ele na arquibancada, mesmo ele tendo ficado no banco de reservas durante a maior parte do tempo.
No vestiário, o cheiro de suor pairava no ar e Brendan ouvia as risadas altas dos garotos que se amontoavam perto dos armários enquanto trocavam de roupa.
May franziu a testa, parecendo tão confusa quanto os outros alunos.
— O que... aconteceu? — perguntou, olhando para Brendan. — A gente tava lá fora, e aí... — Ela hesitou, como se a memória da distorção tivesse se dissolvido, deixando apenas um vazio em sua mente.
— Você não se lembra? — Brendan perguntou, e May parecia mesmo perdida. — Tudo estava se desfazendo ao nosso redor há poucos segundos!
— Desfazendo? — repetiu, franzindo a testa. — Do que você tá falando, Bren? O milkshake te deu dor de barriga?
— Ela não vai lembrar — disse Robin, acenando para May, que agora notou sua presença. — Aqueles queridos já cuidaram para que ninguém tenha percebido o que houve aqui.
— Quem cuidou? — Brendan perguntou, e Robin só sorriu.
O sinal de Chingling para o fim do intervalo tocou por toda a escola, e os alunos resmungaram chateados. Barry voltava do campo com a bola por baixo do braço quando Chang se aproximou com o sorriso sarcástico de sempre.
— E aí, cara! — Chang o cumprimentou com um tapa nas costas, e Barry sorriu em resposta. — Como está, capitão?
— Ah, tudo bem! Normal... — Ele sorriu sem jeito, e viu Lucas se chegando com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.
— Que bom. Lucas eu sei que lembra, mas você é todo esquecido, então vim lembrar!
— Sobre?
— Minha festa de 16! — ele exclamou orgulhoso. — Minha mãe me deixou aproveitar um depósito da Pokétch na Rua Kamado, número 50. Quero você lá hoje à noite, hein?
— Ahh! É mesmo... Me parece legal — Barry sorriu, e Chang já se voltou para Luiz e Buck, que estavam perto.
— Ótimo. Leve gente legal com você!
Barry seguiu andando quando viu Brendan e Robin se despedindo de May. A garota acenou para eles, mas ao vê-lo, só virou a cara. Essa não mudava nunca...
— Okay, você tem que me explicar o que foi aquilo! — Brendan seguia Robin pelo corredor. — Tá óbvio que você sabe de alguma coisa, abre o jogo! Só nós não ficamos paralisados na distorção!
— Eu te disse que vinha para cá para ficar mais perto de você, não disse? — Robin o perguntou, vendo Barry se aproximando. — É para garantir que você não chegue a esse nível.
— De provocar uma distorção?
— Cair — Robin o olhou com seriedade. — Quase aconteceu precocemente em Pastoria, mas você se controlou. Teremos outra oportunidade de conversar, mas está na hora da aula com o Ricardo, esqueceu?
— Tudo bem? — Barry perguntou, vendo Brendan ficar parado enquanto Robin seguia para a sala de aula. — Brendan...?
— O tema da aula de hoje é... segurança! — O Professor dizia, escrevendo a palavra no quadro.
— Que novidade... — Paulette revirou os olhos.
— Segurança significa... não temer! Estar livre de riscos, estar estável!
O professor continuava falando, mas Brendan não parava de pensar na distorção que aconteceu há menos de dez minutos atrás. Ninguém mais se lembrava além de Robin, que nunca dizia exatamente o que queria dizer. Estava cansado desses mistérios. Não estava se sentindo seguro agora.
Barry, na mesa ao lado, o olhava de canto, percebendo que não prestava atenção na aula. Isso acontecia sempre, mas normalmente ele ficava no celular, não encarando a mesa.
— Ei... — Barry sussurrou para ele, que não notou. Então, jogou sua borracha nele, rindo do susto que levou. Os dois sorriram um para o outro até o professor reclamar que não estavam prestando atenção.
Mais tarde, o apito do treinador ecoou pelo campo, marcando o fim do treino do time de futebol por hoje. Agora Brendan retornava Mudz, que havia torcido por ele na arquibancada, mesmo ele tendo ficado no banco de reservas durante a maior parte do tempo.
No vestiário, o cheiro de suor pairava no ar e Brendan ouvia as risadas altas dos garotos que se amontoavam perto dos armários enquanto trocavam de roupa.
— Zoey vai na sua festa? — Luiz perguntou enquanto abotoava a camisa.
— Confirmou que vai! Ela é uma gata, né? — Chang penteava seu cabelo no espelho do armário. — Barry vai poder escolher entre duas garotas!
— E quem é a segunda? — Buck perguntou.
— A Paulette, óbvio! — Chang retrucou. — Todo mundo sabe que ela gosta dele.
— Do que estão falando? — Barry se voltou para os três, um pouco sem paciência. Ao seu lado, Brendan amarrava os sapatos, desconfortável com o que ouvia.
— Ah... A gente só estava falando da Zoey — Luiz respondeu. — Parece que ela vai na festa do Chang.
— E o que tem ela?
— Achei que estivesse interessado! — Chang exclamou. — Não tinha uma amizade colorida com ela? Haha!
— Nunca tivemos nada, foi só um beijo em uma festa há uns dois anos atrás.
— Que chato, tem duas garotas e ele não quer nenhuma! — Buck fechou o armário. — Se não está afim da Paulette, então essa é a sua chance com a Zoey.
— Ah... A gente só estava falando da Zoey — Luiz respondeu. — Parece que ela vai na festa do Chang.
— E o que tem ela?
— Achei que estivesse interessado! — Chang exclamou. — Não tinha uma amizade colorida com ela? Haha!
— Nunca tivemos nada, foi só um beijo em uma festa há uns dois anos atrás.
— Que chato, tem duas garotas e ele não quer nenhuma! — Buck fechou o armário. — Se não está afim da Paulette, então essa é a sua chance com a Zoey.
— É... Pode ser — Barry desviou o olhar, e viu Brendan de relance, mas nenhum disse nada.
May deve estar certa, Brendan pensou. Ele não deveria se preocupar com isso agora. Já tendo terminado de se trocar, levantou-se e saiu sem falar nada, mas logo Barry veio atrás. Os dois seguiram em silêncio até a calçada da frente da escola, onde tomariam direções diferentes.
— Eu vou para a loja agora — Brendan disse com a voz mais indiferente do que gostaria. — A gente se fala...
Ele deu um passo para o lado, mas Barry segurou seu braço, com um movimento rápido que o fez parar. Brendan olhou para ele, com as sobrancelhas levantadas.
— Ei, pera aí — Barry disse, com um sorriso meio tímido, soltando o braço dele. — Você quer ir na festa do Chang... comigo?
Brendan piscou, surpreso, e soltou uma risadinha nervosa.
— O quê? — Ele cruzou os braços, com um meio sorriso. — Barry, relaxa, eu não fiquei triste por ser o único que não foi convidado, tá? Não me importo mesmo com o aniversário daquele cara.
— Por favor, vem comigo? Eu quero você lá.
— ... — Brendan sentiu seu coração saltando, e não resistiu. — Tudo bem. A gente se encontra lá!
Na loja Pés & Patas, o sino da porta tilintou quando Brendan entrou, com a mochila pendurada em um ombro. O lugar estava tranquilo, com as prateleiras organizadas e o cheiro de ração para Pokemon no ar. Isabella estava atrás do balcão, com uma expressão preocupada, enquanto mexia num etiquetador de preços.
— Oi, Brendan — ela disse, levantando o olhar. — A Shaymin tá esquisita de novo... Ela fica perguntando sobre uma distorção, disse que tudo saiu voando... Você sabe do que ela está falando?
Brendan franziu a testa, com o estômago embrulhando. Ele largou a mochila no chão e foi até o canto da loja, onde Shaymin estava deitada em cima de uma almofada, com os olhos fixos na janela. Virou a cabeça quando ele se aproximou.
— Você se lembra, né? — Brendan perguntou, agachando-se ao lado dela, com a voz baixa. — Da distorção que aconteceu hoje.
— Claro que lembro, tenho só alguns séculos de vida, não sou de esquecer! — ela disse com seu jeitinho carinhoso de sempre. — Mas ninguém mais parece lembrar... Esses humanos são todos burros!
— Bem, Robin lembra — Brendan disse, percebendo a reação dela mudar. — Nos encontramos na escola na hora que estava acontecendo. Robin disse que cuidaram para que ninguém se lembrasse...
— Cuidaram... — Shaymin arregalou os olhos, com um salto que quase a fez cair da almofada. — É melhor esquecermos isso também. Vamos... ignorar.
— Então você também sabe de alguma coisa?! — Brendan se levantou, e viu Shaymin suando. — E não vai me falar... claro. Estou cansado de todo mundo saber de algo e ficar me tratando como se eu fosse idiota.
Shaymin abaixou a cabeça, sem dizer nada. Então, saiu da loja, sentando-se na calçada e olhando para as nuvens no céu. Brendan bufou e foi emburrado para o caixa, sob o olhar preocupado de Isabella.
— Uii, um convite para festa de rico!
A voz de Leuri saía do celular de Brendan, repousado numa pedra no parque de Jubilife. Ela só conseguia enxergar o céu anoitecido sem estrelas pela vídeo chamada, até o menino o pegar de volta, vestindo uma blusa de botões ainda abertos.
A voz de Leuri saía do celular de Brendan, repousado numa pedra no parque de Jubilife. Ela só conseguia enxergar o céu anoitecido sem estrelas pela vídeo chamada, até o menino o pegar de volta, vestindo uma blusa de botões ainda abertos.
— Um convite do BARRY! Eu estou meio que surtando aqui — Brendan disse, sentando-se com o celular na altura do rosto.
— Vai ficar tudo bem, eu tenho certeza! Ele não disse que quer você lá?
— Disse, mas... Eu só estou meio preocupado de estar confundindo tudo. A May falou umas coisas que fazem sentido...
— A May te ama, amigo. Ela só está preocupada e quer te ver bem — ela sorriu. — Mas vá e se divirta essa noite. Se tiver coisas caras, guarda pra mim!
— É, mas o dinheiro dos outros é sempre tão bom!
Os dois riram e Brendan fechou os olhos, sorrindo e olhando para o céu sem estrelas. Shaymin fazia o mesmo, mais afastada, por cima da cabeça de Mudz.
— Eu também... Ah, mas é verdade! Meu aniversário também está chegando. O que será que eu vou fazer?
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— Você é um humano tão idiota — Shaymin disse, e Brendan agora subia o zíper da calça. Ele ainda parecia chateado com ela, mesmo tentando não demonstrar.
Sobre uma toalha na grama, vários cremes, frascos de perfume pela metade e maquiagens estavam derramados. O garoto tentou decidir qual usaria, mas hesitava antes de pegar qualquer um.
— Brendan — Shaymin chamou, caminhando pela toalha e o olhando nos olhos. — Desculpa por não conseguir te contar...
— Do que está falando? — Ele tentou fingir que não sabia, agarrando num vidro de perfume Lindona Loves, mas Shaymin saltou em seu braço. — Ei!
— Você não precisa disso... — Ela desviou novamente o olhar. — Igual com esse... Cheiro falso esquisito! Eu posso te ajudar se quer parar de feder.
— Ei, eu não estou fedendo!
— Eu acredito em você! — Leuri exclamou do celular, e ele riu.
Saltando para o chão, Shaymin fechou os olhos, suspirando. Suas flores começaram a girar nas orelhas, liberando um aroma que se tingia de rosa. Brendan inspirou aquele perfume, e o lembrava do jardim de Gracideas de Floaroma. Era mesmo bom.
— Obrigado, eu adorei! — Ele sorriu e Shaymin se virou de costas, escondendo que ficou envergonhada por isso. — Agora, só uns toques finais...
Ao mesmo tempo, em seu quarto, Barry também estava de calça jeans, mas sem camisa. Ele se olhava no espelho do armário, segurando duas blusas ainda em cabides, tentando decidir qual ficaria melhor.
— Você vai na festa do Chang? — Marley surgiu ao seu lado, quase o enfartando.
— Ai, Marley, que susto! Eu vou, você não?
— Sid e Sara me convidaram, mas não é meu tipo de programa. — Ela explicou enquanto vasculhava o armário de Barry, que agora vestia uma blusa branca um pouco justa em sua barriga. — Aqui, tente essa por cima.
Barry brilhou os olhos ao ver a sugestão de Marley, que sorriu da animação dele. Era uma blusa aberta, rosa e estampada.
— Rochi, com elegância dessa vez! — May pedia, na beira de um lago, enquanto seus Pokemon estavam por trás observando.
A Blaziken Mega Evoluída tentava acertar os passos numa valsa imaginária, levando uma mão ao peito e girando enquanto erguia o outro braço, levantando colunas de chamas que cintilavam na noite.
— Agora, Fuks! — May apontou para frente, e agora seus cabelos balançavam no vento que ficava mais forte. — Flying Press!
— Agora, Fuks! — May apontou para frente, e agora seus cabelos balançavam no vento que ficava mais forte. — Flying Press!
Saltando da água, o Wailord cantou enquanto parecia nadar no ar, girando por cima das colunas de fogo de Rochi, que continuava sua valsa do chão.
May admirou a cena, suando, e seus Pokemon se olhavam pensando se aquilo realmente funcionaria.
— Aaaargh... — Cyrus abria a porta de sua causa, se jogando de cara no sofá.
— Chin chingling? — Seu Chingling veio logo atrás, saltando nas costas dele, preocupado.
— Está mais exausto que da última vez.
Cyrus ouviu uma voz feminina séria, e abriu os olhos, rapidamente se levantando e pegando Chingling nos braços. Era Cynthia, sentada na outra poltrona, com uma perna sobre a outra.
— Quanto tempo já faz? — ela se perguntou.
— Quanto tempo já faz? — ela se perguntou.
Brendan usava o dedo para aplicar corretivo dando leves toques sob os olhos, disfarçando suas olheiras que já não eram tão profundas como nos últimos meses. Barry, já todo arrumado e de tênis calçado, borrifava perfume no pescoço, sorrindo para seu reflexo no espelho. Os dois se viraram, com semblantes determinados para irem para a festa.
Continua
Finalmente terminei de ler o capitulo, que surto foi esse tudo se desintegrando, desmanchando, despedaçando, se torcendo e foi surto daqueles e o mais louco é que ninguém se lembra disso, exceto Brendan, o Shaymin e o Robin, eu fico de cara que nem o Shaymin e o Robin não desembucham de uma vez :v
ResponderExcluirE curioso pra ver que tipo de surtos vão rolar no aniversário do Chang e desde ansioso pelo próximo capitulo.
Continuaaa o/
Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
ResponderExcluirAi medo do que vem por aiii, amo que realmente estamos no que parece ser o climax dessa primeira parte de celestial.
Adorei depois de todo esses últimos capitulos brendan se perguntando se barry realmente gostava dele, achei isso bem natural e a conversa com May foi bem pragmática. Afinal da pra entender todas as confusões e questões sentimentais que ele teve, desde brock, com seus próprios pokemons, sem a voz e entre outras questões. Agora que ele voltou a focar em si mesmo, focar em outro alguém pode realmente parecer algo complicado.
E apesar de barry estar se descobrindo, envolver outra pessoa nesse processo pode ser doloroso para a outra parte já que muitas vezes as descobertas não são favoráveis para todos os lados.
AND DE REPENTE A JACARANDA SAIU LÁ DA PET E PATAS PARA IR DESTRUIR A REALIDADE KKKKKKKKK GENTE EU AMO ELA GRITANDO DE DOR POR CONTA DO CELSO COELHO E HJ EM DIA QUASE DESTRUIU A REALIDADE, é bebê o mundo da voltas.
Mas nossa adorei o trabalho que fez com o poder do cyrus se estendendo por toda a cidade, os vários tipos de espaço sendo afetados e a própria realidade se curvando em direção ou em torno dele. Achei bonito os vazios intergalácticos que surgiram e como descreveu os prédios se entornando, num espaço muito incômodo de imaginar, mas que cumpriu o propósito de evocar poder e ao mesmo tempo me trouxe uma sensação de como a realidade parece ser...frágil.
Adorei a frase dele falando que precisava de espaço, você tem construído muito bem as referências e a ideia desse poder dele, é a minha representação preferida até agora pela sua criatividade em retratá-lo. A questão do sino parece ser bem mais delicada do que pensávamos, já havia sido retratado antes com alguma constância, eu sempre pensei que seria referência a v1c10 em dr0g4s, mas não sei se é exatamente isso agora considerando que ele não parece viciado e sim descontrolado.
Also adorei barry e lucas jogando futebol enquanto o mundo acabava, CHANG FAZ 16! E me surpreenda que ele tenha amigos pra convidar, será que lala vai ser convidada ou girafarig vai barrar ela na entrada com um stomp?
Also a cena do vestiário me lembra muito quando eu tinha um crush hétero em tempos longíquos e passei pela mesma situação, mas infelizmente meu crush nao era tão compreensivo quanto o Barry, mas gosto do Barry desesperado pra tentar conter a situação e chamando o Brendan pra festa, o que apesar de achar fofo também fiquei preocupado, espero que ele não vá só pra sofrer bullying coitado.
Also também tivemos Robin que ainda não fala sobre os caídos, que pelo que já percebemos com leuri, envolve o desespero daqueles que tem poderes, mas será que é causado apenas por emoções ou pode ter um fator de desencadear diferente de acordo com a pessoa que porta os poderes? E essa mona aparece e vai embora, eu tinha logo cortado o vento dele pra ele aprender, mentira.
ResponderExcluirAdorei steenee entrando na escola e sendo conhecida por todos.
E a cena de brendan, shaymin e leuri foi muito fofo no final, estava com saudade e confesso que me bateu uma nostalgia em vê-lo conversando com ela. Ela falando da festa de aniversário me fez perguntar se você vai falar do alola exeguttor do brendan ou vai deixar no off, mas deixa baixo por enquanto.
Shaymin parece estar mais a vontade com o brendan e achei simbólico ela o dar uma "benção" para ir a festa após todos os ocorridos passados.
Parabéns pelo capítulo, estou animado pro próximo.
Adorei Macey e Barry e achei muito fofo ela incentivando ele a ir.
E finalmente voltamos à escola, parece que passou uma eternidade desde que estes personagens apareceram, fiquei contente por os voltar a ver.
ResponderExcluirAmei o ritmo do capítulo, você construiu bem o cenário e preparou bem as situações para terem suas continuações a seguir.
A May super protetora está de volta, não querendo ver seu melhor amigo se iludindo de novo com aquilo que sente, embora dessa vez ele pareça ser correspondido. Porém com os coleguinhas tentando arrumar uma namorada ao Barry, a coisa pode complicar. Se bem que a Zoey é… (bandeira arco-iris aqui)
Também gostei do Cyrus que ao ver crianças sendo estúpidas resolveu distorcer tudo e mandar todos pró Giratina… ta, ele não mandou, mas eu senti vontade que mandasse. Gostei da distorção afetando em vários pontos da cidade e Robin mais uma vez aparecendo num momento chave para explicar nada e deixar tanto Brendan como eu a apanhar do ar… hahaha ar…
Mas gostei da cena toda, o cenário se quebrando e contorcendo, ficou muito bonito de imaginar a cidade se moldando como papel, gostei do visual disso e sempre ficou melhor em papel do que em BDSP…
Shaymin também sabe o que aconteceu e não é a primeira vez que falam em “cair” por isso fiquei com a ideia que talvez o Robin seja um Pokémon ou a projeção de algum deus na Terra… não sei, mas sinto que saberei no final do capítulo completo. Aquele sino veio no momento certo, então talvez tenha sido a Cynthia a enviar pela Jacaranda? A presença dela no apartamento do Cyrus sugere que sim…
Em clima de festa também gostei da presença de Leuri, preparando o aniversário dela e ligando finalmente com Galeuri, ficando a saber em que ponto estamos na história.
Mas enfim, amei essa primeira parte, sua fanfic ta cada vez mais gay e sinto que isso vai aumentar ainda mais com a festa do Chang. Porque o Chang vai ficar com o Lucas, eu sinto que eles se comem escondido… mas não revela, quero ser surpreendida.