Capítulo 40: Um Carbink independente!

    Um Corviknight taxi se aproximava da estação da Wild Area nesse momento. Alegre, o corvo cantarolava enquanto fazia seu trabalho.

Aretha: Estamos chegando, Michelle! — exclamou a dona do Corviknight que também o orientava.

Marnie: Ela te chamou de Michelle...? — perguntou, debruçada na janela da cabine que Corviknight levava.

Leuri: Ela é uma velha conhecida minha, lá de Lumiose... Costuma confundir tudo, mas sabe o que está fazendo, juro!

Marnie: Cuidado! — Pela janela, ela viu um grupo de Unfezant quase colidir com Corviknight. — Você jura, Leuri?

Leuri: Hehe... Carbink, mas tem certeza que não quer que eu te deixe com o Diego? Sozinho na Wild Area pode ser perigoso.

Carbink: Mas eu estou pronto! Não se preocupe, sei me cuidar muito bem!

Marnie: Cara, você se perdeu no mercado...

Carbink: Não entendi aonde quer chegar...

Leuri: Tudo bem, nós confiamos em você! Dê o seu melhor, Carbink!

Marnie: Confiamos? — Ela recebe uma cotovelada de Leuri — Confiamos... Só lembre-se, quando chegar em Motostoke, saia pela direita e vai encontrar o Diego, combinado?

Carbink: Hm... Tá preocupadinha, é?

Marnie: É melhor que saiba voar!!

    

    Não muito tempo depois, Carbink via o Corviknight se afastar no céu. Ele levanta as orelhas e sente o vento balançando seus pelos, encarando o cercado da estação da Wild Area.

Carbink: Eu sou páreo para você, Wild Area!

~PANGROOOAHHHH!

    Um furioso Pangoro perseguia Carbink pelos campos, deixando pisadas tão fortes que arrancavam a grama.

Carbink: AAAAAAI, EU NÃO SOU PÁREO NÃO, EU TAVA BRINCANDO!!! — Saltitando o mais rápido que conseguia, ele sente as garras de Pangoro roçarem em seu corpo, mas se inclina pra frente, desviando.

    Tendo batido com a cabeça no galho de uma árvore, Pangoro ficou ainda mais irritado, mas Carbink se viu encurralado desta vez.

Carbink: Eu sei que fiz sua barriga de trampolim, mas... Será que podemos conversar?

~PAAAARRGGHH! — Ele aproximou o rosto de Carbink e rosnou tão alto que seus pelos se arrebitaram.

Carbink: Isso foi um não...?

    Levantando os braços e fechando os punhos para socar Carbink, Pangoro continuava rosnando.

Carbink: UAAAAI!!! — Ele salta, se esquivando e voltando a ser perseguido pelo panda.

    Perdendo Carbink de vista, Pangoro continua procurando por ele para se vingar, mas haviam muitas árvores por ali e ele poderia estar se escondendo atrás de alguma. Até que vê uma moça parada de costas para um lago, indo até ela perguntar.

Carbink: Oi bonitão, riri... — Afinando sua voz, a moça se revela Carbink, mas disfarçado para não ser reconhecido. — Não vi Carbink nenhum, bebê. Talvez você precise relaxar, que tal dar um mergulho nesse lago?

    Aceitando, Pangoro mergulha e começa a boiar de barriga para o alto, ficando mais tranquilo. Carbink deixa sua bolsa cair na água e quando vai se abaixar para tentar pegar, Pangoro repara em uma das orelhas saindo da peruca.

    Saltando da água com mais raiva ainda, Pangoro volta a perseguir Carbink, que saltitou tão rápido que todo o seu disfarce ficou para trás.

~Paaan? ("Cadê você, pedrinha?")

Carbink: Meu senhor, você tirou a sorte grande! Meus parabéns, congratulações! — Ele saltita até Pangoro, que aponta para si mesmo, perguntando se estava falando com ele. — É claro que estou falando com o senhor, Pangoro! Você acaba de ganhar uma amostra do óleo milagroso, vai ficar lindo em todos os seus sentidos, não é verdade?

~Paangroah?

Carbink: É isso mesmo Pangoro, o óleo milagroso melhora a memória, a concentração! Os médicos estão recomendando, não tem um dia sequer que a gente não veja, não escute, não leia sobre esse óleo... Os profissionais da saúde estão recomendando, é um alimento pro coração, pro cérebro! Melhora nossa memória, digo e repito, concentração! Sua pele vai ficar mais bonita, é um produto natural e poderoso!

~Paaan... — Sentando para aproveitar o óleo, Pangoro já nem lembrava mais do que estava fazendo, até que estranhou a demora e abriu seus olhos, vendo Carbink correndo para longe.

    Voltando a correr, Pangoro sente tudo ao seu redor escurecer e se depara com um ringue de luta.

Carbink: É isso mesmo, temos um corajoso voluntário para enfrentar o mais musculoso de toda a Wild Area! O grande guerreiro, quatro braços musculosos, pesando 130 quilos e pronto para quebrar tudo pela frente, até mesmo a sua cara!! É ele, Maaaaaachamp!

    Um Machamp que passeava por ali acaba se envolvendo na situação armada por Carbink, saltando para o ringue e batendo com os quatro braços no peito.

    Vendo que precisaria enfrentar aquele Machamp, Pangoro se vê sem escolhas, aceitando o desafio e subindo no ringue.

    Começando a trocar socos e empurrões, os Pokemon vão pressionando um ao outro, por vezes Pangoro agarrava Machamp pela cintura para o jogar para trás e por outras era ele o agarrado.

Carbink: Que dureza! Que movimentos! Machamp e Pangoro estão implacáveis, é porradaria rolando solta nesse ringueeee!

Bea: Mas que brincadeira é essa? — Surgindo ao lado de Carbink, ela cruza os braços. — Ah... Aquela pedra falante, é você...

Carbink: Q-Quem é pedra falante? Sou uma mulher atraente... — Ele tenta disfarçar, trocando para a peruca, mas sentiu uma sombra por trás, sabendo que era Pangoro.

~Pangrrr... ("Você é uma mulher horrorosa...")

Carbink: Cafajeste!!

Bea: Espera, você está tentando fugir desse Pangoro? — Disfarçando o riso, ela deixa Carbink envergonhado.

Carbink: É c-claro que não! Eu posso muito bem acabar com ele e... — Seus olhos ficam pequenininhos ao ver Pangoro dar um soco que afunda o chão ao seu lado. — Ai...

Bea: Haha! Vamos, me deixe ajudar! Machamp, acabe com ele!

Carbink: Não preciso da sua ajuda, já disse! — Ele se chacoalha, deixando a peruca cair.

Carbink: Toma essa, monstrão! — O diamante em sua testa se ilumina e diversas pedrinhas o rodeiam. Ele rodopia e todas se guiam até o corpo do panda, mas ao baterem em sua barriga, caem sem nem fazer cócegas.

~PANNNGORO!

    Erguendo o braço energizado, Pangoro o afunda na cabeça de Carbink, que fecha os olhos esperando o pior, mas...

Bea: Hyah! — Ela havia segurado o braço do Pokemon e agora o acertava um chute no estômago, o empurrando para trás.

Carbink: Eu disse que não queria ajuda...

Bea: Então vai lá, pode acabar com ele, bonzão — disse, apontando para o urso que corria com ódio.

Carbink: Eek... É todo seu!

Bea: Cai dentro, Pangoro! Tô precisando gastar a força hoje! — desafiou o panda, que veio para cima. Ela esquivou com facilidade e segurou seu braço por baixo, o torcendo e o arrancando um gemido de dor.

~Makonia... ("Ela é brutal, né...")

Carbink: Me dá medo...

    Dando uma rasteira no panda, Bea o derruba. Ele tenta se levantar, mas ela ameaça continuar o combate. Vencido, Pangoro se rende e vai embora resmungando.

Bea: De nada. — Virou-se para Carbink, que cruzou as orelhas. — Machamp, hora de voltar ao treino. Esse Pangoro não tiraria nem casquinha dele...

~Mako...

Carbink: Dele quem? — Sendo ignorado, ele vê Bea e Machamp passarem, mas decide segui-los sem ser percebido.

    Próximo a um dos lagos que já havia sido recuperado do incidente do Sibilante, Machamp pegava um tronco de árvore que caiu durante a batalha.

    Bea, respirando fundo e amarrando o laço em sua cabeça, posiciona bem suas pernas e começa a dar socos no tronco, tirando lascas dele enquanto Machamp o girava.

    Algum tempo após, agora Bea andava com as mãos, equilibrando todo o seu corpo. Dessa forma, fortalecia os braços, mas para Carbink parecia impossível, até se ele tivesse algum membro...

Carbink: O que ela está fazendo? — perguntou-se, atrás de uma pedra e vendo tanto Bea quanto Machamp na mesma posição, sentados de pernas cruzadas e com os polegares encostando na ponta dos indicadores.

Bea: Eu sei que está aí todo esse tempo, pode aparecer... — disse sem abrir os olhos e Carbink caiu na grama, sendo descoberto. 

Carbink: Na verdade, eu só estava passando e... Ah, não te devo satisfações!

Bea: E aonde estão aquelas crianças, seus amigos?

Carbink: Não preciso delas para atravessar a Wild Area! Me viro muito bem sozinho.

Bea: E o que foi aquilo com o Pangoro?

Carbink: Foi você se metendo aonde não foi chamada!

Bea: Repete! — Ela abre os olhos e segura Carbink pelas orelhas, mas logo o solta.

Carbink: Você se acha muito boa! Deveria lutar com a Leuri, ela ia acabar com esse seu Machamp!

Bea: A Leuri, Campeã de Hoenn? Haha! Eu estou muito acima dela no ranking para isso...

Carbink: Eu tenho outros amigos fortes também, tá?

Bea: Certo, certo... — Ela volta a meditar, deixando Carbink ali. Ele não aguenta o silêncio e tenta falar, mas se cala com medo de sair alguma besteira. — Desembucha, pedra.

Carbink: Eu... Posso treinar com você? 

Bea: Quê?

Carbink: É! Quero treinar também!

Bea: Acho que você não vai atrapalhar... Estava aquecendo para explorar umas ruínas que dizem ser guardadas por um Pokemon muito poderoso, mas ele não se mostra para qualquer um. Acha que consegue?

Carbink: Se eu acho? Eu tenho certeza! Vamos agora mesmo! — Ele começa a saltitar numa direção, mas...

Bea: Não é por aí...

Carbink: Eu sabia, tá?

    Sorrindo ao ver o Pokemon, Bea regressa Machamp e se levanta, passando os braços por dentro das alças de sua mochila. Ela e Carbink seguem pelo caminho que ela conhecia, não sendo atacados por nenhum Pokemon, afinal nenhum queria buscar briga com Bea.

    Eles encontram o que parecia ser parte de uma torre de pedra, coberta por musgo e com várias rachaduras em sua estrutura. Alguns Duskull que levitavam ao redor ficam invisíveis assim que avistam Bea.

Carbink: Isso é o que você chama de ruínas?

Bea: Calma, ansioso... Ao redor daqui existem outros pedaços antigos que provavelmente fizeram parte dessa torre no passado. Minha intuição diz que não pode ser só isso...

Carbink: Pois a minha diz que você está doida — disse, saltitando para perto da torre. Ele se encosta nela, até que toda a estrutura começa a ceder. — Aaah!

    Rolando para perto de Bea, Carbink vê os pedaços da torre caindo. Bea corre para ver o que tinha lá, encontrando uma escotilha de madeira. Ela sorri para Carbink, que abaixa as orelhas, não gostando da ideia.

Bea: Uma passagem para o subterrâneo... Que interessante — disse, abrindo a escotilha. Ela deixa sua mochila cair e a abre para pegar uma lanterna. — Vou descer, fique aqui até que eu diga que é seguro.

Carbink: Cuidado! — gritou, mas ela saltou para dentro.

Bea: É seguro! Venha, você vai ficar impressionado! Ah, e traga minha mochila!

    Carbink olha para a mochila de Bea e tenta empurrá-la com o corpo, mas nem se movia. Cansado, ele se questiona se ela carregava chumbo ali dentro, mas tem uma ideia melhor.

    Liberando Machop de uma das Pokeballs na mochila, Carbink o pede ajuda e sem muito esforço, ele empurra a mochila para dentro da escotilha. Em seguida, salta.

Bea: Machop? Você era o Carbink?

Carbink: Ai! — Logo em seguida, ele cai perto de Bea, que segura o riso.

Bea: Pedra — falou enquanto andava apontando a lanterna para as paredes. — Não sou uma boa pesquisadora, mas li a respeito de uma torre de vigilância que foi construída na Wild Area durante a guerra com outro reino, séculos atrás. O antigo rei subiu ao topo dela para confrontar o alienígena que cobriu Galar em escuridão e ela foi destruída durante a luta.

Carbink: O que só usava uma espada e um escudo, né? Eu vi a estátua dele no hotel.

Bea: Esse. Se isso for verdade, esse caminho subterrâneo escondido abaixo da torre pode ter sido uma rota de fuga do rei. E quem sabe algum Pokemon dele continue vivendo por aqui, todos esses anos!

Carbink: O Pokemon que guarda as ruínas...

Bea: Você não é tão burro quanto eu pensava, pedra. Anda, vamos ver onde esse caminho nos leva.

    Continuando a andar, Bea ilumina um Drilbur saindo de um buraco, assustando Carbink. Ele se envergonha, mas mantém a postura. 

Bea: Achei! — Ao fim do túnel, ela vê outra escotilha. Colocando a lanterna na boca e subindo nos ombros de Machop, abre e salta para o outro lado.

    Toda aquela passagem levava até uma caverna que Bea nunca havia explorado. Ela ajudou Carbink e Machop a subirem e os dois se impressionaram com as rochas azuladas. Haviam fragmentos brilhantes pelo ar, deixando a atmosfera encantadora.

Bea: Isso é... Energia Dynamax, em sua forma mais pura — disse, colocando a mão para sentir.

Carbink: Que lugar lindo! Me lembra até de casa!

Bea: Seus amigos moram em cavernas?

Carbink: Não, da minha casa! O Reino Diamante! É um lugar lindo onde todos nós Carbink servimos à Princesa... Bem, eu não sirvo mais. Um Carbink como eu não poderia.

Bea: Não entendi, qual é o seu problema?

Carbink: O Diego diz que eu não tenho modos para comer, a Marnie fala que sou hiperativo, a Leuri nunca diz que gosta dos meus diamantes e...

Bea: Não, pedra. O que te impede de servir essa princesa?

Carbink: Ah, você sabe... Eu falo a língua humana, tenho essa forma deformada... O Reino só tem espaço para aqueles que são perfeitos, como um fragmento de diamante, como todos os Carbink.

Bea: Sua história é curiosa... — disse, continuando a andar e iluminar o caminho, não vendo nada demais por ali. — Eu sempre treinei nessa intensidade que você viu, sempre aprimorei meu corpo e o dos meus Pokemon. Mas mesmo assim...

    Uma lembrança fez Bea parar de andar e apertar a lanterna com força. Carbink a olhou com curiosidade enquanto ela fechou os olhos, concentrando-se.

Bea: Não era suficiente para ser boa o bastante... Mas eu vou voltar e mostrar que sou definitivamente superior! Eu que deveria ter sido escolhida!

Carbink: Calma! — exclamou e Bea o encarou com uma expressão tão severa que ele recuou. Machop encostou em seu braço e ela percebeu que se exaltou.

Bea: Desculpe. 

~Mako! — Tendo uma ideia, Machop abre a mochila de Bea e a entrega uma barra de chocolate.

Bea: Sabe que não resisto... — Ela pega rapidamente a barra e a devora mais rápido do que Carbink poderia piscar. — SkittyKat são os melhores!

Carbink: Eu também adoro! Mas meus preferidos são os Pokeblocos, definitivamente! Meu maior vício —disse, chacoalhando o corpo e deixando uma barra de Pokeblocos cair de seus pelos.

Bea: Doces são minha fraqueza, principalmente chocolate... 

Carbink: Nem me fala! — Ele se vira para Bea com vários farelos no pelo. — Haha! Você está toda suja perto da boca!

Bea: Olha quem fala, pedra!

    Vendo os dois rirem um do outro, Machop sorri, mas logo sente uma pressão no local. Ele olha para Bea, que assente, também tendo sentido.

~Goooo!

    Lentamente se aproximando, um Pokemon de pedra fazia a caverna tremer a cada passo que dava. Seu corpo parecia sujo e apenas um de seus olhos brilhava em amarelo.

Bea: É um Golett, um Pokemon da antiguidade! Não fazia ideia que ainda havia um vivendo esse tempo todo aqui! — Ela identificou, já segurando uma Pokeball.

~GOOOOO!! — Ele absorveu sombras com seu punho e avançou na direção de Carbink, mas Machop ficou em sua frente, aguentando o movimento.

Carbink: Está nos mandando ir embora!

Bea: Azar o dele, eu vim para enfrentá-lo! — Ela ergue uma Ultra Ball, liberando Machamp. — Foresight!

    Concentrando-se junto com Bea, Machamp emite uma onda de energia que marca o corpo de Golett. 

Bea: Com isso poderemos socá-lo! Machop, Machamp, façam logo!

    Avançando em Golett, Machop o acerta com um golpe de braços cruzados, o fazendo ficar de joelhos. Machamp dispara para sua frente e o soca com os quatro punhos de uma vez, afundando-o no chão.

    Provando que aquilo não bastaria para impedi-lo, Golett mudou sua forma para transformar-se numa bola, rodopiando pela caverna e colidindo com os lutadores de Bea.

Carbink: Nem vem, seu metido! — Levitando, Carbink cria quatro diamantes, todos disparando raios interligados num só feixe que persegue Golett, mas não o paravam.

Bea: Hyah!

    Se colocando na frente do Pokemon, Bea consegue o parar com um pé. Ele então se levanta para acertá-la um soco, mas ela dá uma cambalhota por cima dele e o dá uma rasteira, deixando-o de joelhos.

    Quebrando o sorriso confiante de Bea, Golett ergue um punho envolto por faíscas e a soca. Ela arregala os olhos, sendo empurrada de costas numa das grandes pedras azuis.

Carbink: Bea! — gritou, saltitando até a mulher, que não conseguia se mexer. — Está paralisada...

~Go! Go! Go!

    Golett disparava sequências de Shadow Ball, estas que explodem no peitoral de Machamp, o derrubando. Machop salta para cima dele, mas também recebe uma, caindo de costas.

Carbink: Golett, por que está tão nervoso? — perguntou, saltitando para perto dele e desviando de uma Shadow Ball.

~Goooo!!!

Carbink: Protegendo...? Aaai!

    Recebendo uma Shadow Ball, Carbink rola pela caverna, batendo com seu diamante numa rocha. Bea fazia força para se mover, mas não conseguia.

    Determinados a não desistir, Machop e Machamp se levantam e correm na direção de Golett, que reúne as partículas da caverna para forma uma Wishing Star, sendo emanada no topo de sua cabeça.

    Começando a crescer com o poder da Wishing Star, Golett se transforma em Golurk, um gigantesco titã. Machop e Machamp se afastam com a energia do Dynamax, enquanto Bea continuava tentando se mexer.

Carbink: Vocês dois, me escutem! Sair no soco com ele não vai resolver — gritou para os dois lutadores, que o olharam de canto. — Ele é lento e grande, vamos derrubá-lo pelas pernas! Eu o distraio, ataquem!

    Rodopiando, Carbink levanta uma tempestade de areia, dificultando a visão de Golurk.

    Correndo ao redor dele, os dois lutadores socavam suas pernas, que cada vez mais ficavam bambas até ele se ajoelhar.

~GOOOOOOOOOOOO!!!!

    Liberando ondas de energia, Golurk afasta Carbink, o mandando ao chão numa cratera ao lado de Bea, mas ele se levanta logo. A tempestade também é afastada.

Carbink: Ele vai atacar, cuidado!

    Disparando raios de seus olhos, Golurk pulverizava o chão. Machop e Machamp corriam em ziguezague, desviando.

Carbink: Machamp, dê cobertura ao Machop! Vai!!

    Saltando contra o disparo de Golurk, Machamp o absorvia com suas quatro mãos cruzadas, desviando-o para os lados até ficar bem perto do rosto dele.

    Quando Machamp não aguenta mais e cai, Machop salta de suas costas, afundando as mãos no rosto de Golurk e descendo pelo corpo dele, fazendo toda aquela energia explodir em sua descida.

    Sem conseguir mexer os lábios, Bea observava impressionada a batalha em sua frente, com o titã sendo tombado pelas ordens de Carbink.

Carbink: Você tem que me escutar! — Com o seu corpo envolto por aura rosa, Carbink levita por cima de Golurk, que tinha a barriga virada para cima.

    Sem responder, o titã apenas o encara. Carbink expande a energia por todo o seu corpo, diminuindo seu tamanho consideravelmente.

Carbink: O que você está protegendo nesse lugar é a Wishing Star, não é? Ela pertencia a alguém muito especial... — De olhos fechados, ele conectava-se com Golurk. — Mas por mais quanto tempo você vai ficar aqui nessa caverna, fazendo só isso? Existe um mundo lá fora repleto de possibilidades... Se vier comigo, posso mostrá-lo!

    Como se compreendesse, Golurk diminui ainda mais de tamanho até voltar a ser um Golett, mas dessa vez com os dois olhos iluminados. Ele estala os dedos, liberando Bea da paralisia e faz a Wishing Star descer até suas mãos.

Bea: Os Golett foram criados para seguirem ordens, ao que parece ele realmente só estava fazendo isso guardando o que restou da torre de vigilância e a Wishing Star... — disse, aproximando-se de Carbink. Machop e Machamp correm para abraçá-la, mas ela os afasta. — Você é um oponente formidável. Espero que possamos ter uma revanche algum dia.

~Gooo...

Carbink: Não se preocupe, você fez seu trabalho com perfeição! Mas agora é hora de seguir em frente, Golett.

    Concordando com Carbink, o Pokemon aceita ir com ele e os outros para fora dali. Eles fazem todo o caminho subterrâneo, retornando para as ruínas da torre.

    Sentindo a grama pela primeira vez em centenas de anos, Golett se senta para ver as flores. O vento o diverte e algumas Flabébé aproximam-se. Lacrimejando, o Pokemon pega uma delas, como se o trouxesse memórias do passado.

Carbink: Aproveite, Golett! Esse mundo é grandão!

~Goo...

    Uma luz vermelha se acende na frente de Carbink, que, com brilho no olhar, via algo se formando nela. Era a Wishing Star. Golett a trouxe para perto de si, passou alguns segundos assim e a fez levitar até Carbink.

Carbink: Você quer que eu fique com isso?

~Gooole.

Bea: O que ele disse, pedra?

Carbink: Que eu lembro o mestre dele — respondeu, aceitando a Wishing Star e a levando para dentro de seus pelos. — Obrigado! Prometo guardar bem!

    Despedindo-se do Golett, Carbink, Bea, Machop e Machamp acenam para ele, mas ficaram com os braços cansados porque ele andava muito devagar, então deram as costas e foram embora.

    Toda a aventura nas ruínas levou um bom tempo. A noite chegou e a temperatura abaixou na Wild Area. Bea armou sua barraca e acendeu uma fogueira, enquanto Machamp arrastava quatro pedras para todos sentarem. Carbink preferiu ficar de pé, sentar numa outra pedra seria estranho, já que ele também é uma.

Carbink: Seus Pokemon são fortes mesmo, Bea. Aquela batalha parecia impossível de vencer!

Bea: Uh? Ah, quase me esqueço... Machop, Machamp, vocês se saíram... bem — disse, sorrindo. Os dois Pokemon agradeceram com a cabeça e se deitaram próximos da fogueira. — Ando treinando elogios desde que percebi que cobro muito deles...

    Encarando o fogo, Carbink cai o olhar. Ele se chacoalha e alguns Pokeblocos caem para dentro de sua boca.

Carbink: Talvez tenha sido má ideia vir sozinho para a Wild Area... Meus amigos devem estar preocupados.

Bea: Sorte sua que eu estava perto.

Carbink: Deve ser legal ser uma Treinadora. Eu já fui um, mas não tenho essas memórias.

Bea: Você agiu como um treinador naquela batalha. — Ela não deixava de olhar para o fogo. — Sei que está tentando provar que não é fraco, eu sei o que é isso. Mas hoje me fez pensar no que é força... E no que estou fazendo com a minha.

Carbink: Uma das minhas amigas que eu não vejo sempre diz que a força vem dos laços. Quando eu disse para o Golett conhecer o mundo, foi lembrando dela. Ela nunca fica parada por muito tempo fazendo a mesma coisa!

Bea: Sério? Eu tenho... tive uma amiga que era assim também. 

Carbink: Você deveria procurá-la de novo!

Bea: Acha mesmo? — respondeu após alguns segundos pensando. — Pedra?

    Ouvindo Carbink roncar, Bea percebe que ele dormiu no meio da conversa. 

    Segurando o riso, ela desembrulha mais um SkittyKat e o devora antes de se deitar também.

    De manhã, Bea chegava com Carbink até os portões de Motostoke. Um grupo de Rookidee passa por eles, que os observam indo embora até voltarem a se encarar, sérios.

Bea: Vê se não se perde... Carbink — Dessa vez ela disse o nome de Carbink, que percebeu e sorriu. A seguir, ela também sorriu. — Nos vemos por aí.

Carbink: Pode deixar! E na próxima vez, quero uma luta com você!

Bea: Que forma estranha de pedir pra levar uma surra...

Carbink: Hey!

    Despedindo-se de Carbink, Bea volta a olhar para o céu, vendo um avião passando. Pensativa, ela volta a correr com seus Pokemon para mais um dia de treinos ao seu estilo.

Continua