Zerø: Prólogo #3 - Os caminhos.

    Correndo para um parquinho infantil, três crianças nem olhavam para seus pais que vinham atrás, apenas queriam brincar.

 — E agora, a Top Coordenadora Bianca vai se apresentar para todo o seu público! — A garotinha subia ao topo de um escorrega, abrindo os braços. — Cheren, Mike, eu quero ouvir o som dos aplausos e dos elogios!

 — Você é linda, Bianca... — Os dois meninos disseram ao mesmo tempo, com as bochechas coradas, e olharam um para cara do outro.

Cheren: Mas como você vai ser uma Top Coordenadora sem ter um Pokemon?

Bianca: É pra imaginar, bobinho! Eu posso não ter um agora, mas quando eu tiver, vou competir com a Elesa!

Cheren: Isso seria tecnicamente impossível, a Elesa é uma Mestra de Contests... Você pode passar a vida inteira sem conseguir subir num palco contra ela.

Bianca: Ai, que chato! Eu vou competir com ela e pronto! Mike, você concorda comigo, né?

Mike: Eu acho que sim, mas o Cheren também tá certo!

Bianca: Isso não faz muito sentido... — Ela escorregou pelo brinquedo, voltando para perto deles.

Cheren: Eu estudo os Pokemon no computador da minha mãe e tomo conta dos que vivem lá em casa, quando eu tiver o meu próprio vou poder ser oficialmente um Criador! Aprender tudo sobre eles, arrumar um emprego com meus conhecimentos, me sustentar e comprar todos os brinquedos do mundo. Um plano bem mais pé no chão, entendeu?

Bianca: Chaaaato! Eu vou trabalhar no Pokéstar Studios!

Cheren: E vai enfrentar a Elesa como? Num filme?

Bianca: Eu não sei, tá bom? E você, Mike?

Mike: Meu plano é vencer os ginásios, depois a Elite e depois o Campeão Alder! Eu já pensei numa rotina de treinamento que aprendi vendo o filme da vida do Tucker, aquele Criador que o Cheren gosta. Quando a Bianca me mostrou a Copa Elesa, fiquei curioso e escrevi sobre a força dos movimentos de todas as possibilidades de Pokemon em Unova que posso chegar a capturar e até imprimi uma tabela de vantagens e fraquezas, mas o Liepard do papai comeu. Pelo menos eu já tinha decorado...

Bianca: Que fofo!

Cheren: Ei, o nerd era pra ser eu! — exclamou, percebendo Mike corar.

Mike: Batalhas não são pra nerds! A Bianca sabe disso! — Os dois encostaram as testas, encarando-se.

Bianca: Ai, meninos, chega disso! Vamos brincar na amarelinha!

    Enquanto isso, dentro de um castelo, um garoto também saltava pelos números da amarelinha num quarto repleto de Pokemon, brinquedos e jogos... Seu irmão mais novo ficava o olhando em silêncio, brincando com uma pelúcia de Ralts junto de duas outras garotas da idade de seu irmão. A porta se abriu e os dois olharam na direção dela, vendo um homem familiar com seu longo manto de tecidos finos.

N: Papai! Você trouxe um jogo novo? — Com os dois pés no lado esquerdo da amarelinha, ele imediatamente ganhou brilho nos olhos.

Ghetsis: Meus filhos, estão se divertindo? — Ignorando a pergunta, aproximou-se dos dois. N assentiu e seu irmão mais novo, Wally, também fez o mesmo, tímido assim que as duas garotas afastaram-se dele. — Acredito que esteja brincando errado, N...

N: Como assim?

Ghetsis: Você não pode colocar dois pés no mesmo quadrado. Regras da amarelinha, haha! Mas escute um truque, se usar o pé direito, fica mais fácil para se manter de pé.

N: Hum... — Ele olhou para a amarelinha, mas um Zorua rolou por cima dela e ele se distraiu, rindo e fazendo cócegas em sua barriga.

Ghetsis: Meus dois filhos... Futuros Reis da Team Plasma. Alguma vez já os contei a lenda da fundação de Unova? — perguntou, vendo os dois negarem com a cabeça. N deu as mãos para seu irmão mais novo, o puxando para o seu lado e sentando para ouvirem a história. — Muito bem, muito bem... A história é esta... Uma divindade em forma de um Pokemon dragão desceu ao nosso mundo que se perdia na guerra dos humanos que usavam os Pokemon para lutarem em seus lugares, causando a perda de muitas vidas. Mas haviam dois heróis que se opuseram a esse cenário horrível. Eles conseguiram se comunicar com o dragão, que dividiu-se em duas metades correspondentes à verdade e ao ideal que os heróis pregavam. Eles trabalharam juntos para compartilharem seus pensamentos e unirem as pessoas e Pokemon, com os dragões mostrando suas garras para aqueles que se opusessem. Dessa forma, trouxeram unidade aos corações de todos na Terra, e foi assim que Unova foi criada!

N: Que história linda, papai... Humanos e Pokemon trabalhando juntos por um futuro melhor. Isso é perfeito.

Ghetsis: Não é? Escutem... Se pudermos conquistar os corações e mentes das pessoas, podemos facilmente criar o mundo que eu, digo, que a Team Plasma deseja! Vocês dois serão esses heróis.

N: Wally, nós vamos ser heróis! — Ele exclamou para o mais novo, que sorriu com o rosto corado, mas não disse nada.

Ghetsis: Libertaremos os Pokemon das pessoas tolas e voltaremos a viver num mundo de união e igualdade como nossos ancestrais Draconid conheceram... Será lindo. — Ele sorriu com todos os dentes. Agora, que tal eu mostrar como se brinca de amarelinha de verdade?

    Na Vila dos Dragões, Iris trapaceava na amarelinha, seguindo reto até o topo e revoltando Pansear e Minccino quando a Anciã a chama para admirar as estátuas de dois dragões, um branco e outro preto, como diziam as inscrições em seus pedestais. Ela ajoelhou-se em sinal de respeito, fazendo uma oração, e a garota revirou os olhos, mas recebeu um pescotapa e se ajoelhou também.

Anciã: A divindade do dragão da união que vivia com os antigos Reis gêmeos de Unova por um mundo onde todos poderiam ser felizes como iguais... Até o tempo que começaram a brigar pelo caminho que escolheriam para fazer isso. Ideais de compaixão para as várias possibilidades ou verdades severas de fatos irrefutáveis? A essência do dragão se viu dividida nos dois lados, não sabia com quem concordar, então separou-se em duas metades.

O dragão negro dos novos ideais, Zekrom...

O dragão branco das verdades estabelecidas, Reshiram...

Anciã: A guerra entre os dois nunca teria fim, seus poderes eram equivalentes e proporcionavam lutas longas e violentas... Qualquer lado que vencesse, e se houvesse mesmo um lado, ambos acabariam perecendo exaustos. Os irmãos perceberam o erro que haviam cometido e decidiram que não havia um caminho certo, encerrando o combate mas permanecendo separados. Entretanto, seus filhos retomaram o conflito e os poderes de Reshiram e Zekrom quase destruíram completamente a região. Os dragões se esqueceram das bases da fundação de Unova... União e harmonia entre humanos e Pokemon. Iris, está prestando atenção?

Iris: Aham, continua! — Ela assistia dois Pokemon se enfrentando e a Anciã respirou fundo, levantando-se.

Anciã: Iris, eu vejo que seu dom te levará a testemunhar a grandeza de um desses caminhos e eu temo já saber qual é. — Sua fala chamou a atenção da garotinha, que se voltou para ela. — Mas deve se lembrar da base, união e harmonia entre todos. Eu sempre vou acreditar em você, pequena, mesmo que seja tão difícil.

Iris: Tá bom, tá bom! Agora deixa eu ver a luta desses dois aqui, o Watchog tá levando uma surra, ele não sabe nem usar Crunch direito!

~Waaatchog? — Ele parou de batalhar, entristecido.

Iris: Ué, eu só falei o que tá acontecendo!

Anciã: Você disse a verdade, mas era o ideal a se dizer? — Ela deixou a pergunta no ar, dando as costas para Iris.

Usar o pé esquerdo, o direito ou os dois... Existe algum jeito certo de chegar até o mesmo final? Espera, será que ainda estamos falando de amarelinha? Bem, é nesse cenário que essa história começará pela região de Unova...

Iris: Rayquaza do céu! Não acredito que estou de volta! — Balançando-se pelos cipós das árvores da floresta, ela conseguia ver a Vila dos Dragões de longe.

Wally: Irmão, por que Anthea e Concordia não podem vir conosco? Elas também são nossas irmãs... — perguntava para N enquanto caminhava pelos corredores do castelo.

N: O pai nunca fala delas, mas ele disse que deveríamos estar pensando no que vamos começar a fazer a partir de hoje, ajudá-lo em seus discursos pela região. Sem distrações, não é?

Wally: S-Sim... — Ele olhou para as duas moças no fim do corredor, acenando para ele.

Bianca: Gente, olha o que eu consegui com o meu pai! — Ela corria ao encontro de seus dois amigos de infância, carregando um Minccino quase sufocado em seu abraço. — Não é a coisinha mais fofa do mundo a minha Minccino??

Cheren: Você que é a coisa mais fofa do mundo, haha!

Mike: Hum... Agora ela é uma coisa? Isso pegou mal. — Os dois se encararam, mas Bianca colocou Minccino entre eles.

Bianca: Parem de ser bobos e mostrem logo os Pokemon que ganharam!

Mike: Eu primeiro! O meu é um filhote do Krookodile do meu pai! — exclamou, apontando uma Pokeball para o chão e liberando um pequeno Sandile.

~Saaandile!

Bianca: Fofo fofo fofo!!!

Cheren: Quem rir de mim não vai ser mais meu amigo, porque eu adorei ele — disse, apontando uma Pokeball para seu ombro e liberando um Pidove rechonchudo.

~Pruuu!

Mike: Ah, ele voa, isso é legal!

Bianca: Boa sorte treinando ele, vai precisar principalmente quando encontrar mais vinte deles a cada passo que der numa cidade! Haha!

Cheren: Ei!! Não zombem de mim, esse Pidove ainda vai fazer história!

~Pruu?

Continua