Capítulo 100: Antes da tempestade!

~ELDEEE!!

Calyrex: Volte aqui, sirva o seu Rei me entregando seus poderes!!

~Cooorv!

    Nos bastidores do estádio Wyndon, Eldegoss fugia de Calyrex, que por sua vez era perseguido pelo Corvisquire. Royal Mask montava um prato com vários docinhos, quase se atrapalhando com os três passando entre suas pernas.

Brandon: Então você está querendo se tornar uma Criadora profissional?

Katie: Sim! Diego me contou sobre os concursos de Kalos... Mas ainda quero resolver algumas coisas antes de tomar uma decisão. — Ela polvilhava algo por cima de tigelas de comida para Pokemon, depois se abaixou para servir.

~Helioo! — Heliolisk aprovou o sabor.

Sonia: Foi incrível, amigo! Você está de parabéns!

Diego: Obrigado, Sonia! — respondeu enquanto mexia um chá com uma colher. — Agora estou tentando recuperar as energias do Trevenant mais rápido pra ele poder continuar combatendo hoje.

Nia: Que ervas você está usando?

Diego: Que bom que perguntou! Essas aqui são... — Ele começou a falar sem parar enquanto mostrava vários saquinhos etiquetados para identificar as diferentes ervas. Nia tentou prestar atenção, mas assim como Trevenant cochilava, ela também foi fechando os olhos até...

Nia: Ai! — Ela se assustou quando ouviu uma risada super aguda.

Harley: Gostou, bombom? Você falou que eu não faço mais nada da minha vida, olha aí eu trabalhando, ganhando a vida, sendo empreendedor!

Avery: Você está se saindo muito bem mesmo, vai seguir carreira comentando batalhas?

Harley: Credo eu ainda tenho lá alguma dignidade! Mas ainda bem que deram essa pausa, estava precisando ficar longe daquelas duas um pouco.

Iris: Pausa? — Ela se intrometeu na conversa. — Que pausa?

Bea: Você não ouviu anunciarem? A última batalha causou mais danos ao campo do que o previsto, vão fazer as reparações e as batalhas devem ser retomadas em no máximo uma hora.

Iris: O quê?! Eu não aguento maaaais!

Bea: Não é como se fôssemos batalhar ainda hoje, só amanhã que o Top 8 vai entrar em cena depois das lutas dos campeões da Liga. Você não leu nada sobre como funciona o evento?

Iris: Tinha mais de três linhas, não passei da primeira... Mas por que estou aqui se não vou poder ter uma batalha? Não me importo com essa Liga chata! — Ela levantou a saia de seu vestido, jogando vários salgados e docinhos nela para levar embora.

Bea: Iris? — Ela tentou impedir a menina, mas ela saiu correndo dos bastidores. — Argh... Que cabeça dura, imagine ser assim?

Aleíse: Eu nem falo nada!

    Enquanto sua Lurantis fazia Synthesis, Aleíse sentou-se para soldar o escudo de Aegislash. Ao lado dele, Weavile descansava com uma bolsa de gelo na cabeça.

 — Opa será que podemos conseguir uma exclusiva? — a repórter colocou o microfone na frente do rosto da menina que levou um susto com isso.

Aleíse: Eu, ahn... — Ela viu Leila atrás da repórter sorrindo para ela e fazendo positivo com as duas mãos. — Claro, por que não?

Leuri: Ai, uma repórter, minha predadora natural... Se ela me vir também vai querer fazer perguntas que eu não quero responder! — exclamou para Bede, que ainda estava no celular.

Bede: Nossa, que problemão...

Leuri: Não é? Preciso sair daqui!

Carbink: Então vamos juntos! — Ele saltitou para perto dela. — Eu também tenho que sair e encontrar alguém!

Marnie: Hrmm... — No passado, a pequena Marnie voltava à floresta onde parte de seu irmão havia sido selada no altar ao tentar salvar a vida de seu Morpeko. Ela estava assustada, mas trazia uma mochila nas costas e pretendia encarar o nevoeiro. Conforme caminhava, ouvia sons parecidos com uivos cantados que a amedrontavam. — P-Por favor! Eu só quero chegar até o altar, depois eu vou embora, eu prometo!

    No presente, Marnie novamente estava naquele lugar. Passou das primeiras árvores até chegar onde o denso nevoeiro parecia ter seu começo. Ela estreitou os olhos, segurando com mais firmeza nas alças de sua mochila. Poipole voou para sua frente, com sua risada irritante de sempre.

Poipole: Wuuuuh! Está com medo, está?

Paula: Ela não tem o que temer — disse, passando para frente da menina que não percebeu de onde ela vinha. — Seu desejo de se tornar forte vai ser colocado em prova, Marnie.

Marnie: ... Vamos.

    Adentrando o nevoeiro, Marnie se recordava das árvores daquele lugar o qual já visitara centenas de vezes nos últimos anos em tentativas falhas de chegar ao altar. Ela encostou no tronco de uma, onde viu marcações com tinta e adesivos colados, mas seguiu seu caminho.
    Não importava o quanto andasse ou corresse para direções diferentes, sempre voltava ao seu ponto inicial, o começo do nevoeiro. Ela sabia disso e dessa vez não foi diferente, em poucos minutos estava onde começou.

Marnie: É impossível, eu já tentei muitas vezes. O nevoeiro de Zarude é encantado para não deixar ninguém atravessar.

Paula: Mas se tem conhecimento de quem é Zarude, então sabe como o fazer.

Marnie: Calyrex apenas mencionou que criou vários soldados com o poder da natureza para lutar por ele, eram seu exército...

Paula: Oh, sim... Aqueles soldadinhos desgostantes. Eles controlavam a vegetação como bem entendiam, podiam transformar uma flor numa arma poderosa. Abençoados com o poder do Deus da fertilidade, juraram lealdade a ele.

Marnie: Controlavam a vegetação? — Paula sorriu inocente com a pergunta.

    Se virando de costas para pensar em meio aos uivos, Marnie arrancou uma lasca do tronco de uma árvore. Ela correu para dentro do nevoeiro, forçando seus olhos a não piscarem, as formas distorcidas na névoa iam se alterando como se árvores pudessem caminhar com suas raízes. Ela parou quando voltou para onde estava, ao lado de Poipole e Paula.

Marnie: A floresta está viva com o poder dos Zarude — concluiu, voltando-se para a árvore de onde arrancou a lasca, mas já era outra diferente. — Não dá para atravessar enquanto não derrotar eles!

Poipole: Muito bem! E qual é o plano?

Marnie: Autoexplicativo! — exclamou, então rangeu os dentes e deu um soco no tronco da árvore. Sua Wishing Star iluminou-se a fortalecendo e ela quebrou a madeira, agarrando em algo. — Aaaaargh!

    Puxando com força, Marnie caiu sentada para trás, mas não baixou a cabeça. Ela viu o que pareciam vinhas luminosas saindo de dentro do tronco, eram muitas e agora rastejavam para dentro do solo, mas ela agarrou em duas Dusk Balls.

Marnie: Liepard, Toxicroak!

    Surgindo junto de sombras, as duas Pokemon atacaram as vinhas, partindo-as. Os uivos ficaram mais altos e Marnie olhou para os dois lados enquanto se levantava. Ela escutou um gemido de dor e estendeu o braço, iluminando a sua frente.

Marnie: Revelem-se e me enfrentem, eu não vou sair daqui agora que sei como machucá-los!

Humana tola...

    Marnie escutou uma voz que parecia vinda de todas as árvores, arbustos e até da grama do chão, mas não mudou sua postura. Não tinha nada a temer.

Você não sabe onde está se enfiando... Vá embora e nunca mais volte!

Marnie: Vocês me ouviram bem, eu não vou repetir! — Ela estendeu o braço e suas Pokemon se lançaram contra árvores, atacando-as.

PARE!

    Escutando o que pareciam cipós balançando, Marnie abaixou-se sentindo algo passar rapidamente por sua cabeça ventando sobre seus cabelos. O nevoeiro afastou-se numa área escura da floresta e a menina a iluminou com sua Wishing Star, só conseguindo ver a silhueta de um rosto...

 — Leon!!

Leon: Heey! — Ele estava sentado na grama do parque da cidade mexendo no celular, mas o guardou para dar atenção aos fãs.

 — Nós das Fadas do Tricô estamos muito ansiosas para a sua batalha, meu filho! — disse uma das velhas com roupas tricotadas.

 — Tão bondoso, nosso Campeão também é nossa motivação para continuarmos jogando boliche!

Leon: Heh, obrigado velhas!

 — Mas Leon, os alunos da minha classe estão todos preocupados com aquela menina que também está invicta, Iris... Não tem alguma chance dela te vencer, tem?

~Rooki! — O Rookidee piou em seu ombro.

Leon: Iris? Claro que não, pff! Não estou preocupado com ela!

 — L-Leon! Minha Pokemon e eu fizemos uma música para te incentivar a vencer a Iris, vamos cantar pra você!

~Wiggly!

 — Leeeeon... Dias de sol... — cantou e o Campeão gostou da melodia, mas... — Pronto, era isso! Espero que tenha gostado!

~Palp! — Ela saltou para a frente de Leon, cuspindo um envelope nas mãos dele.

Leon: Ehr...? — Ele abriu o envelope, vendo um desenho dele apontando uma arma para Iris pintada de vermelho e com X nos olhos. Então voltou a olhar assustado para a sorridente Palpitoad.

Leon: Qual é, gente! — Ele se levantou, afastando-se um pouco das pessoas. — Eu sou o número um, esqueceram?! Fiquem tranquilos, não tem nada me preocupando, eu só preciso de... Um pouco de espaço agora!

    Continuando a andar pra trás, Leon se virou de uma vez e saiu correndo pelo parque, mas por não prestar atenção acabou indo de encontro com outra pessoa.

Leuri: Mas já não basta aqueles torcedores na frente do estádio, nem nesse parque dá pra andar sem alguém esbarrar em mim?! Ah, é você, tá perdido de novo?

Leon: N-Não! Talvez... Mas não importa, quero ficar sozinho! — Ele voltou a correr.

Leuri: Eu hein, o que deu nele?

Carbink: Ele que vá se tratar, eu tenho que encontrar meu Golett!

Leuri: O Golett...

"O Golett que está com o súdito pedra falante, capaz de evoluir temporariamente... Ele me pertenceu no passado, e minha última ordem havia sido para que me protegesse enquanto eu encarava Eternatus."

"Quando me conectei com a Wishing Star purificada do Carbink, eu vi algo realmente gigante, maior do que qualquer Dynamax que tenha presenciado."

"Esse só pode ser o desejo que eu usava para transformar Melmetal, o gigante ferreiro, numa verdadeira máquina de combate. Marnie vai precisar dele para destruir o altar, é uma questão de tempo até vir buscar sua Wishing Star. Se esse desejo for corrompido, aí realmente não sei se terão qualquer mínima chance..."

"O maior poder que possuem agora está em posse de Carbink. Golett sabe disso e decidiu protegê-lo, mas devem todos se manter unidos."

Carbink: Golett! Golett! — chamava, saltitando pelo parque. — Onde foi que eu deixei ele?

    Lembrando-se de tudo que Calyrex havia falado na Tundra, Leuri observou com tristeza Carbink procurando pelo Golett. Mais cedo ou mais tarde, Marnie viria possivelmente pela última vez, pois se conseguisse a Wishing Star de Carbink... Ela não queria continuar pensando sobre.

Carbink: Golett! — Ele o encontrou atrás de alguns arbustos, estava sentado e com algumas Cutiefly em seu corpo, mas estas voaram quando se aproximou.

Leuri: Você o deixou aqui durante todas as batalhas?

Carbink: Yep! Ele faz tudo o que eu mando, quer ver?

Leuri: Claro, por que não?

Carbink: Certo! Golett, escolho você! — exclamou e o Pokemon levantou-se. Leuri riu baixinho disso. — Faz uma pose difícil!

~Golleee...

Carbink: Agora, faz um feitiço!

~Go go gollle, go goooo!

Carbink: Grava meu vídeo!

~Golle! ("Take um!") — Ele bateu a claquete.

Carbink: Agora coça as costas da Leuri!

Leuri: Acho que já foram bons exemplos, não precisa! — Ela colocou as mãos para frente bloqueando Golett que continuou tentando andar no mesmo lugar até Carbink o comandar para parar. — Você está fazendo um bom trabalho treinando ele.

Carbink: É claro! Tenho me esforçado, se vamos ter que lutar eu quero usar tudo que eu puder — disse, formando um diamante em sua frente e o estilhaçando no ar. — Vou estar pronto!

Leuri: Isso me lembra quando você quis ser um Treinador... — Ela começou a falar, mas parou, olhando para o rosto de Carbink. — Desculpa!

Carbink: Ei, não! Eu quero ouvir! Como foi?

Leuri: Mas não...

Carbink: Eu sei do Rolycoly, aprendi sobre o outro Carbink assistindo os vídeos que ele gravava antes do canal ser derrubado... Não me sinto mal por isso. Mas vou me sentir se não conseguir me contar, você têm sentimentos sobre ele! Pode conversar comigo!

    Olhando para Golett colhendo flores, Leuri suspirou e foi até um banco, ajudando Carbink a subir nele.

Leuri: O outro Carbink treinou tão bem o Rolycoly que os dois venceram juntos uma competição de inventar um sabor de Pokeblocos. Foi aí que ele evoluiu, também!

Carbink: E qual era o sabor?! Eu quero provar!

Leuri: Tinha saliva de Carvanha na massa, ainda bem que não contou aos jurados!

Carbink: Haha!! Eu vou fabricar mais!

Leuri: Acho que tenho um conselho... Se está treinando Golett, deve lembrar que os dois precisam concordar. Não é só exigir que ele faça algo, uma relação de Treinador e Pokemon é uma amizade, precisa ter troca. Se tiver isso em mente sempre, vão se tornar os mais fortes!

Carbink: Você deve estar certa. Obrigado! — exclamou e Leuri sorriu, encostando a mão no diamante de sua testa, o fazendo baixar as orelhas. — Aliás... Obrigado por tudo. Nunca cheguei a te agradecer por ter me dado vida. Eu amo estar aqui!

Leuri: Quando você partiu com o Diego, eu senti muitas saudades dos dois... Mas também estava de luto. Carbink, amei ter te conhecido, estou feliz por estarmos juntos!

Leon: Waaaah!! — Ele saltou por cima do banco enquanto Leuri e Carbink se abraçavam, mas Golett entendeu isso como um ataque, rapidamente transformando seu braço num canhão para atacar.

Carbink: Calma!!

Leuri: Leon! Estávamos tendo um momento aqui!

Leon: Desculpa por interromper seu momento de abraçar uma pedra, mas... Ela está aqui!

Leuri: Ela quem? Tá traindo minha prima? Olha que eu conto!!

Leon: Nunca, também sou o número um dos fiéis! Estou falando dela... — Ele se arrepiou, apontando para outro caminho do parque. — Preciso ir agora, prefiro voltar pro estádio.

Leuri: Carbink, ouviu isso? Alguém que colocou medo no Leon, temos que ir lá ver!

Carbink: Golett, me carreg... Quer dizer, vamos juntos!

    Então, seguindo pelo caminho de onde Leon veio correndo, os três começaram a ouvir sons de movimentos de Pokemon colidindo. Eram altos, provavelmente Pokemon grandes...

Iris: Breaking Swipe! — Ela comandava para seu Haxorus, com um semblante mais sério do que o costume.

~HAXOOOOWR! — O dragão energizou sua cauda a estalando para os dois lados, então disparou numa arrancada para frente.

Leuri: A Iris! Mas a oponente dela é...

 — Dragon Claw — comandou a mulher com firmeza, e Leuri a reconheceu imediatamente.

    Sua Garchomp também disparou para frente para peitar Haxorus, com suas garras amplificadas e transbordando sua energia elemental.

    Os golpes colidiram liberando tanta energia que a grama era arrancada do solo...

    Recuando com seus Pokemon, Marnie arrastou a sola de seu tênis no chão da floresta, batendo de costas numa árvore, mas cipós começaram a envolver sua cintura e Liepard a cortou com suas unhas.

VÁ EMBORA!

Marnie: Vocês estão com medo de mim? Não são os lendários soldados de Calyrex?! Apareçam!

Zarude: Você já recebeu muitos avisos, humana...

Marnie: Como eu te disse, não vou embora. Apareçam! — gritou ouvindo as árvores chacoalhando, então percebeu algo vindo atrás de suas costas.

Zarude: Sou apenas um! — berrou ele que agora se mostrava, um primata de pelos escuros pendurado num cipó que saía de seu braço, ele vinha pronto para chutar Marnie, mas ela se abaixou e rolou na grama.

Marnie: Só um? Haha!!! Mais fácil do que eu imaginava, e mais feio também!

Zarude: Estou tentando protegê-la, faça o que estou mandando!

Marnie: Desculpe, eu não sou de seguir ordens... Crio meu próprio caminho! Espalhem-se e ataquem!

    Correndo por direções diferentes, Liepard e Toxicroak tentaram emboscar Zarude, que manteve seu olhar encarando Marnie.

    Quando Liepard e Toxicroak se lançaram no primata, ele gritou e cipós se desenrolaram de seus pulsos, enroscando as duas que gritaram contorcidas. Marnie sorriu de lado vendo o soldado correndo até ela.

Marnie: Argh! — Ela tentou usar o poder de sua Wishing Star corrompida, mas um cipó apertou seus braços, a arrastando para o chão de joelhos. Zarude aproximou seu rosto do dela, que o encarou com raiva.

Zarude: Eu me lembro de você... Aquela garotinha. Sinto muito, mas não posso deixá-la continuar — disse e os cipós começaram a apertar os Pokemon e Marnie com mais força. Ele deu as costas, caminhando para o nevoeiro, quando...

Marnie: Drizzile, agora!

    Revelando-se invisível, Drizzile formou balões d'água puxando suas lágrimas e os empurrou contra os cipós de Liepard e Toxicroak, as soltando. Zarude sentiu a dor e se virou apressado, então os três Pokemon recuaram para perto de Marnie, que ria com seus braços corrompidos cada vez mais apertados.

Zarude: Esse foi o seu último truque! — berrou e levantou seus braços, os cipós ergueram Marnie e a arremessaram contra uma árvore, onde novamente ela foi amarrada.

    Porém, a mochila de Marnie caiu de suas costas, se abrindo no chão. Uma coisa chamou atenção de Zarude, seus olhos aumentaram ao ver o lenço desbotado que a menina carregava.

Zarude: Isso... Como tem isso? — Ele correu até o lenço e os cipós afrouxaram, soltando Marnie em sua frente. — Eu pensei que...

Marnie: ...? — Ela desejava que a dor em seus braços sumisse e assim aconteceu, mas quando abriu os olhos e viu o primata segurando o lenço, esperou para ver o que ele diria.

Zarude: Eu estava lá... — Ele apertou o lenço, o encostando em sua testa.

Nascemos das copas das árvores para lutar, desde que abrimos os olhos nos deparamos com a guerra... Todos nós encantávamos a floresta, a transportávamos como queríamos, éramos capazes de tudo desde que estivéssemos em nosso elemento.

Nosso líder era o Zarude mais poderoso, ele usava seu manto do exército de Calyrex e nos passava as ordens que deveríamos seguir...

No dia mais sombrio, eu recebi uma ordem direta do capitão... Deveria cuidar da segurança da prisão que construímos para Eternatus.

Mas eu não terminei o nevoeiro a tempo. Eternatus e suas forças vieram com um ataque massivo, eu não estava lá para ajudar...

E quando cheguei, foi tarde demais. Enquanto o poder do desejo era canalizado pela espada e o escudo, o capitão e todos os outros soldados continham os inimigos. O poder que selou a escuridão também os levou junto... E desde então sou só eu, continuando a cumprir minha tarefa de proteger o altar.

Marnie: Então todos os Zarude também estão na prisão do altar?

Zarude: Estão. — Ele amarrou o lenço em seu pescoço, assim como seu capitão fazia. — Foi um sacrifício para pararmos Eternatus.

Marnie: O meu irmão e o meu amigo também estão presos lá! Você não quer libertá-los? Vamos juntos destruir o altar!

Zarude: Eu não espero que você entenda. O que fizemos foi necessário, tivemos que aceitar e seguir. O seu irmão foi usado, Eternatus guiou o desejo dele pelo meu nevoeiro... Eu sinto muito, naquele dia só consegui salvá-la.

Marnie: Você...

MORPEKO!

    A mão que saiu do arco de pedras agarrou Morpeko e o puxou para dentro, então ele desapareceu. A pequena Marnie correu e a mão se voltou na direção dela, mas seu irmão Piers correu para sua frente, sendo agarrado para protegê-la. A menina caiu sentada com os olhos cheios de lágrimas, vendo as veias do corpo de Piers acenderem-se em vermelho enquanto ele gritava agonizado.

    O nevoeiro se estabeleceu e dois lobos se materializaram nele, um segurando uma gigantesca espada com a boca e outro vestindo um escudo reluzente em seu peito, os dois investiram contra a mão que saiu do altar, mas depois disso... Marnie acordou do lado de fora da floresta, com Piers caído ao seu lado, mas depois desse dia ele nunca mais havia sido o mesmo.

Marnie: Foi você que nos tirou de lá...

Zarude: Todos nós perdemos algo naquele dia... — disse com tristeza, mas seus olhos se esbugalharam e seus cipós se acinzentaram.

Marnie: Z-Zarude? — Ela deu um passo para trás, assustada ao ver o primata caindo com as mãos no peito.

Poipole: Hihihi! Finalmente, a distração do lenço foi perfeita! — Com o ferrão de sua cabeça pingando veneno, ele voou para perto de Marnie, a rodeando.

Paula: Vamos. — Ela apareceu novamente, agora o nevoeiro se dispersava. — Você foi muito bem, Marnie.

    Antes de seguir, a garota olhou mais uma vez para Zarude, caído com o lenço no pescoço.

Zarude: Urh... Não faça isso... Calyrex está fraco, os lobos estão presos... Não vai ter volta. — Ele gemeu, sua visão estava turva, viu Marnie o olhando e quando piscou novamente, ela estava de costas seguindo pela floresta.

~Haaaaxowr!

*Mantenha em looping*

    Sendo empurrado para o meio das árvores por algum golpe de Garchomp, o Haxorus de Iris ainda se mantinha de pé, mas ao dar um passo para frente seu joelho falhou e ele precisou se sustentar só com uma perna, cansado.

Carbink: Ela está vencendo a Iris... Leuri, quem é essa mulher?

Leuri: Essa... É Cynthia, a Campeã de Sinnoh. Ela é uma oponente temida por qualquer um, qualquer um mesmo.

Cynthia: Já passou da hora de você assumir responsabilidade. Você é uma Campeã, Iris!

Iris: E você é uma chata! Haxorus, continue atacando!! — gritou, mas seu Pokemon sentou-se e cruzou os braços. — O quê?! Vai fazer birra agora?!

Cynthia: Ele sabe que está perdendo tempo nessa batalha. — Ela caminhou até Iris calmamente, mas até o seu andar a fazia parecer inatingível. Porém, parou no meio do caminho, como se tivesse visto algo, e olhou na direção de Leuri. — Campeã Azura.

Leuri: Você sabe quem eu sou!! P-Pode me chamar só de Leuri! — Ela corou imediatamente e se aproximou com Carbink e Golett.

Iris: Ah, pronto... Agora vai usar essa aí de exemplo pra me dar lição de moral.

Leuri: C-Cynthia, eu assisti várias batalhas suas, você é demais!

Iris: Pff... — Ela revirou os olhos e soltou uma risadinha com deboche.

Leuri: Por que não está participando do Star Tournament? Aposto que acabaria com o Leon!

Iris: Hah! Ela não tem coragem, mas eu tenho! Eu que vou acabar com ele!!

Cynthia: Birrenta — disse e Iris perdeu sua pose, quase caindo.

Iris: Birrenta?! Então fala, vai! Por que não participa?! Se você é tão loira do tchan!!

Cynthia: Por que eu tenho responsabilidade com o uso dos meus poderes — falou e Iris se calou, olhando para os dois lados nervosa.

Iris: M-Mas... Ela não...

Cynthia: Ela também possui poderes — disse e Iris olhou para Leuri assustada.

Leuri: Ahn... Como você sabe disso?

Cynthia: Já tem tempo, Azura. Mas você nunca me preocupou, embora eu não concorde que esteja participando dessa futilidade.

Leuri: Como assim?

Cynthia: É questão de tempo para pessoas como nós alcançarem o topo. Nossos poderes encurtam o caminho, nos dão vantagem e por isso é injusto que entremos em competições assim. É trapaça — explicou e Iris cruzou os braços, desviando o olhar.

Leuri: Não... Não tem nada disso! Eu nunca usei os meus poderes em batalha, e mal uso fora também, quase sempre nem lembro que existem...

Iris: Pois você deveria! É tão divertido!

Cynthia: E nada responsável. Deveria usar seus poderes para proteger Unova, não para vencer batalhas.

Iris: Mimimimi, poderes pra proteger Unova, eu sou a Cynthia, eu sou velha, chata e acho divertido não me divertir! — Ela desdenhou mas recebeu um tapa de Cynthia. — Bleh!

Cynthia: Você, Azura... Você felizmente tem mais consciência do que Iris, vejo que não faz nada por mal. Mas sobre os seus poderes... Você os usa mais do que imagina.

    Não sabendo o que responder, Leuri olhou para Carbink, que estava tão confuso quanto.

    Na floresta, Marnie continuava andando com Poipole e Paula, mas a conversa com Zarude dominava seus pensamentos assim como novos questionamentos que surgiam, afinal Zarude também teve quem amava levado pelo altar e mesmo assim pensava em impedi-la de libertá-los...

Marnie: É mesmo uma boa ideia... Destruir a prisão do altar? Meu irmão estará livre, Morpeko também... Mas o que Eternatus vai fazer depois disso?

Poipole: Huh? Como assim? Ele ficará tão grato que realizará todos os seus desejos, gwahaha!!

Marnie: Mas e a escuridão que ele trouxe no passado? Ele vai destruir tudo?

Poipole: Por que isso seria tão ruim?

    Ouvindo o que os dois conversavam, Paula continuou andando, mas fechou os olhos.

    Nos bastidores do estádio, Leon estava de costas na parede. Em seu celular via mais comentários sobre sua batalha com Iris se aproximando, muitos diziam que ele não teria chances... Então se deparou com uma enquete sobre qual deles venceria num possível confronto na final do Star Tournament. Quando tocou em seu nome para votar, nada aconteceu. Ele tentou mais algumas vezes, então baixou o aparelho pensando ter travado, mas percebeu que tudo ao seu redor estava estático menos ele.

Paula: Olá! — exclamou acenando com sua voz de criancinha inocente. Leon arregalou os olhos, virando de costas pra ela. — Ei, não fuja de mim! Não vai ter como, mesmo.

Leon: Me deixa em paz, eu não quero falar com você.

Paula: Pooooxa... Mas eu já te ajudei taaanto! — disse chorosa, se balançando. — Você já desfrutou bastante do poder do desejo, quer lembrar?

    Com um estalo de dedos da menininha, partículas vermelhas de Dynamax recriaram uma memória de Leon na frente dele, seu Charizard envolto no redemoinho de fogo enfrentando Mienshao. O Campeão recuou assustado, mas cortou a cena balançando suas mãos dentro dela.

Leon: E-Eu não tenho medo algum de você... Eu sou o número um!

Paula: Siiim... Só estou aqui para propor um acordo e cobrar a ajuda que dei para chegar ao topo.

...

Continua