O set estava movimentado, com cabos espalhados pelo chão e equipamentos sendo arrastados de um lado para o outro. O som abafado de passos ressoava no piso, misturado com os sussurros apressados e instruções murmuradas por trás das câmeras. De vez em quando, alguém tropeçava em um fio solto, mas rapidamente retomava sua posição, como se nada tivesse acontecido.
Diantha permanecia em pé no centro daquele caos organizado, de braços cruzados e um olhar impassível por trás de óculos escuros contornados por adornos redondos brilhantes. Vestindo um conjunto elegante que parecia sair direto de uma passarela, ela contrastava completamente com o ambiente desordenado. Harley a abanava com movimentos delicados usando uma revista de moda da Nessa, como se isso fosse parte essencial da produção.
Um técnico finalmente ergueu a voz para impor ordem:
— SILÊNCIO NO SET!
O burburinho foi cortado de imediato. Agora, apenas o zumbido dos refletores preenchia o ambiente, enquanto todos se posicionavam.
— Foi luz? Foi som? Câmera gravando! AÇÃO!
Um rapaz vestindo preto entrou na cena, suando frio. Na parte de trás de sua camisa, lia-se "Staff", em letras brancas e destacadas. Ele bateu duas palmas que ecoaram pelo estúdio, a típica claquete alolana, como é chamado quando precisam improvisar o som de uma claquete real. Nela, lia-se o nome da produção "Diantha - A Vida Depois do Eternatus", e da direção "Lysandre".
Sentado em sua cadeira de diretor, um homem gordo e de semblante irritado ajeitava sua prancheta, franzindo o cenho para a cena à sua frente. Um chroma key montado no fundo e uma cadeira simples compunham o enquadramento, enquanto fora da visão da câmera uma fila de pessoas aguardava ansiosamente para serem chamadas. O rapaz do Staff fez um gesto discreto, indicando que o primeiro da fila se sentasse na cadeira do enquadramento, sob o olhar criterioso da Diantha.
— Então, Serena — o diretor começou, com sua voz nada empolgada. — Você que também é branca, virou Líder de Ginásio, não sai da boca do povo... Me conta, qual foi a última vez que você ouviu falar na Diantha?
— Diantha? Ah, eu me lembro dela! Não é aquela que foi a primeira eliminada no De Férias em Pasio?
— Essa mesma!
Diantha revirou os olhos, percebendo que dali em diante seria só humilhação. E assim as entrevistas seguiram...
— A Diantha ainda está viva? Eu achei que tivesse morrido em Galar — falou Tierno, olhando para Trevor ao seu lado. — Ouvi falar que ela virou revendedora de roupa usada! — Trevor pontuou.
— Sobre o time da Diantha? — Korrina sorriu da pergunta. — Ah, eu acho meio exótico. Desde que ela deu release na Gardevoir e... O quê? Ela não deu release na Gardevoir?!
— Lucarw! ("Pois deveria ter dado!") — Lucario complementou.
— Na minha opinião, a Gourgeist deveria ser a ace do time — Astra levantou as mãos. — Seria de uma representatividade enorme para nós que já estamos mortas.
— Ela capturou um Mr. Rime e surtou quando perdeu para a Leuri. É tudo que eu sei. — Kátia deu de ombros enquanto seu Pachirisu roía um macaron.
— Diantha? — Drasna levantou uma sobrancelha, abrindo bem os seus olhos. — Por que estão falando dessa fudida? Agora que eu sou a Campeã de Kalos, vou fazer de tudo para que nunca mais se fale esse nome na minha região, igual fizeram com a Lusamine lá em Alola!
— Maravilhosa, Drasna! — O diretor se levantou, aplaudindo, enquanto os outros seguiam o gesto. — Você é a nossa Campeã!!
— E eu vou te engravidar! — Professor Kukui apareceu do nada, passando um braço ao redor da velha, que derreteu em amores. Ele beijou seu pescoço enquanto Drasna gargalhava, claramente satisfeita.
— Ai que pesadelo! — Diantha acordou com um sobressalto, sentada em cima de sua mala felpuda e branca.
Ela esfregou os olhos, piscando contra a claridade incômoda. Estava em um ponto de ônibus deserto, cercada por árvores e com nenhum sinal de civilização à vista. Nem percebeu que ainda babava.
— Volta, pesadelo, volta... Pelo menos tinha ar condicionado! — Ela olhou para o horizonte, mas tudo o que viu foi mais estrada e mais árvores. Nenhum sinal do ônibus, e muito menos de internet para que pudesse mandar mensagem para alguém pedindo socorro. — Ai, se eu caí agora num golpe em Kitakami, eu vou...
— Vai o que, linda?
Diantha ouviu uma voz familiar e sentiu alguém cutucando seu ombro. Ela se levantou rapidamente e deu de cara com duas mulheres sorridentes.
A primeira tinha uma presença marcante: sua pele preta contrastava com os detalhes coloridos do seu visual. Seus cabelos crespos caíam livremente pelas costas, adornados por presilhas quadradas metálicas, que mantinham os fios no lugar. Usava uma faixa laranja brilhante na testa, que combinava com a saia de seu vestido longo, um conjunto que mesclava tons terrosos, com uma blusa de manga longa branca e detalhes em marrom. Ela parecia descontraída, sorrindo de lado ao ver Diantha.
Junto dela, a outra mulher exibia um estilo mais ousado. Ela era loira, com cabelos curtos e ondulados, a franja quase cobrindo os olhos. Estava vestida com um colete violeta, desabotoado no peito, e calças vermelhas justas, contrastando com os acessórios extravagantes, como grandes brincos de estrela verde que brilhavam com cada movimento. Seus sapatos de salto, pretos com detalhes dourados, completavam o visual. Ela tinha seu charme, mesmo aparentemente mais contida que a outra, seu sorriso travesso deixava claro que não era tão séria assim.
— Ai, o que vocês querem? — Diantha perguntou, ainda meio atordoada pelo seu pesadelo. — Nada está tão péssimo que não possa piorar, bem que a Game Freak me provou quando fez parceria com a ILCA! Agora vou ter que esperar ônibus com Agate e Briar?
— Ah, mulher, pare de graça, foi você que chamou a gente — Agate puxou Diantha, insistindo para que ela se levantasse.
— E já estou me arrependendo! — Diantha fez uma careta, enquanto as três amigas trocavam cumprimentos improvisados, aproximando os rostos sem encostar as bochechas para não estragar as maquiagens.
— Se você está arrependida, imagine eu! — Briar retrucou, cruzando os braços. — Larguei uma pilha de provas para corrigir só para passar uma semana com você aqui em Kitakami!
— E eu, então? — Agate colocou as mãos na cintura. — Ia hoje mesmo assinar minha separação no cartório de Nacrene. Agora vou ter que remarcar!
— Calma, gente! Eu prometo que vai valer a pena! — Diantha forçou um sorriso nada convincente, mostrando todos os dentes.
Antes que pudessem continuar, o som de uma buzina ecoou, assustando um grupo de Pidgey que alçou voo. Ao avistarem o ônibus, as três começaram a acenar freneticamente, correndo para o meio da estrada.
— É agora que começa a valer a pena? — Briar questionou, lançando um olhar cético para Diantha enquanto Agate vasculhava a bolsa em busca de trocados para pagar a passagem.
As portas logo se fecharam e as três passaram da roleta do ônibus, que iniciou seu trajeto até o ponto final, o tradicional vilarejo Mossui. Junto delas, Honey e Sweetie Pie também entraram, e todos foram na mesma direção, os quatro bancos juntos do fundo. Diantha sentou-se perto da janela, mas esticou as pernas para cima do assento ao seu lado, impedindo que mais alguém sentasse.
— É que eu preciso de espaço para pensar — Diantha justificou-se ao notar o olhar das amigas.
— Licença — Honey apareceu ao lado delas, segurando a mão de seu filho. — Meu filho quer sentar perto da janela.
— E eu com isso? — Diantha rebateu sem tirar as pernas do banco. — Ele que fosse mais rápido e sentasse aqui primeiro!
— Ah você não vai dar o lugar pra uma criança?? Vou te filmar! — Honey tirou o Rotom Phone da bolsa.
— Dá logo o lugar pra ele, Diantha! — Briar suspirou, tentando evitar o escândalo enquanto Agate já sorria da situação.
— Tem outros lugares vagos! Vai pedir pra Mightyena reflexiva lá na frente! — Diantha apontou para uma Mightyena que observava pelo vidro um Wooper rolando numa poça de lama do lado de fora.
— Me identifiquei — comentou Agate, olhando para a Pokémon solitária com simpatia.
— Você tem algum problema? — A mulher começou a filmar Diantha, indignada. — Não tem empatia? Isso é ridículo, em pleno século XXI!
— Ai, que mulher chata! Empatia eu tenho é com alolanos, e por obrigação! — Diantha colocou a mão na frente da câmera.
— Mãe, achei esse lanche na boca de um Rattata morto, tá muito gostoso! — Sweetie Pie interrompeu, mastigando um sanduíche verde e mofado.
Honey, horrorizada, esqueceu Diantha e correu até o motorista, pedindo para descer no hospital mais próximo.
— KKKKKKK — Agate gargalhava, quase ficando sem ar, enquanto Briar balançava a cabeça, tentando disfarçar o riso.
— Que gente ridícula, credo! — Diantha comentou, cruzando os braços. — Já quero ir embora, cansei de Kitakami!
Mal sabiam elas que, em um banco próximo, Dan, o fofoqueiro, assistia a tudo disfarçado atrás de óculos escuros e um jornal. Ele gravou a cena inteira, já planejando o próximo post explosivo para seu blog de fofocas, com a matéria "Diantha humilha mãe solteira e envenena criança em transporte popular de Kitakami."
— Amiga, obrigada! Eu não ria assim desde que coloquei fogo nas roupas do meu ex-marido e fiquei assistindo ele tentando apagar! — Agate enxugava uma lágrima de tanto rir, colocando a mão no ombro de Diantha, que a olhava entre assustada e intrigada, assim como Briar. — Não se façam de santas, que mulher nunca fez isso?
— Já vi que teremos muito o que conversar! — Diantha bateu palminhas, e as três balançaram os dedos juntas, empolgadas com a viagem, até que o ônibus chacoalhou ao passar por um relevo na estrada, fazendo-as saltarem.
— Mas desembucha logo! — Briar insistiu, se recompondo curiosa. — Por que nos convidou para Kitakami?
— É uma longa história...
— Temos tempo. Esse ônibus só não demora mais que o próximo capítulo com a Leuri! — Agate riu da própria piada.
Diantha suspirou, começando a contar.
Alguns dias atrás, ela estava relaxando no castelo da Elite de Kalos, finalmente se recuperando da bagunça que foi Galar. Estava ocupada bloqueando o número de Klara e Harley quando deu de cara com Drasna em um corredor.
— Que susto! O Halloween já passou! — Diantha reclamou, recuando dramaticamente, enquanto Drasna dava uma risadinha sarcástica.
— Poxa, eu jurava que dessa vez você não voltava de Galar... Assim, por tempo de casa, eu assumiria o posto de Campeã.
— E não ia durar uma semana, né? Já vi as fofocas sobre seu Druddigon! — Diantha mostrou a tela do celular, exibindo uma matéria do blog de Dan:
“Drasna estaria tentando transformar Kalos em Unova?
Como se já não bastasse não usar nenhum dragão da região, ela agora aposta em Druddigon.
Falta de amor à própria terra ou pura incompetência?”
— Esse imbecil inventa coisas de você todos os dias e você ainda acredita no que ele diz? Não me surpreende que até o Lysandre te enganou!
— E como você vai refutar esse depoimento aqui?
Diantha dá play num vídeo onde um tal de Antoine Schonfeldt dizia
"O Druddigon é um lixo de Pokemon". Logo a seguir, vinha o Druddigon de Drasna numa coletiva, falando para vários microfones
"A mãe dele não se queixa".
— Olha aqui, magricela, esse Druddigon tem mais caráter que você! E nem adianta, eu não vou usar Goodra no meu time nem se ganhasse Mega Evolução. Agora dá licença que eu faturei horrores no Jogo do Raikou hoje e vou às compras com meu namorado de Paldea.
— Que namorado? Pera, que Raikou é esse?
— Você não sabe? O jogo do momento é o jogo do Raikou! Você pode apostar um valor baixo e se tiver sorte, pode ganhar muito mais!
Diantha ficou pensativa. E, mesmo desconfiada, resolveu tentar.
— Mana, você jogou no Raikou? — Agate colocou a mão na cabeça, incrédula.
— Pois é, amigas, eu não joguei com responsabilidade e perdi TODO o meu dinheiro nesse jogo! Agora virei meme de novo na internet, saíram até matérias dizendo que estou falida e miserável depois que me flagraram saindo da cafeteria daquela Valéria ex garota do ginásio da Valerie.
— Arceus amado... E Kitakami? O que tem a ver com isso?
— Diantha, pelo amor, você não tá pensando em prostituir a gente, né? — Agate perguntou, alarmada.
— Cruzes, não! Só se nada der certo! — Diantha retrucou, antes de explicar.
No mesmo dia em que perdeu tudo, ela estava voltando para o castelo arrasada quando recebeu uma ligação estranha.
— Alô? Já disse que não conheço nenhuma Jasmine, não vou pagar conta nenhuma! — gritou no telefone. Do outro lado, uma voz misteriosa falou algo que a deixou atônita antes de desligar. Logo em seguida, recebeu um e-mail.
Assunto: Sua segunda chance (não desperdice essa!)
De: "Alguém que te entende"
Para: Diantha
Querida Diantha,
Ah, Diantha... Que jornada, não? Parece que o Jogo do Raikou não foi exatamente a sorte do seu lado, não é mesmo? E eu sei... não jogou com responsabilidade. Sabemos como essas coisas podem escorregar. Pobre recém arruinada, como você está, não se preocupe – sempre há um jeito de recomeçar.
Por isso, tomamos uma decisão. Queremos te dar uma chance de recuperar o que você perdeu (ou o que foi intencionalmente perdido).
Sua missão, se decidir aceitá-la (e claro, você vai aceitar, não é?), é se dirigir até a região de Kitakami. O caminho para a sua recuperação começa por lá. Fique até o Festival das Luzes, e prometo que você não vai se arrepender... ou vai? Isso só o tempo dirá.
Anexos:
Passagem para Kitakami
Sua reserva de hotel (um lugar bem confortável, se eu puder sugerir)
Agora, um pequeno conselho... Não desperdice essa oportunidade, Diantha. Como se diz por lá, "não há mal que não se conserte... a menos que você tenha escolhido o caminho errado."
Nos vemos em breve (provavelmente mais perto do que você imagina...).
Atenciosamente,
Alguém que conhece a verdadeira sorte (ou não)
Diantha franziu a testa e deixou o celular de lado.
— Eu hein, não entendi nada! Fica falando em código, deve bem ser a Cynthia tentando fazer um jogo comigo, essa garota não cansa!
Como se lessem sua mente, o celular vibrou novamente. Era um novo e-mail. Ela o abriu, esperando algo mais esclarecedor.
Assunto: Re: Sua segunda chance
De: "Alguém que te entende"
Para: Diantha
Viajar. Kitakami. Recuperar. Dinheiro.
Fácil assim.
— AMO! — Diantha beijou a tela do celular, girando com ele nas mãos. — Uau, Kitakami?? Já quero ir!!
A Campeã falida começou a dançar, festejando sozinha, como se tivesse acabado de ganhar uma medalha de ouro em algum campeonato. Até que ela parou no meio da dança e, de repente, o sorriso se apagou. Olhou para o celular novamente. Uma coisa ainda a deixava desconfortável.
— Mas viajar sozinha... é tão... chato. — Ela suspirou dramaticamente. — Ainda mais para uma vegana como eu... Imagina as opções de comida?!
Ela rolou os olhos, já visualizando a depressão que seria. "Só salada, por favor!" Ah, não... Não aguentaria a solidão da viagem. Ela se lamentou, sentindo o drama, quando de repente... Mais uma notificação.
Assunto: Re: Re: Sua segunda chance
De: "Alguém que te entende"
Para: Diantha
Duas passagens foram anexadas.
Pronto, você tem companhia. 😉
Agora para de encher o saco, sua fubanga, tá me estressando já.
— E foi assim que decidi convidá-las, porque já estava cansada de Coordenadores, e aqui em Kitakami é crime, né? Imagina Harley pisando aqui, eu até podia ter me aproveitado pra me livrar daquela bicha, mas estava com saudades das minhas besties de verdade — Diantha finalizou, satisfeita, enquanto as amigas continuavam chocadas.
— Socorro, você caiu num golpe!!
— E ainda nos arrastou junto!
— Se isso não é amizade de verdade, não sei o que é! — Diantha abriu os braços para abraçá-las, mas recebeu golpes de bolsas na cara como resposta, formando a confusão enquanto o ônibus chacoalhava.
*Ouça para a introdução*
LEURI ADVENTURES APRESENTA...
ESTRELANDO...
KITAKAMI SPECIAL#1 - Kisses from Kitakami
É o lugar certo??
Tentando conseguir sinal para usar o GPS no Rotom Phone, Diantha escalava um poste com a agilidade de quem claramente nunca fez isso antes. Enquanto isso, Agate estava agachada, distraída acariciando um Sentret, que aproveitava para tentar enfiar a cabeça dentro de sua mala. Briar, por sua vez, franzia o cenho para o letreiro de uma grande construção tradicional à frente.
— Chuto que deva estar escrito num idioma local antigo... — resmungou Briar, inclinando a cabeça para mais perto como se isso fosse traduzir automaticamente as palavras.
A construção tinha telhados curvados de cerâmica, lanternas penduradas, e um ar clássico. Moradores iam e vinham, carregando sacolas ou parando para conversar nos degraus da entrada.
— Aposto que é um centro comunitário. — Agate se levantou, estalando os joelhos. — Sabe, cheio de velhos jogando cartas e reclamando que a Geeta transformou a Aether em bagunça ou que as Coordenadoras estão muito promiscuas ultimamente.
— Ai, meu Arceus... — suspirou Diantha, equilibrando-se apenas com as pernas no poste. — No e-mail dizia que nossas reservas estavam feitas e era só falarmos nossos nomes no hotel!
— Hotel? — Briar ainda estava tentando conectar as peças do quebra-cabeça. — Porque só vimos pousadas por aqui...
— Sentret, Yanma, Wooper. — Agate, completamente alheia à conversa, listava os Pokémon que já havia encontrado. — Não são comuns em Unova. Aposto que daria pra fazer um dinheirinho levando pra procriarem lá.
— Agate, que horror! — Briar exclamou, dando um tapa no braço dela, que riu sem culpa. — Kitakami está entre Sinnoh, Kanto e Johto, claro que vamos encontrar muitos Pokémon e aspectos dessas regiões.
— Só lugar bom, hein? — comentou Diantha lá de cima, esticando o braço para tentar pegar o mínimo de sinal. Finalmente, o GPS atualizou. — Ai, consegui!
Ela escorregou do poste com uma leveza que não tinha quando subiu, limpando as mãos como se nada tivesse acontecido.
— Que lugar é esse, afinal? — perguntou Briar, apontando para o prédio.
— Motel Volbeat & Illumise. — respondeu Diantha, lendo no mapa virtual. — Engraçado... A numeração bate com o do hotel que estava no e-mail.
— Licença? — Briar tomou o celular da mão dela e abriu o tal e-mail. Depois de um segundo de silêncio mortal, soltou: — Diantha, você leu errado! Nossas reservas são pra esse motel!
Diantha arregalou os olhos, confusa e incrédula.
— Gente... Mas motel?
Agate bufou, segurando o riso.
— Já estamos aqui mesmo, vamos nessa!
Diantha abriu a porta do
Motel Volbeat & Illumise, e o contraste entre o exterior tradicional e o interior moderno a pegou desprevenida. Do lado de fora, a construção tinha ares de um prédio histórico, mas por dentro, o ambiente parecia um híbrido de uma sala de estar modesta e um espaço de eventos improvisado.
O chão era coberto por um carpete vermelho gasto, com manchas que o tempo não apagou, enquanto o teto ostentava um lustre antigo que pendia perigosamente para o lado. As paredes estavam decoradas com quadros que chamaram a atenção de Diantha. Em um deles, o Campeão Lance apertava a mão de um senhor careca, aparentemente uma figura importante dali. Em outro, uma pintura retratava uma fera sob a Lua de Sangue, com olhos vermelhos e postura ameaçadora. Diantha sentiu um calafrio ao passar por ele, desviando o olhar para evitar o desconforto.
Atrás do balcão da recepção, uma Primeape uniformizada folheava uma revista com expressão entediada. O movimento brusco que fez ao fechar a revista ecoou pelo saguão, e a Pokémon encarou as recém chegadas com um olhar quase desafiador.
Diantha respirou fundo e se aproximou.
— Olá, temos uma reserva. — Sua voz saiu um pouco hesitante, e a Primeape pareceu não entender. — Ah, certo, não fala nossa língua, né? Humm... Konichiwa? Reservaaa?
A Primeape apenas cruzou os braços, batendo o pé no chão com força, o que fez Diantha dar um pequeno passo para trás.
— Ah, deixa comigo! — disse Agate, confiante. Ela começou a fazer uma série de gestos elaborados, como se estivesse desenhando uma cama no ar e depois fingindo deitar.
A Primeape apenas inclinou a cabeça para o lado e soltou outro grunhido, ainda mais estressada.
— Gente... — Briar finalmente interveio. — Por que vocês estão assumindo que ela não entende a gente?
— Ué, olha pra cara dela! Claramente perdida — retrucou Diantha, apontando para a Pokémon, que agora parecia à beira de explodir de raiva.
Briar ignorou a provocação, puxou o celular de Diantha e abriu o e-mail com a reserva.
— Aqui está. Temos uma reserva. — Ela mostrou a tela para a Primeape, que olhou de relance e imediatamente assentiu, como se já soubesse exatamente quem elas eram.
Sem dizer mais nada, a recepcionista pegou uma chave com um movimento bruto e jogou no balcão. Em seguida, apontou para um corredor e abriu a porta lateral com tanta força que o barulho fez as três darem um leve salto.
— Obrigada... eu acho. — Briar murmurou, pegando a chave enquanto a Primeape voltava à sua revista com um último suspiro de irritação.
Seguindo pelo corredor indicado pela Primeape, as três acabaram saindo no estacionamento do motel. O chão de concreto rachado tinha marcas de pneus e algumas poças de água de chuva acumuladas. O local era iluminado por postes baixos que piscavam de tempos em tempos, conferindo uma atmosfera ainda mais estranha ao ambiente.
— Por que estamos indo para o estacionamento? — perguntou Agate, apontando para as janelas iluminadas que podiam ser vistas subindo as escadas laterais. — Os quartos ali de cima parecem bem melhores. Aposto que têm vista para as montanhas ou algo assim.
Diantha, ainda segurando o Rotom Phone na mão, soltou um suspiro dramático e parou de andar para encarar as amigas.
— “Não acho que quem ganhar ou quem perder, nem quem ganhar nem perder, vai ganhar ou perder. Vai todo mundo perder.”
Agate e Briar se entreolharam, confusas.
— Foi Lysandre que disse isso pra mim, é motivacional — completou Diantha dando os ombros.
— Tenho certeza que sim... — Briar murmurou, retomando o caminho.
Quando estavam quase chegando ao outro lado do estacionamento, um som baixo, mas inconfundível, de algo raspando contra o concreto chamou a atenção delas. Diantha virou-se e ficou estática por um momento, segurando o braço de Agate para que ela parasse também.
— O que foi? — Agate perguntou, até seguir o olhar da amiga.
Perto de um carro pequeno e meio amassado, um enorme Druddigon pressionava uma mulher contra a lateral do veículo. O Pokémon olhava fixamente para ela, mas a expressão da mulher era... feliz.
— Quem diria que Kitakami seria tão romântico, hein? — comentou Agate, tentando aliviar o clima estranho.
— É melhor a gente ir... — Briar apertou o passo, olhando para o chão como se estivesse tentando apagar a cena da memória.
Do canto do olho, Diantha reconheceu o Druddigon. Era o novo Pokémon de Drasna, que ficou polêmico pelo seu affair com a Senhora Schonfeldt, então aquela deveria ser ela.
Quando finalmente chegaram ao quarto, a expectativa caiu por terra. A porta era velha, com a pintura descascando, e o interior não era muito melhor. O ambiente parecia limpo, mas era incrivelmente básico: uma cama de solteiro encostada na parede, um pequeno criado mudo e uma TV de tubo que Diantha não via desde o começo do século.
Diantha largou a mala com um suspiro.
— Desgraçado esse Raikou viu, que ódio! Nem pra um quarto decente nessa porra! Tô irritada mesmo, cansei! — Diantha jogou sua bolsa rosa na cama, e um Sentret que estava por baixo dela se assustou e revelou-se correndo, pulando da janela para fora dali. — Isso é praga da Drasna!
Diantha começou a andar em círculos, esbravejando como se estivesse prestes a entrar em um surto.
— Velha mal amada, botou esse Druddigon no meu caminho pra me dar mau presságio!
— Que isso amiga, calma! — disse Agate tentando conter o surto. Ela se jogou na cama, fazendo com que ela rangesse. — É até confortável essa cama... Essa... Única cama... Para três amigas mulheres solteiras veganas...
— Você não tá ajudando, fofa! — Briar massageava os ombros de Diantha, que já lacrimejava.
— Por que sempre dá tudo errado pra mim? — Diantha sentou-se ao lado de Agate na cama, deixando lágrimas rolarem e borrarem sua maquiagem. — Eu doei pra Galar, fiz campanha pra Coordenador, faço crossover, sou amiga... Isso é muita injustiça, gente, e eu não gosto de injustiça!
— Calma, calma... — Agate fez carinho nos cabelos de Diantha, que deitou a cabeça em seu ombro. — Eu já achava que era golpe e nem reserva tínhamos, mas olha nós aqui! Pode ser mais um desafio, só isso. As coisas ainda vão melhorar.
— Você jura? — Diantha olhou para a amiga, chorosa.
— Eu... — E elas foram interrompidas pelo barulho da descarga, e olharam para o banheiro, de onde Briar saía.
— Ponto positivo... A descarga funciona!
Diantha tirou as mãos do rosto, olhando para as duas..
— Vocês não ajudam em nada.
Agate sorriu.
— É por isso que você nos ama!
Diantha se recompôs lentamente, passando os dedos pelos cabelos, enquanto tentava organizar seus pensamentos. Ela pegou novamente o Rotom Phone, os olhos passando rapidamente pelas palavras do e-mail que havia recebido.
"Sua missão, se decidir aceitá-la (e claro, você vai aceitar, não é?), é se dirigir a Kitakami. O caminho para a sua recuperação começa por lá. Fique até o Festival das Luzes, e prometo que você não vai se arrepender... ou vai? Isso só o tempo dirá."
Ela leu mais uma vez, o que estava escrito parecia simples, mas o tom do remetente... Não podia ser um erro. Quem era, afinal? E o que pretendia ajudando ela? Diantha suspirou.
— Será que estou indo por um caminho perigoso? Ou esse Festival das Luzes é só mais um golpe?
— Pior que eu já ouvi falar, minha avó nasceu aqui. — disse Briar. — É uma comemoração importante, tipo a passagem de ano no calendário de Kitakami. Eles celebram as luzes, claro, mas também é um evento onde todo mundo se junta para... como posso dizer? Refletir sobre o ano que passou e o futuro. Tem várias atividades, danças, música, aquela coisa toda.
— Ainda faltam alguns dias para isso — Agate interrompeu, dando uma olhada no e-mail. Ela sorriu, tentando aliviar o clima. — Isso significa que temos tempo para fazer o que quisermos por aqui antes, tipo... investigar como recuperar o que você perdeu ou quem mandou esse e-mail?
Enquanto conversavam, a porta do quarto foi aberta com um estrondo. A Primeape, com os braços cruzados, entrou com um jornal amassado em mãos.
— O que...? — Diantha começou, antes de ser interrompida pela Pokémon, que, com um gesto rápido e impaciente, atirou o jornal na cara dela. — Sua maluca!!
— Primeeeaup...! — A Primeape resmungou, apontando para a manchete.
Diantha pegou o jornal, passando os olhos pelas palavras. Era uma notícia sobre um Matsuri acontecendo naquela noite, um tipo de preparação para o grande Festival das Luzes.
— Ui, isso é meio conveniente! — Briar comentou, rindo baixinho. — E significa que temos uma chance de começar a investigação hoje mesmo!
— Vamos aproveitar para nos divertir um pouco, e quem sabe descobrir algo que ajude! — Agate incentivou, levantando-se e ficando ao lado de Briar, diante de Diantha. — Porque sinceramente, amiga você tá insuportável nesse estado pobre e fudida, não aguento, não, já basta meu ex marido.
— Tá bom, me convenceram, vocês têm razão! — As três se aproximaram, fazendo o gesto com os dedos, balançando-os juntos, como se selassem o pacto.
Elas riram da situação em que estavam, mas também estavam empolgadas com o que poderiam descobrir na noite em Kitakami.
— Sabia que não deveria ter chamado o Harley!
Estamos no futuro pós-Galeuri e foi uma grande surpresa e surpresa muito boa. Diantha foi jogar o joguinho do Raikou e se fu... quer dizer ficou pobre, sem dindim, sem grana, sem nenhum tostão. Mas o importante é que ela tem suas melhores amigas ao seu lado e agora essa chance de recuperar a grana indo para Kitakami. Eu acredito que vai acontecer muita coisa doida até o festival, o hotel com a Primeape, que tava doidinha pra dar um socão da Diantha XD será que essa Primeape é mãe do Primeape do Lucas? #TeoriasMalucas;
ResponderExcluirE tivemos a referência do janela, eu já ia me esquecer também dos Pokémon se relacionando com humanos.. Mas a versão da Leuri Adventures productions ficou infitamente melhor. Sério mesmo, eu gostei demais esse primeiro capitulo, já fiquei com vontade de ler o próximo capitulo me diverti e muito :3 e desde já ansioso pelos próximos capitulos.
Continuaaaa
AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA que surto foi esse? Ai Davi, se vc soubesse o quanto me ri com isso... mds xD
ResponderExcluirVou canonizar que essa Primeape é a mãe do Primeape do Lucas mesmo, nem importa o que você diga, é CANONICO!!!! Ai mas amei esse... capitulo? O que quiser chamar, ficou muito divertido de ler xD
O Druddigon com a mãe do outro foi lindo, aposto que a Agate ta se divorciando do Clavell depois de ter dado o golpe e a Drasna namora com o Clive. O que é que tem a ver? Nada, o Clive não tem nada a ver com o Clavell, mas quis dizer só porque sim.
Já sei que vou amar Kitakami e fiquei muito contente por você ter voltado a escrever, mesmo que não seja Leuri ou Celestial, sentia falta de ler algo seu. Só me vou recusar a chamar o jogo lá que vc falou, porque eu sugeri jogo do Litten, que é muito melhor e vou chamar de jogo do Litten e pronto. Não gostou? Azar, é muito melhor!!!
Não sei quem enviou a mensagem à Diantha, talvez a Drasna ou Lysandre da cova... ou mesmo a Mightyena reflexiva.
Also as coordenadoras realmente tão muito promiscuas.
Anyway, amei!
Something has changed within me
ResponderExcluirSomething is not the same
I'm through with playing by the rules of someone else's game
Too late for second-guessing
Too late to go back to sleep
It's time to trust my instincts, close my eyes and leap
It's time to try defying gravity
I think I'll try defying gravity
And you can't pull me down
Hiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii
ResponderExcluirMeu deus o que foi isso? Acho que foi a história mais aleatória que já li, mas honestamente amei!! Foi muito engraçado e gente a Diantha é uma personagem tão imprevisível, eu passo mal com ela falando que é crime ser coordenador em kitakami e nem pensando nas próprias palavras!
Agate fico curioso para saber quem é seu ex-marido e o que ele fez de tão ruim para o divórcio ou para o relacionamento deles em si que já parecia bem conturbado, e gente eu não me aguento com ela falando que o ônibus vai demorar mais que o próximo capitulo de leuri.
Briar mais uma mulher vegana que merece o destaque, meu deus, essas três no ônibus e depois em kitakami, a Primeape recepcionista, sempre fico surpreso com qual vai ser o pokemon que irá realizar algum trabalho de fundo da vez, e amei ela super irritada com seu próprio trabalho, me representa por dentro em alguns dias no meu próprio trabalho.
A ABERTURA KKKKKKKKKKKKKKKKKKKKKK
ansioso para ver jasmine finalmente ser materializada, me assustei com o druddigon da drasna e a mulher, e fico me perguntando qual tipo de papel ele irá desempenhar nesta grande trama.
E a mightyena do diego fugiu do brandon e esta agora em kitakami? São tantas perguntas!