— Droga... — Leuri resmungou, mas puxou uma Pokeball. — Frogadier, vamos!
— Furfrou! — Diego também arremessou sua Love Ball.
Frogadier e Furfrou ficaram lado a lado diante dos gigantes, sabendo que não poderiam se distrair. O campo se acendeu ao redor da área do geoglifo, e o Gengar esticou sua língua, esbugalhando os olhos, enquanto Eldegoss mantinha-se flutuando com superioridade.
— Frogadier, Water Pulse!
Frogadier se lançou para frente, saltando com agilidade enquanto água começou a se formar ao seu redor, girando com força crescente até criar uma esfera densa na palma de sua mão. Com um movimento rápido, ele a disparou em direção a Eldegoss, onde explodiu mas não pareceu causar dano algum, a Pokemon nem piscou.
— Nossa vez! — Diego viu a chance de atacar, esticando o braço. — Furfrou, Wild Charge!
Furfrou arrancou em corrida, gerando eletricidade em seus pelos para a execução de seu novo movimento, então saltou para dentro do corpo de Gengar. Este, no entanto, abriu sua enorme boca e vomitou uma onda de sombras que desceu pela colina. Furfrou se viu forçada a desviar, mal conseguindo manter o curso de sua carga elétrica, terminando por deixar a energia vazar para longe antes de voltar ao lado de Frogadier, dando dois latidos e ficando a rosnar.


O G-Max Terror de Gengar levantou diversos objetos fantasmagóricos que cortaram o chão em linha reta, espalhando fissuras irregulares pela colina. O impacto fez pedras se soltarem e tombarem ao redor deles, enquanto a luz avermelhada do céu refletia nas sombras recém formadas.
Eldegoss pairou logo acima, fazendo os tufos de algodão ao seu redor girarem. Em um instante, liberou Max Overgrowth, cobrindo o solo com vinhas e cogumelos luminescentes que piscavam indicando que estavam prestes a explodir.
Tomando a linha de frente, Perrserker afiou suas unhas em sua barba metálica, e elas ganharam uma nova camada de aço reluzente. Ele saiu cortando os objetos espectrais, saltando de cogumelo em cogumelo para que explodissem por baixo dele, liberando o campo.

— Talvez se usarmos a espuma, Frogadier... — Leuri pensava alto, sem tirar os olhos dos dois gigantes. Ela gesticulou a ação que o sapo deveria fazer, antes de comandar. — Forme uma corda e lace tudo isso, depois devolva para eles!
Frogadier entendeu o recado. Mais ágil que Perrserker, ele deslizou entre os cogumelos explosivos, não encostando em nenhum. Mais espectros saíam do corpo de Gengar, e ele se focou neles, afundando as mãos na espuma borbulhante ao redor de seu pescoço, a moldando com habilidade para começar a laçá-los. — Ele não vai aguentar o peso sozinho — Diego pensou, vendo o sapo com os braços tremendo, então decidiu dar um comando. — Furfrou, use Head...

— Esqueça, Frogadier! Cuidado com a Eldegoss!! — Leuri gritou antes dele terminar, percebendo a Pokemon de Milo se envolvendo numa aura brilhante.

— Frooooga! — Partindo a corda de espuma, ele deu mortais para trás enquanto o que enlaçou explodia no ar, entre os Dynamax e ele.
— Eu ia te ajudar — disse Diego, franzindo a testa.
— Ah... Eu não... — Leuri ficou desconcertada por não ter contado com isso, mas Carbink os interrompeu chamando por eles.

— Esqueçam essa batalha, isso só vai nos atrasar! O caminho para a forja está aqui, nós temos que prosseguir!
— O súdito... — Calyrex começou, mas Carbink se virou para ele, impaciente. — O... Carbink... Está certo. Isso é uma distração.
— Desculpa aí, gente! Outra hora continuamos, de preferência com vocês no controle da cabeça! — Leuri acenou para os dois Líderes de Ginásio, correndo com Frogadier e Perrserker para as escadas.
Diego não questionou, sinalizando para Furfrou segui-lo. Estranhamente, Milo, Allister e seus Pokemon não reagiram, como se não pudessem avançar mais do que aquele ponto, ficando a encarar a escadaria para a forja.
Deixando Glastrier guardando a entrada, o grupo desceu as escadas para a forja. A cada degrau sentiam o calor aumentar, e Diego até tirou o casaco dessa vez, amarrando-o na cintura, o que arrancou um sorriso de Carbink e Furfrou. Quando chegaram, as paredes estavam acesas com lava percorrendo sua estrutura, e puderam visualizar o ambiente cheio de magma borbulhante e blocos grandes de metal que tornavam o caminho estreito.
— Ai meu pé!! — Leuri começou a pular num pé só, sentindo sua sapatilha queimando. — Ai, meu outro pé!!
— Acho que não vou aguentar — Diego também suava, revezando o pé que apoiava o corpo no chão.
— Lá vai!
Calyrex se afastou, sendo envolto por uma aura fraca esverdeada. Ele esfregou as mãos rapidamente, envolvendo-as numa brisa esverdeada com pétalas. Manipulando-a com alguma delicadeza, guiou-a para perto da boca e a soprou para os pés de Leuri e Diego, que se iluminaram no mesmo tom de verde, e eles pararam de sentir o calor.
— Vai... ajudá-los por um tempo.
— Bem melhor, obrigada! — Leuri respirou aliviada, mas percebeu Frogadier ressecando muito rápido. — Aaah!! Retorne, desculpa!!
— Furfrou, você é muito peluda, melhor voltar também. — Ele sorriu segurando a Love Ball e a poodle, mesmo orgulhosa de seus pelos, aceitou regressar.
— Prrr!! — Perrserker cruzou os braços para Leuri, percebendo-a com sua Pokeball em mãos.
— Você não quer voltar? Tudo bem, mas fale se estiver calor demais para você!
— Gente, que lugar esquisito! — Carbink olhava para seu reflexo no metal. — Por que o Melmetal teria um rio de lava? Se ainda fosse de água, dava para beber, e olha que eu não prefiro água do que lava!
— Aí está, Melmetal amava lava. Ele causou tantas erupções se jogando em vulcões... Tão irresponsável! — Calyrex sorria ao explicar por telepatia, mas depois desfez sua expressão contente, dando lugar a alguma melancolia. — Eu não queria pisar novamente neste lugar... Sempre que venho aqui, é porque uma guerra está acontecendo.
— Tudo bem! — Carbink saltitou para perto dele. — Você não vai pisar, já que flutua!
Leuri riu pelo humor de Carbink ainda estar vivo mesmo naquela situação, e claro que Calyrex ficou tentando entender qual era a piada. Ela reparou em Diego encostando num dos blocos de metal, então se aproximou.
— O que diz? — perguntou a ele, que passou a coçar o queixo, pensativo.
— Parece ter sido movido a pouco tempo. Deve estar bloqueando outras passagens.
— Eu sinto a presença deles — Calyrex disse enquanto seus olhos cintilavam e sua aura esverdeada envolvia o corpo, até voltar ao normal. — A forja tem vários compartimentos secretos, estamos apenas na entrada dela.
— Prrrrnyaaaaah!!! — O felino tentava empurrar, sem sucesso, um dos blocos, até cair sentado e receber um cafuné de Leuri.
— Não vai funcionar — Calyrex levitou até o gato.
Os olhos do antigo deus das colheitas acenderam-se novamente e ele esticou um braço. Flores e trevos surgiram na extensão de um dos blocos, e com alguma insistência de Calyrex, finalmente o bloco se arrastou bruscamente para o lado.
— Arf... Assim... Tem que usar magia.
— Está tudo bem com você? — Carbink o perguntou, percebendo ele recuar com uma mão na testa.
— Eu vou aguentar, não se preocupe mais comigo.
Leuri olhou preocupada, suspeitando do que se passava, mas continuou quieta e seguiu junto dos outros, se guiando para cada vez mais fundo na forja. Não entravam em nenhuma das sala que apareciam no caminho, apenas seguiam por corredores e túneis iluminados por tochas, revelados pelo afastamento dos blocos e a aura de Calyrex. Leuri observava escritos nas paredes de obsidiana, gravados com algo muito quente. Não conseguia entender, mas também haviam figuras que ela reconhecia por ter visto nos livros mitológicos que tinha em sua casa.
Calyrex estava dando seu máximo ali, e Leuri também ficava feliz por todo o investimento nele parecer estar dando certo. Depois dele mentir sobre Kubfu, e ela ter que sacrificar a Wishing Star de Melmetal para Marnie libertá-lo, ele realmente parecia disposto a ser sincero e colaborar.
Lembrava-se do encontro com Xerneas em Arcadia. O Deus da Vida contou sobre seu neto ter perdido a imortalidade, e ela começava a pensar que isso era sobre Calyrex. Xerneas havia dito que ainda existia esperança para ele, e que deixou algo com ela que poderia ajudá-lo. Gostaria de saber o que era, mas também não tinha paciência para lidar com isso. Custava ser mais objetivo uma vez só?
O barulho de algo sendo martelado com muita força repetidamente começou a ficar mais alto conforme o grupo prosseguia, e Leuri passou a prestar mais atenção no som. No fim da passagem que cruzavam vinha um clarão de fogo que a fez forçar a vista, e o barulho estava ainda mais alto.
Perrserker foi o primeiro a arrepiar seus pelos e rosnar quando chegaram até uma sala que parecia central, na camada mais profunda da forja. O teto acima estava muito longe, mas conseguiam ver os outros caminhos e blocos de metal. No meio da sala, projetava-se para o alto uma enorme bancada de obsidiana, assim como todo o chão e o entorno, iluminada pelo magma corrente do contorno do ambiente e as tochas presas em estátuas de Meltan mais humanoides com dedos as segurando.
Pela primeira vez, puderam vislumbrar Melmetal. Era inconfundível, exatamente o que sua descrição dizia. Um gigante ferreiro. E nesse momento, ele martelava com o próprio punho algo que fazia um barulho de metal e fagulhava pelos lados da bigorna.
— Não acredito... — Calyrex tinha os olhos brilhando, vendo o gigante erguido ali. — Já faz tanto tempo...
— Aqueles Meltan viraram ISSO? — Carbink tinha os olhos arregalados.
— É impressionante, até para um Gigantamax... — Diego estava visivelmente assustado, e Leuri percebeu isso, olhando de lado sua expressão.
Melmetal bateu o punho pela última vez na bigorna e o som metálico reverberou pela forja. As fagulhas se dissiparam, e o gigante ergueu uma longa espada ciano e um pesado escudo magenta recém forjados. O metal da estrutura deles refletia o magma ao redor, e a energia das armas pulsava com uma aura intensa. O grupo recuou instintivamente, quando ouviram a voz de Marnie ecoando pela câmara.
— Alguma vez cogitaram que chegaríamos até aqui?
Ela apareceu no ombro de Melmetal, que baixou-se para que ficasse mais perto de Leuri e o restante. Leuri imediatamente se colocou na frente de seu grupo, enquanto a garota corria a mão pelo corpo das armas como se estivesse testando a textura delas. Então, as assoprou e saltou para o chão, aterrissando com firmeza as empunhando. Sua Wishing Star reluzia, como se a desse forças para tal.
— Você não já viu do quanto é capaz? — Leuri perguntou, encarando aquela que uma vez foi sua amiga.
Numa parte da lâmina da espada, o reflexo tenso de Leuri apareceu, enquanto a outra refletia o olhar de Marnie. — Armas como as que utilizaram na guerra de milênios atrás... Vamos aproveitar que já estamos aqui para testarmos esses novos brinquedos.
Abrindo um sorriso esquisito que chegava a ser assustador, Marnie levantou a espada e o escudo, com sua Wishing Star corrompida acendendo junto das armas. Seus olhos brilharam em vermelho quando ela encarou Leuri, então avançou em sua direção.
— Perrserker! — Leuri chamou pelo felino, já vendo seu vulto correndo para a frente.
Perrserker metalizou suas garras e encarou a investida de Marnie, que rapidamente mudou para o escudo, bloqueando seu ataque e empurrando o felino para trás, agitando o vento entre eles e fazendo seus cabelos balançarem. O viking balançou a cabeça, se recuperando, mas a garota já descia a espada sobre sua cabeça. Ele segurou a lâmina com força, mesmo com os braços tremendo pelo impacto, rangendo os dentes.
— Prrrnyahh... — Ele não iria desistir, quando ouviu um galope ficar cada vez mais alto.
Era Spectrier, mas antes dele constatar isso, recebeu um coice que o lançou para perto da lava borbulhante. Perrserker rolou no chão, se levantando com dificuldade e enxugando seu suor com a pata.
Carbink e Diego se juntaram na frente do gato, para protegê-lo caso algo mais tentasse atacá-lo, mas um clarão os roubou a atenção. Leuri estava envolta por sua aura rosa de fada, e as palmas de suas mãos começaram a reluzir no mesmo tom. Ela respirou fundo, sem saber ao certo como faria aquilo, mas isso soou como um convite para Marnie tentar um novo ataque com a espada. Por impulso, ela juntou as mãos e uma barreira de aura se expandiu ao redor, desacelerando os movimentos da garota. — Agora! — Leuri exclamou ao felino, que saltou por cima de Diego e Carbink com os pelos eriçados.
Marnie estava em câmera lenta, mas percebendo que Perrserker vinha em sua direção, resistiu e moveu seu braço para cima. Ela bloqueou novamente o Metal Claw com o escudo, e então o fincou no chão com tanta força que um pulso de poder rompeu a barreira de Leuri, a desequilibrando por um instante. Carbink já vinha saltitando na direção da batalha. O diamante rachado em seu peito estava aceso assim como o de sua testa, e ambos projetaram novos cristais rosados no ar, estes disparando feixes juntos. As rajadas de luz cruzavam a sala, mas Marnie desviou com agilidade passando pelos espaços entre eles, evitando danos e recuando para analisar os ataques, também conseguindo usar a espada para rebatê-los.
— Argh... Odeio mesmo essa cor rosa! — Marnie resmungou, levantando-se arfando, vendo Carbink e Leuri ainda envoltos por aquela aura.
Spectrier saltou por cima dela para atacar, e Leuri, vendo que Perrserker estava distante, correu para a frente — mas esbarrou em Diego. Os dois caíram sentados no chão, e Perrserker precisou se jogar na frente para protegê-los, recebendo o impacto direto da investida espectral do corcel. O felino caiu de lado, ferido e arfante.
Leuri e Diego olharam um para o outro, atordoados por terem se atrapalhado, sem saberem o que dizer. Marnie olhou para isso e baixou suas armas, rindo de leve com a expressão estranha de sempre.
— É melhor encerrarmos aqui, isso já tá ficando constrangedor. — Ela montou em Spectrier, que galopou pelo ar até o ombro de Melmetal, este levantando-se novamente. Então, gritou. — Mas não se preocupem, eu preparei algo especial para vocês!
Leuri e Diego se levantaram confusos, enquanto Calyrex apoiava Perrserker em seu ombro. Todos olharam a movimentação pesada do gigante, que socou as paredes da forja com toda a força, fazendo toda a câmara tremer. Rachaduras se abriram, e o magma começou a escorrer pelas fissuras, caindo como uma chuva espessa. O nível da lava subia devagar, cobrindo o chão como se estivesse afogando a sala.
Das poças de magma, Slugma e Magcargo feitos de metal derretido começaram a emergir. O corpo deles era repleto de placas metálicas, moldadas como armaduras. As carapaças refletiam o brilho da lava e, no centro, pequenos fragmentos de Wishing Stars pulsavam com uma luz fraca. Os olhos das criaturas brilhavam em vermelho, certamente controlados pelo Dynamax.
— Cuidado! — gritou Calyrex, e Carbink saltitou o mais rápido que pode para longe da investida de um dos Slugma.
— Nos ajude, use Protect! — Diego puxou uma Pokeball do bolso e liberou seu Corvisquire, que flexionou as asas para criar uma barreira grande o suficiente para proteger o grupo. Eles se juntaram debaixo dela, sentindo o calor quase insuportável ao redor.
— Ali! — Leuri avistou um compartimento mais elevado na parede, distante do alcance dos Slugma e Magcargo.
Eles correram juntos para a plataforma, escapando da lava que já cobria toda a base daquela sala da forja. Melmetal não parecia se importar, e decolou para o alto, carregando Marnie e Spectrier, que desapareceram pela abertura no teto. O grupo, agora encurralado, olhava para o mar de magma abaixo. A única saída estava do outro lado, o corredor por onde vieram, ainda alto o suficiente para não ser tomado pela lava.
— Ajudem-no! — Calyrex deitou Perrserker numa pedra, e Leuri observou que o gato escondia uma ferida na barriga, tendo uma mão por baixo dos pelos da barba.
— Cooorvis... — Corvisquire piou preocupado.
— Rapidash, por favor — pediu Diego, liberando a fada unicórnio.
Rapidash analisou a situação e fechou os olhos. Sua crina esvoaçou levemente, irradiando tons pastéis, enquanto seu chifre começava a brilhar na mesma paleta. A luz percorreu seu corpo até a ponta do chifre, faiscando antes de tocar a ferida de Perrserker. O felino soltou um gemido de dor, mas logo um pulso de energia vibrante o envolveu, espalhando-se em ondas de cores saturadas de luz.
Leuri se sentou por cima das pernas, respirando fundo, enquanto olhava para o companheiro arfante. O processo de cura demoraria algum tempo, mas Rapidash estava concentrada e fazendo o seu melhor.
— Você foi muito corajoso... — ela murmurou, ajeitando o pelo do felino com as mãos tremendo. — Não queria que você estivesse assim...
Diego pensou em dizer algo, mas se conteve. Ele olhou para Perrserker por um instante antes de se virar para o resto do grupo. A lava continuava a escorrer das fissuras abertas por Melmetal, e o calor aumentava cada vez mais.
Carbink saltitou inquieto, lançando olhares para o magma que se espalhava.
— Precisamos atravessar antes que o nível suba mais. Talvez possamos pular de pedra em pedra? Como o Perrserker estava fazendo nos cogumelos da Eldegoss do Milo.
Calyrex observou a situação e balançou a cabeça.
— Isso não vai funcionar. Mesmo que conseguíssemos uma rota segura, a lava ainda está caindo do teto. Se tentarmos cruzar agora, seremos atingidos antes de chegar ao outro lado. E além disso...
Calyrex se voltou para os Slugma e Magcargo deslizando pela lava. Seus corpos metálicos refletiam o brilho intenso do magma, e seus olhos vermelhos seguiam os movimentos deles, como vigias. Eles não estavam atacando diretamente, apenas se posicionando como sentinelas.
— Eu nunca vi Slugma e Magcargo dessa forma... — disse Leuri.
— Eles fazem parte do sistema de defesa da forja. Mas assim como Melmetal está sob comando de Marnie, essas criaturas também obedecem a ela, ao que tudo indica. Elas fazem parte do mesmo mecanismo. Não estão nos atacando porque estão apenas guardando o território... mas se tentarmos cruzar, irão reagir imediatamente.
Carbink cruzou as orelhas ao encarar os sentinelas de metal derretido.
— Além da lava, temos guardas no caminho. Ótimo.
Leuri apertou os punhos.
— Certo... Eu vou—
— Não, não você sozinha — Diego interrompeu, aumentando seu tom de voz. Percebendo o espanto de Leuri, ele continuou — Sejamos inteligentes. Podemos solidificar a lava para criar uma travessia. Se resfriarmos rápido o suficiente, podemos formar uma superfície firme para passar.
— Nós podemos fazer isso? — Carbink perguntou.
— Explica como se eu tivesse sete anos ou fosse uma performer — pediu Leuri.
— A lava é quente, certo? Se jogarmos água, ela vai evaporar rápido demais e não vai adiantar nada. Mas se a gente resfriar devagar e com controle, pode criar uma camada sólida de pedra por cima.
— Então você quer que a gente congele a lava? — Leuri arqueou uma sobrancelha.
— Não exatamente. O gelo pode ajudar, mas primeiro a gente precisa usar água para resfriar gradualmente. Se esfriarmos rápido demais, a pedra pode rachar. Precisaremos da ajuda dos seus Pokemon, Leuri — pediu para ela, que assentiu. — E enquanto eles estiverem fazendo isso, Carbink e meus Pokemon podem manter os sentinelas ocupados. Com tudo pronto, Corvisquire volta com o Protect para atravessarmos!
— Vale a tentativa — Calyrex deu de ombros.
— Vamos colocar em prática, não temos tempo a perder — Leuri levantou duas Pokeballs, se levantando e encarando o magma. — Gastrodon, Barraskewda!
— Dooon!
— Keeewda!
Os dois sentiram a pressão do calor, mas se mantiveram firmes, e Leuri sorriu de lado pela determinação deles.
— Gastrodon, use bastante Muddy Water!
Gastrodon borbulhou seu corpo por baixo e uma torrente barrenta se prolongou para junto do magma. O chiado alto tomou conta do espaço enquanto uma nuvem espessa de vapor se espalhava ao redor. O calor subiu ainda mais, tornando o ar quase irrespirável.
— Barraskewda, força! Faça o seu melhor Rain Dance!
O peixe ergueu a cabeça e girou as partes de sua cauda como hélices. Nuvens cinzentas foram se formando, elas deixavam pequenas gotas caírem, até engrossarem, tornando-se um temporal para resfriar a superfície de lava.
Leuri olhou para Diego.
— Agora...!
— Ainda não. — Diego a interrompeu. — Mais um pouco...
Com a quantidade de chuva e água crescentes que os Pokemon de Leuri produziam, o magma começou a endurecer, assumindo um tom escuro e irregular. Diego sentiu o coração acelerar. Era a chance deles. Ele estalou os dedos para Leuri, que lançou outra Pokeball para cima.
— Frogadier, Ice Beam!
O anfíbio azul surgiu, e, enquanto ainda estava no ar, levou uma mão à frente do rosto, soprando uma shuriken de gelo entre dois dedos. O feixe congelante se estendeu sobre a lava, criando uma crosta negra e rachada. O impacto fez um estrondo abafado, e a rocha endurecida rangeu com o choque térmico, resistindo, mas ainda vulnerável.
— Funcionou! — Carbink vibrou, girando no ar, mas logo sua atenção voltou para os sentinelas.
Os Slugma e Magcargo começaram a se movimentar, deslizando pela porção de lava não endurecida com o olhar fixo neles. Como esperado, estavam reagindo à tentativa de travessia.
— Agora é com a gente! — Diego sacou mais duas capsulas. — Carvanha, Malamar!
A peixe de dentes afiados saltou entre respingos para o ombro de Malamar, que já flutuava no ar sobre a lava.
— Carbink, vá também! Mantenham os sentinelas longe! — pediu Diego, já vendo seu amigo saltitando na lava solidificada.
Os três Pokémon avançaram. Carvanha disparou para frente envolta numa turbina d'água, desviando dos Magcargo antes de atingir um Slugma desprendendo suas escamas. Carbink lançou diamantes rosa brilhantes para todos os lados, tentando afastá-los da passagem recém-formada. Já Malamar acendeu as luzes de seu corpo, balançando seus tentáculos enquanto liberava seu poder psíquico em ondas que empurravam tanto o magma quanto os sentinelas, que tinham suas formas se desfigurando pelo ar.
Diego sorriu vendo o plano dar certo, mas os Slugma e Magcargo se recriavam, agora mais ágeis e adaptados aos movimentos dos três Pokemon.
— Eles não estão lutando como Pokémon selvagens... — Diego rangeu os dentes.
Antes que pudessem pensar em um próximo passo, um som alto ecoou pelo campo. Um estalo forte, seguido de várias rachaduras surgindo na travessia recém criada.
— Aaaah!! — Leuri agarrou Carbink quando um pedaço da estrutura se rompeu.
— Não, não, não... — Diego murmurou, bagunçando os cabelos com as mãos.
A pressão acumulada sob a crosta endurecida fez a rocha se romper. Estilhaços incandescentes voaram em todas as direções, o som abafado pela força do impacto, enquanto o magma voltava a borbulhar com intensidade. Malamar agarrou Carvanha e puxou-o para o local seguro, arfando.
— Droga! — Leuri se protegeu dos fragmentos, sentindo o calor a poucos centímetros do rosto.
Diego puxou Corvisquire para perto, desviando de uma pedra que caiu do teto.
— O resfriamento foi rápido demais?! O que deu errado?! Talvez mais água?!
Os sentinelas se acalmaram e continuavam ali, imóveis, observando. O plano falhou. E agora, a lava estava mais alta do que antes. Com o rosto tenso, Diego começou a chamar de volta seus Pokémon, olhando para o chão com uma sensação crescente de frustração. Leuri fez o mesmo, agradecendo e retornando Gastrodon, Barraskewda e Frogadier.
Rapidamente, Leuri olhou para Diego, que estava com as mãos nos bolsos, os ombros curvados. Rapidash, que havia terminado de curar Perrserker, olhou para seu Criador com uma expressão de preocupação, relinchando baixinho como se tentasse transmitir algum tipo de conforto. Mas ele não respondeu. Apenas virou de costas e cobriu o rosto com as mãos.
— Ei, você tentou... Eu vou pensar em outro jeito. Já saímos de situações piores e...
— Não! — ele se virou e gritou, sua voz embargada, com lágrimas aos pés dos olhos. — Não é isso! Você não está contando comigo. Não estou aqui só para... para ver você fazer tudo sozinha. Eu... — Ele interrompeu a própria fala, com a voz falhando, e virou o rosto para o lado. — Eu também quero ajudar, Leuri! Eu não sou um peso morto para você!
Leuri foi pega de surpresa, não sabendo o que dizer. Ela o encarou naquele estado vulnerável como há anos não via, esperando o que mais diria, e ele logo continuou.
— Eu não quero essa distância entre nós. Quero resolver isso, quero que você me veja como... como alguém em quem pode confiar. Eu não quero mais ver você me tratando como se eu fosse um fardo.
Leuri estava sem reação. Sentiu sua garganta dando um nó. Ela já o havia confrontado quando se enfrentaram no Star Tournament, mas nunca conversaram a respeito. Desde que a situação se agravou e se refugiaram em Spikemuth...
Os sons distantes das chamas podiam ser ouvidos ecoando pelas paredes da forja. Diego respirou fundo e continuou, agora com um tom mais amargo.
— Marnie estava certa. Eu... eu não valho o esforço. Eu sou o culpado por tudo isso. Por você estar assim. Por a gente estar assim.
Calyrex fechou os olhos, como se compartilhasse de alguma forma daquela sensação. Corvisquire soltou um piado entristecido, deitando-se na cabeça de Rapidash. Perrserker miou baixinho e Carbink baixou suas orelhas.
— Diego... — Leuri tentou dizer algo, sem ter certeza do que viria a seguir, quando algo inesperado aconteceu.
Uma luz forte iluminou a parede da forja por trás de Diego. Ele se virou abruptamente, com os olhos deixando lágrimas se soltarem no ar, e então viu. A parede se acendeu, e o desenho de uma figura apareceu. A forma era imponente, de uma cabeça hexagonal de ferro e metal.
Antes que alguém pudesse reagir, a luz que antes só contornava a forma tomou conta de toda a parede. Ela se abriu, revelando uma passagem para outro compartimento. Leuri correu para o lado de Diego, e os dois se olharam sem saber o que fazer. Poderia ser uma armadilha.
Carbink teve um estalo do ambiente e suas orelhas arrebitaram, então olhou para a lava que se aproximava, quase tocando a altura do lugar onde estavam. Ele se arrepiou e apressou-se saltitando na direção da nova passagem.
— Melhor irmos!
Sem hesitarem, o grupo todo correu para acompanhá-lo, avançando pela abertura e passando por um corredor bem iluminado até encontrarem uma grande sala de paredes vulcânicas. E ali, diante deles, o calor da forja tomou conta uma vez mais do ambiente. O vapor encobria uma silhueta imensa, parecendo a fonte daquela quentura abrasadora.
Uma caldeira pendurada por correntes no topo da sala se virou, entornando lava por cima daquela forma. Leuri esticou os braços tentando proteger seus amigos, mas a situação parecia sob controle. O vapor então foi absorvido pela silhueta, e a temperatura baixou um pouco, o suficiente para não ficar insuportável. Agora podiam ver uma gigantesca forma envolta pelo magma.
— Saudações — uma voz grave ecoou pela sala, e Carbink se encolheu.
Calyrex engoliu em seco, de olhos bem arregalados. Leuri prestou atenção na reação dele, e deu um passo a frente.
— Corajosa heroína de Xerneas — continuou, e a garota percebeu que ele a conhecia. Seu corpo queimava ainda mais, como um vulcão vivo. — Então, o destino a trouxe até a forja de meu filho.
— Seu filho...? — Leuri perguntou, antes de perceber. — Melmetal.
— É engraçado. Ele ficou mais alto do que eu — disse o gigante de lava, se movimentando pesadamente pelo ambiente.
Ele parou diante de uma gigantesca bigorna rochosa, então espirrou lava para cima dela. Levantando o seu corpo, usou as próprias patas para martelar, e de algum jeito, aquilo tornou-se rapidamente numa grande espada que empunhou, desferindo cortes no ar. Então, arremessou-a para um canto, onde várias outras armas estavam empilhadas.
— Este é... — Calyrex se abaixou, colocando uma mão no chão.
— Oh, não me enxuguei após o banho de lava — o gigante gargalhou a seguir, então se chacoalhou.

Deixando o vapor se espalhar novamente ao seu redor, o imenso ser se livrou da camada de magma. Seus olhos gigantes encontraram Leuri e os demais. Agora podiam ver sua aparência. Era bastante feio e cheirava a graxa, além de ter vários compartimentos em seu corpo onde armazenava ferramentas, todas intactas mesmo após aquele banho de lava, e vestia uma armadura de metal derretido, assim como Melmetal e os sentinelas da forja.
— Agora assim, mais apresentável.
— V-Você pode nos ajudar a sair daqui? — Leuri perguntou, com a voz falhando.
— Não... Ou sim — Ele respondeu, sorrindo de olhos fechados. — Não posso interferir, mas o culminar dessa situação está agitando todos nós. Vejam só, com Eternatus livre de sua prisão, as coisas ficam ainda mais complicadas. Outra guerra, após tantos anos? Eu teria que largar todos os meus serviços para trabalhar exclusivamente na confecção do arsenal!

— Eu acho que sei quem ele é... — disse Leuri para Diego e Carbink, enquanto o gigante tagarelava, forjando mais armas numa velocidade impressionante. — Pela forma que fala, essa habilidade de forjar, o banho de magma... Me parece com o que já estudei sobre Heatran, divindade do fogo, dos vulcões, da metalurgia...
— E do artesanato — Heatran complementou, deixando os três ainda mais nervosos. — Eu atendi as preces dos maiores artesões ao longo das eras, e tudo isso para ser representado das formas mais horrorosas em esculturas e pinturas. Eu não sou feio assim, vocês não concordam?
— Não, que isso! — Leuri bateu com o cotovelo em Diego, que assentia com a cabeça rapidamente.
— Você é lindo! E-Eu te beijaria se não fosse... queimar... a minha boca — Diego já não sabia o que estava falando.
— Você é lindo! — Carbink saltitou, e os Pokemon foram concordando ao seu lado.
— Irrrnnn... ("A beleza é relativa...") — Rapidash disfarçou.
— Coorv! ("Bela mesmo é a Eldegoss!") — Corvisquire suspirou apaixonado.
— Prrrnyah! ("E o Raihan!")
— Obrigado. — Heatran pareceu convencido. — Não importa o quanto demore, a verdade sempre aparece, não concordam?
— Sim... M-Mas senhor Heatran... — Leuri levantou a mão e o gigante virou o corpo pesado para ela. — Estamos presos aqui dentro. Marnie está indo para floresta e dessa vez ela tem tudo o que precisa para romper a prisão de Eternatus. Precisamos ir atrás dela para impedi-la!
— Eu entendo. Se querem seguir adiante e sair daqui, precisarão entender o que forjaram dentro de si mesmos em todos esses anos. Juntos, vão encontrar a resposta.
— Escutaram o feioso, podemos achar a resposta se confiarmos uns nos outros! — Carbink saltitou para perto do grupo, mas Heatran tossiu, e ele se arrepiou. — D-Digo, escutaram o bonitão!!
— Leuri... — Diego respirou fundo, olhando nos olhos de sua amiga. — Eu quero te pedir desculpas, de verdade. Eu sei porque não confia mais em mim... Mas não vou parar de tentar recuperar o que tínhamos.
— Diego, você me deixou tão confusa... Quando vi como seguiu em frente e estava tão feliz... Eu não me via assim há tanto tempo. Então também me esforcei para estar da mesma forma — Leuri começou, segurando nas mãos do garoto. Carbink percebeu as auras dos dois se mesclando, o preto e o rosa ganhando um tom de roxo. — Muitas coisas aconteceram e você não estava comigo. Mas Marnie estava... E agora, ela está tão chateada por saber que não a valorizei como deveria.
— Então nós vamos falar com ela — Diego disse, e Leuri abriu levemente a boca, finalmente o olhando nos olhos. — Também a devo desculpas. Nós vamos resolver tudo isso, para ficarmos sempre juntos, como deve ser.
— Sim... — Leuri sorriu, sentindo seus olhos conterem as lágrimas, então os dois finalmente se abraçaram. — Nós vamos sair daqui!
— Huuuum! — Heatran sentiu algo no ambiente, então levantou suas patas pesadas, manipulando a aura mesclada de Leuri e Diego para sua bigorna. — Posso forjar algo com isso!

Leuri e Diego desfizeram o abraço e observaram enquanto Heatran forjava. Calyrex, Carbink e os Pokemon também se aproximaram, esperando o que aconteceria. Quando finalmente estava pronto, Heatran assoprou sua criação e a jogou para eles. Uma grande embarcação.
— Isso... isso os levará pelo mar de magma que os espera. — Heatran explicou, enquanto todos estavam muito surpresos. — Um barco feito na forja de meu filho, com as auras de vocês dois unidas. É um presente valioso. Ele resistirá ao percurso e, se forem capazes de lidar com meus autômatos de segurança, conseguirão seguir em frente.
Leuri olhou para o barco, que emanava um brilho quente, mas não abrasivo. Era impressionante, formado por uma estrutura sólida, mas com flexibilidade suficiente para resistir ao calor intenso que os cercava. Tinha uma vela com um X azul e um Y vermelho em cada parte.
— Agradecemos, Heatran — disse Calyrex, e Heatran despejou novamente lava por cima de seu corpo, deliciando-se no banho. — De... verdade.
— Não fiz por você, Calyrex. — Heatran respondeu, envolto pela lava. — Boa sorte para todos.
Com a ajuda dos Pokemon, o grupo empurrou o barco de volta para onde estavam antes. A porta para a câmara de Heatran desapareceu, selando o brilho da parede. A lava já estava alta o suficiente para que não conseguissem mais pisar no chão, então todos subiram no barco. Leuri segurou o leme do barco com firmeza, sentindo o calor pulsante ao seu redor. A estrutura parecia sólida e resistente, e mesmo com a pressão da lava nas proximidades, o barco não cedia. O calor emanado pela forja era quase opressor, mas o barco presentado por Heatran parecia absorver essa intensidade, tornando o ambiente mais suportável.
— Estamos prontos? — Diego perguntou, olhando para Leuri, que ainda estava observando a imensidão do mar de magma à frente. — Eles vão atacar quando fizermos o primeiro movimento!
— Vamos fazer isso! — A garota assentiu, dando força ao barco, empurrando-o contra a correnteza de magma.
A embarcação deslizou pela superfície líquida e flamejante, mantendo-se firme e sem vacilar. A vela do barco balançava com o vento quente, enquanto Carbink, Calyrex e os demais Pokemon se posicionavam prontos para lidar com qualquer respingo de lava que pudesse surgir no caminho.
Os autômatos de Heatran, os Slugma e Magcargo, se aproximaram à medida que o barco avançava, suas formas incandescentes e sua presença ameaçadora iluminando a forja.
— Não subestimem esses autômatos! — Leuri advertiu. — Diego, eu conto com você!
— Pode deixar! — Diego correu pelo convés, estendendo o braço. — Corvisquire, ajude a dispersar os respingos com suas asas! Carbink, prepare seu Moonblast!
O Corvisquire voou para o alto, suas asas cortando o calor, e ele provocou uma ventania para mudar o curso da lava, enquanto Carbink formava uma esfera rosada em formato de lua cheia, disparando-a contra os autômatos. Um dos Magcargo avançou com uma velocidade surpreendente, sua armadura de metal derretido parecendo incandescer a medida que se aproximava.
— Eles não vão nos parar! — Leuri gritou, e viu Perrserker pronto para lutar. — Use Steel Beam!!
Perrserker avançou em direção a um dos Magcargo, suas garras de aço cortando a lava com precisão. O impacto fez o autômato retroceder momentaneamente, mas logo ele se recompôs, avançando novamente. Porém, o felino viking tinha as patas ao redor do talismã de sua cabeça. Este reluziu e um clarão irradiou dele, cobrindo o ambiente da forja. Um disparo prateado gerou uma explosão no magma, desfazendo completamente aquele Magcargo.
— Ótimo!! — Leuri comemorou com Perrserker, mas viu alguns Slguma subindo pelo barco. — Aaah!!
— Rapidash! — Diego se virou para a unicórnio, que relinchou e energizou seus cascos, golpeando violentamente os autômatos até seus corpos se desfazerem.
— O que é aquilo?! — Calyrex se agarrou em Leuri, que virou para trás, já descabelada testemunhando um novo autômato se erguendo diante deles.

Era uma criatura gigantesca, uma evolução monstruosa de Slugma e Magcargo. Sua forma era ainda mais ameaçadora, composta de metal derretido, que pingava por todos os lados em respingos escaldantes, dentes enormes, uma carapaça ainda mais comprida e rachada jorrando lava como um vulcão. A criatura se ergueu sobre a forja, rugindo e varrendo os autômatos menores.
Leuri e Diego não tiveram tempo de pensar em algo, o novo autômato investiu pelo mar de chamas para cabecear o barco deles. Calyrex viu isso chegando e levitou para confrontá-lo, gritando telepaticamente enquanto grossas raízes floridas se formavam de suas mãos, agarrando o autômato para ele não atingi-los.
— Ah... — Calyrex não aguentou mais manter aquilo ativo, revirando os olhos e caindo para o barco, mas antes de tocar o chão...
— Ha! — Leuri o segurou, correndo. — Vamos, Perrserker!!
Perrserker saltou contra o autômato, exibindo suas garras brilhando como lâminas afiadas, e cortou suas laterais com precisão. Do convés, Rapidash relinchou e seu chifre fez energia pulsar em diferentes padrões de cores, expandindo toda a força para romper as armaduras dele, fazendo-o tremer e soltar faíscas.
— Agora, Corvisquire! Power Trip!
Corvisquire voou para o alto, usando suas asas com força para canalizar a energia e aumentar sua própria força para investir. Suas penas cortaram o ar e atingiram a parte inferior do monstro.
— Eu também! — Carbink saltitou na cabeça de Rapidash, a fazendo morder a língua, e seus pelos já esvoaçavam.
Uma lua artificial se formou na forja e Carbink foi fortalecido por sua luz, formando uma esfera rosa e brilhante que disparou em direção ao autômato, atingindo-o no centro, fazendo-o finalmente retroceder, fazendo um barulho horrível e dolorido. O impacto de tantos ataques juntos parecia ter causado um efeito, mas não o suficiente para derrotá-lo. O autômato já se levantava e tinha os olhos vermelhos, rugindo novamente. Leuri e Diego ficaram lado a lado no barco, encarando-o ao longe.

— Ele é enorme, mas não é invencível! — disse Leuri. — Deve ter um ponto fraco, já rompemos suas armaduras.
Diego coçou o queixo, analisando o ambiente e o autômato. Ele estalou os dedos, tendo uma ideia.
— A defesa dele não é só a armadura externa. Precisamos direcionar os ataques para dentro dele, pela boca.
— Bem percebido, deixe comigo! — exclamou Leuri, mas novamente a embarcação tremeu. — Eh?!
O autômato rugiu mecanicamente e golpeou o mar de lava com sua cauda comprida, fazendo o barco levantar junto de uma onda. Todos gritaram, segurando-se firme enquanto tudo parecia se elevar, com exceção de Carbink que rolou pelo convés. Leuri e Diego viram apenas lava caindo à frente em cascata, e quando essa cortina desapareceu, estavam os olhos enormes do autômato que os trouxe para bem perto.
— Metal Claw, para dentro da boca! — Leuri comandou e Perrserker avançou novamente, com suas garras de aço brilhando intensamente.
— Rapidash, Expanding Force, siga Perrserker!!
A energia psíquica de Rapidash convergiu para a parte central do monstro, enquanto Perrserker, com sua habilidade aprimorada, saltava para dar o golpe final. O monstro, momentaneamente atordoado, vacilou.
Foi o suficiente. Quando o autômato gigantesco recuou, perdeu o equilíbrio e caiu diretamente na lava. O impacto foi forte, fazendo o barco saltar com a onda de calor que subiu.
— AAAAAAAAAAH!!!!!!! — Carbink berrava quicando pelo barco enquanto Leuri e Rapidash se agarravam no ar, com os olhos quase saltando do rosto.
— É o meu fim, é o meu fim!! — Calyrex quase enforcava Perrserker, em desespero.
— Estamos saindo!! — Diego gritou, segurando-se com uma mão no leme e a outra em seu casaco para ele não voar.
O grupo, com os Pokémon, aproveitou o impacto do autômato caindo para impulsionar o barco para cima da armadura derretida. Com um movimento rápido, todos saltaram para o outro lado da estrutura, utilizando a força da colisão para evitar a lava que ainda borbulhava ao redor. O barco deslizou pela superfície de magma, ainda agitada pela queda do monstro.
O autômato, em uma última tentativa de se reerguer, afundou na lava, sua forma de metal derretido se desintegrando aos poucos até desaparecer por completo. Com isso, o caminho à frente ficou livre, sem a ameaça da criatura.
Com um último esforço, o barco foi conduzido em direção a uma fenda na rocha. Ele saltou por ela, saindo da forja e ganhando altura, até finalmente cair sobre uma colina. Ali, o geoglifo permanecia aberto, e escutaram a risada de Heatran ecoando do subterrâneo dela.
— Ai... — Leuri estava tontinha, cambaleando, mas ao se apoiar nas próprias pernas, respirou fundo. Observou Diego e os demais também se recuperando, até mesmo Calyrex parecia de fortalecer agora em contato com a grama e novamente reunido com Glastrier. Ela enxugou o suor da testa, olhando para a escadaria da forja. — Heatran... Obrigada.
Continua
Faltam três capítulos para o fim de Galeuri
Depois de tanto tempo, finalmente chegamos à forja que estava sendo construída desde os primeiros capítulos. Amei toda a ambientação e quase fiquei com calor só de ler, se aqui não estivesse frio… todos os detalhes foram arrepiantes, as portas abrindo, a escadaria para a forja, você descreveu muito bem este lugar milenar, deu mesmo para sentir a tensão e a história da forja.
ResponderExcluirAmei a Marnie toda doidona, tentando conversar com Melmeltal escravizado, ri nessa parte por alguma razão… devo ser doente. Ver ela com a espada e o escudo foi brutal também, consegui imaginar ela se movimentando para cima de Leuri e o Perrserker defendendo, ficou mesmo muito bom.
Me deu imensa pena do Golurk naquele estado, mas logo aquela imagem do Milo e mais tarde do gmax autómato me assustaram e por sua causa vou ter pesadelos… oh well.
Claramente o Melmeltal tem os olhos do pai, amei a entrada do Heatran no banho de lava, parecia mesmo que estava lendo Harry Potter ou Senhor dos Anéis, ficou mesmo algo fantástico e lendário, adorei. And Leuri e Diego finalmente tendo a chance de conversar e mostrar o quão importante é um para o outro, mesmo que estivessem sendo assados por uma churrasqueira viva…
A cena final com o barco também foi linda, além da luta com o assombroso, claro, mas só a cena em si deles navegando pela lava ficou muito incrível, eu sei que você se inspirou em Percy Jackson para esta história e eu acho que acertou muito no clima de fantasia, parabéns.
Saudades de ler Leuri, agora consigo entender melhor o que pretende fazer para Kalos, acho que sua história vai ficar ainda melhor quando colocar todos os elementos que pensou. Isto passou de uma aventura Pokémon para uma jornada épica e estou muito feliz por estar acompanhando. Parabéns de verdade, amei esse capítulo.
Primeiramente que dizer que você está inspiradíssimo para escrever, são 7554 palavras e eu quando escrevia, eu achava que escrever caps de 2000 a 2500 já achava que bastante coisa :v
ResponderExcluirEsse capitulo me fez sentir dentro de um jogo, não sei de Pokémon ou de outro jogo. Pelo lance da forma, do Memeltal, a Marnie Dark locona, o lance do magma que faz lembrar da Team Magma :v, o lance de tentarem esfriar o magmar isso me sentir dentro de um jogo.
Eu gostei bastante do capitulo, foi uma mistura de diversão pra que está lendo e no capitulo a aventura, a tenção e os perigos etc... E final o Diego e a Leuri conseguiram falar um pouco um com o outro finalmente e isso acontecendo no meio de toda a tenção.
Uma coisa que eu gostei nesses dois ultimos capitulos que teve, primeiro o capitulo focado no grupo da Cynthia e agora esse mais focada da Leuri, Diego, Carbink e o Calyrex. E dar a chance de todos brilharem ainda mais nessa reta final nesse momento decisivo. E agora pensando, falta só mais 3 capitulos pra terminar Galeuri, quantas coisas já aconteceram nessa história tão incrível e estou ansioso demais por esses três ultimos capitulos que prometem demais o/