Capítulo 60: Fruto do desejo.

[Ilha Armadura]

~Doraaaa!! — No campo de batalha do Dojo, Drapion cruzava seus ferrões e projetava um grande corte de veneno no ar.

~Cac cac cac!! — Encarando, Cacdivo corria pelas extremidades do campo enquanto cuspia sementes.

Klara: Sorry, Harleyzinho, mas esse será o último comando, a vitória já é minha!

Harley: Jamais, cobra chocalho! Vamos Cacdivo, mostre o seu Pin Missile!

    As sementes que se encontravam com o veneno são fisgadas pelos espinhos, recolhidas por Cacdivo. Drapion se surpreende com isso e vê os espinhos com sementes rodeando o corpo de seu oponente. Em seguida, todos são disparados contra ele, o atingindo em cheio no peito e o derrubando.

Avery: Essa batalha está encerrada, o vencedor é Harley! — Uma bandeira levita em sua frente e Klara regressa seu Pokemon, visivelmente incomodada. Outros estudantes do Dojo aplaudem. — Meus parabéns, Harley!

Harley: Hm... Mestre Mustard? — Ele olhou para o velho, que abriu um sorriso, também aplaudindo.

Mustard: Sim, sim. Você está ótimo, conseguindo colocar sua alma em seus movimentos.

    Klara deixa o campo para reclamar com Honey, enquanto Iara e Gustav assumem seus lugares para uma nova batalha. Harley senta-se ao lado de Mustard, um tanto inquieto, mas dando uma berry para Cacdivo.

Mustard: Escute, Harley. Você esteve com Leuri esses dias, não esteve? Como ela estava?

Harley: Ah, ela estava bem. Na verdade, bem surtadinha com desejos e clones... Sou de Sootopolis, nada que eu já não tenha visto.

    Parecendo se perder em seus pensamentos, Mustard fecha os olhos, abaixando a cabeça. Harley se desespera achando que ele morreu enquanto Honey começava a chorar, mas logo que ele abre os olhos, ela para e revira os olhos.

Leuri: Você só consegue correr e acha que tem alguma chance?

    No Palácio da Liga, Leuri havia encontrado sua última clone, que acreditava ser a original e havia assumido seu posto de Campeã, cumprindo com suas obrigações, mas também recolhendo as outras clones por Kalos e Alola com a ajuda da misteriosa motoqueira. Ela fazia perfeito uso de seus poderes herdados de Xerneas, controlando as outras Leuris para lutarem ao seu lado e levantando barreiras de Fairy Aura que impediam Shauntal, Wallace e Courtney de ajudarem na batalha. Disparava esferas de aura enevoadas através de suas mãos, mas a Leuri original se esforçava para desviar, quase sendo atingida várias vezes.

Leuri: Aaai!! — Ela tropeça em um pedaço do que antes era o trono dos Campeões, mas consegue desviar de outro disparo de aura, que explode na barreira. — Essa é a energia da vida, por que a usa para destruir?

Leuri: Não estou destruindo, estou assumindo o meu lugar! — Ela estende a mão e outro clarão rosa sai dela.

    Metalizando seu corpo, Lunatone desviava a água que era disparada contra seu corpo.

~Kraaaa!! — Recebendo a colisão de Lunatone, ele é arremessado longe, não conseguindo mais levantar.

    Cruzando seus braços, as lâminas de folha se prolongam neles e Sceptile inicia um combate com Wooloo, que escondia-se na lã para se defender, até que parte dela é cortada e Wooloo não consegue mais aguentar, sendo golpeada por baixo e quicando pelo campo até cair.

~Béééé...

    Com diversos ferimentos no corpo, Venusaur tinha uma redoma d'água ao seu lado, mas Gastrodon não conseguia acessar suas memórias. Ainda assim, o atormentava com vários golpes, até que ele revida cuspindo bolsas de lodo que contaminam a água.

    Caindo na explosão do Sludge Bomb, Gastrodon desfaz sua redoma e despenca no ar. Venusaur o agarra com seus cipós e o bate várias vezes no chão.

    Com eletricidade vazando por suas presas, Luxray estava cansado, mas finalmente dominou Swellow, o mordendo nas costas.

    Mesmo tentando resistir, Swellow é cuspido para longe e leva golpes de Golbat e do outro Swellow, caindo de barriga no campo.

Leuri: Consegue perceber o que estou dizendo? — Ela encurralava Leuri, caminhando com suas mãos envoltas em aura rosa. — Os Pokemon que carrega são diferentes dos meus. Eu luto com tudo que aprendi em minha jornada para vencer. Lutei a Liga Hoenn para ser a melhor! Canalizei tudo que senti de ruim quando me desclassificaram de Kalos... E transformei em algo maior.

Leuri: Hyah, hyah! — Tentava abrir e fechar as mãos para imitar sua clone e disparar aura também, mas não saía nada. — Ai...

Leuri: Nossa maior diferença — disse, apontando a mão na direção dela. — Não existiu nenhum livro na minha história que desviasse meus sentimentos para outra pessoa. Lidar com toda a raiva e amargura me tornou mais poderosa. Sou poderosa em todos os sentidos, não existem oponentes a altura. Sou uma verdadeira Campeã, e tenho certeza que eu consigo chegar no número 1!

Leuri: Não!! — gritou, escondendo-se atrás da Leulola, obrigando sua clone a desviar o ataque para não feri-la.

Wallace: Milotic, Triple Axel! Metagross, Meteor Mash! 

    Com a cauda cristalizada como uma clava de gelo, Milotic golpeava a barreira de aura, mas o gelo se rompia ao aproximar-se dela. Metagross usava seus quadro punhos para socá-la, mas ao afastar-se, estavam queimados.

Shauntal: "A barreira em seu caminho; suas emoções eram empecilhos ou significariam seu triunfo?" Chandelure, ao ataque!

    As velas de Chandelure queimam em chamas azuis e sua aura fantasma acende seu corpo. Ele dá múltiplos socos na barreira de aura, mas nada parecia funcionar.

Wallace: Não tem como passar pela aura! O que vamos fazer?

Shauntal: Eu não sei, mas deve ter outro jeito de ajudar a Leuri!

Courtney: Eu estou tão confusa, mas... — Ela se aproxima de Wallace e Shauntal, segurando uma caixa de sapatos. — M-Minha Campeã... Quer dizer, a clone... Ela travou os Pokemon do Palácio em suas Pokeballs. Se vocês acharem um jeito de libertá-los, talvez possam ajudar. Me parece a coisa certa a se fazer.

Wallace: E é. Obrigado, Courtney. Vamos tentar.

    Explodindo mais esferas áuricas, a clone estabelecia um nevoeiro no campo. Leuri tossia, mas continuava tentando correr. Seus Pokemon não aguentavam mais combater e os da clone se voltavam contra ela.

Leuri: Diga adeus! — gritou, estendendo o braço, onde outra espada rosa se formou.

    No chão, a motoqueira teve a luz da espada iluminando o visor de seu capacete. Ela tinha um braço cobrindo a barriga e Talonflame a protegia dos ataques. Se esforçando, arremessou outra Pokeball e liberou uma Kangaskhan. Seu filhote saltou da bolsa, irradiando o poder da Mega Evolução que atingira.

~Kangas! — A mãe se intrometeu na frente de Leuri, protegendo-a da espada.

Leuri: Me ajudem! — Os olhos da clone iluminaram-se e a Leuri de Kalos e Leulola comandaram seus Pokemon.

    Rodopiando e colidindo com Kangaskhan, Incineroar a empurra para longe, liberando o caminho. Porém...

    Para sua surpresa, o filhote o dá um gancho no queixo, o mandando ao chão. Os demais Pokemon concentraram-se para atacá-los e Talonflame recebeu o Rock Slide de Camerupt, caindo por baixo das pedras.

Leuri: Você me protegeu! Mas está muito ferida, não gaste sua energia assim!

~Frooo! — Ele acorrentava Venusaur e Sceptile com espuma, tentando contê-los. De joelhos, era arrastado para frente, não tendo força suficiente. — Frogaaaaaaaaa!!!

    Saltando na cabeça de Frogadier e correndo pelas correntes de espuma, Meowth afia suas garras metálicas e golpeia os dois Pokemon, conseguindo fazer com que caíssem.

~Nyah! Nyaah myaaah! — Ele gritou para seus amigos caídos.

~Bééé... — Wooloo esforçou-se para levantar, imaginando o Charizard de Leon em sua frente. Tudo que passou até aqui, sendo reconhecida por Leuri como uma Wooloo, enfrentando suas dificuldades em trabalhar em equipe e entendendo pelo que precisa passar para chegar em seu objetivo.

~Dooon! — Gastrodon recolhia os pedaços de gosma de seu corpo, se regenerando. Seu terceiro olho iluminava-se e via suas próprias memórias numa poça de sorvete derretido, desde quando precisou se tornar um monstro para se proteger do menor perigo que fosse até quando Leuri assumiu que sentia medo dele, mas que o estendeu a mão para mostrá-lo que nunca mais estaria sozinho diante de qualquer situação.

~Sweeee! — Ele se reerguia, deixando as penas queimadas caírem e vendo seu reflexo na medalha de ouro em seu pescoço. Todo o seu esforço para cumprir seu próprio sonho.

~Kraa! — O pelicano se levantou, mas andou na direção errada e Gastrodon o ajudou a encontrar o caminho certo.

~LAAAAAX!!

    Luxray assumiu a frente do combate entre os Pokemon, descarregando sua eletricidade em relâmpagos que cortavam o campo. Sua forma se perdia na eletricidade, mas Meowth a encarou com coragem e levantou sua mão. Wooloo, Gastrodon, Cramorant, Swellow e Frogadier imitaram seu gesto e avançaram para combater.

    Luxray balançou sua cauda e estrelas de energia se formaram ao redor dela, então foram atrás de Meowth. A primeira o atingiu, explodindo e levantando fumaça, e todas as outras bateram no mesmo lugar. Luxray achou ter o vencido, mas o gato surgiu em suas costas, o surpreendendo e atacando com Payback, o flechando com energia obscura.

    Kangaskhan e seu filhote continuavam socando a Leuri clone, mas todas as feridas se regeneravam com a aura que a protegia. Ela aperta suas próprias mãos e Kangaskhan é encapsulada pela aura, gritando de dor. Seu filhote vai atrás dela, gritando.

Leuri: Você nem mesmo sabe usar seus poderes — disse, abrindo caminho até Leuri, que decide parar de se esconder e encará-la. — Você recusou a sua herança! E agora, ela vai pagar o preço da sua ignorância.

    Leuri ficou confusa a princípio, mas então sua clone abaixou-se e levantou a motoqueira pela blusa. Ela tentou soltar-se, mas seu capacete foi arrancado e arremessado no chão. Ele rolou até os pés de Leuri. E então...

Leuri: O q-quê... — Ela deu dois passos para frente, levando as mãos até a boca. Seus olhos se encheram de lágrimas e deixou de ouvir o confronto ao seu redor ou o que sua clone dizia. — Não. Não... Não, não, não!!

Grace: Eu sinto... muito.

    Sem o capacete, aquela era Grace. Sua mãe. Mil coisas passavam-se pela cabeça de Leuri agora. Como? Por quê? Mas principalmente...

Leuri: Mãe! — Ela correu até a clone, que soltou sua mãe no chão.

Leuri: Nós tínhamos um trato — disse, encarando Grace nos braços de Leuri. — Mas você não o cumpriu.

Leuri: Calma, tá bom? Vai ficar tudo bem, mãe — dizia sem parar, vendo Grace de olhos fechados. Ela apertava a barriga, onde a espada de aura a atravessou.

    Livrando-se das pedras, Talonflame tinha dificuldades para voar, mas foi até sua dona. Kangaskhan recolheu seu filhote e a pegou nos braços, quando Leuri se afastou.

Leuri: Você... Ela é a nossa mãe! — gritou para a clone. Suas lágrimas escorriam pelo rosto.

Leuri: Não. Não é a minha — disse em tom de reprovação, como se não gostasse disso.

Leuri: Como você pode... — Abaixando a cabeça, Leuri continuou chorando. Uma lágrima tocou o campo e um buraco escuro se formou ali, como se o derretesse. Seus cabelos começaram a se soltarem e a clone recuou.

    Levantando-se, os cabelos de Leuri iam escurecendo até as raízes. Eles caem por seus ombros e ela range os dentes com raiva. Suas pupilas dilatam, também sendo preenchidas de preto. Sua aura rosa irradia ao redor, mas é preenchida por preto e torna-se roxa. A clone passa a disparar esferas de aura contra ela, mas se desfaziam ao se aproximarem.

Leuri: Acabou. — Sua voz saiu grave e ela dava passos lentos na direção da clone.

Leuri: Está longe de acabar! — A clone ergueu-se em aura e empunhou sua espada.

    Mergulhando no ar, a clone tentou cravá-la a espada, mas ela a desviou ao estender o braço direito, deixando sua aura roxa a desfazer. As duas se lançam uma contra a outra, explodindo suas auras.

Shauntal: Argh, as Pokeballs não querem destravar!! — Ela tentava abrir uma, usando toda a sua força.

    Wallace tentava analisar a barreira de aura, mas quando a clone pressiona Leuri contra ela, sua aura roxa a desfaz e se estende por todo o andar. Na mão de Shauntal, a Pokeball se abre e a assusta.

~Bink?! — Carbink Segundo é liberado, mas ao ver a briga entre as Leuris poderosas, ele surta.

Leuri: O que você fez com os meus Pokemon?! — Sua pergunta se materializou como uma grande flecha escura, ela a explode na clone, que rola pelo chão. — O que você quer com a minha mãe?!

    Agora, ao levantar os braços, sombras se aglomeravam entre eles. Ela as empurra para cima de sua clone, que grita de dor sentindo sua pele arder.

Leuri: O QUE VOCÊ QUER COM A MINHA VIDA? — Ela forma uma espada como a de sua clone, mas da cor roxa.

~Frogaaa!! — Deixando o combate, Frogadier salta e agarra o corpo de Leuri, se misturando com a aura dela. Ela solta a espada antes que pudesse acabar com sua clone.

    Um redemoinho d'água se ergue e envolve os dois. A clone o olha incrédulo, mas sem forças para sair dos destroços do campo. Dentro dele, Leuri gritava e tentava atacar para se liberar, mas Frogadier continuava abraçado em seu corpo.

~FROGAAAAA!! — Leuri tentava soltar-se, mas ele apertava com mais força. Seu corpo tornava-se líquido e sua imagem perdia-se na água, mas seus olhos brilhavam em vermelho como a Wishing Star do pulso dela.

A história que eu quero contar não termina assim!

    Leuri ouviu uma voz entre as correntes d'água, se acalmando momentaneamente com isso. Frogadier continuou a abraçando.

Leuri...
 Eu também...

Leuri: O q-que... F-Frogadier? É você?

Eu também acredito em nós!

    Ouvindo aquelas palavras, Leuri lacrimejou de novo, mas agora eram lágrimas normais. Seus olhos perderam o tom escuro, voltando ao normal, e seus cabelos relaxaram e se coloriram de castanho de novo. Ela olhou para baixo, sentindo o abraço do sapo.

    O olhar dos dois se encontra e o redemoinho é desfeito. A clone continuava caída, os Pokemon que lutavam também desabaram. Leuri de Kalos e Leulola ajoelharam-se, exaustas. Leuri e Frogadier, abraçados, levitaram até o chão, então separando o abraço.

Courtney: Leuri! Graças a Arceus! Snif! — Ela escondeu o rosto para chorar, aliviada.

Shauntal: Oh, minha grande inspiração...

    Cruzando os braços e sorrindo, Wallace também encarou Leuri, que respirou fundo e amarrou seus cabelos do jeito que sempre fazia.

Leuri: Obrigada, Frogadier, não era mesmo aquele o jeito para resolver isso — disse, então foi até sua mãe nos braços da Kangaskhan. — Mãe...

Leuri: Haha... — Se apoiando num dos degraus para o trono, ela levantava-se com dificuldades. — Você... Você não vai salvá-la, não sabe usar os poderes...

Leuri: Eu vou aprender agora! Eu já fiz isso uma vez e posso fazer de novo!

Leuri: Não. É tarde demais para aprender.

Leuri: Por que isso está acontecendo?! — Ela gritou, fechando as mãos tão forte que suas unhas quase entravam. — Por que estão todas aqui?

    Na Ilha Armadura, Mustard saía agasalhado à noite, deixando o Dojo. Ele caminha até a praia, vendo algumas Staryu e Starmie agitadas. Um grupo de Clefairy estava lado a lado para olhar para o mar. Ao lado de onde a Torre Obscura emergiu, redemoinhos se formavam. Ele apertou seu colar; os dois pingentes, um com o símbolo de uma onda e o outro com o da lua cheia.

Leuri: Você tinha dito... Que Grace não era sua mãe. — Com os olhos lacrimejando, ela encarou sua clone. — No meu aniversário, eu desejei ser a Leuri que todos precisavam... Eu só queria deixar todos bem!

~Froo... — Exausto, ele era o último Pokemon de pé. Leuri afagou sua cabeça e tentou sorrir para ele, os dois se olhando.

Leuri: Frogadier, me desculpe por tudo. Eu não sei o que está acontecendo mas está te afetando e só queria te ver bem. O que percebo é que todas essas Leuris fazem parte de mim.

Leuri: Não! — Sua clone arranjou forças para gritar, com o rosto vermelho. — NÓS NÃO FAZEMOS! É mentira, não a escutem! Somos independentes, livres!

Leuri: Eu sinto muito — disse, aproximando-se da Leuri de Kalos e de Leulola, segurando nas mãos delas. — Inexperiente e querendo se divertir... Sonhadora e me sentindo madura... Eu já fui todas vocês um dia. Mas você herdou o meu pior lado. — Ela virou-se para a clone Campeã, que percebeu a Wishing Star iluminando tudo a sua frente. — Todas são partes de mim e vão voltar ao seus lugares. Vou resolver tudo isso.

    Sorrindo para suas outras versões, Leuri levanta seu braço. A Leuri de Kalos abraça o próprio corpo e sorri, enquanto a Leulola junta as mãos ao lado da cabeça, fecha os olhos e parece pegar no sono. Elas desfazem-se em partículas vermelhas como as de Dynamax, sendo absorvidas pela Wishing Star. No campo de batalha, seus Pokemon também tinham o mesmo destino, todos de cabeças baixas.

Leuri: Não! Não, eu sou real! Eu sou, eu sei que sou de verdade! Eu sou a original! — Sendo arrastada involuntariamente para perto de Leuri, ela tentava lutar contra, mas não funcionava. Com lágrimas nos olhos, encarou a original. — Por favor... Eu sou a Campeã de Hoenn, eu tenho os Pokemon mais poderosos e faço meu trabalho. Não é assim que deve ser?

Leuri: Eu não posso te dar essa resposta. Ser assim não combina comigo, eu não concluí a minha jornada, só comecei uma outra ainda mais empolgante.

Leuri: Você fez uma inimiga hoje... Ainda vai me ver de novo — disse, desfazendo-se aos poucos até só sobrarem mais pontos vermelhos no ar.

Shauntal: Leuri! — exclamou, correndo até a garota, que olhava para os pontos brilhantes se esvaindo. — Seus Pokemon... Eles estão todos bem!

    Deixando suas Pokeballs, todos os Pokemon de Leuri correm para ajudar os outros caídos. Pancham pega seus óculos com a menina e junto com Dedenne, levantam Wooloo. Gastrodon e Cramorant recebem ajuda de Venusaur e Sceptile, e Meowth é levantado por Lily. Swellow já estava de pé, mas cabisbaixo. Luxray deitou-se em sua frente e sorriu para ele. Os dois se cumprimentaram e a ave sorriu.

Courtney: Minha Campeã, eu... — Ela ia falar algo, mas Grace tossiu.

Leuri: Rápido! Vamos levá-la para um hospital!

Wallace: C-Certo! Eu vou chamar a ambulância!

Leuri: Não temos tempo! Talonflame, por favor — pediu ao seu Pokemon, que inclinou-se para ela montar. Kangaskhan a entregou sua mãe, de olhos semiabertos. Ela olhou para Frogadier e os dois assentiram com a cabeça. — Cuide deles, amigo.

~Froga!

    Com Talonflame voando, chegaram rápido no melhor dos hospitais de Mauville. Leuri gritou por ajuda e enfermeiros chegaram para socorrer Grace. Horas se passaram e agora ela estava sentada na recepção, com Talonflame deitado com a cabeça em seu colo.

 — Você é a filha dela, certo? — perguntou uma médica que se aproximou. Leuri estava tão preocupada que nem a notou. — Correu tudo bem. Ela vai ficar bem, precisa descansar e em alguns dias terá alta. O marido está no quarto com ela agora, se quiser visitá-la...

Leuri: Oh, ainda bem... Depois eu vou lá. — Ela segurou o choro e sorriu. A médica colocou uma mão em seu ombro, apertou e desejou forças.

Leuri: Eu só não consigo entender, Talonflame... Estou tão confusa e chocada agora que penso melhor em tudo que aconteceu. Não consigo entender... Por que a minha mãe estava atrás das clones? Por que ela não me disse nada? — Ela apertou os joelhos e Talonflame se levantou, olhando para a porta.

Rose: Leuri! Eu vim o mais rápido que pude... Arf... — Cansado, ele suava, mas sentiu Leuri se jogar contra o seu peito, apertando seu terno.

Leuri: Rose! Eu tive tanto medo... Não vá embora, por favor!

    Rose a olhou perplexo. Campeã de Hoenn, funcionária da Macro Cosmos, uma Treinadora tão experiente... Mas ali estava como uma criança, chorando depois de tudo que aconteceu. Ele sentou-se com ela e Talonflame os abraçou com as asas, aquecendo-os com seu corpo quente.

Rose: Minha querida... Pronto, eu já estou aqui. Não vou sair.

    Naquela noite, Leuri preferiu não visitar sua mãe. Estava aliviada dela estar bem, mas magoada e precisava de um tempo. Após reunir-se com seus demais Pokemon, ela voltou para Galar e os dias passaram-se. Ela insistiu em continuar seu trabalho, coletando as Wishing Stars, levando Shauntal junto e a mostrando como conseguia conectar-se com a energia do desejo. Frogadier e ela também estavam mais próximos e Meowth continuava fugindo para acompanhar Leuri na Wild Area.

Shauntal: Foi uma semana e tanto. Consegui reunir todo o material que queria e devo dizer, você me intriga como uma boa história. Já tem o meu número, não é? Para o que precisar, pode falar comigo.

    Despedindo-se, Shauntal pegou o voo para Unova. Vendo o avião partir, Leuri suspirou, então foi comprar uma casquinha de sorvete de queijo com menta. Quando iria pagar, viu uma chamada em seu celular. Era sua mãe, mas preferiu ignorar.

    No Acampamento da Boa Sorte, o Day Care improvisado de Diego, Carbink criava cristais dentro da grande barraca. Eles acendiam-se em várias cores e ele via fragmentos de memórias confusas neles, mas buscava entendê-los. Em seu peito, seu diamante continuava rachado, mas não o incomodava. Atrás dele, o celular de Diego reproduzia um de seus vídeos lendo os vários comentários que recebia de seu novo público.

    Já do lado de fora, Furfrou e Nickit disputava uma batalha. A poodle inchava seus pelos como algodões, bloqueando os danos do Tail Slap. Em seguida, mordeu a cauda da raposa e a jogou para longe. Mesmo assim, Nickit colocou-se de pé e rosnou. Furfrou ia investir em sua direção, mas os olhos da raposinha escureceram e ele deslizou até ela nas sombras, a golpeando.

Diego: Isso foi Sucker Punch! Nickit, está cada vez melhor, tenho certeza que ajudará nos próximos ginásios! — Ele comemorava, alheio de que um homem chegava ao seu acampamento.

    Numa cidade com teto a cobrindo, mas muito mal iluminada e suja, Morgrem atacava um Linoone, o dando chutes e arranhões. Um dos torcedores da Team Yell se ajoelha para pegá-lo e em seguida começa a comemorar a vitória de Marnie, assim como vários outros que ali estavam. 

Marnie: O patrocínio de vocês está me ajudando e estou cada vez mais forte... Teremos nossa vingança, eu prometo — disse para a Team Yell e todos sopraram as cornetas e levantaram cartazes com sua foto. Ela suspirou e se virou, olhando para uma casa com tábuas de madeiras nas janelas e a porta com retalhos. — Eu prometo... Ficarei mais forte e vou ajudá-lo.

    Tremendo de frio, Aleíse apertava seu casaco de estampa de Liepard, mas finalmente passava pelos portões de uma cidade coberta de neve. Ela limpa os flocos em seus cabelos e passa a mochila para frente do corpo, retirando um panfleto amassado que dizia "Exposição de Arte Unoviana em Circhester."

    No laboratório da Macro Cosmos, Sonia novamente concluía sua pesquisa sobre as Wishing Stars estarem conectadas como se houvesse uma corrente de dados entre elas. Porém, outra criatura surge rapidamente na frente dela, piscando suas luzes coloridas para apagar sua memória. No computador, os dados eram todos deletados.

    Assistindo pelas câmeras, Rose analisava a situação, coçando o queixo. Ele estala os dedos e seu Inteleon camuflado se revela.

Rose: Proteja o laboratório e capture aquele que tem atrasado Sonia — pediu e Inteleon assentiu, voltando a se camuflar.

    Na Ilha Armadura, a Torre Obscura continuava erguida no mar, que já havia se acalmado. Mustard e Kubfu subiam suas escadarias antigas de madeira até o último andar, onde a luz entrava pela janela em formato de meia lua e iluminava o grande pergaminho colorido. O velho limpa a garganta e relê em voz alta o que estava escrito nele.

Mustard: Duas metades distintas. Uma escolherá a escuridão da noite e a outra seguirá a leveza das ondas do mar. Não importa qual caminho sigam, no final sempre irão se encontrar. Há quem esconde e há quem não perceba, aprendam juntos e salvem a realeza.

    Olhando para Kubfu, Mustard perguntava-se o que aquilo realmente significava. O urso cerrou seus punhos e os encarou. Um era rodeado por gotas d'água e o outro por faíscas de sombras.

Galeuri continuará em breve.

......

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