Capítulo 51: Jantar em família no rancho!

[Rose Tower - Wyndon City]

    Leuri voltava de uma aventura na Wild Area, segurando uma redoma de vidro onde uma Wishing Star repousava. O elevador passava pelos vários setores da empresa, onde por vezes alguém perguntava se estava subindo ou descendo.

~Dooon... — Nervoso com a quantidade de pessoas que viam transitando por ali, Gastrodon se encolhia cada vez mais atrás da perna de Leuri, que afaga sua cabeça gosmenta, o que ela se arrepende depois.

Leuri: Lembre-se, amiguinho! Não vão te machucar!

~Don! — O Pokemon assentiu para ela e parou de se esconder.

Leuri: Hm... Aposto que está com a Sonia de novo — disse, assim que o elevador chegou ao último andar e ela entrou no escritório do Chairman. — Luzes apagadas?

 — Wuuu, fantasma! — As luzes acenderam-se com o bater de uma palma e Leuri se arrepiou toda, quase derrubando a redoma.

Rose: Haha! Te peguei!

~Myah! — O gato saltou para cima de Leuri, que o segurou antes que a arranhasse por acidente.

Leuri: Não tá velho demais pra ficar brincando não, Rose? Toma aqui, hoje Gastrodon me ajudou a conseguir uma — disse, colocando a redoma na mesa.

Rose: Muito bom, já vou levá-la e depois podemos almoçar juntos. E meus parabéns a Gastrodon, merece uma guloseima — disse, dando um peteleco num Pokebloco que Gastrodon apanhou no ar, esticando o pescoço. 

Oleana: Presidente Rose, peço licença — disse, entrando na sala. Ela fitou Meowth, que tentava apanhar um dos Pokemon peixes de seu aquário, mas assim que a viu, fingiu que não estava fazendo nada. — Leuri, um Jumpluff de algum jeito veio até aqui e deixou uma carta para você.

Leuri: Será que é algum fã?? Ai, esses dias sonhei que tinham me convidado para um evento de famosos e... — Ela escuta Oleana, Rose, Meowth e Gastrodon abafando risadinhas. Até mesmo os peixes do aquário pareciam rir. — Humph! Me dá essa carta aqui!

    Os três seguiram juntos para o restaurante da empresa, alguns andares abaixo. Gastrodon foi encontrar Cramorant e o Garbodor de Oleana, que comiam no espaço para Pokemon. Rose preparou o prato de Leuri, montando um sorriso com arroz, como quase sempre fazia, e ela comeu tudo bem rápido para ler a carta.

    Abrindo o envelope, Leuri sentiu um aroma de campo invadir suas narinas. Ela logo sorriu, sabendo de quem era; Milo, seu amigo fazendeiro de Turffield, a única pessoa que ela conhecia que iria preferir mandar um Jumpluff entregar recados do que mandar um e-mail.

Oleana: É cobrança? — Ela se inclinou para ver o que estava escrito. — Ou algum namorado?

Leuri: E-Ei! É de um amigo, ele precisa da minha ajuda para organizar um jantar hoje a noite. 

Rose: Mas você não sabe cozinhar... N-Não que não possa aprender! — Ele recebeu um olhar mortal da garota e voltou a comer com pressa.

Leuri: Como podem ver, meus queridões, sou muito influente, requisitada e recebo muitas cartinhas de fãs!

Oleana: Quando você se tornou o Leon? — provocou, já esperando alguma resposta atravessada.

Leuri: Enfim, o Milo também me deve uma batalha, vou ajudá-lo e pedir uma em troca! Quem vai comigo? — perguntou alto, se levantando. Ela viu Garbodor, Cramorant e Gastrodon com as barrigas imensas de tanto comer. — Hum... Acho que eles não, hehe!

    Quando Leuri entrava na cabine de um taxi Corviknight, Rose acenava e Oleana apenas mantinha os braços cruzados. Ela não reparou, mas Meowth saltou para dentro antes da porta fechar. Rose percebeu, caindo o olhar, mas preferiu voltar a sorrir logo.

Leuri: Próxima parada, Turffield!

~Nyahh! — Ele miou por baixo do banco de passageiros, mas calou a boca com as patas para Leuri não o ouvir.

    O Corviknight já sobrevoava o geoglifo e Leuri o admirava do alto, reparando mais em sua forma. Era mesmo como um gigante rodeado de criaturas menores. Ela lembrava-se da descrição intrigante que havia sido gravada na placa sobre aquela figura. "As terras do passado que se perdeu... Nos encontrem, queremos ser eu...?" Seus pensamentos se perderam quando o corvo grunhiu, aproximando-se da maior fazenda de Turffield.

Milo: Rola o feno, rola a Wooloo, mas mantendo o bom humor!

    Lá estava Milo, empurrando um rolo de feno enquanto as várias Wooloo de seu rancho o acompanhavam na cantoria. Yamper abria um portão para que as ovelhas entrassem, enquanto várias Jumpluff eram levadas de ponta a ponta pelo vento. Suas sacudidas eram como chocalhos e uma Eldegoss florida rodopiava entre elas.

 Milo: Beth, Bethania, Bethinha, Beethoven, Beto, Bernardo, Lorena, Edna, Seraphine e... Quem estou esquecendo?

~Béééé! — A última Wooloo rolou para dentro do celeiro.

Milo: Isso, Bill! Estão todos aqui!

 — Não todos! — Milo abriu um sorriso, ouvindo uma voz familiar e jogando sua enxada para trás das costas.

Leuri: Ei, fortão! — Ela corria na direção dele e os dois fazem um High Five, com Leuri saltando para alcançar a mão dele no alto. Com a outra mão ela arremessa uma Pokeball, liberando sua Wooloo.

    Rolando pela grama, Wooloo cumprimenta suas velhas amigas, que não dão a mínima por lembrarem do quanto ela era preguiçosa e não ajudava em nada. Mas sua melhor amiga logo veio recebê-la, a Eldegoss de Milo, que pousou em suas costas.

Milo: E aí, Leuri? No seu aniversário mal tivemos tempo de conversar, mas adorei a festa. Sua família e seus amigos são muito legais, só fiquei um pouco assustado com aquele que rebolava em cima da mesa do bolo — disse, agachando para fazer carinho na Wooloo.

Leuri: Clássico do Harley! Mas estou bem, tenho estado meio ocupada desde que o Carbink perdeu o canal e... Hey, você que me pediu ajuda, não vamos falar de mim!

Milo: Claro que vamos, você é importante.

Leuri: Pode repetir isso para eu mostrar pra Oleana? — disse, com um gravador em mãos. — Q-Quer dizer! Eu trouxe tudo para prepararmos o melhor jantar. Ó, sei fazer torrada, suquinho que já vem pronto, tirar o sorvete que vem no pote e colocar num copo, e acabei de ler uma receita de ovo frito, não parecia difícil, só queria saber onde coloca o ovo.

Milo: Na verdade, eu é que vou cozinhar...

Leuri: Forte, gentil e cozinheiro? Tem certeza que não quer fazer uma harmonização facial, deixar a barba crescer?

~Wappa! — latiu o Yamper, como se chamasse Milo para a realidade.

Milo: É que... Tudo bem, Leuri, eu estou surtando — disse com calma, ainda sorrindo normalmente. Leuri piscou algumas vezes, tentando perceber qualquer surto nele.

Leuri: Que surto, Milo? Você tá mais calmo que um Snorlax depois de comer!

Milo: Não está vendo que não estou? Oh, desculpe, fui grosso...

Leuri: Milo... — Ela segura com as duas mãos na mão gigante do fazendeiro, que abaixa a cabeça. — Desculpa, você parece muito tranquilo, mas pode me contar o que aconteceu.

Milo: O jantar... É para a minha família. Eu preciso causar uma boa impressão. Não, uma ótima impressão, disse até que estava namorando! Desculpe, não sabia para quem pedir. Se não puder, vou dar um jeito!

Leuri: Que nada! Você chamou a pessoa certa, ninguém passa impressões melhores do que eu!

Milo: Sério? Que bom! Então vou precisar que tudo esteja perfeito, por onde começamos?

~Béééé!

Milo: Vamos ver o que tenho aqui! — Sem camisa a pedido de Leuri, ele abria as portas de um armário onde as roupas estavam perfeitamente penduradas.

Leuri: Por mim pode ficar assim...

Milo: Leuri!

Leuri: Tá, tá!

Milo: Que tal essa? É a que eu mais gosto de usar!

Leuri: Essa é a sua roupa de trabalho, amigo! Lembre-se, você vai jantar!

~Béééé! — A Wooloo de Leuri também experimentava acessórios do Milo, com Eldegoss rindo.

Milo: E essa? Bem social, não acha?

Leuri: Hum... Não foi assim que você foi vestido no meu aniversário? Vamos lá, algo mais casual e sem esse chapéu! — Ela puxa o chapéu dele, mas então...

Milo: Hehe!

Leuri: Ai, mãezinha...

Milo: Que tal essa? É bem simples, eu me sinto confortável...

Leuri: Deixa que eu escolho pra você, é mais fácil! — Ela afastou Milo do armário, se enfiando lá para ver as roupas até achar algo que gostasse. — E que tal essa?

Milo: Você acha?

Leuri: Eu tenho certeza!

Leuri: Agora, vamos resolver o outro problema! — Enquanto Milo se arrumava, ela saía da casa dele no rancho, tentando encontrar sinal de internet. — Prontinho, já sei quem pode ajudar!

Leuri: Mãe, eu preciso de um favor! — disse, gravando um áudio e sorrindo.

    Ficando encarregado de colher flores bonitas, Frogadier caminhava com uma cestinha, feliz com as Jumpluff o paparicando. Então ele percebeu alguém conhecido tentando se esconder atrás de uma árvore.

~Myah? ("Te conheço?")

~Froga... ("Você não engana ninguém...")

    As horas foram passando e o céu escurecia em Turffield. As Jumpluff davam seus últimos passeios, Wooloo e Eldegoss brincavam enquanto Yamper as observava e havia uma Chewtle mordendo a tábua de uma cerca. Leuri usava um longo vestido rosa e saltos, além de um colar chique e brincos em formatos de laços pretos brilhantes.

Serena: Leuri, você acha que vão acreditar nessa história toda? — perguntou, debruçada na cerca junto com Leuri.

Leuri: É claro! Você é a namorada do Milo por essa noite e a minha mãe... bem, é a sua mãe agora!

Grace: Olha, a genética dessa família deve ser bem esquisita.

Jack: Eu não gosto dessa ideia, por que eu tenho que ser um pai? Nem pareço com um!

Leuri: Porque o Sycamore precisa cuidar da minha irmã, durrr! E pronto, pega isso! — Ela coloca um bigode no rosto de Jack e o mostra um espelho.

Jack: Agora sim, pareço um pai!

Leuri: Certo, revisando a história! Serena, você namora o Milo e trouxe seus pais, Jack e a minha mãe, para conhecerem a família dele!

Serena: Perfeito.

Jack: Espera, eu sou pai da Grace?

Grace: Oh, isso vai ser um desastre... — Ela vê uma caminhonete aproximando-se do rancho. — Filha, acho que são eles!

    Em casa, Milo tentava dar um nó na gravata. Usava um terno apertado, o paletó mal fechava em seu corpo largo e os botões pareciam querer romper a qualquer momento.

Leuri: Tudo bem aí? — Ela se aproximou dele, ficando em sua frente, na ponta dos pés para dar o nó na gravata.

Milo: Eu não sei... Eu acho que tudo isso vai impressioná-los, mas...

Leuri: Hey, você não me disse o porque disso ser tão importante.

Milo: Você não conhece minha família... Eles não fazem ideia de que me tornei um Líder de Ginásio por aqui, são do interior e não tem contato com batalhas e estádios, acham isso uma bobeira que não dá futuro. O maior orgulho para eles seria eu aparecer com uma namorada legal e mostrar que meu rancho está indo bem.

Leuri: Eles já chegaram — disse, vendo o rosto de Milo ficar mais pálido. — Eu vou recebê-los, te espero lá!

Milo: M-Mas! — Ele viu Leuri correr para fora. Suando frio, suspirou e seu paletó arrebentou de vez, com os botões se espalhando pelo quarto.

Leuri: Boa noite, família do Milo! — Ela aproximou-se da caminhonete, de onde não parecia parar de sair gente. — Nossa, vocês são... Muitos!

 — Hoho! Somos mesmo, e nem viemos todos! Os mais velhos precisam cuidar dos que ainda nem andam lá no rancho! — O que parecia ser o pai de Milo se gabou da grande família. — Mas em breve vamos aumentar, não é, meu docinho?

 — Oh, sim! Quanto mais, melhor!!

 — Hahah!! Cadê o Milo, hein? Eu quero ver a cara dele quando souber que já tenho pelos nas pernas!

 — Mãe, me leva embora, esse lugar fede...

 — Aonde estão os Pokemon que o Milo disse que cuida?!

 — Calados! — exclamou uma senhora, a última a sair da caminhonete e quem parecia estar dirigindo. — Aonde está meu neto Camilo?

Milo: Vovó Dália! — Correndo para perto de Leuri, Milo segurava um buquê de flores variadas. Sua avó era muito mais baixa do que ele, mas revelou um braço musculoso de dentro de seu manto para pegá-lo.

Leuri: Santo Arceus, que músculos!

Dália: Camilo... Essas flores estão todas gosmentas. — Ela arremessou o buquê longe, o fazendo sumir da vista de todos. Milo engoliu seco.

~Froga! — O sapo cruzou os braços.

Dália: Então este é o seu rancho, uh? Quem diria, meu primeiro neto a sair de casa... Logo você.

Milo: Pai Horace, mãe Heather... Primo Kyle, mana Jade e mano Loto. — Ele cumprimentou cada um com um beijo no rosto. — Vovó, deixe-me apresentar, esta é...

Leuri: Sou a garçonete, vou servi-los hoje no jantar que o senhor Milo preparou. — Ela piscou para a velha, que a ignorou e seguiu andando junto com os demais da família.

Kyle: Ei, você é solteira? — perguntou o garoto mais novo e magrelo.

Leuri: Se manca, moleque!

    Apresentando o rancho, Milo também havia vestido Eldegoss e todas as Wooloo com gravatas e chapéus. Seus irmãos e primo caçoaram de não terem muitas Wooloo, começando a rir dele.

Jade: Ahaha! O Camomilo não tem nem 20 Wooloo! Será que ele comeu todas as outras?

~Bééé! — Uma das Wooloo rechonchuda protestou.

Milo: Bethania, não dê ouvidos a ela, por favor. E Jade, não me chame assim, sabe que eu...

Heather: Dê uma folga para seu irmão, querida. Todas as outras devem estar em Pokeballs ou foram vendidas, é claro.

Milo: Sim... É claro.

Horace: Ah! Filho, estou impressionado! — A voz do homem deixou Milo nervoso, mas então ele se virou e o viu arrancando algodões de uma Jumpluff. — Esses algodões estão ótimos, você tem um bom negócio aqui!

~Puff!! — A Pokemon reclamava, não gostando.

Leuri: Ehehehe... Que tal partirmos para o jantar? — Ela reparou nos punhos fechados de Milo e segurou no braço dele, o fazendo relaxar.

Kyle: O último a chegar na casa é uma Wooloo idiota! — gritou e todos da família correram como um rebanho, até mesmo a avó.

Leuri: Puxa, eles são...

Milo: É. Eles sempre me trataram assim, gostam de me diminuir — disse, sério como Leuri nunca havia visto antes.

    Sentados à mesa, Jack ajeitava o bigode o tempo inteiro enquanto Serena e Grace forçavam sorrisos para a família de Milo, que comiam sem parar, falavam enquanto mastigavam e davam socos uns nos outros.

Leuri: Licença, saladinha chegou! — Ela colocou uma bandeja na mesa, mas todos da família mostraram a língua, menos Milo, que em silêncio foi colocando algumas folhas no prato.

Dália: Continua sem comer carne, é? Não se alimenta direito, tsc tsc... Tantas Wooloo no ponto...

Kyle: Camomilo! Camomilo! — Continuava provocando, até receber um cascudo da mãe.

Milo: Vovó... Essa é a minha namorada, Serena. Ela trouxe os pais dela para jantarem conosco especialmente para que todos pudessem se conhecer.

Horace: Tão franzina! Cadê seus músculos, garota?

Serena: Ah, eu gosto mais de fortalecer a mente, sabe como é, né?

Horace: Huh? — Ele tentava cortar um pedaço de carne com uma colher.

Jack: Olha como fala com ela!

Horace: É isso aí, um chefe de família defende suas damas — disse, sorrindo com um pedaço de carne nos dentes.

Grace: Caham... — Incomodada, ela limpou a garganta. — Então, vocês também tem um rancho, certo?

Heather: É, ele é imenso! Muitas vezes maior e mais cheio que esse aqui, também. Milo está só começando, temos que relevar.

Jade: Como vocês se conheceram? — perguntou, olhando para Serena, que corou e olhou para Milo.

Milo: F-Foi na... Na... Feira...?

Serena: Sim, uma feira de temperos.

Horace: Eu queria ir numa feira de temperos. Aonde fica?

Milo: Longe! Muito longe, foi em outro país! — exclamou, quase engasgando.

Serena: Sim, estávamos viajando e nos esbarramos por acidente. Então foi amor a primeira vista. — Ela pisou no pé de Jack, que já ia abrir a boca.

Kyle: Quem diria, o Camomilo namorando! Gwahaha!! E o que ela faz da vida? Com esses bracinhos duvido que aguente o trabalho aqui do rancho...

Serena: Sou uma Líder de Ginásio — disse, forçando um sorriso, embora um de seus olhos estivesse com tique de raiva. — Qualifico meus desafiantes com batalhas para que possam dar mais um passo em suas jornadas.

    A mesa entrou em silêncio. Milo queria enfiar a cabeça na salada e seus pais se olhavam com espanto.

Dália: Bem, foi um prazer, mas estamos de saída — disse, se levantando bruscamente. Milo abaixou a cabeça e Leuri reparou.

Leuri: Esperem, o que aconteceu? O Chilli tá quase pronto, eu acho!

Dália: Já vimos tudo por aqui. Acontece que meu neto fez certo em sair de casa, ele era mesmo... diferente. Percebo que está se dedicando ao seu rancho, uma pena que sua namorada não vá ajudá-lo. Tenho minhas dúvidas se ela aguentaria cuidar dos futuros filhos.

Leuri: Só porque ela não faz o mesmo que vocês? E escuta só, o Milo se esforça muito e tem um coração gigante, ele é ótimo a frente do rancho!

Milo: Leuri, não!

Leuri: Mas é verdade! Eles não podem ir embora pensando dessa forma! Não sobre você... Você é incrível, Milo! Não sei como pode ter vindo dessa família!

Dália: Que garçonete atrevida... Melhor do que a palitos loiros.

Serena: Palitos?!

Jack: Hey, respeite minha filha! — Ele se levantou rápido e seu bigode caiu na bandeja de salada.

Horace: Ele não é pai! — exclamou, apontando para Jack, que tentou recuperar o bigode mas colocou um tomate no rosto.

Heather: O que significa isso?!

*Mantenha em looping até a próxima música*

Milo: Já chega! Vocês vieram até a minha casa para continuarem me tratando como um ninguém! Sim, eu respeito os Pokemon que crio, trato qualquer um com amor e deveriam fazer o mesmo! — Ele se levantou, empurrando a mesa. Seus irmãos ainda atacavam pedaços de carne.

Dália: Camilo, sente-se agora e não eleve a voz para mim. Sou sua superior. Diga que está arrependido do que disse sobre como nós o tratamos. Sempre o demos o respeito que merece para que pudesse crescer e ser como nós, não um molenga como estou vendo desde que cheguei aqui.

Milo: Eu... Eu não quero, nunca, me tornar alguém como vocês e vou mostrar o porquê! Leuri, vamos batalhar pelas regras do Star Tournament — disse, olhando para a garota, que abriu um sorriso. 

Leuri: Era o que eu estava esperando!

Horace: Batalhar...? Mas que diabos vai fazer?!

Milo: Vocês vão ver!

    Do lado de fora da casa, o rancho era iluminado pelas Jumpluff que acendiam seus algodões. Um Rotom Drone foi chamado pelos dois, impressionando a família de Milo que nunca havia visto isso. Serena, Grace e Jack também saíram para assistir.

Rotom: Batalha oficial do Galarian Star Tournament aprovada entre a Campeã de Hoenn, Leuri Azura, posição 110, e o Líder do Ginásio de Turffield, Milo, posição 99. Essa batalha está sendo avaliada em 100 pontos, o máximo possível para os dois nesse momento. Uma curiosidade, se a Campeã Leuri vencer, tomará a posição do Líder Milo.

Dália: Líder de Ginásio?! Camilo, você...

Milo: Sim — disse, recebendo o chapéu de fazendeiro que Eldegoss o trazia. — E vou mostrar o que isso significa!

Rotom: Dois contra dois, um Pokemon para cada lado por vez, sem substituições. Batalha... Iniciada!

Leuri: Vamos, Talonfl... — Ela é interrompida quando Meowth salta para sua frente, mostrando suas garras metalizadas. — Ehhhh?!

Milo: Eu vou com Shiftry!

Leuri: Você veio escondido só porque eu mencionei uma batalha, não foi? — Ela viu o gato sorrindo, não resistindo à fofura. — Tudo bem, vamos tentar então!

Milo: Shiftry, Leaf Blade!

    Cruzando suas folhas, Shiftry as fortalece com a energia da natureza que fluía puramente pelo rancho. As folhas de suas mãos tornam-se espadas e ele salta para cima de Meowth, com os pelos balançando ao vento.

Leuri: Metal Claw!

    Pronto para lutar, Meowth tenta colidir com as espadas de Shiftry, mas elas eram fortes demais e ele é arremessado para trás, rolando por metros de distância.

~Myah? — Surpreso com o dano que levou, ele se deu conta de que nunca esteve em batalha antes.

Milo: Prepare o campo, Leaf Storm!

    Desfazendo as espadas, Shiftry movimenta seus pés sem amassar a grama. Seus braços dançam e um trevo de quatro folhas se materializa a frente dele, então se desfazendo numa saraivada de folhas que percorrem todo o território da batalha, cercando Meowth.

Leuri: Eu já vi isso antes... — Ela se lembrava do campo de algodões da Jumpluff de Milo durante a batalha com Marnie. — Meowth, escute, você não pode vencer dessa vez, mas pode me ajudar a encontrar o caminho para isso!

~Myah? — Ele pensou a respeito, parecendo entender que foi precipitado ao invadir a batalha.

Milo: Quando a chance chegar...

    Nas folhas, Shiftry movia-se camuflado, não sendo possível vê-lo. Meowth olhava para todas as direções, sentindo que a qualquer momento seria atingido.

Leuri: Aonde... — Ela tentava se concentrar até ver algumas folhas dançando no sentido contrário. — Meowth, Metal Claw para frente!

~Myahhh! — Ele não conseguiu agir a tempo, mas Shiftry veio por sua frente e o atingiu com um Leaf Blade que o nocauteou na mesma hora.

Leuri: Obrigada, Meowth, isso ajudou muito — disse, vendo sua Wooloo rolando para recolher o gato desmaiado. — Vou arriscar tudo nesse aqui! Frogadier, ao campo!

~Froooga! — Ele lançou uma corrente de espuma no joelho de Shiftry e a usou para se impulsionar para a frente dele, chutando-o para dentro da tempestade de folhas.

Milo: Seu mais forte, é? — Ele coçou o nariz, com um sorriso logo abaixo, mesmo estando nervoso. — Shiftry, ataque por várias direções com Bullet Seed!

    Ainda camuflado, Shiftry disparava sementes por todos os lados. Frogadier conseguia desviar de algumas, mas a maioria acertava pontos específicos de seu corpo para mantê-lo parado.

Leuri: Não precisamos sair do lugar, use Aerial Ace!

    Entendendo o comando, Frogadier se deita no chão, apoiando-se nas duas mãos e deixando as pernas elevadas. Ele gira rapidamente, rebatendo as sementes com mais força, até escutar um gemido de Shiftry.

Leuri: O pegamos! Water Pulse!

    Agora se levantando, Frogadier embola água e a dispara na direção que ouviu o gemido, mas as folhas rapidamente partem o golpe em pedaços. Leuri cerra os punhos, mas Milo estica seu braço.

Milo: Mega Kick!

    Saindo das folhas, Shiftry acerta um chute em Frogadier, que é lançado para perto das extremidades da tempestade, sentindo leves cortes em suas costas.

Leuri: É agora! Frogadier, lance a espuma nele!

~Froga! — Ele arremessou pedaços de sua espuma em Shiftry, que apenas saltou, desviando e as mandando para a corrente de folhas. Leuri sorriu.

Milo: Shiftry, volte a se camuflar e dispare Bullet Seed!

    Voltando para a tempestade, Shiftry desaparece, mas Frogadier apenas fecha os olhos. Leuri relaxa os braços, aguardando por algo. Milo então comanda outro Leaf Blade e o Pokemon se revela com toda a velocidade, mas...

~Shiiif? — Ele percebeu que seus pés estavam grudados no chão e então Milo se deu conta. A espuma agora fazia parte da tempestade e havia se dividido em muitos pedaços que grudaram por todo o corpo de seu Pokemon.

Leuri: Acabou para esse! Aerial Ace!!

    Com uma rasteira, Frogadier derruba Shiftry em sua frente, também rompendo a espuma. O Pokemon tenta se levantar, mas desiste e desmaia, sendo chamado de volta para a Pokeball.

Milo: Então assim que é batalhar contra você... Confesso, estava curioso! Mas meu objetivo aqui é vencer, por isso chamo Eldegoss! — Ele abriu os braços e sua Pokemon mais poderosa planou para eles, recebendo um abraço antes de ir ao combate.

    Com um simples toque na grama, um pulso de energia desfez a tempestade e as folhas caíram, tornando-se parte do chão que se revitalizava. Leuri e Frogadier trocaram olhares, como se concordassem que precisariam se esforçar mesmo para vencer aquilo.

Milo: Use Cotton Spore!!

    Flutuando e tendo seu movimento acompanhado por Frogadier, Eldegoss desprende algodões de seu corpo e estes incham no ar, se espalhando por todos os lados, até mesmo próximos da família de Milo.

Leuri: Se prepare, Frogadier! Está vindo!!

Milo: Leaf... TORNADO!

    Folhas mais afiadas e resistentes que as de Shiftry começam a se materializar e Eldegoss exercia total controle sobre elas. Conectando os algodões, Eldegoss se deixa ser levada pelo vento, puxando todas as folhas e girando os algodões no céu.

Milo: VÁ!!!

~Frogaa!!

    Tentando conseguir escapar, Frogadier vai sendo cercado pelos algodões, até começar a ser espancado por eles, cada vez mais sendo batido contra a grama. As folhas cortavam sua pele e Leuri só gritava seu nome.

Dália: Mas ele está usando algodões... ofensivamente? Isso... É surpreendente.

Serena: Nós, Líderes de Ginásio, adaptamos nossas experiências para as nossas estratégias em combate — disse, sorrindo para a velha, que pareceu reflexiva por algum momento.

Délia: Usar a defesa como ofensiva... — Ela olha para o rosto do neto, onde ele mantinha seu sorriso ao comandar contra Frogadier. — Camilo...

"Vovó, veja só o Pokemon que conheci!"
"Mais um amigável e sorridente... Foi por isso que fracassou em conquistar a Liga Galar, lá não é lugar para amiguinhos."
"Eu gosto de ser um Treinador, vovó. Eu quero continuar no meu caminho, vou abrir o meu próprio rancho com Eldegoss e os outros. Você vai se orgulhar quando o ver."
"Você é um homem do campo. Não pode sonhar tão alto."

Dália: Mesmo com tudo que eu o disse... Ele nunca deixou de ser bondoso — disse, retirando seu chapéu e o levando ao peito.

Milo: Ser bom é diferente de ser bobo — disse, vendo Frogadier conseguir se agarrar em Eldegoss e a atingir com Water Pulse, mas logo depois ser espancado por mais algodões. — Mesmo que continuem tentando me provar o contrário, eu vou acreditar no meu desejo!

    Escutando as palavras de Milo, Eldegoss começou a reunir os algodões ao seu redor, todos ganhando tons coloridos de energia. Frogadier estava ofegante, mas ainda de pé. 

Milo: Esse é todo o nosso poder do ginásio de Turffield! — gritou, vendo os algodões encobrirem Eldegoss e então se desfazerem em energia, formando camadas por cima dela.

ESSE É QUEM EU SOU!!!

Leuri: É Giga Impact! — Ela reconheceu, arregalando os olhos. — Frogadier, diminua a potência dela com Ice Beam!

    Focando sua visão, Frogadier sente a energia ao seu redor o pressionando para não reagir, mas seu hálito cristaliza o ar e ele agarra num floco de gelo, o assoprando para formar um feixe que se estende até Eldegoss, mas esta continuava a investir.

Leuri: Aaaaah!! — Ela flexiona os braços, tentando concentrar suas forças em Frogadier. — Aerial Ace!!

    A luz dos movimentos iluminava tanto o rancho que parecia estar de tarde. Frogadier investiu contra o gelo onde Eldegoss tentava destruir. O choque dos dois faz com que cada um vá para um lado.

Milo: Leaf Tornado, vamos!!

    Cansada, Eldegoss quase não tem energias para o golpe, mas faz as folhas caídas do chão se levantarem e se fortalecerem mais uma vez para criar uma tempestade ao redor de Frogadier.

Leuri: A chave é... Mudar o curso! — gritou, o que também pareceu fazer sentido para a avó de Milo. — Frogadier, Water Pulse!!

~Frooo!!

    Encapsulando água, Frogadier fixa seu olhar nas folhas que dançavam para o lado de Eldegoss. Ele gira na ponta do pé e dispara o golpe contra a corrente, mudando o rumo das folhas assim que a esfera é destruída. Dessa forma, Eldegoss começa a ser atingida pela própria tempestade, não conseguindo mais planar e indo ao chão.

Milo: Eldegoss... — Incrédulo, ele vê a tempestade se desfazendo e Eldegoss desmaiada. Seu chapéu cai por cima dos olhos, mas ele volta a sorrir e aplaude a vitória de Leuri, caminhando na direção de sua Pokemon.

Rotom: Essa batalha está encerrada. Pelas regras do Star Tournament, os 100 pontos vão para Leuri, que assume a posição de Milo — disse, então levantando voo e indo para longe dali.

Leuri: 99! Conseguimos, Frogadier!!

~Froo! — Ele recebe um abraço da garota, corando.

    Wooloo se aproxima de Eldegoss, a lambendo no rosto, ainda com Meowth nas costas. Milo logo a regressa para a Pokeball.

Milo: Shiftry, Eldegoss... Obrigado, vocês são os melhores! — Sorrindo para as Pokeballs, ele as guarda no bolso. Sua avó estava diante dele. — Vovó, eu espero que...

Dália: Eu entendi. Você tem minha benção, ainda que seu caminho seja diferente do único que conhecemos. Talvez nós que precisamos aprender algo aqui — disse, ajoelhando-se com as mãos juntas. O restante da família cochicha entre si, não parecendo gostar muito disso.

Milo: Você não precisa perder o sorriso por quererem que perca, vovó. Nunca é tarde para recuperar o seu — disse, estendendo a mão para a velha, que aceita e recebe um abraço apertado.

Dália: Calma lá que minha coluna tá ruim, garoto!!

    Voltando ao jantar, todos comem ainda mais e Leuri decidiu continuar sendo a garçonete, mas agora todos conversavam entre si, se divertindo. Então, Milo levou Leuri para uma última volta pelo rancho antes dela ir embora.

Milo: Obrigado mesmo por tudo que fez por mim hoje, Leuri. Vou querer uma revanche algum dia.

Leuri: Somos amigos, Milo! Pode contar comigo! — Ela piscou para ele e os dois pararam perto de um campo de plantação, onde um caule já saía do solo. 

Milo: É a semente que plantou, veja como já está!

Leuri: Eu quase tinha me esquecido dela...

Milo: Você e Frogadier estiveram bem hoje. Continue cultivando isso, Leuri. Os sorrisos de vocês eram como um só.

    Com as palavras de Milo em mente, Leuri se despediu de todos. Ela deixou Meowth no escritório de Rose, o explicando que ele havia a seguido, o que não o surpreendeu em nada. Então, levou Serena, Jack e Grace para seu quarto no hotel Wyndon, onde passariam a noite.

Leuri: Gente, essa confusão toda de hoje me fez pensar — disse, se jogando na cama, onde Serena estava sentada abraçando uma almofada de Shinx. — Posso não ser tão reconhecida em Galar como o Leon ou outros Treinadores daqui, mas seria muito pior se minha família que não me reconhecesse. Obrigada!

Jack: Hey, olha você na TV! — exclamou antes que qualquer um pudesse dar uma resposta.

"E é por isso que não podem perder tempo! Traga toda a sua família e os seus amigos para assistirem o meu espetáculo, no teatro de Kiloude!"

Serena: Amiga, nem me contou que você montou uma peça!

Leuri: EU NÃO FIZ AQUILO!!

Grace: Hm...

    Confusa, Grace desviou sua atenção para o comercial, onde mostrava Leuri dançando num palco e várias pessoas a aplaudindo.

Continua