sábado, 31 de dezembro de 2022

Zerø: Capítulo 1.3



Zerø

 Parte 3: Três sonhos!


Cedric: Aí estão vocês!

    Na calçada da frente do restaurante, o Professor Cedric Juniper baixou um jornal quando o trio se aproximou. Ele contou sobre ter passado esse tempo na escola de iniciação para Treinadores da cidade, onde sua filha estudou.


Cedric: Vejam essa foto dela que peguei do anuário da escola!  Mostrou com um sorriso bobo e orgulhoso no rosto.

Bianca: A Professora sempre foi linda!

Mike: Ela não envelheceu nada!

Cheren: Mas te deixaram entrar lá só para pegar isso?

Cedric: Hehe, não faça perguntas difíceis...  respondeu enquanto já estavam andando. Ele olhava a foto, ainda sorrindo.
  Sabem crianças, eu tenho estado mais ausente pesquisando sobre o tal Pokemon viajante, mas minha filha é o mais importante para mim. Ela é a minha vida e passar tanto tempo afastado me mata de saudades... Quando eu encontrar esse Pokemon, e sinto que estou perto disso, vou me aposentar dessas viagens e passar mais tempo com ela.


Mike: Sua filha tem sorte de ter um pai tão legal, professor.

Bianca: Gente, mas que muvuca é aquela?  interrompeu, apontando para que percebessem várias pessoas e Pokemon reunidas no caminho que estavam seguindo.



    Estavam todas diante de uma estrutura recém construída com barras de ferro e um palco alto de tábuas de madeira, alguns Timburr ainda faziam reparos nas laterais. Caixas de som estavam posicionadas e as pessoas faziam comentários ansiosos para descobrirem do que aquilo se tratava. Por cima do palco, alguns homens e mulheres uniformizados como cavaleiros templários segurando bandeiras da Team Plasma se afastaram para Ghetsis passar.


Ghetsis: Cidade de Striaton, aqui venho mais uma vez pedir um pouco de atenção para a nossa causa  começou a dizer, segurando um microfone com uma mão e gesticulando com a outra.


    Por trás dele, dois dos templários faziam o papel de seus seguranças pessoais enquanto o discurso continuava. A mulher tentava se manter séria, mas sempre que seu olhar encontrava o do parceiro, os dois precisavam travar uma risada.


    Juntos, os irmãos Wally e N também estavam naquele palco. Ouviam o pai adotivo falando o que já estavam familiarizados, os ideais Draconid de libertação dos Pokemon que vivem em relações abusivas com os humanos... O mais novo estava nervoso sentindo que toda a atenção das pessoas estava voltada para ele, mas seu irmão o acalmou segurando em seu ombro.

Cheren: Parece que a Team Plasma vem ganhando mais apoiadores para a causa deles  falava enquanto tentava se enfiar no meio das pessoas para passar para o outro lado.

Mike: Você já conhecia essa gente?

Cheren: Já... Uma vez quando estava com a minha mãe, ouvimos o discurso do Rei deles, Ghetsis, aquele que está falando.


"As pessoas não pareciam levar a sério... Acreditavam que estavam cuidando bem de seus Pokemon e que a ideologia da Team Plasma era uma medida radical demais."



"Mas nos últimos anos, por conta do trabalho da Team Plasma de expor casos de abandono e abuso para a mídia de diferentes regiões tomar ciência do que acontece, as pessoas têm prestado mais atenção."


"Cada vez mais repensam a forma como lidam com seus Pokemon..."


"E se não seria melhor libertá-los para que possam viver livremente do jeito que preferirem."

Bianca: Isso não parece legal, os Pokemon são nossos amigos! Amigos ficam juntos...

Mike: Alguém deveria fazer alguma coisa para impedi-los  disse, vendo uma menina quebrando uma Pokeball ao meio, deixando para trás um Oshawott confuso.

Cheren: Mas não estão obrigando ninguém, as pessoas ouvem e decidem o que querem fazer. Eles conseguem nos deixar pensando... Será que estamos fazendo o certo? Os Pokemon se sentem confinados?

Cedric: Não preste muita atenção nisso, garoto. Quando criei a Pokédex foi pensando em aproximar mais ainda os humanos dos Pokemon. Ela nos ajuda a conhecê-los... Assim podemos fazer mais amigos.


    Deixando Ghetsis discursando para trás, o grupo finalmente conseguiu se livrar da multidão, seguindo por um curto caminho entre árvores. Uma placa dava boas vindas ao Dreamyard, uma imensa zona com fábricas e um laboratório no centro. Bianca ficou impressionada ao ver tantos Munna rondando a área, mas Cedric chamou as três crianças para acompanhá-lo após conversar com um segurança na entrada.
    O grupo acompanhou o segurança por uma esteira rolante que passava por dentro daquele espaço. Mike prestou atenção em grandes máquinas que armazenavam uma névoa rosa diferente de qualquer coisa que ele tivesse visto antes. Mais Munna se locomoviam por ali e Cheren acenou para dois deles que jogavam cartas no ar. Quando perceberam, a esteira os levava para dentro de um laboratório no centro do Dreamyard.


  Waaah!  gritou uma garotinha usando óculos e um jaleco bem maior que seu corpo assim que viu Cedric saltando da esteira.  Você aí, parado imediatamente ou eu vou usar minha super invenção para pulverizá-lo!


Bianca: Uau! Você é inventora?  Ela levantou a garotinha que começou a se debater até escapar por baixo do jaleco.

Amanita: Eu sou Amanita e vocês estão no meu laboratório! Estou avisando, posso acabar com vocês rapidinho!! É só... Organizar alguns cálculos!


Cedric: Mas que fofa, está mais crescida desde a última vez que te vi!  A menina rosnou ao vê-lo se debruçando numa máquina cheia de tubos.

Mike: Hey, Cheren, olha pra mim!

    Mike estava curvado e fazia caretas que pareciam super distorcidas através dos tubos por onde fluía mais daquela névoa rosa. Cheren conteve uma risada, estava analisando o laboratório e não era possível que um espaço tão imenso fosse exclusivo da pequena Amanita.

Amanita: Sai, sai!!
  Ela gritava enquanto Bianca a perseguia perguntando como funcionava um cubo que encontrou numa bancada.

Bianca: Mas me conta, eu também sou boa inventando coisas!! Ontem inventei até um novo alfabeto para ensinar ao Minccino!

    Quando Bianca encurralou Amanita numa máquina em formato de foguete, esta se abriu com a parte da frente correndo para o lado. Uma fumaça branca escapou e Bianca se afastou curiosa quando começou a ver uma silhueta feminina utilizando uma máscara no rosto.

Cedric: Ah!, aí está minha colega!
 — exclamou com as mãos na cintura enquanto a mulher cambaleava tirando a máscara.  Olá, Fennel!


Fennel: Oh... Olá... Ainda estou sonhando?  Ela segurou-se na cabeça de Amanita, que quase caiu no chão.


Cheren: V-Você estava dentro da máquina!


Fennel: Oh... A máquina! Sim, isso é real, estou acordada...  Ela esfregou os olhos por baixo dos óculos, então se espreguiçou  Perdoem-me, estava num sonho induzido! Havia um vale encantado cheio de criaturas mágicas, e um príncipe, oh sim, um príncipe maravilhoso!

Amanita: E estava consciente?

Fennel: Não, estava imersa na narrativa do meu subconsciente... Mas precisamos continuar tentando!

Mike: Professor, eu estou um pouco confuso...  sussurrou para Cedric.

Cedric: Aqui no laboratório, Fennel estuda sobre os sonhos. A névoa rosa que viram é uma fonte de energia proveniente deles, é produzida no Dreamyard e enviada para várias cidades de Unova, mas ainda é bem cara então não é tão acessível.

Fennel: Oh...! Cedric! Não te vi chegando, provavelmente porque estava sonhando, mas até que se parece com o príncipe dos meus sonhos!

Bianca: Eu achei romântico, posso shippar os dois mesmo sabendo que ele é casado?  perguntou para Mike, que riu imaginando o casal.


Fennel: Mas está certo, a névoa dos sonhos é produzida aqui. Quando estamos dormindo, nossa consciência continua trabalhando, e por isso sonhos são representações da nossa realidade externa. Aí entra o Pokemon Munna!

Cedric: Se consultarem a Pokédex de vocês, verão que a página desse Pokemon é mais recente e foi redigida pela Fennel.

Fennel: Exato, descobrimos que Munna pode absorver nossos sonhos e liberá-los na forma de névoa. Essa névoa é poderosa, ainda não sabemos tudo sobre ela, mas não causa danos ao meio ambiente ao ser consumida. Também conseguimos alcançar algo próximo de imagens dos sonhos absorvidos quando a analisamos em nossos computadores.

Amanita: Fennel, mas que sonho impróprio!!  Ela estava apavorada vendo as imagens no computador.

Bianca: Fififi!!  Seus olhos brilhavam enquanto ela ria num sorriso travesso vendo as imagens até Amanita perceber e deletá-las.

Cheren: Nossa, mas sua pesquisa é impressionante! Parece estar próxima de uma grande descoberta.

Fennel: Na verdade... Talvez eu já tenha feito uma! O motivo para ter chamado você, Cedric!  exclamou ao Professor que deu pulinhos empolgado.  Preparem-se! Não é sonho, é realidade!!



    Fennel apontou um controle remoto para uma máquina extensa no interior do laboratório, ocupava toda a parede e estava anexada à ela. A parte da frente, antes coberta por metal, se abriu do mesmo jeito que a em formato de foguete antes, correndo para o lado e revelando que ali dentro viviam três criaturas estranhas com cabeças ovais enrugadas, corpos pequenos desproporcionais e bracinhos com três luzes piscando em padrões a princípio aleatórios em cada uma nas mãos.

Mike: O do meio é menorzinho! O que são eles?  Ele colou seu rosto no vidro da máquina, mas os três não se moveram. Amanita o puxou para trás, irritada.

Fennel: Chamamos de Elgyem
  disse, olhando para Cedric que coçava o nariz parecendo estar se controlando.


Cedric: Eu não aguento, tenho que dizer! Minha filhota os encontrou numa expedição que fez ao deserto, conseguem imaginar a alegria que senti por ela descobrir uma nova espécie?!

Bianca: Hum... Consigo, sim!

Fennel: Na verdade, minha pesquisa é sim sobre sonhos, mas meu foco é nos dos Pokemon que possam ter vindo do espaço, como Staryu e Clefairy! Acreditamos que pelo funcionamento do corpo de Elgyem, ele também tenha origem extraterrestre. Observem...


    Liberando Munna de uma Dream Ball, Fennel a acariciou na cabeça, dando-a um beijo na testa. Amanita apertou alguns botões num painel da máquina e não demorou muito para os três Elgyem caírem no sono. Então, Munna fechou os olhos e abriu sua boca. Aos poucos uma névoa rosa foi se materializando, acendendo todo o corpo da Pokemon. Ela era expelida por uma cavidade em seu nariz, e absorvida por outra máquina que Amanita corria para administrar.

Fennel: Vejam, essas são imagens dos sonhos dos Elgyem  disse, apontando para o computador. Os outros se espremem para observá-las, eram distorcidas, mas as paisagens tinham formatos muito diferentes de tudo que já tinham visto.  Minha teoria... É de que quando sonhamos, nossa consciência é transportada para outros mundos, mundos que são reais mas inacessíveis por meios conhecidos!! E Elgyem pode ter vindo de um deles!

Cheren: O que tornaria aquele príncipe do seu sonho numa pessoa de verdade?


Fennel: Sim! Eu viajei até o mundo dele em algum lugar do universo enquanto estava dormindo!  Ela parecia se derreter com a ideia.
  Agora a melhor parte, eu analisei a área do deserto onde Elgyem foram encontrados, também a dos lugares relatados em outras regiões onde o Pokemon viajante que procura apareceu nos últimos anos... Há uma diferente energia fluindo nelas, em algumas não em abundância, mas o ar claramente foi modificado por algo que não pertence a esse mundo. Portanto, Elgyem e o Pokemon que procura podem ter a mesma origem!


Cedric: Então estou procurando por um Pokemon de outro mundo? Isso é ainda mais maravilhoso!! Mas espere, se esse Pokemon libera energia única por onde passa...

Fennel: Exatamente, com a amostra que obtive é possível rastreá-la para calcular o lugar mais próximo de onde pode voltar a aparecer só seguindo o fluxo dessa energia, mas não é seguro ir atrás dele sozinho, entendeu?  Ela imprimiu uma folha e a entregou para o Professor.  Aqui está a localização dele e...

Cedric: Obrigado, colega, crianças, Munna! Estou indo agora mesmo encontrar meu futuro amigo alienígena!!
  gritou enquanto corria para a esteira, logo desaparecendo dali.

Mike: Uau...

Cheren: É... Eu não esperava outra reação.

Bianca: Ah, pensem comigo! Quanto antes ele encontrar, mais cedo realiza o sonho dele e vive feliz com a filha! É bem bonito!

Fennel: Haha, esse Cedric... Nunca muda!

Amanita: Ahn... Fennel
  chamou quando seu relógio começou a apitar por baixo do jaleco, brilhando numa luz vermelha.  Nosso sistema de segurança foi ativado, temos um intruso!


  Aaaai! Me solta!
  Todos ouviram antes que pudessem pensar em algo.


    Tendo seu corpo controlado pelo Psychic de dois Munna nada felizes por terem seu jogo de cartas interrompido, Iris foi trazida de trás de algumas máquinas até Amanita, que ajeitou seus óculos incrédula.

Amanita: C-Como se enfiou ali?

Bianca: Oh, é ela! A menina do restaurante!

Fennel: Podem soltá-la, obrigada  pediu aos Munna, que deixariam a garota se espatifar no chão se ela não soubesse como cair, apoiando-se num braço e se levantando rapidamente.

Iris: Esse lugar é esquisito, deveriam colocar mais árvores ou abrir o teto pra ver a luz do dia!  Ela começou a batucar numa das máquinas até Amanita saltar e bater em suas mãos.  A propósito, me chamo Iris, não sou intruso!

Amanita: Então Iris, o que pensa que está fazendo invadindo o laboratório? Estava ouvindo a descoberta da Fennel, é? Não importa, eu vou pulverizá-la!!

Iris: Você não assusta ninguém, quatro olhos  disse e a menina se encolheu, então puxou uma maçã de dentro de seu cabelo e a mordeu.  Eu ouvi aquelas coisas sobre sonhos, achei que vocês estavam todos bêbados, mas não vim por isso. Cadê o... Aaaah! Aí está ele!

Mike: Eh?  Ele deu alguns passos para trás conforme Iris ia se aproximando com o dedo apontado em sua direção.


Iris: Você disse que era muuuuito forte! Me deve uma batalha!

Cheren: Nos seguiu até aqui só para batalhar com o Mike?

Bianca: Puxa, ser Treinador deve ajudar a fazer sucesso com as meninas!

Mike: O q-quê? N-Não, Bianca, eu...!!  Ele corou, mas Iris levantou uma Pokeball.  Espera, quer lutar aqui?!

Fennel: Sem chances, não tem espaço para isso no laboratório! Mas posso resolver, venham comigo!

    Numa das áreas abertas do Dreamyard havia um campo de treinamento, nele alguns Munna uniformizados eram treinados por um Munna instrutor, mas Fennel o pediu para liberar a área por algum tempinho e ele acabou cedendo.
    O céu estava alaranjado com o fim da tarde, Bianca liberou Minccino para seu colo e Cheren soltou Pidove para que desse um passeio, mas a ave preferiu ficar em seu ombro. Mike e Iris se posicionaram com metros de distância, o menino estava confiante com sua insígnia reluzindo na camisa, poderia vencer uma Treinadora se conseguiu derrotar Cilan.


Iris: Vamos definir regras para essa batalha! Use seus seis Pokemon, também vou fazer isso! Sem substituições, quero ver quem é mais forte!


Mike: Seis? Tudo isso? E-Eu só tenho dois comigo...


Iris: Ahh, saquei, anda com os dois mais fortes, né? Tudo bem, vamos com só dois então, mas sem trocas, odeio trocas!

Mike: Lembre-se que derrotei o ginásio de Striaton!  exclamou mais para lembrar-se do que para intimidá-la.  Eu escolho Sandile!

~Saaand!  O Pokemon saltou para o campo, recebendo aplausos de Cheren e incentivos de Bianca e Fennel.


Iris: Aqui vamos nós! Haxorus!  Ela puxou a Pokeball de seu cabelo, a jogando para o alto.


~HAAAAWR!  rugiu o enorme dragão ao se firmar em campo. Sandile quase caiu para trás, sendo encoberto pela sombra dele.


Cheren: Ok... Eu não esperava por isso...


Bianca: Qual é o problema? Ele só é grande, Sandile pode vencer!

Cheren: Bianca, eu já disse que admiro como vê o mundo?

Fennel: Eu também, amo sonhar!

Bianca: Uh?


Mike: Comece com Bite!


    Saltando pelo corpo de Haxorus, Sandile mostrou seus dentes para mordê-lo. Iris ainda mastigava a maçã, mas comandou de boca cheia.

Iris: Dragon Pulse, yuuum!


    Haxorus parecia entediado, apenas abriu a boca quando Sandile estava próximo de seu rosto, então disparou o pulso de energia. Cheren escondeu os olhos com as mãos, apenas ouvindo o grito de Sandile após ser engolido pelo ataque.

Mike: Sandile!  gritou, correndo até o Pokemon com a pele queimada, completamente desacordado no chão. Ele o pegou nos braços, em desespero.


Iris: Já acabou? Poxa, não deu nem pra se divertir, você não tem nada de muuuuito forte como me disse!

Mike: Mas... Eu venci o ginásio...

Iris: Eu também tenho algumas insígnias, mesmo assim perco batalhas algumas vezes. Mas não para um só golpe, hahaha!!

Bianca: Aqui, eu sinto muito.  Ela se aproximou com Minccino segurando uma medicina em spray para borrifar em Sandile. Iris fez cara feia para isso, mas regressou seu Haxorus, sorrindo para a Pokeball.

Cheren: Isso não foi uma luta justa.  Ele encostou no ombro de Mike, ainda agachado com Sandile nos braços.  Não tinha um Pokemon do nível do Sandile para usar, Íris?

Iris: Não fale feito um mau perdedor, nem foi você que batalhou!

Mike: Está tudo bem, cara  disse, regressando Sandile e se livrando da mão do amigo.  Ela venceu, foi justo sim. Parabéns, Iris.

Iris: É isso!

Fennel: Crianças, não quero dispensá-los, mas... Okay, eu quero sim, já está anoitecendo e ainda tenho alguns relatórios para fazer com Amanita.

Bianca: Ai, mas ainda tinha tantas perguntas pra fazer pra Amanita!

Amanita: Humph!  Ela cruzou os braços, virando a cara.


Fennel: Podem passar aqui amanhã se quiserem, ficaremos felizes em recebê-los, contanto que se apresentem na entrada e não invadam o laboratório...

Cheren: Obrigado, Professora, boa noite!

    Os quatro seguiram para fora do Dreamyard, passando ainda por vários Munna no caminho. Mike ficou bem mais quieto após perder, mas Iris falou sobre como preferia dormir rodeada pela natureza e acabou dando ideia para Bianca e Cheren de acamparem entre as árvores daquela área. Mike apenas concordou com eles e foi ajudar Cheren a montar as barracas.
    Iris preferia a ideia de dormir em alguma árvore, mas Bianca a convenceu de que deveriam ter uma noite das garotas dentro de sua barraca com estampa da Zebstrika da Elesa em várias poses sensuais. Dessa forma, Mike dormiria com Cheren como já estava acostumado desde que partiu em jornada há pouco mais de uma semana. Ele fechou os olhos enrolado no saco de dormir enquanto ouvia Iris gritando por socorro, Bianca provavelmente tentava maquiá-la.



  Filho?  perguntou um homem sentado numa mesa flutuante com várias cartas dispostas nela. Não dava para ver seu rosto, mas Mike sabia quem era. Também via dois Munna de jalecos e óculos ao lado dele.  O Sandile é um Pokemon bem especial, afinal nasceu do meu Krookodile e herdou até seu Stone Edge, esse movimento vai fazer a diferença, pode apostar nisso.

  Não ligue para a batalha que perdeu  disse um dos Munna verdes.  Você precisa salvar a Rainha.

  É verdade  disse o outro Munna verde. Este tinha voz de Pokédex.  Leve essa espada consigo, para matar os monstros pelo caminho se o Sandile não der conta.

    Não é uma espada, é um Basculin, Mike queria dizer mas sua voz não saía. Ele guardou o Basculin em algum lugar que não sabia dizer, então o cenário mudou e ele mergulhou pelo ar, começando a saltar por cima de canos verdes. Só conseguia ver seus pés, e assim continuou até chegar num castelo.


Bianca: Meu herói!  exclamou para ele, usando um manto rosa e uma coroa de flores.  Você chegou bem a tempo para o casamento... Com o Cheren!!

    O quê?! Mike tentou correr, mas Bianca o abraçou por trás, passando os dedos pela gola de sua camisa. O menino ficou imóvel, então de repente se deu conta... Isso não era real, estava sonhando. Uau, deve ser um sonho lúcido como a Fennel estava tentando ter, pensou.

Bianca: Aí está você, Cheren!
  Ela puxou o Basculin sabe-se lá de onde, então o beijou. Mike não sabia ao certo como conseguia ver de costas, mas era um sonho, então tudo bem. — Mike... Tem algo que quero mostrá-lo.

    Sentindo-se corar, Mike viu Bianca deixar seu manto cair, mas junto dele, o cenário do castelo também desabou. Ele continuou a ouvir a voz da garota, mas ela foi ficando mais distante. O som de passos apressados a substituiu, Mike conseguia perceber que estava num lugar escuro e vazio com areia, talvez o deserto?


Cedric: Estou aqui, estou aqui!  Ele usava um capacete com uma lanterna e andava segurando o papel impresso por Fennel. Mike sorriu ao vê-lo, gostava do professor, era legal imaginá-lo se aventurando atrás do Pokemon que tanto sonhava.

    Então, uma silhueta passou pelo Professor, derrubando seu capacete. A luz da lanterna piscou e Mike olhou curioso.


Cedric: É você!  Ele começou a correr para frente, Mike não conseguiu mais vê-lo pela escuridão, só enxergou a marca de seu sapato na areia pela luz fraca do capacete.  Você é... Uau, onde está o seu rosto? Eu nunca vi nada parecido! E-Eu!


"URGH!"

    Mike escutou um grito do professor, mas só conseguia ouvi-lo, nada de vê-lo. A silhueta passou rapidamente pela luz da lanterna e Mike não sabia como, mas sentiu um calafrio. Ouviu o som de algo caindo na areia e tentou gritar pelo professor, mas sua voz não saía.

Cedric: E-Espere... Por favor, não faça isso... Eu quero ser seu amigo! Eu quero... Urrrgh!  Ele gritou de novo de algum lugar da escuridão.  Minha filha... Eu a amo... Minha filha... Não, por favor...

    Então, silêncio. Mike escutou o som de algo quebrando e a luz do capacete oscilou. Ele olhou naquela direção, vendo algo vermelho preenchendo a areia. Estranhando, tentou se aproximar, mas um braço pálido surgiu à frente da luz, estendido na areia vermelha. Ele recuou, apavorado, ouvia algo deslizando pelo ar ao seu redor, sussurros incompreensíveis, quando despencou para o vazio aos poucos iluminado por um sorriso prestes a devorá-lo. Olhos foram se abrindo, ganhando um brilho vermelho, escutou uma risada e então...


    Acordando com o susto, Mike se levantou na barraca, levando uma mão ao coração e o sentindo extremamente acelerado. Seus olhos estavam arregalados e ele suava. Acendeu sua Pokédex e a luz da tela iluminou Cheren deitado no outro canto, sem camisa e roncando com Pidove aconchegado por baixo de um braço. Tudo normal.

Mike: Só... Um pesadelo esquisito  disse baixinho, então voltou a se deitar, mas não sabia ao certo se conseguiria dormir.

Continua



    Na areia do deserto, um colar estava caído. Um pingente soltou dele e se abriu revelando a foto de Áurea Juniper quando mais nova.

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