Um Pidgey aproveitava a brisa no telhado de um dos prédios do ensino médio para Líderes de Ginásio em Jubilife, quando logo mais dois de seus amigos vieram se juntar a ele.
Grupos de alunos caminhavam por todo o pátio externo da escola, conversando durante o intervalo de suas aulas. Alguns estavam sentados nos bancos de pedra, fazendo anotações em seus cadernos, e outros ficavam na arquibancada coberta do campo esportivo de grama, lanchando ou mexendo no celular. Mas um aluno em específico tomava um milkshake verde de canudinho, segurando-o com as duas mãos.
— Obrigado mesmo, May, me salvou — Brendan deu uma pausa no milkshake, sorrindo para sua amiga que mordiscava um donut.
— Imagina, ainda foi uma boa desculpa para eu invadir esse zoológico e dar uma pausa dos estudos para a Copa Glacia!
— Eles não são tããão ruins aqui... — Brendan disse, mas alguém atirou uma maçã roída em sua direção, e ele levantou a mão fazendo os ventos a desviarem para uma lata de lixo orgânico. May levantou uma sobrancelha, cruzando os braços. — Tá, a maioria é péssima... Maaas, toda regra tem sua exceção!
— Claro, o Ampharos despenteado... — May ouviu Brendan soltar uma risadinha pelo nariz, e sorriu por ter incomodado.
No campo, Barry corria com a bola, ziguezagueando por cones até chutá-la para o gol, onde Lucas não conseguiu agarrar, caindo sentado e jogando algumas frutinhas de Snover para dentro da boca. O loiro imediatamente se virou para Brendan, acenando para ele com um grande sorriso.
— Viu? — Brendan acenou de volta, e May revirou os olhos. — Ele é diferente. Na verdade, nós... B-Bem, quer dizer, eu acho que...
— Huh? — May percebeu o garoto se atrapalhando no que dizia, corando. Uma nuvem começou a se formar acima de sua cabeça, e ela a dispersou com as mãos. — Fala logo, Bren!
— Eu acho que pode existir uma mínima chance do Barry gostar de mim — Brendan cobriu a boca assim que falou.
— Sério? — May o viu chutando novamente, dessa vez batendo na trave. — Eu não sei, não... Ele chama todo mundo de "cara", isso não me parece bom sinal.
— Houve vários momentos fofos nas últimas semanas e quando dormi na casa dele... A gente anda grudado, e algumas vezes parece que ele está flertando um pouco — Brendan disse, ainda com as bochechas coradas, olhando para May. — Claro que eu não vou criar esperanças, mas acho que talvez tenha chance!
— Ehr... — May desviou o olhar, tentando disfarçar.
— O quê? — Ele a acompanhou mordendo um donut de forma nada natural. — May!!
— Ai! — Ela se descabelou, mas respirou fundo, olhando para ele. — Bren, eu sei que gosta dele... Mas eu não quero que você se machuque... mais. Então eu preciso te falar...
Você passou por situações bem pesadas desde que veio para Sinnoh e ainda está se recuperando delas... Mas agora tudo está se alinhando, você até ganhou uma fita! Não deveria buscar mais complicações para o que já é complicado.
— Mas... Barry até participou de um Contest comigo, é diferente!
— O Brock também compete em Contests, e olha como ele se aproveitou dos seus sentimentos — May o interrompeu. Ela suspirou, deitando a cabeça em seu ombro. — É só que... não é justo. Você sabe tão bem quem você é, o que você gosta e o que você quer fazer. Mesmo que o Barry também goste de estar nos Contests, essa confusão não é problema seu. Não é o que precisa agora...
No campo, Barry marcou mais um gol, correndo e comemorando enquanto Lucas mastigava suas frutinhas. Brendan observou com menos entusiasmo, e fechou os olhos por alguns segundos antes de abri-los.
Eu também sinto sua falta. Me planejar para os Contests não é mais a mesma coisa sem a sua ajuda. Também reparei que não tem mais competido, me pergunto o que teria acontecido... Não pode ser só pelo Zagz, pode? Bem, curioso é que tudo isso aconteceu depois que decidiu não falar mais comigo. Não percebe o tanto que está perdendo dia após dia?
— Tem razão. — Ele concluiu, e May levantou a cabeça de seu ombro, o vendo com um meio sorriso no rosto. — Eu preciso parar de me sabotar. Vou focar na Copa Argenta e só... viver.
May sorriu para ele, então os dois se abraçaram. Ao mesmo tempo, a Steenee Jacaranda vinha saltitando com um embrulho, entrando na escola.
— Tipo, aí eu disse, tipo assim, entendeu? E ele tipo, me disse que tudo bem, tipo, tá entendendo? — Marcy conversava com sua amiga Lindsay, que a ajudava a guardar o material em seu armário agora que ela não alcançava por estar numa cadeira de rodas.
— Claro amiga, tô sim — Lindsay dava zoom numa foto de Brock sem camisa em seu celular, quando a Steenee passou por ela. — Ué? Um Pokemon aqui dentro??
— O Diretor Cyrus não tinha proibido depois que aqueles garotos do primeiro ano começaram uma batalha? — Marcy girou as rodas de sua cadeira para se virar na direção que a Pokemon ia saltitante.
— Droga... — O inspetor Sander tentava atualizar seu chat com uma paquera que o havia bloqueado para ver se era algum bug, mas desviou o foco quando viu Jacaranda com o embrulho, olhando curiosa para um bebedouro. — Alerta vermelho!! Ou verde... De quem que é esse Pokemon?! Seja de quem for, está muito encrencado, as regras são...
— Não há necessidade, Sander — Julie disse, calma, e o inspetor corou. — Diretor Cyrus está aqui para receber a encomenda pessoalmente da loja Pés & Patas.
Cyrus emergiu de trás de Julie e Sander, de ombros rígidos e com o rosto pálido. Seus olhos tremiam com algo que parecia medo ou... dor. Ele abriu caminho entre os dois com um movimento brusco, as mãos trêmulas enquanto fixava o olhar em Jacaranda.
— Onde está?!
— Steeen!! — Jacaranda recuou um passo, assustada, mas estendeu o embrulho. Cyrus arrancou o pacote de suas mãos com uma agilidade inesperada.
— Aquela Steenee está andando solta pela escola? — alguns alunos do último ano conversavam no corredor, assistindo a cena.
— Mesmo que ela não seja de ninguém daqui, ainda é um Pokemon! A regra deveria valer para qualquer Pokemon!
— Vamos fazer um abaixo assinado, é uma escola para Líderes de Ginásio, como nossos Pokemon não podem ficar soltos?!
— Diretor Cyrus, libera os Pokemon!! Ghetsis está certo!!
— Mesmo que ela não seja de ninguém daqui, ainda é um Pokemon! A regra deveria valer para qualquer Pokemon!
— Vamos fazer um abaixo assinado, é uma escola para Líderes de Ginásio, como nossos Pokemon não podem ficar soltos?!
— Diretor Cyrus, libera os Pokemon!! Ghetsis está certo!!
— Por favor, tenham calma! — Julie se voltou para os alunos que agora se amontoavam ao redor de Cyrus. — Uh? Meu Diretor?
— Não... Não agora... — murmurou com a voz falhando. Ele levou as mãos à cabeça, os dedos cravando-se nos cabelos, como se tentasse conter algo dentro de si. — Parem... Parem com isso...
— Está tudo bem? — Marcy perguntou, girando sua cadeira para mais perto dele. Ela estendeu a mão, mas recuou ao ver o corpo de Cyrus começar a tremer violentamente. — N-Não parece!
— Eu preciso... de espaço!!! — Cyrus gritou, levantando a cabeça de súbito. Seus olhos agora eram duas pérolas brancas, sem pupilas, brilhando com uma luz etérea que parecia sugar a realidade ao redor.
A luz das pérolas se intensificou, lançando reflexos iridescentes pelo corredor, e uma onda invisível de energia explodiu dele, fazendo o chão sob seus pés rachar em padrões fractais.
A luz das pérolas se intensificou, lançando reflexos iridescentes pelo corredor, e uma onda invisível de energia explodiu dele, fazendo o chão sob seus pés rachar em padrões fractais.
O espaço ao redor começou a se distorcer, como se a própria realidade estivesse sendo esticada e rasgada. As paredes do corredor se curvaram para dentro, os armários metálicos derretendo como cera, enquanto os quadros de avisos se fragmentavam em pedaços que flutuavam em câmera lenta, revelando um vazio galáctico por trás. O teto se abriu em uma fenda, e o céu acima de Jubilife transformou-se em um mosaico de galáxias, com constelações girando em padrões caóticos e riscos de luz roxa e prateada cruzando o horizonte.
No pátio externo, Brendan e May sentiram o impacto da distorção. A arquibancada onde estavam sentados rangeu e se partiu, os pedaços de madeira flutuando para cima como se a gravidade tivesse sido invertida. No campo de grama, Barry e Lucas paralisaram no meio de uma jogada, a bola de futebol deformando-se em um oval distorcido antes de se desfazer em partículas brilhantes. A grama sob seus pés se soltou em blocos, revelando um abismo estelar abaixo.
— O quê? — Brendan exclamou, levantando-se rápido e desviando de um bloco de grama que flutuava em sua direção. Ele olhou para May, que estava paralisada, os olhos arregalados, o donut caindo de suas mãos e se fragmentando no ar como se fosse feito de vidro. — May!! — Ele estalou os dedos na frente do rosto dela, mas ela não reagiu.
Na loja Pés & Patas, Shaymin rosnou ao ver o balcão se partir em pedaços que flutuavam. Isabella, atrás do balcão, ficou congelada no meio de um movimento, um pacote de ração para Shinx se desfazendo em suas mãos e espalhando grãos.
— Isso não tá certo! — Shaymin exclamou, tentando abocanhar uma pelúcia de Starly, mas o brinquedo se rasgou antes que ela o alcançasse, com sua espuma se espalhando pelo ar.
Em uma rua próxima, a Campeã Cynthia parou no meio do caminho. Os carros ao seu redor se comprimiam como se fossem feitos de papel, e os prédios altos de Jubilife entortavam, suas janelas estilhaçando-se em prismas que refletiam o céu galáctico. O horizonte se contorceu, e uma fenda se abriu no chão, liberando um brilho roxo. Ela franziu a testa.
Brendan sentiu o ar ao seu redor se comprimir, como se o espaço estivesse tentando engoli-lo. Ele abraçou May com força e os ventos começaram a girar ao seu redor instintivamente, brilhando em verde esmeralda.
— Eh?! — May piscou, como se ouvisse um estalo dentro de sua mente, e voltou a se mexer. Ela se levantou assustada, quase tropeçando quando o pedaço de arquibancada onde estavam se rachou em pedaços que flutuavam para o céu galáctico. — O que está acontecendo?!
— Vamos sair daqui! — Brendan segurou a mão dela, a outra mão chamando pelos ventos para envolvê-los em uma corrente de ar que os levantou do chão, guiando-os através da distorção. Enquanto voavam, ele olhou para trás, e arregalou os olhos ao ver um dos prédios da escola se dobrar sobre si mesmo, como se fosse engolido por um buraco negro invisível.
— Isso é... você? — May o perguntou, sentindo os ventos a empurrando.
— Não... Pelo menos não acho que seja, eu nunca fiz nada assim. Meus poderes até agora estão todos relacionados ao clima.
— Seja quem for... Deve estar lá dentro — May apontou para o prédio dos alunos do último ano, onde a distorção parecia ainda mais intensa, com até o ar rachando e deixando vazar uma luz rosa desbotada.
Os ventos pousaram Brendan e May na entrada do prédio, e eles conseguiam pisar sobre o vazio galáctico. Seguiram andando, vendo alunos paralisados, e entre eles Julie e Sander agarrados um ao outro, enquanto Marcy parecia congelada no meio de um movimento, a mão estendida como se tentasse alcançar algo.
— Não... Pelo menos não acho que seja, eu nunca fiz nada assim. Meus poderes até agora estão todos relacionados ao clima.
— Seja quem for... Deve estar lá dentro — May apontou para o prédio dos alunos do último ano, onde a distorção parecia ainda mais intensa, com até o ar rachando e deixando vazar uma luz rosa desbotada.
No centro do corredor, Brendan e May avistaram um homem agachado, os joelhos colados ao peito, as mãos cravando-se nos cabelos. Brendan reconheceu Cyrus, que balançava para frente e para trás, murmurando palavras desconexas.
— Não posso... Controlar... Não dá... Eu vou... Cair...
— Diretor? — Brendan tentou se aproximar, mas as palavras potencializavam a distorção, o empurrando contra May.
— Tudo bem? — May se levantou junto dele, que assentiu, quando um vulto passou por eles.
— Que bagunça! — Era Robin, com uma mão na cintura e outra solta ao lado do corpo. Ele se agachou junto de Cyrus, tocando seu queixo para olhar em seu rosto, vendo seu reflexo nas pérolas dos olhos. — Tsc tsc!
Robin pegou o embrulho caído ao lado de Cyrus, rasgando o papel e revelando um sino prateado. O som que o sino produziu foi quase etéreo naquele silêncio caótico, como a movimentação de um Chimecho. Brendan e May olharam o redor se estabilizando, as rachaduras no espaço se fechando e aos poucos tudo voltando ao normal.
— Então, Diretor, vamos ter que chegar a fazer um abaixo assinado? — um aluno do último ano disse, como se a conversa nunca tivesse sido interrompida. Julie e Sander se separaram, ajustando as roupas, e Marcy girou a cadeira, voltando a conversar com Lindsay, que ainda mexia no celular.
Brendan piscou, confuso, olhando ao redor.
— O que... acabou? — murmurou, soltando a mão de May e dando um passo à frente. Ele olhou para o homem que estava agachado momentos antes, agora se levantando lentamente com o sino em mãos, o rosto pálido e suado, mas com uma expressão controlada.
— Façam o que quiserem — disse para os alunos, ajeitando sua gravata. Ele se voltou para Brendan, Robin e May. — Obrigado. Peço licença...
— Façam o que quiserem — disse para os alunos, ajeitando sua gravata. Ele se voltou para Brendan, Robin e May. — Obrigado. Peço licença...
— E-Espere, Diretor! — Julie correu atrás dele, caminhando ao seu lado preocupada, enquanto ele voltava para sua sala.
— Steeen... — Jacaranda coçou a cabeça, confusa, mas deu os ombros, acenou para Brendan, e deixou a escola.
— Ela não vai lembrar — disse Robin, acenando para May, que agora notou sua presença. — Aqueles queridos já cuidaram para que ninguém tenha percebido o que houve aqui.
— Quem cuidou? — Brendan perguntou, e Robin só sorriu.
— E aí, cara! — Chang o cumprimentou com um tapa nas costas, e Barry sorriu em resposta. — Como está, capitão?
— Ah, tudo bem! Normal... — Ele sorriu sem jeito, e viu Lucas se chegando com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.
— Que bom. Lucas eu sei que lembra, mas você é todo esquecido, então vim lembrar!
— Sobre?
— Minha festa de 16! — ele exclamou orgulhoso. — Minha mãe me deixou aproveitar um depósito da Pokétch na Rua Kamado, número 50. Quero você lá hoje à noite, hein?
— Ahh! É mesmo... Me parece legal — Barry sorriu, e Chang já se voltou para Luiz e Buck, que estavam perto.
— Ótimo. Leve gente legal com você!
Barry seguiu andando quando viu Brendan e Robin se despedindo de May. A garota acenou para eles, mas ao vê-lo, só virou a cara. Essa não mudava nunca...
— Okay, você tem que me explicar o que foi aquilo! — Brendan seguia Robin pelo corredor. — Tá óbvio que você sabe de alguma coisa, abre o jogo! Só nós não ficamos paralisados na distorção!
— Cair — Robin o olhou com seriedade. — Quase aconteceu precocemente em Pastoria, mas você se controlou. Teremos outra oportunidade de conversar, mas está na hora da aula com o Ricardo, esqueceu?
— Tudo bem? — Barry perguntou, vendo Brendan ficar parado enquanto Robin seguia para a sala de aula. — Brendan...?
— Que novidade... — Paulette revirou os olhos.
— Segurança significa... não temer! Estar livre de riscos, estar estável!
O professor continuava falando, mas Brendan não parava de pensar na distorção que aconteceu há menos de dez minutos atrás. Ninguém mais se lembrava além de Robin, que nunca dizia exatamente o que queria dizer. Estava cansado desses mistérios. Não estava se sentindo seguro agora.
Barry, na mesa ao lado, o olhava de canto, percebendo que não prestava atenção na aula. Isso acontecia sempre, mas normalmente ele ficava no celular, não encarando a mesa.
— Ei... — Barry sussurrou para ele, que não notou. Então, jogou sua borracha nele, rindo do susto que levou. Os dois sorriram um para o outro até o professor reclamar que não estavam prestando atenção.
Mais tarde, o apito do treinador ecoou pelo campo, marcando o fim do treino do time de futebol por hoje. Agora Brendan retornava Mudz, que havia torcido por ele na arquibancada, mesmo ele tendo ficado no banco de reservas durante a maior parte do tempo.
No vestiário, o cheiro de suor pairava no ar e Brendan ouvia as risadas altas dos garotos que se amontoavam perto dos armários enquanto trocavam de roupa.
May franziu a testa, parecendo tão confusa quanto os outros alunos.
— O que... aconteceu? — perguntou, olhando para Brendan. — A gente tava lá fora, e aí... — Ela hesitou, como se a memória da distorção tivesse se dissolvido, deixando apenas um vazio em sua mente.
— Você não se lembra? — Brendan perguntou, e May parecia mesmo perdida. — Tudo estava se desfazendo ao nosso redor há poucos segundos!
— Desfazendo? — repetiu, franzindo a testa. — Do que você tá falando, Bren? O milkshake te deu dor de barriga?
— Ela não vai lembrar — disse Robin, acenando para May, que agora notou sua presença. — Aqueles queridos já cuidaram para que ninguém tenha percebido o que houve aqui.
— Quem cuidou? — Brendan perguntou, e Robin só sorriu.
O sinal de Chingling para o fim do intervalo tocou por toda a escola, e os alunos resmungaram chateados. Barry voltava do campo com a bola por baixo do braço quando Chang se aproximou com o sorriso sarcástico de sempre.
— E aí, cara! — Chang o cumprimentou com um tapa nas costas, e Barry sorriu em resposta. — Como está, capitão?
— Ah, tudo bem! Normal... — Ele sorriu sem jeito, e viu Lucas se chegando com as mãos enfiadas nos bolsos do casaco.
— Que bom. Lucas eu sei que lembra, mas você é todo esquecido, então vim lembrar!
— Sobre?
— Minha festa de 16! — ele exclamou orgulhoso. — Minha mãe me deixou aproveitar um depósito da Pokétch na Rua Kamado, número 50. Quero você lá hoje à noite, hein?
— Ahh! É mesmo... Me parece legal — Barry sorriu, e Chang já se voltou para Luiz e Buck, que estavam perto.
— Ótimo. Leve gente legal com você!
Barry seguiu andando quando viu Brendan e Robin se despedindo de May. A garota acenou para eles, mas ao vê-lo, só virou a cara. Essa não mudava nunca...
— Okay, você tem que me explicar o que foi aquilo! — Brendan seguia Robin pelo corredor. — Tá óbvio que você sabe de alguma coisa, abre o jogo! Só nós não ficamos paralisados na distorção!
— Eu te disse que vinha para cá para ficar mais perto de você, não disse? — Robin o perguntou, vendo Barry se aproximando. — É para garantir que você não chegue a esse nível.
— De provocar uma distorção?
— Cair — Robin o olhou com seriedade. — Quase aconteceu precocemente em Pastoria, mas você se controlou. Teremos outra oportunidade de conversar, mas está na hora da aula com o Ricardo, esqueceu?
— Tudo bem? — Barry perguntou, vendo Brendan ficar parado enquanto Robin seguia para a sala de aula. — Brendan...?
— O tema da aula de hoje é... segurança! — O Professor dizia, escrevendo a palavra no quadro.
— Que novidade... — Paulette revirou os olhos.
— Segurança significa... não temer! Estar livre de riscos, estar estável!
O professor continuava falando, mas Brendan não parava de pensar na distorção que aconteceu há menos de dez minutos atrás. Ninguém mais se lembrava além de Robin, que nunca dizia exatamente o que queria dizer. Estava cansado desses mistérios. Não estava se sentindo seguro agora.
Barry, na mesa ao lado, o olhava de canto, percebendo que não prestava atenção na aula. Isso acontecia sempre, mas normalmente ele ficava no celular, não encarando a mesa.
— Ei... — Barry sussurrou para ele, que não notou. Então, jogou sua borracha nele, rindo do susto que levou. Os dois sorriram um para o outro até o professor reclamar que não estavam prestando atenção.
Mais tarde, o apito do treinador ecoou pelo campo, marcando o fim do treino do time de futebol por hoje. Agora Brendan retornava Mudz, que havia torcido por ele na arquibancada, mesmo ele tendo ficado no banco de reservas durante a maior parte do tempo.
No vestiário, o cheiro de suor pairava no ar e Brendan ouvia as risadas altas dos garotos que se amontoavam perto dos armários enquanto trocavam de roupa.
— Zoey vai na sua festa? — Luiz perguntou enquanto abotoava a camisa.
— Confirmou que vai! Ela é uma gata, né? — Chang penteava seu cabelo no espelho do armário. — Barry vai poder escolher entre duas garotas!
— E quem é a segunda? — Buck perguntou.
— A Paulette, óbvio! — Chang retrucou. — Todo mundo sabe que ela gosta dele.
— Do que estão falando? — Barry se voltou para os três, um pouco sem paciência. Ao seu lado, Brendan amarrava os sapatos, desconfortável com o que ouvia.
— Ah... A gente só estava falando da Zoey — Luiz respondeu. — Parece que ela vai na festa do Chang.
— E o que tem ela?
— Achei que estivesse interessado! — Chang exclamou. — Não tinha uma amizade colorida com ela? Haha!
— Nunca tivemos nada, foi só um beijo em uma festa há uns dois anos atrás.
— Que chato, tem duas garotas e ele não quer nenhuma! — Buck fechou o armário. — Se não está afim da Paulette, então essa é a sua chance com a Zoey.
— Ah... A gente só estava falando da Zoey — Luiz respondeu. — Parece que ela vai na festa do Chang.
— E o que tem ela?
— Achei que estivesse interessado! — Chang exclamou. — Não tinha uma amizade colorida com ela? Haha!
— Nunca tivemos nada, foi só um beijo em uma festa há uns dois anos atrás.
— Que chato, tem duas garotas e ele não quer nenhuma! — Buck fechou o armário. — Se não está afim da Paulette, então essa é a sua chance com a Zoey.
— É... Pode ser — Barry desviou o olhar, e viu Brendan de relance, mas nenhum disse nada.
May deve estar certa, Brendan pensou. Ele não deveria se preocupar com isso agora. Já tendo terminado de se trocar, levantou-se e saiu sem falar nada, mas logo Barry veio atrás. Os dois seguiram em silêncio até a calçada da frente da escola, onde tomariam direções diferentes.
— Eu vou para a loja agora — Brendan disse com a voz mais indiferente do que gostaria. — A gente se fala...
Ele deu um passo para o lado, mas Barry segurou seu braço, com um movimento rápido que o fez parar. Brendan olhou para ele, com as sobrancelhas levantadas.
— Ei, pera aí — Barry disse, com um sorriso meio tímido, soltando o braço dele. — Você quer ir na festa do Chang... comigo?
Brendan piscou, surpreso, e soltou uma risadinha nervosa.
— O quê? — Ele cruzou os braços, com um meio sorriso. — Barry, relaxa, eu não fiquei triste por ser o único que não foi convidado, tá? Não me importo mesmo com o aniversário daquele cara.
— Por favor, vem comigo? Eu quero você lá.
— ... — Brendan sentiu seu coração saltando, e não resistiu. — Tudo bem. A gente se encontra lá!
Na loja Pés & Patas, o sino da porta tilintou quando Brendan entrou, com a mochila pendurada em um ombro. O lugar estava tranquilo, com as prateleiras organizadas e o cheiro de ração para Pokemon no ar. Isabella estava atrás do balcão, com uma expressão preocupada, enquanto mexia num etiquetador de preços.
— Oi, Brendan — ela disse, levantando o olhar. — A Shaymin tá esquisita de novo... Ela fica perguntando sobre uma distorção, disse que tudo saiu voando... Você sabe do que ela está falando?
Brendan franziu a testa, com o estômago embrulhando. Ele largou a mochila no chão e foi até o canto da loja, onde Shaymin estava deitada em cima de uma almofada, com os olhos fixos na janela. Virou a cabeça quando ele se aproximou.
— Você se lembra, né? — Brendan perguntou, agachando-se ao lado dela, com a voz baixa. — Da distorção que aconteceu hoje.
— Claro que lembro, tenho só alguns séculos de vida, não sou de esquecer! — ela disse com seu jeitinho carinhoso de sempre. — Mas ninguém mais parece lembrar... Esses humanos são todos burros!
— Bem, Robin lembra — Brendan disse, percebendo a reação dela mudar. — Nos encontramos na escola na hora que estava acontecendo. Robin disse que cuidaram para que ninguém se lembrasse...
— Cuidaram... — Shaymin arregalou os olhos, com um salto que quase a fez cair da almofada. — É melhor esquecermos isso também. Vamos... ignorar.
— Então você também sabe de alguma coisa?! — Brendan se levantou, e viu Shaymin suando. — E não vai me falar... claro. Estou cansado de todo mundo saber de algo e ficar me tratando como se eu fosse idiota.
Shaymin abaixou a cabeça, sem dizer nada. Então, saiu da loja, sentando-se na calçada e olhando para as nuvens no céu. Brendan bufou e foi emburrado para o caixa, sob o olhar preocupado de Isabella.
— Uii, um convite para festa de rico!
A voz de Leuri saía do celular de Brendan, repousado numa pedra no parque de Jubilife. Ela só conseguia enxergar o céu anoitecido sem estrelas pela vídeo chamada, até o menino o pegar de volta, vestindo uma blusa de botões ainda abertos.
A voz de Leuri saía do celular de Brendan, repousado numa pedra no parque de Jubilife. Ela só conseguia enxergar o céu anoitecido sem estrelas pela vídeo chamada, até o menino o pegar de volta, vestindo uma blusa de botões ainda abertos.
— Um convite do BARRY! Eu estou meio que surtando aqui — Brendan disse, sentando-se com o celular na altura do rosto.
— Vai ficar tudo bem, eu tenho certeza! Ele não disse que quer você lá?
— Disse, mas... Eu só estou meio preocupado de estar confundindo tudo. A May falou umas coisas que fazem sentido...
— A May te ama, amigo. Ela só está preocupada e quer te ver bem — ela sorriu. — Mas vá e se divirta essa noite. Se tiver coisas caras, guarda pra mim!
— É, mas o dinheiro dos outros é sempre tão bom!
Os dois riram e Brendan fechou os olhos, sorrindo e olhando para o céu sem estrelas. Shaymin fazia o mesmo, mais afastada, por cima da cabeça de Mudz.
— Eu também... Ah, mas é verdade! Meu aniversário também está chegando. O que será que eu vou fazer?
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— Você é um humano tão idiota — Shaymin disse, e Brendan agora subia o zíper da calça. Ele ainda parecia chateado com ela, mesmo tentando não demonstrar.
Sobre uma toalha na grama, vários cremes, frascos de perfume pela metade e maquiagens estavam derramados. O garoto tentou decidir qual usaria, mas hesitava antes de pegar qualquer um.
— Brendan — Shaymin chamou, caminhando pela toalha e o olhando nos olhos. — Desculpa por não conseguir te contar...
— Do que está falando? — Ele tentou fingir que não sabia, agarrando num vidro de perfume Lindona Loves, mas Shaymin saltou em seu braço. — Ei!
— Você não precisa disso... — Ela desviou novamente o olhar. — Igual com esse... Cheiro falso esquisito! Eu posso te ajudar se quer parar de feder.
— Ei, eu não estou fedendo!
— Eu acredito em você! — Leuri exclamou do celular, e ele riu.
Saltando para o chão, Shaymin fechou os olhos, suspirando. Suas flores começaram a girar nas orelhas, liberando um aroma que se tingia de rosa. Brendan inspirou aquele perfume, e o lembrava do jardim de Gracideas de Floaroma. Era mesmo bom.
— Obrigado, eu adorei! — Ele sorriu e Shaymin se virou de costas, escondendo que ficou envergonhada por isso. — Agora, só uns toques finais...
Ao mesmo tempo, em seu quarto, Barry também estava de calça jeans, mas sem camisa. Ele se olhava no espelho do armário, segurando duas blusas ainda em cabides, tentando decidir qual ficaria melhor.
— Você vai na festa do Chang? — Marley surgiu ao seu lado, quase o enfartando.
— Ai, Marley, que susto! Eu vou, você não?
— Sid e Sara me convidaram, mas não é meu tipo de programa. — Ela explicou enquanto vasculhava o armário de Barry, que agora vestia uma blusa branca um pouco justa em sua barriga. — Aqui, tente essa por cima.
Barry brilhou os olhos ao ver a sugestão de Marley, que sorriu da animação dele. Era uma blusa aberta, rosa e estampada.
— Rochi, com elegância dessa vez! — May pedia, na beira de um lago, enquanto seus Pokemon estavam por trás observando.
A Blaziken Mega Evoluída tentava acertar os passos numa valsa imaginária, levando uma mão ao peito e girando enquanto erguia o outro braço, levantando colunas de chamas que cintilavam na noite.
— Agora, Fuks! — May apontou para frente, e agora seus cabelos balançavam no vento que ficava mais forte. — Flying Press!
— Agora, Fuks! — May apontou para frente, e agora seus cabelos balançavam no vento que ficava mais forte. — Flying Press!
Saltando da água, o Wailord cantou enquanto parecia nadar no ar, girando por cima das colunas de fogo de Rochi, que continuava sua valsa do chão.
May admirou a cena, suando, e seus Pokemon se olhavam pensando se aquilo realmente funcionaria.
— Aaaargh... — Cyrus abria a porta de sua causa, se jogando de cara no sofá.
— Chin chingling? — Seu Chingling veio logo atrás, saltando nas costas dele, preocupado.
— Está mais exausto que da última vez.
Cyrus ouviu uma voz feminina séria, e abriu os olhos, rapidamente se levantando e pegando Chingling nos braços. Era Cynthia, sentada na outra poltrona, com uma perna sobre a outra.
— Quanto tempo já faz? — ela se perguntou.
— Quanto tempo já faz? — ela se perguntou.
Brendan usava o dedo para aplicar corretivo dando leves toques sob os olhos, disfarçando suas olheiras que já não eram tão profundas como nos últimos meses. Barry, já todo arrumado e de tênis calçado, borrifava perfume no pescoço, sorrindo para seu reflexo no espelho. Os dois se viraram, com semblantes determinados para irem para a festa.
Brendan desceu das costas de Mudz quando chegou no endereço que Barry compartilhou por mensagem. Ele parou na calçada, com o coração acelerado, olhando para a construção à sua frente. Não era um depósito, como Barry disse. Era uma mansão, com janelas altas que refletiam luzes neon em tons alternados, e uma fachada tão polida que parecia feita de vidro. Outdoors digitais da Pokétch Co. brilhavam em cada canto, exibindo slogans como “Conecte-se ao futuro!” e imagens dos relógios de várias cores nos pulsos de modelos sorridentes, uma delas sendo a Coordenadora Laura acompanhada por sua Starmie, o que Brendan achou irônico. A batida grave da música escapava pelas portas, vibrando em seu peito como um segundo coração.
— Eu vou morrer aqui...
— Eu gostaria de ver isso — Shaymin disse, saltando para o chão.
Brendan riu, mas o riso morreu rápido quando as portas duplas da mansão se abriram, revelando um mar de gente. Era muita, muita gente. Ele nunca tinha visto tantos adolescentes assim em um só lugar, nem mesmo no Grande Festival ou na Liga Hoenn. Estavam dançando, rindo, bebendo, conversando sob as luzes que piscavam sem parar, transformando a multidão em uma massa de silhuetas que pareciam se dissolver e reaparecer a cada segundo. Brendan deu um passo atrás, com o estômago embrulhando, quando um homem de terno e fone em só ouvido se aproximou.
Ainda assim, ele conseguiu ver o que provavelmente era um jardim nos fundos da mansão, onde estavam alguns Pokemon como Piplup, Tinkaton, Bidoof caramelo e a Girafarig de Chang. Torceu para seus amigos se darem bem com eles, mas agora estava sozinho. Ele respirou fundo, pensando Vamos lá.
O interior da festa era ainda mais caótico. O salão principal era imenso, com um teto alto decorado com lustres que lembravam Chandelure flutuando, lançando feixes de luz que cortavam a fumaça colorida no ar. Propagandas do Pokétch estavam por toda parte, em telas nas paredes, hologramas projetados no chão, até mesmo os copos que as pessoas seguravam eram personalizados com logos da empresa que brilhavam no escuro. Um Toucannon, com óculos arco-íris e um headset grande, estava no palco como o DJ Bullet Seed, balançando a cabeça enquanto suas asas manipulavam os controles, fazendo a multidão gritar a cada mudança de batida.
Brendan se espremeu entre as pessoas, com o coração batendo rápido, tentando encontrar um rosto conhecido que não o odiasse sem motivo. Ele viu Paulette no canto, rindo com Aiyra, Marcy e Lindsay, que segurava um copo brilhante enquanto gesticulava animadamente, provavelmente falando sobre algum garoto. Mais adiante, Robin dançava no meio de um círculo de pessoas, com movimentos tão exagerados que Brendan revirou os olhos.
Então, ele o viu. Barry estava perto de uma mesa cheia de lanches, rindo com um copo de refrigerante na mão, junto com Murph que enchia as mãos nos salgadinhos. Antes que Brendan pudesse dar um passo, Barry levantou o olhar e também o viu. Seus olhos se arregalaram, e o sorriso ficou ainda maior. Ele largou o copo na mesa, sem nem olhar, e abriu caminho entre as pessoas, com uma energia que fez algumas cabeças se virarem.
— Brendan! — Barry exclamou, puxando-o para um abraço apertado. — Eu estava te procurando, cara!
— Eu disse que vinha, né? — Os dois riram, se olhando por alguns segundos, então Barry sinalizou para que o seguisse até um sofá mais afastado das pessoas dançando.
Os dois se sentaram e ainda sobrava bastante espaço, mesmo que na outra ponta estivessem mais duas garotas. Eles observaram a multidão dançando mais uma vez, mas Brendan precisava comentar.
— A mãe dele deve ter obrigado. Será que é por isso que ele é assim tão amargurado?
— Haha, acho bem possível!
— Haha, acho bem possível!
Algum tempo depois, Brendan e Barry ainda estavam no sofá, com copos de refrigerante nas mãos, rindo enquanto conversavam sobre Azoth Kombat. Brendan gesticulava animado, contando como gostava da história da lutadora Edna, e Barry o contou que colocou sua mãe para jogar para ele poder treinar para quando tiverem uma revanche. Brendan riu, mas uma voz os cortou.
— Por que você tá aqui? Não tá um pouco sem graça aí, não? — Ele riu, com Luiz e Buck dando risadinhas ao fundo.
— Ei, Zoey! — Chang chamou, com um sorriso largo. — Tem alguém aqui querendo te ver. Você lembra do Barry, né?
— Barry, está tudo bem. Também não me sinto assim por você — ela disse, e Barry soltou um risinho aliviado. — Tudo isso seria evitado se eu só dissesse que vim para a festa com a minha namorada Coordenadora.
— É, claro... Mas não precisa mentir sobre isso.
— Não é mentira — Zoey percebeu Barry surpreso, e se virou para trás, apontando com a cabeça. — É aquela ali.
Barry observou Dawn rindo junto com mais alguns garotos e garotas, reconhecendo-a dos Contests. Ela havia entrado como dupla de Zoey em Floaroma, quando ele competiu pela primeira vez ao lado de Brendan.
— Ah! — Barry viu o sorriso de Zoey observando a garota, e logo ela se virou novamente para ele. — Então... Quando você não entrou no ensino médio...
— É, ter um ginásio não é para mim. Eu quero entrar na Liga Sinnoh desse ano, mas também me tornei Top Coordenadora quando saí da escola e conheci a Dawn. Estou gostando de juntar essas experiências por enquanto, tudo me ajuda a aperfeiçoar os movimentos dos meus Pokemon.
Barry viu as duas garotas indo para a pista, e sorriu feliz por elas. Então ele se lembrou de Brendan, e se virou para procurá-lo, mas não estava mais no sofá.
— Ah, ainda nisso com aquele Coordenador? Por que ainda tá conversando com ele, cara?
— Porque ele é o meu amigo, Chang. Eu já te disse isso, nós quase brigamos da última vez!
— É, você fica todo emotivo quando o assunto é... espera aí! Ele está gostando de você? Hahaha, que triste!
— Pelo menos deveríamos ser... — Lucas usava uma blusa de manga comprida, e desviou o olhar para o chão.
— Não encosta em mim! — Brendan o empurrou, invertendo as posições e o fazendo bater as costas na parede. Brock abriu bem os olhos, encarando-o, e ele acelerou o passo para descer as escadas.
No outro canto daquele andar, Barry aproveitava para ter uma visão de cima da pista de dança, mas sem sinal do Brendan. Ele correu pela mansão, passando pelo banheiro e pela cozinha, então voltou para o primeiro piso, espremendo-se entre todos que dançavam.
— O Brendan... Eu perdi ele de vista.
— Oh, procura por uma nuvem, as vezes é ele — Robin sorriu de sua piada, mas Barry parecia mesmo triste. — Nossa, o que houve com você?
— Eu acho que estraguei tudo... Chamei ele para vir comigo para a festa, mas o larguei porque o Chang queria que eu ficasse com a Zoey e... ela tem uma namorada, e é coordenadora, quer ir para Liga...
— E qual é o problema, isso não é ótimo?
— Nenhum... Eu só... — Ele cerrou as mãos, fechando os olhos com força. — Eu acho que... Talvez eu...
— Shhh — Robin levou um dedo até sua boca, e ele abriu os olhos. — São muitas dúvidas, querido. Mas você pode dar algumas respostas agora, não pode?
— Eu...
— Vá, ele está ali — Robin apontou com a cabeça, e Barry sentiu seu coração acelerando ao ver o garoto de volta ao sofá.
— Desculpa, eu não queria segurar vela para vocês. E eu sei que são seus amigos, mas... Não queria ouvir o que eles têm a dizer hoje.
— Brock? — Barry estreitou os olhos com alguma preocupação.
— Foi... Ele tentou se desculpar por alguma coisa, mas eu me virei. Falei para ele ir embora — contou, vendo Barry um pouco eufórico, sorrindo. — Acho que agora ele entendeu o recado!
O Toucannon trabalhando de DJ foi trocar a música, e Barry, ainda com a mão sobre a de Brendan, olhou para as pessoas dançando. Brendan olhou para a mão dele sobre a sua, confuso sobre o que aquilo significava, quando foi puxado para se levantar junto dele.
— Eu... — Brendan o olhou nos olhos, vendo-o sorrir. — Quero!
— Então vamos!
Sem soltar as mãos, os dois se enfiaram entre as pessoas dançando, abrindo espaço até cruzarem o salão, iluminados por várias luzes coloridas. Eles subiram correndo as escadas, incomodando alguns jovens que se agarravam por ali, e riram deles. Conseguiram encontrar um cômodo vazio na mansão onde o som não chegava, e se sentaram encostados na parede, agora respirando.
— Você... você falou de participar da Copa Glacia comigo — disse Brendan — Barry, você se vê como um Coordenador, tipo, de verdade?
— Não sei... — ele disse, com a voz falhando. — Quero desafiar os ginásios, mas os Contests também são incríveis. Beijar a Zoey há anos atrás foi bom, mas agora eu queria... — Ele parou, com os olhos arregalados, como se tivesse dito demais.
Seus lábios finalmente se tocaram num beijo tímido, mas cheio de tudo que não tinham dito. Brendan sentiu o coração explodir, sentiu os ventos o levantando, sentiu como se não estivesse mais no chão e... voou.
Novamente, Brendan estava por cima das nuvens. Ele olhou ao redor, só vendo o céu escuro sem estrelas, mas um pouco distante estava ele... Zeraora. Sentado, com o semblante triste. Brendan tentou dizer algo, mas sua voz não saía assim como das últimas vezes que foi parar ali. Quando, de repente, Zeraora o olhou de canto, reparando nele e se levantando com raiva, flexionando os braços que se envolviam em faíscas.
— Q-Quê?! — Barry estava completamente corado e confuso, quando os dois ouviram passos no corredor.
— Barry! — Era a voz de Chang. — Eu só quero conversar, não se esconde, cara!
— Eu... — Barry se levantou, vendo Brendan o olhando assustado. Cerrando os punhos, ele correu para fora daquela sala, indo atrás dos garotos.
No chão, Brendan nem conseguiu esticar o braço. Estava sozinho ali. Toda a sua confiança desapareceu, e ele, ofegante, levou as mãos à cabeça, baixando-a sobre as pernas.
— Eu só estava brincando, não era para você levar tão a sério — Chang disse, rodeado pelos outros garotos no corredor, incluindo Brock dessa vez. — Você sabe disso, não é? Não precisamos brigar porque está de mau humor no meu aniversário.
Dando as costas e ignorando o que comentavam, ele se apressou de volta para o cômodo onde estava com Brendan, mas assim que entrou, ele não estava mais lá. Ele havia ido embora, era óbvio. Não podia estragar as coisas dessa vez. Ele então correu para as escadas, voltando ao primeiro andar, onde DJ Bullet Seed fazia todos se divertirem com a música da vez.
Ele pensou em Brendan, como seria estar com ele ali, e cada vez mais suas dúvidas desapareciam. O Toucannon aumentou o volume da música e fez seu bico se aceder em rosa, azul e lilás, disparando Bullet Seed para todos os lados.
As duas Coordenadoras viram as sementes coloridas explodindo nos mesmos tons da luz, e olharam uma para a outra, encantadas e parecendo compreensivas.
Dawn tocou o rosto de Zoey e a trouxe para perto, colando os lábios quando a música atingiu seu ápice.
Era isso. Barry pensou. Não sabia descrever, mas depois de tantas dúvidas, parecia ter uma certeza surgindo dentro dele. Ele se encheu de determinação, correndo para a saída da mansão.
— O que foi que rolou lá dentro?! Eu estava quase comendo aquele Piplup! — Shaymin seguia Brendan para fora da mansão, assim como Mudz.

— Brendan... Você quer dançar comigo? — Ele perguntou, ainda eufórico, com um sorriso entre suas lágrimas.
Brendan ficou confuso, enquanto a iluminação mudava com as poucas estrelas que surgiam no céu. Ele não aguentou, também começando a rir e puxando o loiro para perto. Os dois se rodopiavam desajeitados, rindo sob as estrelas que cada vez mais preenchiam o céu.



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— Você tem uma escolha agora, Brendan — Brendan não deveria ter ficado surpreso, mas ainda arregalou os olhos quando ela disse seu nome. — Esse céu estrelado já chamou bastante atenção, até demais. Era questão de tempo... Como não me disse nada? — Ela se voltou para Cyrus, que chegou para trás, com o rosto bem cansado.
— Eu desconfiei, e depois que eles vieram, se confirmou, mas... Não achei que estivesse tão sério assim.
— Podem me explicar? — Brendan os perguntou, e eles só olharam para ele, sem resposta. — Hoje aconteceu uma distorção, eu vi os prédios da escola se dobrarem e o chão sumir! Ninguém mais parece lembrar disso, e você estava lá, diretor.
— Distorção? — Barry coçou a cabeça, e Shaymin levou as patinhas às suas flores, que escureciam na presença dos dois. — Tudo bem, isso precisa parar!
— Barry? — Brendan se voltou para ele, que deu um passo a frente, levando uma mão ao peito e franzindo a testa.
— O Brendan faz nuvens, muda o clima e às vezes parece um ventilador — Cynthia e Cyrus fizeram cara de confusos, e Brendan levantou as mãos sem saber se explicar, sorrindo sem graça, mas ele continuou. — Não é justo que ele não saiba o que está acontecendo, e vocês sabem! Isso é sobre ele... Se as coisas estão sérias assim, se tem alguém que merece saber, é o Brendan! E já que não vão ajudá-lo, eu vou.
— Swaaam! — Emocionado, Mudz juntou as mãos ao lado do rosto.
— Barry... Obrigado — Brendan sorriu para ele, que assentiu com a cabeça, também dando um sorriso de lado.
— As coisas não são tão simples, garoto. Você não faz ideia — Cyrus disse, e seu semblante exausto o dava credibilidade.
— Não podemos interferir assim, mas já está passando dos limites... Se quiser as respostas, o caminho está nas suas mãos. Literalmente — Cynthia disse, e Brendan encarou o raio. — Mas eu te dou um conselho. Depois disso, não há como voltar atrás.
— Brendan, por favor — A voz de Shaymin soou na mente de todos, e Brendan olhou para baixo para enxergá-la. — Não vai... Fica aqui, comigo!
— Eu... preciso saber — Brendan olhou para Barry, que assentiu para ele. — Se você não pode me contar, eu vou te respeitar, não estou chateado. Mas isso é parte de quem eu sou... Esses poderes, desde que eu vim para cá, cada vez mais parecem estar me levando para algum lugar. Se o Zeraora tem respostas, mesmo que algumas, eu quero ouvi-las! Talvez ele nem queira brigar!
Shaymin não disse nada, olhando para ele com os olhos cheios de lágrimas, fazendo força para segurá-las. Cynthia e Cyrus se entreolharam, também quietos, e Barry encostou em sua mão. Os dois se viraram um para o outro, abraçando-se com força.
— Se cuida, por favor — Barry disse, olhando para o céu estrelado, sentindo o corpo de Brendan.
— Eu vou — respondeu, de olhos fechados com o queixo em seu ombro.
Os garotos afastaram-se, e Shaymin ainda tentou dar um passo a frente, levantando uma de suas patinhas, mas logo a trouxe de volta para junto de seu corpo. Brendan respirou fundo, sentindo a brisa quase levar sua touca. Ele escutou sussurros dos ventos, e ergueu o braço para frente, com o raio entre seus dedos.
— Tudo bem, Zeraora — ele disse, sério. — Eu aceito o convite.
O núcleo do raio reluziu e o calor da luz subiu, preenchendo toda a sua forma. Brendan o sentiu tremendo entre seus dedos e o soltou no susto, mas ele não cai, mantendo-se no ar. Aquela energia estourou para cima, rasgando o céu estrelado num feixe tão forte que pareceu uma lança, fazendo as nuvens se abrirem num vórtice.
— Swaaam! — Mudz agarrou em Shaymin, trazendo-a para perto de seu peito, mas ela ainda inclinou a cabeça para ver Brendan.
Brendan respirou fundo, sentindo o ar ao seu redor girar. Os ventos se agitaram, envolvendo seu corpo num brilho esmeralda que tirou seus pés do chão. Barry, Cynthia e Cyrus assistiam, quando, num piscar de olhos, o garoto não estava mais ali.
— Hm? — Ele não conseguia falar, mas ao abrir os olhos, via o chão ficando distante.
Era diferente das outras vezes, onde parecia que apenas a sua consciência havia sido transportada para além das nuvens. Agora, ele sentia-se puxado por uma força que não podia ver, atravessava nuvens onde Shaymin aladas estavam deitadas, algumas o olhando com cautela, e acima dele o feixe de luz guiava seu caminho.
— Você já me trouxe problemas demais — a voz rápida de Zeraora foi como um estrondo ecoando por todo aquele horizonte anoitecido e estrelado, forrado por infinitas nuvens. — Eu cansei das suas tentativas! Não pode mais voltar aqui!!
A eletricidade de Zeraora correu por seu corpo, arrepiando seus pelos e ele soltou um gemido de força quando moveu o braço, arremessando Brendan contra nuvens à frente.
O garoto se levantou usando as mãos, mas ainda no chão, olhou para trás e viu Zeraora com os braços suspensos, carregados com seu poder elétrico. Ele tinha o rosto sombrio, bastante furioso.
— Não tem nada a dizer?! — Zeraora o confrontou, e Brendan tentou abrir a boca, mas sentia os ventos sufocando sua fala, como quando perdeu a voz. — Seu verme covarde!
Zeraora ergueu o braço, seus dedos se abriram e uma a uma as garras cresceram, trincando no ar com filetes de raio azul conectando as pontas. A energia corria por seus braços como veias, e ele flexionou o corpo gritando para o céu enquanto a eletricidade vinha como uma onda ao seu redor. Ele se desmaterializou, dando lugar a um relâmpago que disparou em linha reta.
Brendan se jogou para o lado, rolando esperando desviar, mas Zeraora retomou sua forma, agarrando-o pela gola da camisa. Viu a expressão furiosa em seu rosto antes de receber um soco na cara que o atirou para trás.
A nuvem onde caiu explodiu em partículas azuis, e ele arregalou os olhos percebendo que estava suspenso no ar. O ar o segurava, mesmo sem ele entender como, mas não teve tempo para pensar nisso.
— !! — Brendan voou para perto dele, balançando a cabeça e as mãos, como se dissesse "Não".
Brendan suou frio, mas jogou o corpo para trás, desviando de uma espetada. Ele deu uma cambalhota no ar sem saber como, e jogou as mãos para frente, aumentando a pressão dos ventos.
— Fraco! — Zeraora, pressionando contra a nuvem, fincou sua lança nela, acendendo-a e tornando-a cinzenta como uma tempestade.


O vento.
A escola.
O Pés & Patas.
— Que monstrengo feio era aquele?! — Brendan cutucou Zeraora, que levava as mãos às orelhas, completamente surtado.
— É o nosso fim!! — Zeraora se virou para o garoto, chacoalhando-o até ele quase ficar inconsciente com a língua pra fora. — Aquela é Stakataka! Rayquaza e seu herói Zéfiro construíram a Prisão Rompe-Nuvem para prendê-la aqui, e eu fui encarregado de impedir que tentassem libertá-la durante séculos!
— Zéfiro — Brendan repetiu, sentindo familiaridade no nome, mas tinha outra pergunta mais importante agora. — Espera, e quem a libertou?
— Se não foi você, eu não sei quem foi! Acheiquefosseoculpadopelastentativasdosúltimostempos... Raiozzz! Eeuquasetematei!
— Ahn... — Brendan mal conseguia entender a voz de Zeraora de tão rápida que ela saía. — Ela desceu, certo? Vamos atrás dela!
— Ah, e o que acha que faremos? — Zeraora retrucou. — Uma besta não pode ser vencida por qualquer um! É preciso da união de um herói e uma divindade para termos alguma chance.
— Um herói como... um Celestial? — Brendan sorriu de lado, e Zeraora levantou uma sobrancelha. — Eu não sei o que você é, mas... É bem forte, eu só senti algo parecido com a sua presença há dois anos quando estive próximo de Xerneas, Yveltal e Rayquaza.
— Não sou um dos grandes como eles, mas pode funcionar... Vamozzznãotemostempo!!
— Brendan! — Ele ouviu a voz de Shaymin, e a viu na cabeça de Mudz, que corria em sua direção. — Você voltou... e com ele.
— Eu falei com Zeraora, ele me confundiu com outra pessoa, por isso estava tão bravo comigo — Brendan explicou, acariciando o queixo do Swampert. — Stakataka está aqui, não é?
— Swaaaampert! — Mudz cruzou os braços dando um sorriso, e Brendan assentiu para ele. Em seu pulso, a Key Stone reluzia no bracelete.
— Flamethrower!
— Mirror Shot!
Cynthia e Cyrus cruzaram os seus braços no ar durante seus comandos, e seus Pokemon voaram a frente deles.
Do outro lado, Magnezone tinha seu corpo refletindo-se à cada movimentação que fazia, até todos os reflexos distorcerem o espaço numa espiral que se concentrou em seu olho vermelho. A pupila dele reluziu como uma pérola e disparou um raio espelhado marcando todo o corpo de Stakataka.
— Chaaaaaaar!!
— Koooorpi!
Era Mudz, em sua forma Mega Evoluída, impulsionado pela distância que correu. Ele socou os blocos de Stakataka, rompendo-os e derrubando-os para dentro dela.
— Hey, Barry! — Brendan acenou para o garoto, que o olhou impressionado. Shaymin estava em cima de sua touca, agarrando-se firme. — Eu achei sua combinação bem bonita, haha!
— Brendan!! — Ele correu até o garoto, envergonhado. — N-Não era pra você ter visto ainda!
— Que mais surpresas você tem aí? — Brendan o perguntou, arrancando uma risadinha tímida do loiro, quando uma barreira branca se formou à frente deles. — Aaaah!!
Era uma Togetic, sustentando o escudo de proteção que segurou Mudz, este tendo sido arremessado junto de blocos que retornavam ao corpo de Stakataka.
— Não dê ouvidos, Shaymin — Brendan disse para ela, que desviou o olhar, incomodada. — Obrigado pela ajuda, Robin, mas agora eu assumo!
No momento que Stakataka se virou para tentar achar uma saída, pilares de rocha romperam o asfalto para pressioná-la contra o espaço comprido por Cyrus. Junto deles, Zeraora passou a dar múltiplos socos energizados com eletricidade, rachando vários blocos.
Mudz deu um soco no chão, rachando o asfalto enquanto um braço musculoso de lama se erguia da rachadura. Controlado pelo Mega Evoluído, o braço passou a arremessar carros e hidrantes contra Stakataka, que não conseguia se mover.
— Brendan — Cynthia o percebeu se aproximando com Barry e Robin. — Vamos combinar nossos poderes com Zeraora!
— E-Eu não sei fazer isso!
Próximo de onde Zeraora estava caído, Cynthia parou sua corrida. Seus cabelos esvoaçaram e ela rangeu os dentes, sua franja deixou de cobrir o segundo olho, onde sua pupila era agora um diamante azul. Ela levantou os braços envoltos por pequenos diamantes que orbitavam suas mãos, e eles fundiram-se para formar apenas um de tamanho médio.
Balançando a cabeça por cima das rochas, Zeraora retomou a consciência, disparando como um relâmpago e empunhando sua lança de raios. Ele a girou com as mãos e usou as duas para segurá-la, cravando-a no centro de Stakataka. Faíscas escaparam para todas as direções, enquanto ele usava toda a sua força para rompê-la.
— Está funcionando?! — Barry perguntou, abraçado com Chimchar e Skorupi.
— ... — Robin encarou a besta, e fechou os olhos. — Não.
Zeraora sorriu confiante, conseguindo fincar mais ainda sua lança, quando os blocos passaram a se reconstruir com ele dentro do corpo da besta. Cynthia e Cyrus ficaram boquiabertos, e seus Pokemon foram comandados para que ajudassem, mas novos blocos os prenderam contra a distorção de Cyrus.
— Eu estou com vocês! — Brendan levou uma mão ao coração, e os ventos se agruparam por baixo de seus Pokemon, levantando-os o suficiente para ficarem por cima da besta.
Todos os Pokemon atingiram a abertura de Stakataka, que desmontou-se para baixo, fazendo um grande estrago no asfalto. Togetic iluminou seu corpo nas cores do arco-íris, projetando um véu de proteção por cima de Barry e Brendan, que por isso não se desequilibraram, enquanto Cynthia e Cyrus se apoiavam com uma mão no chão.
Estava funcionando, até que as luzes de Stakataka voltaram a se acender em vermelho. Zeraora olhou para trás, assustado, e a seda se rasgou, derrubando Umi sobre Dory na prancha de Protect.
Stakataka se recompôs, e Garchomp e Magnezone vieram agarrar os blocos de suas pernas, tentando travá-la no lugar.
— UMI, DORY! — Brendan gritou, vendo os dois sendo envolvidos nos giros dos blocos da besta, sendo golpeados por todos os lados.
— Eles precisam sair dali! — Barry também gritou, mas os Pokemon de Brendan estavam sendo chutados um a um para longe.
— Fiiin... — Um dos blocos chutou a coroa de Dory, que despencou no ar. Ela olhou chorosa para Umi, que tremia por baixo de seu casaquinho.
— Uuum... — Ele conseguia ver Melvin de relance toda vez que um bloco se afastava, e este respirou fazendo fumaça sair do focinho, como se dissesse que confiava nele. — Uuuum!!
A prancha de Protect passou a cresceu, criando paredes para se fechar e proteger os dois dos blocos. Brendan correu para frente, mesmo com Robin o chamando para voltar por ser perigoso, e parou quando um brilho irrompeu de onde seus Pokemon estavam.
— O quê... — Os olhos de Shaymin cresceram e brilharam ao ver duas asas rompendo a redoma de proteção de Umi.
— Moooooooth! — Agora um Mothim, Umi acendeu suas asas e o vento se comprimiu entre elas, tornando-se lâminas que cortaram entre os blocos.
— Obrigado! — Zeraora aproveitou a chance para se soltar, voando em eletricidade, e Umi piscou para ele.
— Não mesmo... — Cynthia disse, de braços cruzados olhando para onde a fenda estava no céu. — Stakataka está livre, e não conseguimos fazer nada contra ela.
— Não sei — Zeraora disse, aterrissando perto deles. — Alguém aproveitou que eu estava ocupado com o Celestial para soltá-la da prisão Rompe-Nuvem. Se ela quisesse causar alguma coisa aqui, teria feito, mas fugiu.
— Ou seja, teremos que esperar para descobrir, clássico — Robin riu, com um braço sobre o outro, apoiando o rosto numa das mãos.
— Stakataka se libertar não pode ser bom sinal. Rayquaza ficará furioso... — Zeraora disse, e Shaymin saltou do gorro de Brendan, caminhando até ele.
— Você continua no chão — ele disse, e ela cerrou os dentes, baixando a cabeça. — Terei que me reunir no Coronet para discutir o que houve aqui...
— Moooth! — Umi voou para perto de Brendan, esfregando o rosto nele e recebendo um abraço entre risadas.
— Hm... — Zeraora estalou os dedos, e um novo raio se formou em suas mãos, dessa vez menor. — Fique com isso, Celestial. Poderá usá-lo para me chamar se for preciso.
Barry olhou sem graça para Brendan, não sabendo o que dizer, quando a luz das Pokeballs de Cynthia e Cyrus regressando seus Pokemon os chamou atenção.
— Conversaremos depois. Descanse por hoje. — Ela o olhou nos olhos, e ele só conseguiu assentiu. Então, deu um tapa nas costas de Cyrus, que quase caiu para frente, mas a acompanhou.
— N-Não! Não se desculpe, sério — Barry sorriu nervoso, balançando as mãos. — Eu só... T-Tchau, boa noite!!
— Foi um tempo divertido, mas... Isso é só o começo. Stakataka vai se reunir com as outras... E você é um Celestial, um herói escolhido pelo próprio Rayquaza! Essa batalha é sua, e daqueles outros dois fedorentos... e de Zeraora. Mas não é mais minha, há muito tempo.
— É claro que é! — Brendan levou uma mão ao peito, gesticulando com a outra, enquanto já se formavam lágrimas em seus olhos. — Eu quero você do meu lado, fora a Isabella, Jacaranda, May, Barry, até a Lisia gosta de você depois que lutaram juntas! Estamos todos juntos, Shaymin.
Por trás de Brendan, seus Pokemon a observavam entristecidos. Robin e sua Togetic assistiam de canto. Shaymin fechou os olhos, sentindo a brisa balançando as flores de suas orelhas, e os abriu, sorrindo para Brendan.
— SHAYMIN! — Brendan gritou por ela, correndo em sua direção e esticando um braço, mas como por magia, ela desapareceu deixando apenas uma flor flutuando no ar. Ele a pegou, encarando-a, não ligando para uma lágrima rolando pelo rosto.
— Nenhum desvio? — Looker chegou perto de Robin, que olhava Brendan à distância, com uma mão na cintura.



— Barry! — Chang apareceu, com Luiz, Lucas e Buck logo atrás, todos segurando copos brilhantes com o logo da Pokétch. Ele tinha um sorriso convencido, como sempre.
Lucas encarou Barry, sério, e Brendan abaixou a cabeça para não levar com algum comentário irritante. O loiro se endireitou no sofá, com um sorriso casual.
— E aí, cara!
— E aí, cara!
Chang se jogou no sofá ao lado de Barry, passando o braço ao redor do pescoço dele com um gesto exagerado.
— Por que você tá aqui? Não tá um pouco sem graça aí, não? — Ele riu, com Luiz e Buck dando risadinhas ao fundo.
Barry franziu a testa, com o sorriso ficando um pouco mais tenso. Ele olhou para Brendan de novo antes de responder.
— Não tá, não — ele disse, com a voz firme, tirando o braço de Chang do ombro com um movimento sutil. Chang levantou as sobrancelhas, mas não perdeu o sorriso.
— Relaxa, cara, eu trouxe boas notícias! — Ele se inclinou para frente. — A Zoey tá aqui!
— E daí? — Barry perguntou impaciente.
— E daí? É a sua segunda grande chance! Vai lá falar com ela, ela tá no fim do corredor! — Ele apontou para o outro lado do salão, onde a multidão se abria em um corredor iluminado por luzes roxas.
Brendan sentiu o rosto esquentar, com o desconforto crescendo no peito. Ele apertou o copo com mais força, com os olhos fixos no chão, enquanto Chang se levantava, puxando Barry pelo braço.
— Eu não falo com ela há anos... — ele começou, mas Chang já o arrastava, ignorando o protesto. Brendan se levantou, com o coração batendo rápido, e seguiu os dois com o olhar, sem saber o que fazer.
No fim do corredor, Chang parou Zoey, que segurava um copo brilhante e conversava com uma garota que Brendan não conseguiu ver quem era, mas que logo se afastou.
— Ei, Zoey! — Chang chamou, com um sorriso largo. — Tem alguém aqui querendo te ver. Você lembra do Barry, né?
Zoey virou a cabeça e olhou para Barry, com um sorriso educado, mas um pouco confuso.
— Ehr... Lembro. Oi, tudo bem?
Barry coçou a nuca, com um sorriso meio sem graça.
— Tudo, e com você? Desculpa pelo Chang... — Ele lançou um olhar irritado para Chang, que apenas riu e deu um tapa nas costas dele antes de se afastar com Luiz e Buck, deixando os dois sozinhos.
Brendan ficou parado, com os pés grudados no chão, vendo Zoey rir de algo que Barry disse. Ela inclinou a cabeça, com um sorriso que parecia genuíno. O coração de Brendan apertou, como se uma mão invisível o espremesse. Ele deu as costas, tentando se perder na multidão para não olhar para trás, e só Lucas reparou.
— Enfim, desculpa por isso — Barry pediu à Zoey, que tinha os braços cruzados. — Não entendo o motivo, mas meus amigos querem juntar a gente... N-Não que você seja sem graça, eu só... — Ele viu a garota achando graça do que dizia. — Não... Não me sinto assim por você, sabe?
— Barry, está tudo bem. Também não me sinto assim por você — ela disse, e Barry soltou um risinho aliviado. — Tudo isso seria evitado se eu só dissesse que vim para a festa com a minha namorada Coordenadora.
— É, claro... Mas não precisa mentir sobre isso.
— Não é mentira — Zoey percebeu Barry surpreso, e se virou para trás, apontando com a cabeça. — É aquela ali.
Barry observou Dawn rindo junto com mais alguns garotos e garotas, reconhecendo-a dos Contests. Ela havia entrado como dupla de Zoey em Floaroma, quando ele competiu pela primeira vez ao lado de Brendan.
— Ah! — Barry viu o sorriso de Zoey observando a garota, e logo ela se virou novamente para ele. — Então... Quando você não entrou no ensino médio...
— É, ter um ginásio não é para mim. Eu quero entrar na Liga Sinnoh desse ano, mas também me tornei Top Coordenadora quando saí da escola e conheci a Dawn. Estou gostando de juntar essas experiências por enquanto, tudo me ajuda a aperfeiçoar os movimentos dos meus Pokemon.
— Se Chang soubesse, não teria me convidado, também — ela sorriu. — Mas eu não ia perder uma festa gratuita financiada pela maior empresa de Sinnoh, né?
— Haha! Mas... Sobre o que você contou... Só tem um aluno que é Coordenador em todo o ensino médio. Conhece o Brendan Cianwood?
— Haha! Mas... Sobre o que você contou... Só tem um aluno que é Coordenador em todo o ensino médio. Conhece o Brendan Cianwood?
— Zoey! — Dawn se aproximou, segurando no braço dela. — Vamos dançar!!
— Barry, aonde vai? — Chang o perguntou antes que ele saísse dali. Os outros garotos também estavam junto.
— Vou procurar o Brendan.
— Porque ele é o meu amigo, Chang. Eu já te disse isso, nós quase brigamos da última vez!
— É, você fica todo emotivo quando o assunto é... espera aí! Ele está gostando de você? Hahaha, que triste!
— Vocês ficam agindo como ridículos o tempo inteiro, isso não tem graça. Nunca deram qualquer chance a ele, só ficam repetindo esses discursos preconceituosos sobre os Contests e os Coordenadores, isso que é triste! — Barry cerrou os punhos, e Chang parou de rir, não gostando do que ouviu.
— Qual foi, Barry? Nós somos amigos.
— Pelo menos deveríamos ser... — Lucas usava uma blusa de manga comprida, e desviou o olhar para o chão.
— É, não fique desse jeito. Ele é um Coordenador... Já está acostumado.
— Mas não deveria! — Ele o cortou. — Isso não é justo... E eu não gosto mesmo de nenhum de vocês — Barry deu as costas, indo procurar Brendan. — Feliz aniversário, Chang.
Enquanto Barry procurava pela festa, Brendan havia subido para o segundo andar onde estava mais silencioso, sem prestar atenção no caminho quando alguém esbarrou nele. Ele olhou quem foi, vendo Brock tão surpreso quanto ele.
— Oi — Brock disse, e Brendan engoliu em seco quando ele veio em sua direção, quase o pressionando contra a parede. — Olha, me desculpa por tudo que aconteceu, tá? Já parou de fazer drama? Nós poderíamos...
— Não encosta em mim! — Brendan o empurrou, invertendo as posições e o fazendo bater as costas na parede. Brock abriu bem os olhos, encarando-o, e ele acelerou o passo para descer as escadas.
No outro canto daquele andar, Barry aproveitava para ter uma visão de cima da pista de dança, mas sem sinal do Brendan. Ele correu pela mansão, passando pelo banheiro e pela cozinha, então voltou para o primeiro piso, espremendo-se entre todos que dançavam.
Ele reconheceu os amigos de sua irmã, Sara e Sid, dançando juntos de mãos dadas, e sorriu por eles. Também esbarrou em Aiyra que parecia adorar a música que tocava, e ela também parecia feliz interagindo com outras pessoas que ele não conhecia. Era bom vê-la sem Paulette ao seu lado, mas por falar dela, mais distante ela conversava com Murph, parecendo se divertir também enquanto ele a servia alguma bebida.
— Procurando alguém? — Robin o perguntou, oferecendo um copo com alguma bebida que não tinha um cheiro muito agradável.
— O Brendan... Eu perdi ele de vista.
— Oh, procura por uma nuvem, as vezes é ele — Robin sorriu de sua piada, mas Barry parecia mesmo triste. — Nossa, o que houve com você?
— Eu acho que estraguei tudo... Chamei ele para vir comigo para a festa, mas o larguei porque o Chang queria que eu ficasse com a Zoey e... ela tem uma namorada, e é coordenadora, quer ir para Liga...
— E qual é o problema, isso não é ótimo?
— Nenhum... Eu só... — Ele cerrou as mãos, fechando os olhos com força. — Eu acho que... Talvez eu...
— Shhh — Robin levou um dedo até sua boca, e ele abriu os olhos. — São muitas dúvidas, querido. Mas você pode dar algumas respostas agora, não pode?
— Eu...
— Vá, ele está ali — Robin apontou com a cabeça, e Barry sentiu seu coração acelerando ao ver o garoto de volta ao sofá.
— Brendan! — ele exclamou, passando entre as pessoas até chegar no sofá, caindo nele. Seu amigo riu disso, e ele também. — O-Oi!! Você... sumiu.
— Desculpa, eu não queria segurar vela para vocês. E eu sei que são seus amigos, mas... Não queria ouvir o que eles têm a dizer hoje.
— Não sei se quero ser mais amigo deles... Prefiro muito mais ficar com você — Barry disse, e Brendan tentou se recompor, movendo os olhos rápido.
— Brock? — Barry estreitou os olhos com alguma preocupação.
— Foi... Ele tentou se desculpar por alguma coisa, mas eu me virei. Falei para ele ir embora — contou, vendo Barry um pouco eufórico, sorrindo. — Acho que agora ele entendeu o recado!
O Toucannon trabalhando de DJ foi trocar a música, e Barry, ainda com a mão sobre a de Brendan, olhou para as pessoas dançando. Brendan olhou para a mão dele sobre a sua, confuso sobre o que aquilo significava, quando foi puxado para se levantar junto dele.
— Tá muito barulho aqui, né? — Brendan assentiu. — Quer ir para um lugar mais tranquilo?
— Eu... — Brendan o olhou nos olhos, vendo-o sorrir. — Quero!
— Então vamos!
Sem soltar as mãos, os dois se enfiaram entre as pessoas dançando, abrindo espaço até cruzarem o salão, iluminados por várias luzes coloridas. Eles subiram correndo as escadas, incomodando alguns jovens que se agarravam por ali, e riram deles. Conseguiram encontrar um cômodo vazio na mansão onde o som não chegava, e se sentaram encostados na parede, agora respirando.
De repente, um brilho azul piscou no canto do quarto, e um holograma da Pokétch surgiu do nada, projetando o aparelho.
— Ai! — Brendan exclamou, com o coração disparando, enquanto Barry deu um pulo, quase batendo a cabeça na parede.
Os dois se olharam, com os olhos arregalados, e caíram na gargalhada. Barry riu tanto que deixou a cabeça cair no ombro de Brendan, com o cabelo roçando o pescoço dele. Brendan engoliu em seco, com o coração ainda acelerado, tentando lembrar das palavras de May mais cedo. Ele respirou fundo, sentindo o peso da cabeça de Barry, e decidiu arriscar.
— Então, uh... — começou, com a voz hesitante, olhando para o holograma que ainda piscava no canto. — Chang estava falando sério...? Você gosta da Zoey? Eu notei como ficou nervoso quando soube que ela estava naquele Contest...
— Não! Com certeza, não. — Ele riu, como se a ideia fosse absurda, e se ajeitou, cruzando as pernas.
— Ah... — Brendan franziu a testa, com um misto de alívio e curiosidade. — Então, a Paulette?
— Isso nem faz sentido. Dizem que somos os melhores alunos, por isso queriam que ficássemos juntos, mas a única vez que trocamos mais que duas palavras foi quando batalhamos há um tempo atrás.
— Entendi... — Brendan fez uma pausa, com o coração batendo mais forte. Ele mordeu o lábio, juntando coragem. — Então você não tá gostando de ninguém no momento?
— Bom... — Barry olhou para o chão, com os dedos tamborilando no joelho. — Eu não... não disse isso... — Ele levantou o olhar, com um brilho hesitante nos olhos, e Brendan sentiu o ar ficar mais pesado.
— Ah... — Brendan murmurou, com a mente girando. Os dois ficaram em silêncio, cheios de pensamentos, o som do holograma agora apenas um zumbido baixo. Brendan respirou fundo, tentando manter a calma. — E qual é o nome dela?
— Por que acha que é “ela”? — ele perguntou, com a voz mais suave, quase um sussurro.
Brendan piscou, com o coração dando um salto.
— Então... não é uma garota? — Ele tentou manter o tom leve, mas sua voz tremia.
Barry hesitou, com os olhos fixos em Brendan, mas sem resposta. O silêncio se esticou de novo.
— Você... você falou de participar da Copa Glacia comigo — disse Brendan — Barry, você se vê como um Coordenador, tipo, de verdade?
Barry pensou por um momento, com a testa franzida.
— Não sei... Talvez? Os Contests são divertidos e desafiadores, e eu gosto de estar com você neles, mas... também quero desafiar os ginásios. É tudo meio confuso.
Brendan assentiu, com um sorriso tímido, e, quase sem perceber, aproximou o pé do de Barry, colando os sapatos. Barry olhou para baixo, notando o movimento, e então levantou o rosto, encontrando os olhos de Brendan. Brendan o olhou de volta, com o coração na garganta, e perguntou, com a voz baixa.
Barry engoliu em seco, com as bochechas ficando mais rosadas.
— Não sei... — ele disse, com a voz falhando. — Quero desafiar os ginásios, mas os Contests também são incríveis. Beijar a Zoey há anos atrás foi bom, mas agora eu queria... — Ele parou, com os olhos arregalados, como se tivesse dito demais.
— Hm? — Brendan inclinou a cabeça, com um sorriso suave, e, num impulso, colocou a mão sobre a de Barry, sentindo o calor da pele dele. Barry corou ainda mais, com o olhar preso ao de Brendan.
— Eu quero... — Barry começou, com a voz tremendo, e os dois aproximaram o rosto lentamente, como se o mundo ao redor tivesse parado.
Seus lábios finalmente se tocaram num beijo tímido, mas cheio de tudo que não tinham dito. Brendan sentiu o coração explodir, sentiu os ventos o levantando, sentiu como se não estivesse mais no chão e... voou.
Novamente, Brendan estava por cima das nuvens. Ele olhou ao redor, só vendo o céu escuro sem estrelas, mas um pouco distante estava ele... Zeraora. Sentado, com o semblante triste. Brendan tentou dizer algo, mas sua voz não saía assim como das últimas vezes que foi parar ali. Quando, de repente, Zeraora o olhou de canto, reparando nele e se levantando com raiva, flexionando os braços que se envolviam em faíscas.
Antes que mais algo pudesse acontecer, Brendan sentiu seu corpo sendo puxado para baixo, deixando Zeraora para cima. Ele abriu os olhos, novamente sentado com o rosto colado no de Barry. Os dois se afastaram, incrédulos, mas Brendan mudou sua postura, segurando nas bochechas dele quase espremendo-as.
— Q-Quê?! — Barry estava completamente corado e confuso, quando os dois ouviram passos no corredor.
— Barry! — Era a voz de Chang. — Eu só quero conversar, não se esconde, cara!
No chão, Brendan nem conseguiu esticar o braço. Estava sozinho ali. Toda a sua confiança desapareceu, e ele, ofegante, levou as mãos à cabeça, baixando-a sobre as pernas.
— Estamos — ele concordou, sem muita vontade. — Eu só preciso ir ao banheiro.
Dando as costas e ignorando o que comentavam, ele se apressou de volta para o cômodo onde estava com Brendan, mas assim que entrou, ele não estava mais lá. Ele havia ido embora, era óbvio. Não podia estragar as coisas dessa vez. Ele então correu para as escadas, voltando ao primeiro andar, onde DJ Bullet Seed fazia todos se divertirem com a música da vez.
Todos ainda dançavam, dificultando o caminho. Paulette girava Murph na pista, e Aiyra curtia sua própria companhia, saltitando quando outra garota se aproximou, rindo com ela. Viu também Marcy girando com sua cadeira, enquanto sua amiga se abraçava com algum garoto mais velho.
Ele pensou em Brendan, como seria estar com ele ali, e cada vez mais suas dúvidas desapareciam. O Toucannon aumentou o volume da música e fez seu bico se aceder em rosa, azul e lilás, disparando Bullet Seed para todos os lados.
As duas Coordenadoras viram as sementes coloridas explodindo nos mesmos tons da luz, e olharam uma para a outra, encantadas e parecendo compreensivas.
Dawn tocou o rosto de Zoey e a trouxe para perto, colando os lábios quando a música atingiu seu ápice.
Era isso. Barry pensou. Não sabia descrever, mas depois de tantas dúvidas, parecia ter uma certeza surgindo dentro dele. Ele se encheu de determinação, correndo para a saída da mansão.
*Termine de ouvir a música para começar a próxima!!!!!!!*
🌟Celestial🌟
🌟Celestial🌟
— O que foi que rolou lá dentro?! Eu estava quase comendo aquele Piplup! — Shaymin seguia Brendan para fora da mansão, assim como Mudz.
Correndo com o cabelo bagunçado e lágrimas rolando pelo rosto, Brendan tinha os olhos fechados. Por que é sempre assim? Ele se perguntou, colocando a touca e olhando para o céu vazio de estrelas, tentando conter suas lágrimas.
— BRENDAN!
— BRENDAN!
Brendan ouviu a voz de Barry, e assim como Mudz e Shaymin, ele se virou para trás, vendo o garoto correndo em sua direção, esticando o braço para tentar alcançá-lo. Ele tropeçou, mas usou os pés para descalçar seus sapatos sociais, livrando-se deles.
— Eu não estou mais confuso!! — Barry gritou também com lágrimas nos olhos, finalmente o alcançando.
— C-Como assim? — Brendan o viu rindo, então ele segurou suas mãos.
— C-Como assim? — Brendan o viu rindo, então ele segurou suas mãos.
— O que eles estão fazendo? — Shaymin perguntou enquanto Mudz sorria ao ver as silhuetas dos dois. — Eles vão se devorar?!
— Swaaam... — Mudz respondeu com um grunhido carinhoso, balançando a cabeça.
Por toda a cidade de Jubilife e além, o céu ganhava mais estrelas que se sobrepunham às nuvens, parecendo dançarem da mesma forma que Brendan e Barry estavam fazendo.
No quarto de uma pousada, Isabella abria as janelas para ver o céu, impressionada junto com Jacaranda e Kingdra.
Enquanto seus Pokemon dormiam, May tinha as mãos para trás, com os cabelos esvoaçando, admirando as estrelas. Lita era a única acordada, tendo fingido dormir esse tempo todo, e a observava de costas com um olhar apreensivo.

Enquanto caminhavam por uma rua de Jubilife, Cynthia e Cyrus pararam subitamente assim que as estrelas começaram a surgir. Em silêncio, eles as observaram juntos.
Na rota marítima próxima da cidade, Manaphy, com a coroa do Reino das Águas Claras, subia numa pedra para assistir também.
Em Floaroma, enquanto costurava um tecido púrpura em seu ateliê, Elma também observou as estrelas pela janela, encantada.
No jardim da mansão abandonada da Floresta de Eterna, Magearna também assistia ao fenômeno, enquanto Homem Skarmory, Kooper, Crustle e Ricard Nouveau roncavam enrolados em sacos de dormir.
Jantando no Le Petit Siebold, restaurante inaugurado pelo Anfitrião no Hotel Grand Lake, Lisia sorriu quando as estrelas começaram a aparecer, aproveitando a vista.
Ao lado de fora do restaurante, Lindona estava sentada num banco de frente para uma fonte de Roselia que jorrava água de seus botões, e também olhava para cima, deixando um suspiro escapar.

De pé enquanto Wallace meditava sobre uma rocha, Enzo Amore parecia impaciente, mas relaxou os músculos quando o céu começou a se estrelar, parando de discutir com o Anfitrião e olhando para cima, assim como ele.
A Coordenadora Científica, Lillie, também admirava as estrelas ao lado de Nihilego. Percebendo a inquietação da amiga, Lillie acariciou sua cabeça, sentindo que agora levitava mais calma. Sentado com seu Elekid de jaleco, o Anfitrião Brussel sorria vendo isso.
Enquanto Fantina dançava junto de sua Mismagius, Laura imitava seus movimentos, com Starmie e Vespiquen ao lado. As três acabaram se esbarrando e caindo sentadas, mas assim Laura pode admirar as estrelas que refletiam em seus olhos.
Na praia de Sunyshore, próximo de onde ficava a pedra da Jasmine que foi destruída por Fuks, Flint e Volkner estavam deitados na areia quando também passaram a admirar o céu, abraçados.
Cruzando os braços numa tentativa de se esquentar no frio da noite, aquele era Harley, rodeado por seus Pokemon. Até mesmo tão distante, as estrelas o alcançaram. Ele levou uma mão ao rosto para afastar os cabelos que balançavam e caíam sobre seus olhos, e sentiu alguma nostalgia naquele céu. Por trás, seus Pokemon se entreolhavam tentando descobrir o que se passava, não vendo quando uma única lágrima rolou por seu rosto.
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Assim como alcançaram ele, Leuri, em seu quarto de hotel com vista panorâmica, e Diantha caminhando por um lugar rodeado de árvores e arbustos, também conseguiam ver.
E com o sobretudo balançando com o vento, próximo da mansão onde a festa de Chang acontecia, Looker e Croagunk viam o céu estrelado.
Eu gostaria que aquele momento tivesse durado para sempre.
A dança dos dois garotos desacelerou, e Barry parou, com o rosto tão perto do de Brendan que ele podia sentir o calor da respiração dele.
— Brendan, me desculpa por ter saído correndo... Eu não quero mais correr disso. Vou competir no futebol, nos ginásios e nos contests, mas quero fazer tudo isso com você. Eu... Eu gosto muito de você, Brendan!!
Brendan riu, com lágrimas novas escorrendo, mas agora de felicidade.
— Por que somos assim? — ele perguntou com a voz embargada, e seu sorriso tremendo enquanto segurava o rosto de Barry, sentindo-o sob seus dedos.
Sob o céu agora completamente estrelado, seus lábios se encontraram em mais um beijo. O vento ao redor de Brendan girou de leve, com um brilho esmeralda que os contornou, mas dessa vez ele não queria ir para qualquer outro lugar, só estar ali.
Ao separarem os rostos, ambos sorriam um para o outro. Eles deram as mãos, mas quando se voltaram para Shaymin e Mudz, algo rompeu as nuvens, fazendo um estrondo. Eles olharam para cima, vendo um círculo entre as nuvens. Shaymin arregalou os olhos, correndo para mais perto, quando algo desceu dos céus envolto por uma luz dourada.
— Quem...? — Brendan reparou que parecia muito com Shaymin, mas tinha asas brancas e menos folhas nas costas.
Shaymin rosnou para ela, mas esta nem deu importância. Ela fechou os olhos, levantando uma das patas dianteiras, e uma lufada de vento vinda de suas asas fez um pequeno raio se materializar, levitando até as mãos de Brendan, que o segurou.
— O que é isso? — Barry perguntou, encarando o raio nas mãos dele.
— Isso é um convite... — Shaymin disse, com o raio refletido em seus olhos. — Zeraora o está chamando, Brendan... Para o berço dos raios.
Quando eu me perco, será que tudo volta ao lugar?
Nada melhora quando você está em queda
Eu sei que seus braços estão se estendendo
De algum lugar além das nuvens
Você me faz sentir
Como se meu coração aflito estivesse a milhões de milhas de distância
Você me faz sentir
Como se eu estivesse bêbado de estrelas e dançássemos pelo espaço
Celestial
Fomos feitos pra ser
Nada além disso
Encontrando magia nas menores coisas
E quando percebermos que é só isso que importa
Vamos fazer esta noite durar pra sempre
[PARTE 3]
Algo rompeu as nuvens enquanto Brendan e Barry ainda estavam de mãos dadas, fazendo um estrondo que iluminou o céu estrelado. Eles olharam assustados para cima, vendo as nuvens se afastando em formato circular. Shaymin correu para perto deles, de olhos arregalados e seus pelos balançando com a ventania.
Uma silhueta de luz dourada desceu dos céus, e aos poucos Brendan enxergou sua forma. Parecia muito com Shaymin, mas com asas brancas e menos folhas nas costas.
— Para trás! — Shaymin rosnou para ela, mas esta nem a dava importância, como se nem a enxergasse.
A alada fechou os olhos, levantando uma das patas dianteiras, e uma lufada de vento vinda de suas asas fez um pequeno raio se materializar, girando lentamente enquanto levitava até as mãos de Brendan, que o segurou. Em seguida, ela voou de volta para as nuvens, que fecharam-se novamente.
— O que é isso? — Barry perguntou, encarando o raio nas mãos dele.
— Isso é um convite... — Shaymin disse, com o raio refletido em seus olhos. — Zeraora o está chamando, Brendan... Para o berço dos raios.
— Aquele lugar acima das nuvens — Brendan entendeu, apertando o raio entre as mãos. — Você sabe quem era aquela?
— Outra Shaymin... — Shaymin virou o rosto, envergonhada. — Mas ela não é como eu! Você não pode ir lá!!
— Você precisa confiar em mim! Quanto mais você souber, pior vai ficar, e eu... Eu não posso...
— Pior como? — perguntou e Shaymin virou novamente o rosto, não respondendo. Ele respirou fundo, reclinando o corpo e olhando para o céu. — Eu preciso saber o que é tudo isso...
— Eu não consigo — Ela se voltou para ele com lágrimas nos olhos. — Me desculpa...
— Das últimas vezes, eu não consegui falar nada quando estava lá em cima. Foi muito estranho, como se o meu corpo estivesse em dois lugares ao mesmo tempo...
Mudz captou algo e suas barbatanas se arrebitaram. Shaymin se virou numa direção e todos olharam junto, vendo Cynthia e Cyrus correndo até deles.
— A Campeã — Barry disse com alguma tensão, dando um passo para trás. Brendan o olhou pensando em perguntar o que houve, mas a voz de Cynthia roubou sua atenção para ela.
— Eu vi, naquele dia...
Olha, eu não sei o que aconteceu pra você tratar os outros assim, mas acho que esperei demais da Campeã das batalhas dessa região!
Como se saísse de um transe, ela se virou para Brendan. Seus olhos pareceram aumentar de tamanho ao percebê-lo, e aproximou a mão dele, tocando seu ombro. Ele se afastou logo após o toque, sentindo um leve choque.
As flores de Shaymin passaram a brilhar, absorvendo uma energia de nenhum lugar aparente. Na mão de Cynthia, um triângulo verde foi marcado, e ela o encarou por alguns instantes.
Você... Agora eu estou entendendo. Era por isso que eu deveria estar aqui, sabia que não poderia ser só para batalhar com a Diantha. Nos veremos de novo.
— Você disse coisas horríveis para a Diantha e tratou tão mal o diretor Cyrus... — Brendan disse, e Cynthia não pareceu ver problema naquilo, nem reagindo.
— Você tem uma escolha agora, Brendan — Brendan não deveria ter ficado surpreso, mas ainda arregalou os olhos quando ela disse seu nome. — Esse céu estrelado já chamou bastante atenção, até demais. Era questão de tempo... Como não me disse nada? — Ela se voltou para Cyrus, que chegou para trás, com o rosto bem cansado.
— Eu desconfiei, e depois que eles vieram, se confirmou, mas... Não achei que estivesse tão sério assim.
— Podem me explicar? — Brendan os perguntou, e eles só olharam para ele, sem resposta. — Hoje aconteceu uma distorção, eu vi os prédios da escola se dobrarem e o chão sumir! Ninguém mais parece lembrar disso, e você estava lá, diretor.
— Distorção? — Barry coçou a cabeça, e Shaymin levou as patinhas às suas flores, que escureciam na presença dos dois. — Tudo bem, isso precisa parar!
— Barry? — Brendan se voltou para ele, que deu um passo a frente, levando uma mão ao peito e franzindo a testa.
— O Brendan faz nuvens, muda o clima e às vezes parece um ventilador — Cynthia e Cyrus fizeram cara de confusos, e Brendan levantou as mãos sem saber se explicar, sorrindo sem graça, mas ele continuou. — Não é justo que ele não saiba o que está acontecendo, e vocês sabem! Isso é sobre ele... Se as coisas estão sérias assim, se tem alguém que merece saber, é o Brendan! E já que não vão ajudá-lo, eu vou.
— Swaaam! — Emocionado, Mudz juntou as mãos ao lado do rosto.
— Barry... Obrigado — Brendan sorriu para ele, que assentiu com a cabeça, também dando um sorriso de lado.
— Não podemos interferir assim, mas já está passando dos limites... Se quiser as respostas, o caminho está nas suas mãos. Literalmente — Cynthia disse, e Brendan encarou o raio. — Mas eu te dou um conselho. Depois disso, não há como voltar atrás.
— Eu... preciso saber — Brendan olhou para Barry, que assentiu para ele. — Se você não pode me contar, eu vou te respeitar, não estou chateado. Mas isso é parte de quem eu sou... Esses poderes, desde que eu vim para cá, cada vez mais parecem estar me levando para algum lugar. Se o Zeraora tem respostas, mesmo que algumas, eu quero ouvi-las! Talvez ele nem queira brigar!
Shaymin não disse nada, olhando para ele com os olhos cheios de lágrimas, fazendo força para segurá-las. Cynthia e Cyrus se entreolharam, também quietos, e Barry encostou em sua mão. Os dois se viraram um para o outro, abraçando-se com força.
— Se cuida, por favor — Barry disse, olhando para o céu estrelado, sentindo o corpo de Brendan.
— Eu vou — respondeu, de olhos fechados com o queixo em seu ombro.
Os garotos afastaram-se, e Shaymin ainda tentou dar um passo a frente, levantando uma de suas patinhas, mas logo a trouxe de volta para junto de seu corpo. Brendan respirou fundo, sentindo a brisa quase levar sua touca. Ele escutou sussurros dos ventos, e ergueu o braço para frente, com o raio entre seus dedos.
O núcleo do raio reluziu e o calor da luz subiu, preenchendo toda a sua forma. Brendan o sentiu tremendo entre seus dedos e o soltou no susto, mas ele não cai, mantendo-se no ar. Aquela energia estourou para cima, rasgando o céu estrelado num feixe tão forte que pareceu uma lança, fazendo as nuvens se abrirem num vórtice.
— Swaaam! — Mudz agarrou em Shaymin, trazendo-a para perto de seu peito, mas ela ainda inclinou a cabeça para ver Brendan.
Brendan respirou fundo, sentindo o ar ao seu redor girar. Os ventos se agitaram, envolvendo seu corpo num brilho esmeralda que tirou seus pés do chão. Barry, Cynthia e Cyrus assistiam, quando, num piscar de olhos, o garoto não estava mais ali.
— Hm? — Ele não conseguia falar, mas ao abrir os olhos, via o chão ficando distante.
Era diferente das outras vezes, onde parecia que apenas a sua consciência havia sido transportada para além das nuvens. Agora, ele sentia-se puxado por uma força que não podia ver, atravessava nuvens onde Shaymin aladas estavam deitadas, algumas o olhando com cautela, e acima dele o feixe de luz guiava seu caminho.
Ele sentiu seu corpo passando por alguma camada mais espessa, até que parou no ar, desajeitado e com os braços e pernas para trás, de frente para Zeraora. Este estava de pé, com um braço para baixo e outro esticado para frente, com o cotovelo dobrado e suas garras ligadas por cargas elétricas azuladas. O encarava com os olhos cheios de pura eletricidade, e seus dentes de cima roçavam nos de baixo, num rosnado de raiva.
O garoto se levantou usando as mãos, mas ainda no chão, olhou para trás e viu Zeraora com os braços suspensos, carregados com seu poder elétrico. Ele tinha o rosto sombrio, bastante furioso.
— Não tem nada a dizer?! — Zeraora o confrontou, e Brendan tentou abrir a boca, mas sentia os ventos sufocando sua fala, como quando perdeu a voz. — Seu verme covarde!
Zeraora ergueu o braço, seus dedos se abriram e uma a uma as garras cresceram, trincando no ar com filetes de raio azul conectando as pontas. A energia corria por seus braços como veias, e ele flexionou o corpo gritando para o céu enquanto a eletricidade vinha como uma onda ao seu redor. Ele se desmaterializou, dando lugar a um relâmpago que disparou em linha reta.
Brendan se jogou para o lado, rolando esperando desviar, mas Zeraora retomou sua forma, agarrando-o pela gola da camisa. Viu a expressão furiosa em seu rosto antes de receber um soco na cara que o atirou para trás.
A nuvem onde caiu explodiu em partículas azuis, e ele arregalou os olhos percebendo que estava suspenso no ar. O ar o segurava, mesmo sem ele entender como, mas não teve tempo para pensar nisso.
Por favor... ventos, me ajudem a falar com ele!
Os pensamentos de Brendan trouxeram uma corrente de ar que o envolveu, dificultando Zeraora de se aproximar, mas ele continuou investindo contra o vento. Brendan franziu a testa e jogou as mãos para frente, fazendo a ventania afastar o elétrico.
— O que é isso? Um ventinho?! — Zeraora rosnou, voltando a ter controle de seu corpo.
— !! — Brendan voou para perto dele, balançando a cabeça e as mãos, como se dissesse "Não".
— Está debochando de mim?! Não sabe do que sou capaz! — Zeraora juntou seus punhos, batendo-os enquanto a eletricidade se moldava entre eles. Ao afastá-los, um sabre se formava, e ele o agarrou revelando ser uma lança com um raio na ponta.
Brendan suou frio, mas jogou o corpo para trás, desviando de uma espetada. Ele deu uma cambalhota no ar sem saber como, e jogou as mãos para frente, aumentando a pressão dos ventos.
— Fraco! — Zeraora, pressionando contra a nuvem, fincou sua lança nela, acendendo-a e tornando-a cinzenta como uma tempestade.

Brendan sentiu uma descarga por seu corpo, relaxando os braços, e Zeraora disparou para cima, surgindo à sua frente com as garras expostas. Ele o arranhou no rosto, e o chutou contra outra nuvem.
— ...! — Brendan sentiu algo escorrendo por seu rosto, mas não quis parar, se levantando com um braço ao redor do estômago.
— Vocês todos se acham melhores do que nós! — Zeraora ressurgiu à frente dele, deixando a eletricidade se esticar em ondas para trás. — Arrogantes, imprudentes! Eu tenho um trabalho, RAYQUAZA ME DESIGNOU!
Abrindo bem os olhos, Brendan não teve força para se afastar quando Zeraora quase colou seu rosto no dele.
— O que pensou com tudo isso? — Zeraora o viu tentando se levantar, mas falhando, até que uma corrente de ar o deu apoio. — Eu gostaria mesmo de saber... Por acaso achou que conseguiria?!
De pé, Brendan sentiu o vento por seu rosto, e sua dor passou. Tocou a bochecha, onde sentia o corte das unhas de Zeraora, mas a pele estava cicatrizada.
— !! — Brendan aproximou uma mão dele, tentando dizer que não queria lutar, mas Zeraora rangeu os dentes e as arranhou. — ...!
— Não importa mais... — Zeraora respirou fundo, olhando para suas mãos, até fechá-las. — O que importa é o meu propósito. É uma pena que não vou ouvir as suas últimas palavras!
Virando-se, Zeraora puxou sua lança elétrica. Brendan temeu seu fim ali, impulsionando-se com um pé para voar, e lembrando-se de tudo que aprendeu com Shaymin nos últimos meses, ele soprou para frente.
Um tornado crescente de ventos levemente esmeraldas ganhou forma, e Zeraora o fitou com desafio. Ele investiu com sua lança, tentando cortar a ventania com ela, mas era forte o suficiente para se reformar e impedir que se aproximasse.
— Argh! — Zeraora cortou os ventos, mas logo se reagruparam. Ele descarregou eletricidade para todos os lados, e Brendan pareceu sentir, pois uma brecha se abriu. — Por acaso você ainda não sabe o que você é?
Brendan piscou, com o coração batendo rápido pela descarga. O que May o disse mais cedo voltava, ela o enxergava como alguém decidido que sabia quem era e o que queria, mas ele não se via assim. Não mais... Shaymin queria poupá-lo de alguma verdade, e May o tempo inteiro também agia da mesma forma.
— Você é um filho dos céus! — Zeraora gritou, e Brendan se inclinou para frente, com lágrimas nos olhos. — Um CELESTIAL!
O céu.
As nuvens.
O vento.
Os Contests.
A escola.
O Pés & Patas.
Um flashback de todos os seus últimos meses voltava à sua mente enquanto sua touca balançava ao vento. Todas as suas experiências que pareciam o empurrar em uma direção, absolutamente tudo ganhava algum sentido. Um Celestial... Parecia certo.
Se não posso falar... que você sinta!
Brendan levou as mãos à cabeça, fechando os olhos com força, deixando seu corpo ser jogado para trás no ar. Os ventos do tornado se agitaram, e a lança de Zeraora foi desfeita. A luz em seus olhos oscilou e ele recuou para as nuvens, quando o tornado aumentou de tamanho, ainda mais forte, moldando-se num rosto. O seu rosto. O rosto de um...
— Celestial! — Zeraora bradou quando a ventania em forma de Brendan esticou o braço em sua direção. Ele levou um braço à frente do rosto para se proteger, mas nada aconteceu.
— Zeraora! — Brendan finalmente conseguiu falar, descendo à frente da ventania que se desfazia. O felino arregalou os olhos, desconfiando de algo, mas o garoto o estendeu a mão. — Por favor, me escuta! Eu não sei o que está acontecendo... Todas as vezes que eu vim parar aqui, foram acidentalmente!
— Não é verdade! — Zeraora se levantou, e Brendan estufou o peito, criando coragem para não ceder diante do poder dele. — Você está tentando soltá-la! Eu estou exausto de lidar com isso!
— Soltar... quem? — Brendan franziu a testa, e Zeraora quase caiu para trás. Ele viu mais faíscas surgindo ao redor dele, materializando sua raiva.
— Como assim quem?! A BESTA! — Zeraora levantou os braços, e os dois escutaram um trovão. Ele se virou para trás, com um semblante preocupada. — Essa não!! A prisão!!
Zeraora correu sobre as nuvens, e Brendan não viu outra alternativa a não ser segui-lo. Ele o viu dando socos em algumas nuvens que ganhavam rumos pelos céus, usando outras de trampolins, e tentou imitá-lo, conseguindo escalar finalmente uma parede de nuvens até chegar num pedaço maior onde uma estrutura estava erguida, com cristais esmeralda partidos e a parte da frente rachada.
— Ela se libertou — Zeraora disse, com os olhos incrédulos, e Brendan sentiu todas as nuvens tremerem.
Por trás daquela estrutura, blocos cinzentos se levantavam. Pareciam tijolos, mas se moviam de forma independente e agrupavam-se. Zeraora esticou um braço, sinalizando para Brendan ficar atrás, mas o garoto levantou o rosto para ver o que era aquilo.
Os blocos foram se organizando como uma torre com quatro pernas de blocos menores sendo sua base. No centro da estrutura, um bloco foi empurrado para trás, e uma luz azul acendeu-se. Todo aquele ser grotesco se virou para eles, com mais luzes como aquela acendendo-se entre os blocos, alguns ganhando formas circulares pretas que poderia ser olhos.
A besta notou Zeraora e Brendan, e suas luzes azuis ficaram vermelhas. Seu corpo levitou sobre o que deveria ser a prisão, e esta foi comprimida para dentro de seus blocos, desaparecendo. Não haviam nuvens por baixo, e ela vir uma abertura, mergulhando para a terra.
— Que monstrengo feio era aquele?! — Brendan cutucou Zeraora, que levava as mãos às orelhas, completamente surtado.
— Zéfiro — Brendan repetiu, sentindo familiaridade no nome, mas tinha outra pergunta mais importante agora. — Espera, e quem a libertou?
— Se não foi você, eu não sei quem foi! Acheiquefosseoculpadopelastentativasdosúltimostempos... Raiozzz! Eeuquasetematei!
— Ahn... — Brendan mal conseguia entender a voz de Zeraora de tão rápida que ela saía. — Ela desceu, certo? Vamos atrás dela!
— Ah, e o que acha que faremos? — Zeraora retrucou. — Uma besta não pode ser vencida por qualquer um! É preciso da união de um herói e uma divindade para termos alguma chance.
— Um herói como... um Celestial? — Brendan sorriu de lado, e Zeraora levantou uma sobrancelha. — Eu não sei o que você é, mas... É bem forte, eu só senti algo parecido com a sua presença há dois anos quando estive próximo de Xerneas, Yveltal e Rayquaza.
— Não sou um dos grandes como eles, mas pode funcionar... Vamozzznãotemostempo!!
— AAAAH! — Brendan gritou quando Zeraora o agarrou pelo braço e os envolveu em eletricidade, descendo pelo mesmo buraco entre as nuvens onde Stakataka também desceu.
Quando Brendan conseguiu enxergar novamente, já estava no chão asfaltado da rua Kamado. Ele olhou para trás, vendo a mansão onde a festa de Chang acontecia, com as luzes coloridas do bico do DJ Bullet Seed vazando pelas janelas. Um estrondo o fez instintivamente levar um braço à frente do rosto, e quando olhou para trás, viu Zeraora voando sobre descargas elétricas.
— Brendan! — Ele ouviu a voz de Shaymin, e a viu na cabeça de Mudz, que corria em sua direção. — Você voltou... e com ele.
— Eu falei com Zeraora, ele me confundiu com outra pessoa, por isso estava tão bravo comigo — Brendan explicou, acariciando o queixo do Swampert. — Stakataka está aqui, não é?
— Como... — Shaymin se interrompeu, percebendo Brendan com outra postura, encarando o combate à distância.
— Zeraora me explicou que temos uma chance. Com Cynthia e Cyrus, elas estão triplicadas... eu acho! Precisamos lutar!
— Swaaaampert! — Mudz cruzou os braços dando um sorriso, e Brendan assentiu para ele. Em seu pulso, a Key Stone reluzia no bracelete.
— Mirror Shot!
Cynthia e Cyrus cruzaram os seus braços no ar durante seus comandos, e seus Pokemon voaram a frente deles.
A Garchomp tinha sua barriga aquecida reluzindo e o calor subiu por todo o seu pescoço até ela cuspir uma saraivada de chamas, contornando a estrutura de blocos de Stakataka, que emitiu um som esquisito como o de pedras rolando.
— Chaaaaaaar!!
— Koooorpi!
Lado a lado, Chimchar e Skorupi formavam argolas de espinhos obscuros entrelaçados em chamas, combinando seus Flamethrower e Dark Pulse. A combinação atingia os pés de Stakataka, mas não parecia causar danos.
— Não somos fortes o suficiente... — Barry cerrou os punhos, suando, quando algo passando muito rápido bagunçou ainda mais seus cabelos naturalmente bagunçados.
— Hey, Barry! — Brendan acenou para o garoto, que o olhou impressionado. Shaymin estava em cima de sua touca, agarrando-se firme. — Eu achei sua combinação bem bonita, haha!
— Brendan!! — Ele correu até o garoto, envergonhado. — N-Não era pra você ter visto ainda!
— Que mais surpresas você tem aí? — Brendan o perguntou, arrancando uma risadinha tímida do loiro, quando uma barreira branca se formou à frente deles. — Aaaah!!
— Não dê ouvidos, Shaymin — Brendan disse para ela, que desviou o olhar, incomodada. — Obrigado pela ajuda, Robin, mas agora eu assumo!
Stakataka liberou dois blocos de seu corpo, atingindo Garchomp e Magnezone para que parassem de atacá-la, conseguindo. Ela se reagrupou, tentando saltar para longe dali, mas foi bloqueado pelo próprio espaço, que passou a se distorcer multicolorido.
— Boa — Cynthia disse de canto para Cyrus, que tinha os olhos perolados, suando enquanto suas mãos eram envoltas por pequenas pérolas rosadas luminosas. — Garchomp, Stone Edge!
— Boa — Cynthia disse de canto para Cyrus, que tinha os olhos perolados, suando enquanto suas mãos eram envoltas por pequenas pérolas rosadas luminosas. — Garchomp, Stone Edge!
No momento que Stakataka se virou para tentar achar uma saída, pilares de rocha romperam o asfalto para pressioná-la contra o espaço comprido por Cyrus. Junto deles, Zeraora passou a dar múltiplos socos energizados com eletricidade, rachando vários blocos.
Mudz deu um soco no chão, rachando o asfalto enquanto um braço musculoso de lama se erguia da rachadura. Controlado pelo Mega Evoluído, o braço passou a arremessar carros e hidrantes contra Stakataka, que não conseguia se mover.
— Brendan — Cynthia o percebeu se aproximando com Barry e Robin. — Vamos combinar nossos poderes com Zeraora!
— E-Eu não sei fazer isso!
Os blocos de Stakataka se reagrupavam, empurrando Zeraora contra as pedras, invertendo as posições e rachando-as com o corpo dele. Ela se liberou, levitando para o meio da rua, com suas pernas girando ao redor de seu corpo.
Próximo de onde Zeraora estava caído, Cynthia parou sua corrida. Seus cabelos esvoaçaram e ela rangeu os dentes, sua franja deixou de cobrir o segundo olho, onde sua pupila era agora um diamante azul. Ela levantou os braços envoltos por pequenos diamantes que orbitavam suas mãos, e eles fundiram-se para formar apenas um de tamanho médio.
— Brendan, concentre-se — Shaymin disse, e o garoto respirou fundo, fechando os olhos. — Agora... Assopre!
Quando ele abriu os olhos, um redemoinho girava com o diamante no centro, e era empurrado contra Zeraora. Ele sorriu junto de Shaymin, ambos orgulhosos da combinação que passou a envolver os blocos de Stakataka, desmontando-a.
Quando ele abriu os olhos, um redemoinho girava com o diamante no centro, e era empurrado contra Zeraora. Ele sorriu junto de Shaymin, ambos orgulhosos da combinação que passou a envolver os blocos de Stakataka, desmontando-a.
— Está funcionando?! — Barry perguntou, abraçado com Chimchar e Skorupi.
— ... — Robin encarou a besta, e fechou os olhos. — Não.
Zeraora sorriu confiante, conseguindo fincar mais ainda sua lança, quando os blocos passaram a se reconstruir com ele dentro do corpo da besta. Cynthia e Cyrus ficaram boquiabertos, e seus Pokemon foram comandados para que ajudassem, mas novos blocos os prenderam contra a distorção de Cyrus.
— Me ajudem! — Brendan arremessou suas Pokeballs, que abriram-se com diferentes efeitos de selos, como estrelas, corações, nuvens, flores e faíscas. — Direcionem seus ataques para o meio dela! Precisamos libertar o Zeraora!!
Mudz estufou o peito e cuspiu uma tromba d'água, tendo seu corpo impulsionado para trás com a potência. Sobre ela, Zagz rodopiava envolvendo-se numa espiral de sua própria energia em tons de rosa e amarelo, formando Giga Impact. Logo ao lado, Pulu e Mini voavam sobre cartas brilhantes do Trump Card combinadas com eletricidade para se sustentarem.
Com sua forma queimando em energia dracônica, Melvin voou junto dos demais, e ao seu lado Lala e Scarlet vinham correndo com as cabeças metalizadas e auroras contornando-as.
Numa ventania prateada, Dory nadava usando sua coroa de rochas, e sua cauda era envolta por laços d'água que respingavam. Deslizando num escudo esverdeado de Protect, Umi a acompanhava no ar, com lágrimas de desespero voando para trás.
— Eu estou com vocês! — Brendan levou uma mão ao coração, e os ventos se agruparam por baixo de seus Pokemon, levantando-os o suficiente para ficarem por cima da besta.
Todos os Pokemon atingiram a abertura de Stakataka, que desmontou-se para baixo, fazendo um grande estrago no asfalto. Togetic iluminou seu corpo nas cores do arco-íris, projetando um véu de proteção por cima de Barry e Brendan, que por isso não se desequilibraram, enquanto Cynthia e Cyrus se apoiavam com uma mão no chão.
Estava funcionando, até que as luzes de Stakataka voltaram a se acender em vermelho. Zeraora olhou para trás, assustado, e a seda se rasgou, derrubando Umi sobre Dory na prancha de Protect.
Stakataka se recompôs, e Garchomp e Magnezone vieram agarrar os blocos de suas pernas, tentando travá-la no lugar.
— UMI, DORY! — Brendan gritou, vendo os dois sendo envolvidos nos giros dos blocos da besta, sendo golpeados por todos os lados.
— Eles precisam sair dali! — Barry também gritou, mas os Pokemon de Brendan estavam sendo chutados um a um para longe.
— Fiiin... — Um dos blocos chutou a coroa de Dory, que despencou no ar. Ela olhou chorosa para Umi, que tremia por baixo de seu casaquinho.
— Uuum... — Ele conseguia ver Melvin de relance toda vez que um bloco se afastava, e este respirou fazendo fumaça sair do focinho, como se dissesse que confiava nele. — Uuuum!!
— O quê... — Os olhos de Shaymin cresceram e brilharam ao ver duas asas rompendo a redoma de proteção de Umi.
Rachaduras surgiram pelas paredes, que enfim se romperam em diversos pedacinhos. Umi agora tinha longas asas alaranjadas e recolheu Dory com sua seda, colocando-a em suas costas. Ele desceu para buscar sua coroa antes que caísse no chão, devolvendo-a para sua cabeça, e a peixinha vibrou animada.
Sem Zeraora em seu corpo, Stakataka investiu contra a distorção, pressionando-a. Cyrus, já de pé, franziu a testa, forçando para conseguir sustentar, quando seus olhos perolados passaram a escurecer. Cynthia o olhou assustada, até que Robin se jogou contra ele, derrubando-o no chão.
A redoma se desfez, normalizando o espaço da cidade, bem como o asfalto e carros destruídos se reconstruíram. Stakataka levantou voo e uma fenda rompeu o céu. Ela a adentrou e, sem mais nem menos, esta se fechou, desaparecendo.
— Arf... — Brendan caiu de quatro, ofegante, e Barry se ajoelhou ao lado dele para ajudá-lo. — Acabou...?
— Não mesmo... — Cynthia disse, de braços cruzados olhando para onde a fenda estava no céu. — Stakataka está livre, e não conseguimos fazer nada contra ela.
— Não sei — Zeraora disse, aterrissando perto deles. — Alguém aproveitou que eu estava ocupado com o Celestial para soltá-la da prisão Rompe-Nuvem. Se ela quisesse causar alguma coisa aqui, teria feito, mas fugiu.
— Ou seja, teremos que esperar para descobrir, clássico — Robin riu, com um braço sobre o outro, apoiando o rosto numa das mãos.
— Stakataka se libertar não pode ser bom sinal. Rayquaza ficará furioso... — Zeraora disse, e Shaymin saltou do gorro de Brendan, caminhando até ele.
— Você continua no chão — ele disse, e ela cerrou os dentes, baixando a cabeça. — Terei que me reunir no Coronet para discutir o que houve aqui...
— Hm... — Zeraora estalou os dedos, e um novo raio se formou em suas mãos, dessa vez menor. — Fique com isso, Celestial. Poderá usá-lo para me chamar se for preciso.
— Espera! — Brendan esticou o braço após pegar o raio, mas Zeraora desapareceu dali num relâmpago, deixando apenas um rastro de eletricidade.
Barry olhou sem graça para Brendan, não sabendo o que dizer, quando a luz das Pokeballs de Cynthia e Cyrus regressando seus Pokemon os chamou atenção.
— Conversaremos depois. Descanse por hoje. — Ela o olhou nos olhos, e ele só conseguiu assentiu. Então, deu um tapa nas costas de Cyrus, que quase caiu para frente, mas a acompanhou.
— Brendan, eu... Eu acho que vou pra casa — Barry disse, e ele se virou preocupado, percebendo-o nervoso.
— N-Não! Não se desculpe, sério — Barry sorriu nervoso, balançando as mãos. — Eu só... T-Tchau, boa noite!!
Acenando, Barry acelerou o passo, correndo para atravessar a rua. Brendan não conseguiu ter outra reação, só baixou seus braços, o observando se afastar. Então, ele se lembrou.
— Foi um tempo divertido, mas... Isso é só o começo. Stakataka vai se reunir com as outras... E você é um Celestial, um herói escolhido pelo próprio Rayquaza! Essa batalha é sua, e daqueles outros dois fedorentos... e de Zeraora. Mas não é mais minha, há muito tempo.
— É claro que é! — Brendan levou uma mão ao peito, gesticulando com a outra, enquanto já se formavam lágrimas em seus olhos. — Eu quero você do meu lado, fora a Isabella, Jacaranda, May, Barry, até a Lisia gosta de você depois que lutaram juntas! Estamos todos juntos, Shaymin.
Por trás de Brendan, seus Pokemon a observavam entristecidos. Robin e sua Togetic assistiam de canto. Shaymin fechou os olhos, sentindo a brisa balançando as flores de suas orelhas, e os abriu, sorrindo para Brendan.
— SHAYMIN! — Brendan gritou por ela, correndo em sua direção e esticando um braço, mas como por magia, ela desapareceu deixando apenas uma flor flutuando no ar. Ele a pegou, encarando-a, não ligando para uma lágrima rolando pelo rosto.
Artes encomendadas especialmente para esse capítulo, feitas pelo meu amigo @ilustrarangel.
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E finalmente voltamos à escola, parece que passou uma eternidade desde que estes personagens apareceram, fiquei contente por os voltar a ver.
ResponderExcluirAmei o ritmo do capítulo, você construiu bem o cenário e preparou bem as situações para terem suas continuações a seguir.
A May super protetora está de volta, não querendo ver seu melhor amigo se iludindo de novo com aquilo que sente, embora dessa vez ele pareça ser correspondido. Porém com os coleguinhas tentando arrumar uma namorada ao Barry, a coisa pode complicar. Se bem que a Zoey é… (bandeira arco-iris aqui)
Também gostei do Cyrus que ao ver crianças sendo estúpidas resolveu distorcer tudo e mandar todos pró Giratina… ta, ele não mandou, mas eu senti vontade que mandasse. Gostei da distorção afetando em vários pontos da cidade e Robin mais uma vez aparecendo num momento chave para explicar nada e deixar tanto Brendan como eu a apanhar do ar… hahaha ar…
Mas gostei da cena toda, o cenário se quebrando e contorcendo, ficou muito bonito de imaginar a cidade se moldando como papel, gostei do visual disso e sempre ficou melhor em papel do que em BDSP…
Shaymin também sabe o que aconteceu e não é a primeira vez que falam em “cair” por isso fiquei com a ideia que talvez o Robin seja um Pokémon ou a projeção de algum deus na Terra… não sei, mas sinto que saberei no final do capítulo completo. Aquele sino veio no momento certo, então talvez tenha sido a Cynthia a enviar pela Jacaranda? A presença dela no apartamento do Cyrus sugere que sim…
Em clima de festa também gostei da presença de Leuri, preparando o aniversário dela e ligando finalmente com Galeuri, ficando a saber em que ponto estamos na história.
Mas enfim, amei essa primeira parte, sua fanfic ta cada vez mais gay e sinto que isso vai aumentar ainda mais com a festa do Chang. Porque o Chang vai ficar com o Lucas, eu sinto que eles se comem escondido… mas não revela, quero ser surpreendida.
Desculpa a demora para ler, é que o capitulo ta muito woke…
ResponderExcluirAi mas amei, todo o clima da festa estava muito bom, deu até saudades das festas onde eu ia :’)
O cap foi ultra fofíssimo, a cena do Barry e Brendan andando de mão dada pela sala foi adorável tirando o Murph, pq foda-se o Murph.
Mas a sério, amei a ambientação do capítulo, ver como Zoey e Dawn voltaram a ficar bem depois de tudo, realmente aquela mensagem resultou e eu amei como a presença da Zoey terminou mesmo impactando o Barry, não da forma que Chang e Lucas queriam, mas ele tomando conhecimento que ela é coordenadora e participa na liga Sinnoh o fazendo perceber que n é por ser gay que deixa tem de deixar de ser macho… digo, não é por ser coordenador que tem de deixar de participar na liga e conseguir um lugar de gym leader mais tarde, ele pode ser o que ele quiser. Também achei graça que o Lucas e o Chang estavam empurrando o Barry para a Zoey mas os dois andaram juntos a festa toda e não falaram com nenhuma garota… suspeito… muito suspeito…
E depois o Barry vendo a Zoey dançando com a Dawn sem problema nenhum do que pudessem pensar e percebendo que pode sim ter um Lucario e um Charizard e quem reclamar que vá tomar no cu!
Também gostei da referência ao Sky full of stars… só quem OG sabe. As passagens pelos personagens olhando para o céu e a forma como você ignora fuso-horarios ficou incrivelmente bem descrita, seus personagens são realmente muito carismáticos e ganharam um espaço no meu coração, até o Harley. Só a Nia é que não, foda-se a Nia.
Cyrus e Cynthia observando as estrelas foi muito fofo também, senti ali que o tempo parava para eles admirarem o espaço *wink* Tb sei dar a piscadinha.
E o que dizer sobre Barry e Brendan? Adoro a relação desses dois mesmo sendo gay. Ficou tudo tão lindo com Celestial tocando. Barry dando fora nos amigos que afinal nem gosta tanto deles, mas depois meio que se desculpando sem vontade. Brendan FINALMENTE mandando o Brock ir se fuder, ele merece muito um banho. E o primeiro beijo que levou Brendan ao céu, literalmente, pra ser surrado novamente pelo Zeraora. Aaah e não me posso esquecer da forma como a Zoey conhece o Brendan por “aquele que levou o Throat Chop” eu ri horrores disso, me perdoa. A Whim away!
Mas pronto, a fuga do Barry, ele vendo Zoey e Dawn não se importando com o que se passava ao redor e a revelação que ele precisava para voltar ao Brendan e terminar com o beijo. Eu amei. Tb o “me beija novamente” me fez rir imenso, o Barry tipo: Dafuq? Brendan viciado no Zeraora como os youtubers e os imbecis do Twiiter? Mas no caso ele viu mesmo e agora temos um convite para aprender mais sobre ele no berço dos raios, onde Zeraora não vai mega evoluir <3
Ai amei esse capítulo, ele foi todo de bom e sem duvida para para sentir o carinho com que você o preparou <3
Pera, foi o Robin a soltar a besta? O Looker? Os dois? O Murph? Genteee esse cap foi muito épico, eu amei!!!
ResponderExcluirVocê está realmente de parabéns por esses três capítulos… ou esse capítulo dividido em três partes, como preferir. Foi quase como um filme que começou com as duvidas dos personagens, os levando ao romance e num ápice estamos em uma luta lendária contra um furry preconceituoso e um monte de pedras com olhos que podia ser o Ash, mas se fosse o Ash teria perdido, porque ele só sabe perder.
Eu amei o Zeraora, ele combatendo com Brendan foi excelente e agora sabemos a razão porque ele sempre surrava o Brendan quando ele o visitava sem entender nada. Por outro lado, me deu pena da Shaymin que foi completamente ignorada pelo Brendan que só pensou no que ele queria e não como isso afetaria a Eevee albina. Ele quis tanto saber, acabou perdendo a amiga…
To muito curiosa para qual é o papel da Shaymin nisso tudo. Ok, temos uma que voa e sabemos que a Eevee albina não consegue, ela claramente foi expulsa do que há além das nuvens, mas a pergunta é por quê? No começo achei que ela queria que o Brendan usasse seus poderes para que ela voltasse a voar, mas aqui ela não quis que ele se encontrasse com Zeraora, então ela não é uma traidora do movimento das Shaymin voadoras, aconteceu foi algo e quero saber o quê…
O momento da subida do Brendan foi lindo, as memórias passando pela cabeça dele quando é chamado de Celestial, que vou assumir ser um crime de ódio cometido pelo Zeraora.
E essa luta me arrepiou, a cena da lança foi incrível, as distorções, todos usando seus máximos e a Umi evoluindo para ganhar fraqueza quádrupla à Stakataka foi fenomenal. Amei como descreveu os movimentos da Stakataka e principalmente do Zeraora, ele esteve incrível aqui. Eu realmente amei esse capítulo, todo ele, passou a sensação de dever cumprido depois de 50 capítulos de uma história que se vem desenrolando desde Hoenn. Cada um dos seus personagens é único e gosto de como cada um deles interage com o universo que criou, você merece mesmo todos os elogios.
E com isto Celestial em dia \o/